História Ginger Cookies - Macaron

Os olhos de Jinyoung estavam pesados para abrirem quando finalmente acordou. Apenas flashes da noite anterior passavam por sua cabeça e ele não sabia como havia ido parar em sua cama. Olhou a sua volta e tudo parecia normal, embora os olhos ainda ardessem a cada piscar e ainda estivesse vestindo as roupas do dia anterior.

Decidiu se banhar para ver se a exaustão do corpo melhorava. Seu relógio marcava onze e quinze da manhã, há anos não dormia até tão tarde. O vapor do chuveiro cobria todo o banheiro enquanto Jinyoung deixava a água cair sobre o ombro, finalmente colocando os pensamentos em ordem.

Ele havia recebido a visita de Mark e junto com a felicidade de ver o amigo também veio a decepção da notícia do provável casamento. O aperto no peito voltou, mas ele não iria surtar novamente. Lembrou-se de como ficou descontrolado, jogando as coisas a sua volta e tentando descontar na violência a sua agonia. Suas mãos estavam cheias de pequenos cortes e os músculos doíam pela força exercida sem preparo.

Saber que Mark finalmente daria o passo que iria definitivamente cortar a tênue linha de esperança que Jinyoung ainda sonhava em ter doíam como cacos de vidro espetando seu coração. Ele sabia o seu lugar, mas muitas vezes se pegava imaginando em como tudo poderia ter sido diferente se ele tivesse falado sobre seus sentimentos para o amigo.

Terminou o banho e ligou para a cozinha solicitando um café da manhã. Seu estômago se contorcia de fome, mas ele não queria contato com ninguém por enquanto. Agradeceu por seus pais estarem fora do país e não terem notado mais uma vez os seus surtos.

Nayeon bateu na porta e entrou com o carrinho, deixando uma bandeja com o café para Jinyoung. Olhou de relance para o rapaz, mas este encarava a janela ignorando a menina.

Caminhou até a bandeja em sua mesa de estudos assim que a empregada deixou o cômodo. Levantou a xícara de café e um cheiro doce de caramelo e amêndoas preencheram seu olfato. Aquele não era o café que costumava beber diariamente, mas estava com tanta fome que bebeu sem questionar o que havia mudado.

Ondas de calor preencheram seu peito ao beber o líquido, aquecendo seu corpo e adoçando o paladar. Flashes da noite passaram por sua mente e o fazendo se recordar dos braços firmes que o abraçaram quando mais precisou. O mesmo cheiro doce do caramelo e amêndoas estavam presentes, impregnados a colônia que Jaebum usava. Jinyoung depositou a xícara vazia na bandeja e comeu o croissant recheado de chocolate que o acompanhava. Ele não costumava gostar de doces, mas seu paladar já não parecia mais o mesmo há alguns dias. Terminou de comer e voltou para a cama decidido a não interagir com ninguém pelo resto do dia.

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A mansão estava agitada, a senhora Park comunicou os funcionários que iriam realizar a tradicional festa de verão na próxima semana e que tudo deveria ser executado com o máximo de detalhes.

Dois meses se passaram desde a visita do amigo de Jinyoung e Jaebum mal vira o filho mais novo da família durante esse tempo. De acordo com Wonpil, Jinyoung estava se trancando no escritório e evitava perambular pela casa. Ele havia se desculpado com os empregados pelo ocorrido, mas algo dizia ao confeiteiro que o mais novo o evitava de propósito. As únicas pessoas que ainda se comunicavam com ele eram seus pais, Wonpil e Sunmi, a governanta.

- Sei que você está preocupado com ele Jaebum. - Falou Wonpil enquanto bebia uma xícara de chá na cozinha. - Ele está bem, em breve ele volta ao que era.

- Eu não estou preocupado… Só não sei o que ele tanto faz trancado no escritório, ele deveria procurar um emprego, estudar… sei lá. - Jaebum se defendeu.

