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História Giftword-Garagem das suspensões - Passeio pelo Bairro


Escrita por: CharBorah

Notas do Autor


Editado: 22/03/2020

Capítulo 9 - Passeio pelo Bairro


Narração: Mônica

Acordei e nem me dei o trabalho de ver que horas eram, ou melhor nem peguei meu celular já que não tinha compromisso nenhum e a coisa que eu menos queria era ocupar minha mente com banalidades.

Foi estranho procurar a cozinha da minha casa nova, eu estava perdida e para piorar, as caixas no meio do caminho não facilitava nada minha locomoção. Enfim, encontrei a cozinha, meus pais já estavam mais adiantados que eu e tomavam café, eles pareciam em paz, era bom vê-los assim.

Sentei em uma cadeira na mesa e tirei café para mim.

— Bom dia, filha! Como foi a noite? — perguntou minha mãe.

— Dormi como uma pedra.

— Ainda bem que descansou.

Meu pai esticou o braço e fez um carinho em meu cabelo. Pensei que a volta para cá seria pior, mas até agora está tudo correndo muito bem.

— O que irá fazer hoje, Mônica?

— Te ajudar com as caixas, mãe. Elas estão no meio do caminho.

— Por que você não dá uma volta agora de manhã? — ela sugeriu, confesso que não era uma má ideia mas ficaria chateada em deixar minha mãe na mão com o tanto de coisas para fazer.

— Isso é uma boa ideia. Você precisa conhecer o bairro novo, dessa vez não temos intenção de se mudar por um bom tempo — meu pai disse.

Pensei um pouco melhor, talvez meus pais quisessem um tempo sozinhos, só para eles. E eles mereciam, além de que eu preciso pelo menos saber onde é meu novo colégio.

— Tudo bem. Mas quando eu voltar, eu quero ajudar — falei e bebi um gole do meu café.

Minha mãe riu. Acho que essa ideia de se mudar significa recomeço, precisávamos começar uma vida nova e deixar todo aquele passado ruim para trás, não fugir das memórias.

Enfim, terminei de tomar meu café e fui me ajeitar, vesti uma roupa simples e fresca, algo que não fazia a muito tempo. Era bem estranha a sensação de andar de regata e shots, nem para dormir eu me vestia assim na França.

Saí de casa e olhei para todos os lados possíveis, a rua era larga e tinha várias casas simples como a minha. Estava bem silencioso, pelo que percebi no caminho para cá é um bairro bem grande mas nada luxuoso, eu gosto assim.

Resolvi descer a rua, o sol estava radiante logo cedo, tinha me esquecido como era bom pegar um pouco de sol pela manhã, quando estava na França não saía muito, quando não estava no internato, estava na casa dos meus pais. Apesar de parecer que eu vivia trancada, eu consegui visitar todos os pontos turísticos, tirar fotos clichês, essas coisas que viajantes fazem. Mas tudo perdeu a graça, era tudo meio sem cor.

Passei ao lado de um extenso gramado, estava bem cortado, não tinha no meu antigo bairro algo assim. Em volta tinha uma pista de caminhada, contra a minha direção vinha uma senhora passeando com um cachorro e eu podia ver que no outro lado do gramado duas pessoas corriam.

Tentava olhar para cada detalhe, eu estava encantada com a beleza na simplicidade, eu estava confiante de que dessa vez tudo seria contrário ao que vivi com a Penha, algo melhor me reservava.

Em alguns lugares tinham bancos e ao passar atrás de um vi um garoto loiro se declarando para uma ruiva, ouvi palavras bonitas vindo dele mas não quis olhar muito e segui meu caminho mas eu espero que as coisas tenham se resolvido.

Saí dali e segui para uma rua mais estreita, continuaria seguindo meu caminho se minha atenção não se voltasse para uma contrução grande mas que parecia antiga. Encarei as palavras “Colégio Estadual do Limoeiro”, era bem ali onde eu iria estudar até me formar. Não parecia ruim.

Continuo andando até ver uma criança sentada na calçada chorando. Crianças são meu ponto fraco, ver uma chorando partia meu coração. Já que estava crente de que esse ano seria maravilhoso e motivada a fazer o bem, resolvi ajudar aquela criancinha.

— Oi, o que houve? — perguntei me agachando para ficar com a altura próxima da sua.

— Nada moça — ela respondeu se levantando e limpando as lágrimas.

— Como “nada”? Você está chorando. Eu quero te ajudar.

Ela deu as costas para mim e ameaçou sair andando.

Me levantei rapidamente e pedi para ela manter a calma mas minha voz saiu com sotaque francês, o que fez a garotinha rir. Eu sorri levemente e falei mais uma vez mas sem o sotaque.

— Vamos começar de novo, tudo bem? Meu nome é Mônica e eu quero te ajudar.

Ela se virou mais calma.

— Oi Mônica, meu nome é Maria Cebolinha e meu irmão brigou comigo.

