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História Giftword-Garagem das suspensões - Liberdade


Escrita por: CharBorah

Notas do Autor


Olá queridos. Aqui estou eu com um capitulo muito especial.
Onde Mônica começa a se enturmar com a nossa amada "galerinha"
Então nós vemos nas notas finais.
Editado dia: 22/04/2020

Capítulo 15 - Liberdade


Narração: Mônica

Já é sexta-feira e a cada dia que se passa eu fico mais ansiosa para o tal passeio que a Denise propôs.

Os dias tem passado correndo pelos meus olhos, nada de muito interessante aconteceu, de fato, mas eu notei um padrão nas ações da Cassandra. Ela nunca parece perceber que alguém quer se afastar, sempre que fico calada nas conversas ou evito segui-la pelo colégio, ela vem, e fica grudada como um chiclete no sapato. Isso é muito chato, até agoniante.

Hoje estava calor e nublado, encarava pela janela o tempo, a rua, tudo… tudo estava diferente do que eu imaginava antes de vir para cá. Eu estou tranquila, de verdade, tudo parece bem simples e as adversidades são tão pequenas comparadas com as que já passei que são quase nulas.

Eu nunca soube muito bem o que meus sentimentos significavam porque sempre me perdia em uma completa bagunça quando tentava distingui-los, contudo, hoje sinto que estou plenamente em paz.

Me lembro que a Penha um dia disse que minha vida estava destinada a ser um inferno, sorrio, olhe para mim agora, cretina. Afasto esses pensamentos ainda sorrindo, me sinto emocionada, as pessoas não deveriam falar de destino e sim de momentos.

Meu celular vibra em meu colo, o livro de poesias que lia em pdf ainda estava aberto, sentei-me perto da janela para ler e acabei divagando sobre coisas bonitas, sobre a vida.

Recebi um mensagem de Denise, era justamente o que eu precisava para melhorar ainda mais meu dia.

“E aí, tá afim de ir à uma festa hoje?”

Imediatamente respondi:

“Sim, onde?”

“Relaxa eu vou te buscar às 20h. Beijos!”

Como a tarde já estava chegando ao fim, decidi começar a me preparar.

Fui tomar um banho e no meio dele continuei refletindo sobre essas coisas, o passado, sentimentos e eu mesma, deve ser o efeito das poesias.

O convite foi inesperado e eu nem pensei muito para respondê-los, a vida me dava uma carta branca para viver algo diferente a partir do Limoeiro e eu faria isso. Nunca fui para uma festa antes, a única vez que fui convidada foi para o aniversário de uma prima minha, mas não pude ir. Penha havia jogado ovos e farinha no meu cabelo naquele dia, fiquei horas no banho, revesando entre chorar e tentar tirar aquela porcaria da minha cabeça.

Saí do banho enrolada na toalha. Pensei em como me vestiria, parece bobo mas eu nunca tive esse tipo de preocupação antes. Não que eu achasse que precisava me vestir de tal forma padrão, ou que eu precisasse agradar alguém, mas era um sentimento de querer me ver de maneira diferente, com roupas que eu adoraria usar e que não usava por insegurança.

Penteava meu cabelo enquanto meus olhos passavam pelos cabides. Na realidade, não estava escolhendo nada, minha cabeça trabalhava em coisas que iam além de tudo em minha volta.

Meu corpo não era perfeito, quer dizer, perfeição não existe mesmo. Mas ele não era padrão, talvez fosse bem feio para alguns, eu tinha noção daquilo e cresci ouvindo de Penha que era bem esquisito. Mas ali, mesmo sem um espelho em minha frente, me parecia tão belo e único, quase como se eu fosse especial.

Deus, nunca pensei nessas coisas antes, nunca me senti assim. Isso deve ser culpa do Limoeiro, ou da poesia.

De qualquer forma, era um sentimento bom.

— Mônica, vai sair?

Segurei minha respiração e quase dei um pulo. Era minha mãe, me olhando da porta, que eu havia deixado aberta, eu estava tão avoada, culpa da poesia.

— Sim, mãe, para uma festa. Eu posso?

Meu rosto se esquentava de vergonha, não fazia ideia de quanto tempo ela estava ali.

— É claro. Estou surpresa… é a primeira vez que você vai em uma — sorriu, admirada.

