O caminho que já era mal iluminado era ainda pior a noite. Comecei a andar mais rápido, se alguém fosse me procurar e não me encontrasse eu ganharia mais uma ida á prisão. Eu realmente não queria isso. Cheguei na caverna e antes de sair verifiquei se tinha alguém olhando, quando tive certeza de que não tinha ninguém eu sai e fui andando em direção ao lago. Quando cheguei ele estava encostado em uma árvore, ele vestia uma calça jeans, blusa branca, casaco azul marinho e o mesmo tênis velho. Pensei em minhas próprias roupas, blusa com gola e de botões, saia de prega, meia três quartos branca, sapatilha preta é um casaco verde escuro.
Comecei a andar até ele mas acabei pisando em um galho e ele virou a cabeça em minha direção.
-Oi-Ele disse-A gente pode conversar?-Balancei a cabeça afirmando e fui até onde ele estava. Ele chegou para o ledo e eu me sentei ao seu lado-Sobre aquele dia... Desculpa ter te assustado eu não sabia que você ficaria tão preocupada. E se você quiser podemos ser...
Ele parou de falar quando viu que eu estava chorando. Mais que droga! Eu não era mesmo capaz de segurar uma lágrima?
-Quando eu era pequena-Eu comecei a falar-Eu meu pai e meus irmãos vínhamos sempre aqui, minha mãe não gostava muito de nadar então vínhamos só nos quatro, um dia quando estávamos aqui meu pai estava no lago e meu irmão mais velho tinha ido buscar algumas coisas que tínhamos esquecido em casa. Eu estava brincando com a minha irmã na borda do lago, até que alguma coisa pegou o pé do meu pai e começou a puxa-lo para baixo.-Relembrar de tudo aquilo...minha visão estava embaçadas por conta das lágrimas-Eu tentei ir ajudar mais ele disse para ficar onde estava, que ia ficar tudo bem. Ele desapareceu e depois reapareceu, boiando. Eu não sabia o que fazer. Gritei tão alto que quando meu irmão chegou a primeira coisa que fez foi ver se eu estava bem. Eu apontei para o corpo no Lego, é meu irmão ficou pálido, ele entrou no lago e trouxe nosso pai de volta. Mas não adiantava mas. A única coisa que podíamos fazer era nos abraçarmos e chorar. Eu devia ter uns 9 anos e a Cami só tinha três. Eu nunca mais entrei no lago, até semana passada.
Ele ficou esperando em silêncio. As lágrimas escoriam pelo meu rosto e justo quando eu ia perguntar se ele não ia falar nada, fui puxada para um abraça apertado.
Não devia ter retribuído o abraço. Não podíamos ser amigos. Ele iria embora e eu, provavelmente, morreria. Mas naquele momento eu não me importava com isso.
Naquele momento eu só queria tirar os pesos das minhas costas, chorar até me sentir melhor.
E foi exatamente isso que eu fiz.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.