Estava indo para o lago, mas não pelo túnel, estava indo pelo caminho normal. O céu do lago não estava claro e ensolarado como de costume. Estava nublado, as e parecia que ia começar a chover a qualquer momento. Tive uma sensação de dèjá vu o que me deixou um pouco inquieta. Ouvi passos atrás de mim então comecei a correr para encontrar o lago e receber de bom grado toda a paz que ele me trazia. Mas quando cheguei lá parei bruscamente. Na beira do lago tinha uma mulher, ela devia ser jovem mas o coque e o vestido preto a deixavam séria demais. Ela esticava a mão para o nada e parecia estar falando com alguém, mas não havia mais ninguém ali. Ela sorria para o nada e parecia gostar muito do o nada dizia a ela. Mas de repente, ela virou o rosto bruscamente em minha direção, e seus olhos ficaram vazios, a pele mais pálida e seus olhos eram tão tristes que meu coração chegava a doer. Ela começou a andar em minha direção e então... e então....
Acordei assustada. O que era aquilo? Eu parei de ter sonhos quando virei fantasma, e mesmo assim aquilo estava mais para pesadelo. E aquela mulher, os olhos dela, eu a conhecia de algum lugar.
De qualquer forma eu tinha mais coisas para fazer. Eram oito horas. Dona Eliza já devia estar acordada. Penteei o cabelo e coloquei um vestido roxo rodado, uma tiara preta e um sapato também preto. Desci e avisei para minha mãe que iria buscar Daniel para fazermos o trabalho ela me olhou com olhar de reprovação mas eu fui do mesmo jeito. A maioria das casas era igual e a única coisa que mudava era a cor.
Sai de casa, dei alguns passos e já estava na casa de Dona Eliza. Bati na porta e esperei que ela atendesse. Quando ela atendeu eu esperava que ela me expulsasse dali naquele exato instante, mas ao invés disso ela me recebeu com um sorriso.
-Bom dia Anni.
-Bom dia Dona Eliza. Bem, eu e o Daniel temos que fazer um trabalho para a escola e eu gostaria de saber se ele pode ir lá em casa fazer o trabalho.
-Claro! Entre, vou chama-lo.
A casa dela era bem aconchegante. Sentei em uma das poltronas e esperei. E não pude segurar o riso quando a Dona Eliza começou a gritar com o Daniel coisas como:"Ande logo! Não é todo dia que aparece uma menina bonita te procurando!" ou "Você está parecendo um homem rua! Vá tomar um banho! E pelo senhor esse bafo... escove o dente duas, não! Três vezes! E rápido, não faça a garota esperar!"
Quando percebi que ela ia descer recuperei a postura.
-Quer um chá querida?
-Eu adoraria.
Quando ela trouxe o chá, olhou para janelas, como se para conferir que ninguém estava ouvindo.
-Escute Anni-Ela disse e colocou a mão delicadamente em cima da minha-Eu sei o eu sei o que dizem. Sobre interagir com pessoas de fora. E não ache que eu sou burra. Eu vi quando ele pegou a tal moto e te levou para fora da cidade.-Me coração começou a bater mais rápido. Isso não estava indo bem.-Mas não se preocupe. Não contei a ninguém e nem vou contar. Eu vi como vocês se olham. E quer saber uma coisa? Que se danem as Ommas. Saibam que o que quer que aconteça vocês têm meu apoio.
-Obrigada Eliza- Eu disse quase chorando. Mas me segurei.
-Onde está aquele garoto? Eu disse para não demorar.-Ela disse olhando para cima com uma cara de raiva.
E então tomamos chá enquanto esperávamos ele descer. Acho que nunca serei capaz de retribuir tudo o que Dona Eliza está fazendo por mim.
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