— Você quer o endereço? Ou o número de uma colega? — questionei nervosa, eu não sabia o que dizer ou o que fazer e a ideia de não participar dessa festa me apavorava.

— Não, Mônica… — ela riu — você não é adulta, mas já tem idade suficiente para saber o que precisa. Eu não preciso conversar com você sobre o que acontece em uma festa ou como se cuidar, tenho certeza.

— Sim — ri também, apesar de nunca ter participado desses eventos, eu sabia o que acontecia ali, não era inocente, e de qualquer forma eu não tinha com o que me preocupar, eu estava indo me divertir apenas.

— Vou deixar você se arrumar. Só não vá chegar às duas horas da manhã ou seu pai irá ficar uma fera.

— Eu sei — ri junto com ela mais uma vez.

Quando ela saiu, voltei novamente minha atenção para o guarda roupa, dessa vez decidida a me arrumar.

Pensei em como Denise se vestiria e como seria essa festa, até me lembrar da Cassandra me explicando que todas as sextas eles saiam para correr em apostas de racha. Puts… nem sei o que vestir e que roubada, isso era contra a lei.

Levei minha mão até a testa e procurei pensar no que fazer. Pelo que entendi, pela naturalidade com que a Cassandra havia me dito, aquilo parecia normal. E poderia ser divertido, eu tinha que experimentar pelo menos uma vez.


Narração: Denise

A noite estava belíssima, ventava e estava calor. Achava perfeito isso, meu cabelo sempre ficava lindo aos ventos. Aquela noite parecia ser revolucionária, então precisava estar diva.

Ouvi uma buzina em frente a minha casa, era Xaveco com certeza. Desci as escadas e me despedi de minha mãe.

Entrei no carro e cumprimentei Xaveco com um beijo.

— Você está linda, amor!

— Eu sei! — disse balançando meus cabelos.

Ele riu e eu também. Eu era uma garota convencida, sei que isso poderia ser prejudicial mas eu não ligava muito.

Fomos até a pista conversando, poderia não parecer mas eu e Xaveco falávamos muito sobre o mundo e sobre tudo. Ele sabia tudo sobre mim e eu sobre ele, a gente tem planos e sonhos, sonhos muito altos.

Algo bem bonito é que antes de nos envolvermos, ele era um garoto caladão e sem perspectiva que não queria muito. Contudo, segundo ele, eu abri os olhos dele, incentivei ele a estudar, buscar sempre mais e pensar alto. É difícil de acreditar, eu sei. Ah, qual é? Tá pensando que Denise é bagunça?

Já estava no racha fazia alguns minutos, estava junto com os meninos, a Magali não havia chegado. Sempre chegamos um pouco mais cedo, gostávamos de ficar ouvindo músicas e jogando conversa fora.

Olhei para meu celular, conferi as horas pela terceira vez naquela noite, 20h21min, perfeito.

— Nossa, como eu pude esquecer? — levei minha mão na testa, enquanto os meninos me olhavam. — Eu me esqueci completamente da Mônica!

— Você convidou ela? — Perguntou Cebola.

— Sim! — balancei a cabeça confirmando. — Algum de vocês podem buscar ela, por favor!

Sou uma ótima atriz, eu sei.

— Não olha para mim — falou Cascão dando meia volta e indo para sei-lá-onde.

— Deixa que eu vou! Lugar para gata é o que não falta em meu carro — Titi se gabou.

— Não! — Interrompi antes que ele falasse mais alguma bobagem. — Até parece que vou deixar minha convidada com uma pessoa despeitada como você. O Cebola é mais educado — olhei sugestiva para meu irmão de consideração, enquanto Titi revirava os olhos.

— Eu? Denise, porque seu namorado não busca ela? Foi você quem convidou.

— Nossa, amigo, quebra essa para mim. Nunca te pedi nada — isso era mentira.

— Mentirosa… — ele murmurou.

— Ah, vai logo, Cê! — falei já empurrando ele para o carro. — E seja legal com ela!

Ele fechou a cara mas entrou no carro. Abri um sorriso, estou orgulhosa de mim mesma.

Xaveco me abraçou por trás e apoiou o queixo em meu ombro.

— O que está aprontando? — perguntou.

— Nada não, amorzinho! — respondi mesmo sabendo que ele não acreditaria.