Apesar de querer rir muito do nome da garota, segurei assim que a vi se entristecer ao falar do irmão. Logo me adiantei:

— E por que ele brigou com você?

— Eu falei uma coisa que ele não gostou!

Seus lábios tremeram e vi que iria chorar mais uma vez. Me abaixei mais uma vez e segurei em suas mãos.

— Então, o que você deve fazer é pedir desculpas. Eu vou com você!

— Obrigada, Mônica!

Maria me abraçou, era por isso que eu amava crianças, toda a inocência e amor que elas dão para nós.

Me levantei e segurei em sua mão.

— Onde é sua casa?


Enquanto ia com Maria para sua casa, expliquei para ela que era nova no bairro e ela ficou admirada em saber que eu vinha da França, inclusive citou alguma personagem infantil que eu não conhecia, mas que aparentemente era da França, e que queria ser como ela quando crescesse. Ela também contou que morava com a mãe e o irmão, Cebola, com o pai. Ri um pouco com o nome do garoto, e ela disse que tanto o nome dela quanto do irmão era apenas um apelido já que os nomes reais eram difíceis, não foi uma surpresa, até por que quem se chama Cebola?

Chegamos em uma oficina de carros e ela já foi entrando enquanto eu permanecia com vergonha, havia dois garotos trabalhando ali.

— Ei Maria, seu irmão está preocupado! — Um garoto com uma mancha de graxa na bochecha falou parando seu serviço.

— Eu sei, vou pedir desculpas pra ele.

Ela me levou até uma porta que tinha na lateral e subimos um lance de escadas, continuei calada a seguindo.

Assim que acabou, paramos no que parecia uma sala, onde um garoto, muito bonito por sinal, encarava o celular apreensivo.

— Cebolinha!

Ele se virou para a garota e veio em sua direção afoito, a abraçou e a pegou no colo.

— Maria, nunca mais saia assim. Me deixou preocupado!

— Me desculpe, Cebolinha. Nunca mais falo aquilo da…

Ele suspirou cansado e a abraçou mais forte.

— Eu te desculpo. Mas tem que me chamar de “Cebola”.

Ele olhou em minha direção e encarei os olhos dele por alguns segundos, eram lindos olhos cor de mel.

— Obrigado por trazer ela. — Ele parecia agradecido mas ainda preocupado com a irmã.

— Não foi nada. — Sorri para ele. — Ela ficou bem triste com o que houve.

A reação dele não mudou e me arrependi de indiretamente ter tocado no tal assunto que ele não havia gostado mais cedo.

— Olha eu agradeço mesmo. Eu te mostro a saída.

— Não! — Maria pulou do colo dele. — Eu mostro pra ela. Vamos, Mônica.

A acompanhei sem me despedir, fiquei meio sem jeito. Foi bem estranho e achei melhor voltar para a casa.


Narração: Cebola

Vesti meu uniforme e desci para a Giftword depois de ter superado o susto com a Maria, só trabalhar me distrairia depois dessa confusão.

Entrei na Giftword bem a tempo de ver Maria se despedindo da garota que a trouxe até em casa, nunca a vi na vida, deve ser nova por aqui.

Maria subiu para casa e eu foquei no que precisava fazer naquele momento.

— Viu essa, Cascão? — Titi se pronunciou. — A gente trabalhando enquanto o patrãozinho recebe visita uma hora dessas!

— Titi, nem começa — adiantei, não estava com cabeça para ouvir as gracinhas dele.

— Olha, que ela é bonita a gente não pode negar — Cascão falou.

— Dá pra parar vocês dois? Vocês não tem trabalho demais?

— Ih, ficou nervoso! Vamo' parar Cascão antes que ele resolva descontar no salário.

Resolvi ignorar aqueles dois e continuar meu trabalho.

Logo, Maria Cebolinha apareceu na garagem, eu não gostava dela ali atrapalhando meu serviço mas entendi que ela se sentia sozinha algumas vezes. Meu pai e minha mãe trabalhavam o sábado inteiro e ela sentia falta de mim durante a semana.

— Cebolinha, por que você não namora com a Mônica? — ela perguntou se aproximando comendo um biscoito.

— Com quem? — perguntei sem dar atenção.

— Mônica, a moça que me trouxe.

— Viu isso, Cascão? Era uma visitinha importuna ainda por cima. Maria tá de prova! — Titi disse com o tom irônico dele.

— Vai levar uma na cabeça! — falei erguendo a chave que segurava.

— Eu gosto dela! Ela é muito legal!

— Maria, vai cuidar da sua vida!

— Não trata a criança assim, Cebolinha. Maria tô contigo! — Cascão gritou rindo.

Se Cascão e Titi não fossem meus amigos, eu já tinha chutado a bunda deles para longe da Giftword. E Xaveco também, que nem apareceu aqui hoje.

Balancei a cabeça e segui meu serviço, algum dia eu ainda enlouqueço aqui.



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