Ele não iria admitir que estava preocupado, por diversas vezes pensou em ir até o escritório ver como Jinyoung estava. O olhar desesperado de Jinyoung quando Jaebum o encontrou no escritório naquela noite ainda o perseguiam durante a noite. Mas o que iria falar? Eles não eram amigos e seria muita ousadia de sua parte se intrometer em problemas pessoais de seu patrão. Porém, Jaebum não negava que dentro de si algo havia mudado em relação ao mais novo e ele não conseguia mentir que desejava vê-lo perambulando novamente pela casa o atacando com palavras rudes sobre seu trabalho.

- Mas Jinyoung tem um trabalho. - Wonpil depositou a xícara na mesa e encarou Jaebum. - Ele é um escritor, por isso fica em casa tanto tempo.

- Escritor? - Perguntou surpreso. - Eu não imaginava.

- E eu pensei que você gostasse de livros. - Riu Youngjae que escutava a conversa por de trás do fogão.

- Eu gosto, mas não me lembro de ter visto o nome dele nas prateleiras.

- Normal, ele usa pseudônimos. Tudo dependendo do tipo de história. Irei lhe emprestar algum dos livros depois, para ser sincero eu não sou muito de ler então nem estou me lembrando dos nomes agora. - Riu Wonpil sem graça. - Mas ele sempre me deu uma cópia, então tenho algumas no meu quarto.

- Certo. - Jaebum respondeu voltando sua atenção para os recheios que preparava.

Saber que Jinyoung era um escritor fora uma surpresa e agora Jaebum se perguntava que tipo de livros ele escrevia. Como um amante de literatura estava curioso sobre a profissão do mais novo, iria procurar saber mais e quem sabe, ler alguma de suas obras.

Quanto mais perto da festa chegavam, mais serviço Jaebum parecia acumular, listas de afazeres que ele não sabia se daria conta de finalizar, desde a compra de ingredientes, até dos enfeites para os confeitos, o preparo de tudo e a disposição dos mesmos na hora do evento. Todos pareciam bem estressados para fazer tudo com o máximo de perfeição, os Park eram conhecidos pelas suas grandes festas e Youngjae havia comentado que os maiores nomes da sociedade coreana iriam estar presentes. Além de uma boa impressão para seus chefes, Jaebum queria mostrar seu trabalho para os visitantes, quem sabe as oportunidades que podem surgir dessa festa? Ele sempre fora ganancioso em relação ao seus sonhos e iria usar essa chance para ser bem visto pelos convidados.

Jaebum estava sentado no balcão anotando os detalhes e a ordem dos pratos quando sentiu uma presença ao seu lado, sentando-se calmamente sem falar nada, apenas segurando uma xícara com café. Levantou a cabeça e encarou Jinyoung ao seu lado. O mais novo estava com seu tradicional óculos e os cabelos escorridos na frente da testa, olhando para qualquer lugar menos o confeiteiro. Milhares de questões passaram pela mente de Jaebum, mas não conseguia formar nenhuma decente para falar então apenas voltou sua atenção para o papel a sua frente, aproveitando a companhia silenciosa do outro.

- Macarons. - Falou Jinyoung depois de um longo período em silêncio, como se finalmente tivesse tomado coragem para se expressar.

Jaebum virou-se para o rapaz levantando uma das sobrancelhas em questionamento.

- Macarons. - Repetiu Jinyoung. - Para a festa, eu quero Macarons.

- Ah! Você quer? - Jaebum estava surpreso pelo pedido, o mais novo parecia uma criança falando.

- Sim. Quero torres de macarons, bem coloridos e de diversos sabores.

- Tem certeza que quer que EU faça os macarons? Sabe que eles são doces caros e difíceis de se fazer. Você por acaso gosta? - Jaebum estava encarando o escritor, com uma das mãos apoiada no balcão segurando sua cabeça, ainda incrédulo pelo pedido.