Observei o local e vi Titi conversando com Franja, isso era bom! Muito bom! Não vi Marina, provavelmente ela viria com Magali, seria legal todos juntos, uma pena que provavelmente vai levar mais tempo pra isso acontecer.


Narração: Mônica

Coloquei uma roupa que eu julguei certa para a ocasião, era bem diferente do que eu continuava usar, mas eu queria ousar. Nos filmes que já assisti sobre corrida, as garotas usavam roupas bem apelativas, não era o tipo de coisa que eu curtia, contudo, achava alguns trajes bonitos até.

Eu usava uma calça apertada e uma blusa preta decotada, de alças finas.

Estava sentada no sofá da minha casa sozinha. Minha mãe foi chamada de última hora para o trabalho e meu pai não havia chegado ainda, mandei uma mensagem avisando que iria sair mas ele nem havia visto ainda.

Encarei minhas botas pretas de salto, já se passavam quase meia hora e nada da Denise, estava meio nervosa, e se isso fosse uma brincadeira de mal gosto?

Minha cabeça já iria começar a formar teorias sobre o que poderia ter acontecido quando ouvi uma buzina, aquilo me aliviou.

Sai e tranquei a porta. Quando me virei para o carro, a janela do motorista abriu mostrando Cebola, vejo ele me olhar de cima até embaixo e murmurar algo como “uau”, sorri tímida.

— A Denise pediu para te buscar!

Okay, isso era estranho.

Fui até a porta do carona e pensei antes de entrar, bom não era como se eu estivesse me arriscando ou fazendo algo de errado.

Por dentro o carro era aconchegante e tinha um cheiro agradável, não sabia muito bem distinguir o que era mas não era forte nem enjoativo.

— Ela esqueceu de você.

— Obrigada — não sei o que agradeci mas senti que deveria fazer aquilo — eu não sei porquê não estou surpresa.

— É bem a cara dela fazer isso — ele riu.

Não conversamos muito durante o trajeto. Ele foi correndo e correndo mesmo, mas não era para estar surpresa, né?

Quando chegamos ele estacionou do lado de um carro preto onde Magali e Marina estavam dentro, provavelmente teriam acabado de chegar tambem. Fiz questão de agradecer ele novamente pela carona.

Quando ia sair percebi que todo o local olhava para nós, e por ironia Marina e Magali desceram comigo. Caminhei até Denise, confesso que estava meio perdida por ali. Eu ouvi a alguns assobios e coisas como:

“Aí sim!”

“Como não notei ela antes?”

“Caraca, eu estou em um paraíso e não sabia?!”

“Ei, é a garota nova!”

Alguns não sabia se era para mim, mas fiquei um tanto constrangida.

Me aproximei de Denise que estava aos beijos com Xaveco e cutuquei suas costas.

Ela se afastou de Xaveco e disse:

— E aí, Mônica? Foi mal te esquecer… — disse e voltou a beijar o namorado.

— Você… — comecei mas ela me interrompeu.

— Mô, vai falar com alguém, tô meio ocupada!

Bufei e saí andando. Que furada! Quero voltar para a casa. O pior é que nem teria como, não faço ideia de onde estou e para piorar é longe da cidade. Pelo óbvio é fácil de entender que eles corriam na zona rural para evitar que a polícia os pegassem. Será que sou julgada como cúmplice por estar aqui? Eu posso ser presa?

Estava encostada em um carro qualquer e de braços cruzados, não estava me sentindo deslocada mas tenho certeza que estava de cara emburrada.

— Aí tu que é a mina nova do colégio? — o crush da Maria Cassandra veio me perguntar.

— Sim — respondi estranhando.

— Olha como você é nova aqui aconselho a ficar ali — disse ele apontando para um lugar onde estava Magali.

— Não sei se seria uma boa ideia — digo a ele que me parece ser uma boa pessoa, bem do jeito que Cassandra havia dito.

— Melhor do que ficar em cima do meu carro, garanto! — Diz ele e eu me desencosto de seu carro, como eu estou me sentindo boba.

Apertei meus olhos pensando em como me desculpar.

Ele dá uma risada com meu ato e diz:

—Meu nome é Cascão! — ele estende a mão e eu aperto.

— Eu sou Mônica! — me apresento.

— Eu sei, você que é a tal garota que o Cebola foi buscar e que encontrou a Maria Cebolinha naquele dia — ele diz e eu concordo com a cabeça, me sentindo um pouco envergonhada.

Ele me puxa pelo braço e diz:

— Não fica com vergonha, o pessoal aqui parece que morde mas só parece mesmo.

Ele me levou até onde ele tinha dito antes. Conversei um pouco com ele, ele me falava sobre como ali era a área do DJ e que era seguro. Não entendi a parte do seguro, quer dizer, eles não começariam a corres do nada em cima das pessoas, não é? Ele me apresentou todos os competidores, disse que ele era o melhor, porém me parecia que ele estava apenas se gabando. Ele era legal, fácil de desenrolar uma conversa.

— EI PESSOAL! JÁ VAI COMEÇAR! — Denise grita e fico sem entender.

— Tô vendo que tá perdidona. Fica aqui — ele diz rindo e se afastando.

Todos saíram menos o garoto loiro e Marina. Todos estavam em seus carros em ordem, como nos filmes.

Denise caminha até o meio da pista e alguns garotos começarem a assobiar e Xaveco coloca a cabeça para fora da janela de seu carro e grita:

— DÁ PARA PARAR COM ISSO! — A maioria das pessoas riram, inclusive eu.

Denise revirou os olhos e ergueu as bandeirinhas clichês de filmes e as abaixou rapidamente, diferente dos filmes, ver isso pessoalmente era sensacional, dava até um arrepio pois os carros passavam a centímetros dela.

Ela estava confiante de si, enquanto os carros passavam diante dela e a toda velocidade. Ouvi algumas pessoas apostando, elas pareciam se divertir com aquilo, enquanto defendiam seus motoristas favoritos, abriam espaço para uma rivalidade que, agora sim, eu entendia. Eles corriam e amavam isso, dava para ver, e talvez o vencer era só a comprovação de que estavam fazendo algo certo.

Eu sempre tentei ser a garota perfeita, quietinha, que esconde tudo e guarda para si porque eu acreditava que era o correto, mas na verdade era medo. E ali, no meio de toda essa “coisa errada” parecia que as regras não existiam, nada poderia me aprisionar, nem o medo, nem a insegura. Eu me senti livre.

E é como se eu pudesse fazer as coisas, como se eu tivesse força para descobrir quem eu era e não esconder de ninguém.

— E aí, gatz? já conheceu a galera? — Ela perguntou surgindo em minha frente.

Olhei para ela com uma cara de “sério que você ainda me pergunta?”.

— Ai, tá bom. Me desculpa! — eu balancei a cabeça dizendo como um sim e seu rosto logo se animou. — Agora vamos conhecer o povo!

Ela correu me puxando e me apresentou todo mundo ficamos conversando até os motoristas chegarem, até que Denise foi para o mesmo lugar e fez o mesmo ato.

Estava me divertindo, com a Denise falando sobre o quão incrível é ser a “garota das bandeirinhas” e que eu deveria experimentar algum dia. Nem amarrada faço um trem desses, morro de medo só de imaginar.

A música estava bem alta, não me lembro em que momento as pessoas começaram a dançar, mas não era tão ruim. Algumas pessoas estavam paradas como o Cebola e a Magali, ambos de lados opostos, o que era engraçado por que Denise ficava revesando entre interagir com ambos.

Já fazia um tempo que uma o clima ameaçava uma chuva, mas foi quando ela começou a cair pra valer que as coisas ficaram mais interessantes.

Denise gritou algo como “a festa começou!” (impressionada como a voz dela ultrapassa a música alta) e as pessoas começaram a gritar coisas sem sentido e dançar na chuva.

Franja trocou a música, uma bem animada, o que deixou todo muito mais alegre ainda. Denise conseguiu puxar Cebola e fazê-lo dançar de maneira desajeitada, ele estava perto de mim e eu ri com aquilo.

Em um momento, eu me perdi na dança e na música, era como se eu estivesse sozinha. Nem a chuva importava mais. Meus pés se mexiam sozinhos assim como meus braços e cabeça. Era a mesma sensação de liberdade, a sensação de que eu podia fazer o que bem entendesse e que nenhuma mágoa do passado me prenderia.


Notas Finais


Beijos amores.


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