- Quem mais iria fazer? É sua chance de me provar que serve para alguma coisa. - Riu maliciosamente levantando do banco e se posicionando bem próximo a Jaebum, falando baixo em seu ouvido. - Você pode fazer isso por mim, não pode Jaebum-ssi?

Jaebum sentiu um arrepio pela proximidade do outro e antes que pudesse responder Jinyoung já havia se retirado do local. Engoliu a seco e passou a mão no pescoço controlando as sensações espontâneas de seu corpo. Jinyoung era um provocador e Jaebum precisava aprender a não cair em suas tentações. 

Finalmente a data da festa chegou. Jaebum chegara mais cedo ao trabalho e logo de manhã começou os preparativos, tudo deveria estar pronto no início da noite e ele tinha muito o que fazer. O pedido de macarons de Jinyoung apenas complicou mais ainda seu dia, embora fosse um doce básico da culinária francesa e tivesse feito a receita inúmeras vezes em seu intercâmbio, era muito delicado e exigia tempo e cuidados para ficarem bem executados.

Jaebum poderia ter negado o pedido, mas o desafio de finalmente fazer algo que estivesse a altura do paladar do outro o motivaram a fazer os melhores macarons de sua vida. O clima estava quente e úmido o que não lhe ajudavam a dar o ponto nas claras do merengue, fazendo que gastasse mais tempo do que o normal. Comprou três torres para dispor os doces depois de prontos e explicava aos seus ajudantes como colocar os doces nas mesmas.

Além dos doces, era Jaebum que fazia as massas para as tortinhas dos canapés e outras comidinhas que iriam acompanhar o jantar principal. Ele corria de um lado para o outro na cozinha, gerenciando os detalhes junto com Youngjae que mesmo ocupado ainda encontrava tempo para cantarolar entre os balcões.

Wonpil passou levando vasos de flores para decorar o saguão de entrada e parou para conversar.

- Vocês vão querer flores na decoração da mesa principal?

- Acho que vai ficar muito carregado. - respondeu Jaebum.

- Jinyoung gosta de rosas brancas. - Wonpil falou fingindo inocência.

- Então coloque algumas perto das torres de macarons, mas não exagera para não tirarem o destaque dos meus doces. - Jaebum respondeu enfeitando pequenas tortinhas com fios de ovos, perdendo a troca de olhares maliciosos de Wonpil e Youngjae.

A tarde passou muito rápido e Jaebum estava exausto, mas agora faltavam poucas coisas para finalizar. Nayeon entrou na cozinha puxando uma arara de roupas, com uniformes novos para o pessoal.

- Trouxe suas roupas para a festa. - Falou animada.

Jaebum pegou o cabide que estava escrito seu nome, dentro dele havia uma nova dolma, limpinha e macia o esperando. Todos precisavam estar impecáveis para se apresentarem. 

Terminou de posicionar os últimos macarons e olhou sua obra de arte. Não era de se gabar, muito, mas suas torres estavam dignas dos palácios de Paris. Fotografou com o celular para registrar seu feito e foi para o quarto dos empregados se banhar e trocar para a festa.

A nova roupa era um pouco mais justa, deixando o corpo de Jaebum mais definido na área dos ombros. Estilizou os cabelos dividindo a franja ao meio e colocou o chapéu para finalizar o visual. Ele não iria servir os convidados, mas caso alguém o chamasse para o salão precisava estar bem apresentável.

A noite estava estrelada e apesar do calor do verão, uma brisa fria indicando que o outono se aproximava pairava sobre a casa. A decoração estava magnífica, luzes iluminavam todo o jardim e Wonpil havia feito um ótimo trabalho na pérgula próxima a piscina, com trepadeiras e flores brancas cobrindo as colunas e luzes que acompanhavam a cobertura.

Jaebum se sentia em uma das festas da realeza que costumava ver em filmes históricos e seu coração começava a ficar acelerado esperando que tudo fosse de agrado dos anfitriões e convidados.

Caminhou pelo salão verificando os últimos detalhes até chegar à mesa onde suas três torres com os macarons chamavam atenção de longe. Wonpil havia colocado as flores na borda da mesa, tampando os pés do suporte, Jaebum agradeceu internamente, pois havia ficado melhor do que esperava. Tudo estava visualmente deslumbrante e o confeiteiro estava confiante que havia executado um bom trabalho.

- Ficou melhor do que eu esperava.

A monótona voz de Jinyoung chegou até Jaebum, que se virou para olhar o mais novo. O que ele não esperava era encontrar Jinyoung vestido em um terno azul marinho, impecavelmente bem alinhado ao seu corpo num corte italiano. A camisa branca contrastava entre os tecidos, junto a uma gravata estreita no tom do terno. Os cabelos de Jinyoung estavam penteados em um topete para o lado, mostrando a testa do rapaz. Os óculos não estavam presentes e Jaebum pode perceber que um pouco de sombra marrom estava esfumada no canto dos olhos arredondados do mesmo.

- O gato comeu sua língua Jaebum-ssi? - Jinyoung perguntou de maneira capciosa se posicionando ao lado da mesa, observando mais de perto o trabalho do confeiteiro.

Jaebum desviou o olhar de Jinyoung tentando esconder o rubor que preenchera sua face. Ele não conseguiu disfarçar o fascínio ao ver o outro, o que era normal, afinal, durante todo o tempo que esteve trabalhando estava acostumado a ver o mais novo vestido de forma casual.

- Espero que estejam tão bons quanto parecem. - Jinyoung continuou seu monólogo agora voltando a olhar Jaebum. - Por enquanto vou lhe dar uma nota seis. Depois que eu provar falo o resultado final. - Passou a mão no ombro de Jaebum ajustando o alinhamento da dolma.

- Seis é uma boa nota ainda, acima da média. - Respondeu finalmente Jaebum encarando Jinyoung.

- Eu não aceito nada abaixo de oito.

- E o que acontece se eu tirar um dez? - Jaebum segurou o pulso de Jinyoung que ainda estava em seu ombro, alinhando seus corpos e deixando seu rosto próximo do outro.

Jinyoung arregalou os olhos por um instante e depois sorriu olhando o mais velho nos olhos de maneira insinuante.

- Você irá descobrir. - Soltou seu pulso das mãos de Jaebum e foi para o outro lado do salão, deixando o confeiteiro para trás.

Os convidados enchiam a mansão e Jaebum não imaginou que tantas pessoas iriam comparecer. Ele ajudava na cozinha montando as bandejas a serem levadas para o salão. Evitava olhar para as pessoas que estavam lá, mas comentários que fulano ou ciclano das empresas mais importantes estavam presentes faziam sua adrenalina subir. Depois de umas duas horas de festa, foi chamado a comparecer ao salão, solicitado pelo senhor Park.

Todos a sua volta estavam elegantemente bem vestidos e Jaebum se sentia observado por todos os lados. O sr. Park o apresentou para alguns amigos que ficaram curiosos sobre seus doces e querendo saber quem era o novo chef da residência. Jaebum conheceu alguns donos de empresas e um homem que fora muito gentil consigo e que depois descobriu ser dono de uma grande emissora de TV.

Sentiu um olhar forte sobre si enquanto conversava com o senhor Park e quando finalmente foi dispensado para voltar a cozinha seu olhar descobriu da onde vinha tanta pressão. Jinyoung estava do outro lado do salão junto a Yugyeom e mais algumas pessoas das quais não conhecia, ao lado da torre dos macarons. Quando seus olhares se cruzaram Jinyoung estendeu a mão pegando um dos doces que estavam ali, encarando Jaebum de forma arrogante. O nervosismo tomou conta de Jaebum e ele só observou quando o outro experimentou o macaron de forma lenta. Tudo a sua volta estava desfocado, tendo na sua frente apenas o mais novo.

Jinyoung mordeu o macaron e diferentemente da expressão que Jaebum esperava, o mais novo arregalou os olhos e encarou o doce surpreso. Lambeu os lábios e neutralizou suas expressões terminando de comer a outra metade. Jaebum petrificado no seu lugar não conseguia entender se aquilo fora positivo ou não, pelo menos Jinyoung não havia jogado fora como a torta de limão. Seus olhares se cruzaram novamente e Jinyoung apenas deu um sorrisinho de lado, voltando a atenção para Yugyeom e cochichando algo em seu ouvido.

Jaebum voltou para a cozinha confuso, mas ainda tinha trabalho a fazer, deixando para pensar no que acabara de acontecer para mais tarde.

Mais algumas horas se passaram e finalmente os convidados começaram a ir embora. Jaebum caminhou pelo jardim até chegar à pérgula, sentando-se em uma das cadeiras encostando sua cabeça para trás. Estava exausto, mas feliz com o resultado de todo trabalho. Amanhã teria o dia de folga e poderia dormir o dia inteiro para recuperar as energias.

Ouviu passos se aproximarem da onde estava, mas o cansaço que havia pesado sobre o corpo não o deixou se mover.

- Jaebum oppa, você comeu? -  Nayeon perguntou olhando Jaebum por cima de sua cabeça.

- Eu belisquei algumas coisas. Não consigo comer em dias assim. - Respondeu Jaebum.

- Você deveria comer mais, pode acabar passando mal, ainda devemos ficar aqui por mais algumas horas.

- Está tudo bem, daqui a pouco eu como alguma coisa. - Sorriu Jaebum.

- Se você quiser eu posso preparar um prato para você.

- Não, está tudo bem.

- Ok. - Falou a menina se virando para voltar a casa. - Qualquer coisa pode me chamar.

- Obrigado! - Agradeceu Jaebum fechando os olhos. De fato o seu corpo estava esgotado.

A leve brisa passava pelo corpo de Jaebum fazendo-o ter calafrios, o verão já estava acabando e a nova estação prometia ser fria. Novamente passos se aproximaram de Jaebum e antes que alguém pudesse falar algo o confeiteiro se manifestou.

- Já falei que não estou com fome Nayeon ssi. - Jaebum falou sem olhar para trás.

- Eu não tenho comida para você de qualquer forma. -  A voz rouca de Jinyoung alertou Jaebum que se levantou num pulo.

- Jinyoung-ssi. - Jaebum falou sem graça.

- Não precisa ficar assim, eu sei que está cansado, pode se sentar novamente. - falou rindo da reação exagerada do outro.

Jaebum continuou em pé, passando a mão pelo olho para despertar completamente enquanto observava Jinyoung olhar a decoração do lugar.

- Wonpil fez um bom trabalho aqui. - Jinyoung se encostou na coluna ao lado de Jaebum encarando o mais velho. - Fazia tempo que não via nada assim.

- Ele perdeu um bom tempo aqui. Achei que iriam usar a área da piscina. - Jaebum respondeu também se encostando a coluna.

- Normalmente usam, mas meu pai preferiu manter todos dentro do salão hoje.

- Você se divertiu? - Jaebum perguntou olhando Jinyoung.

- Sim. Yugyeom sabe como me entreter. - Riu levemente.

- Ele parece ser uma boa pessoa. Aquele seu outro amigo, ele não veio? - Jaebum perguntou sutilmente.

- Mark? - Os olhos de Jinyoung se entristeceram por um instante, mas depois sumiram em um sorriso que só existia quando Jinyoung falava do amigo. - Ele precisou voltar para os Estados Unidos, não pode comparecer. Mas me mandou milhares de mensagens se desculpando.

- Entendo. - Jaebum sentiu a mudança no clima da conversa e preferiu mudar de assunto. - Então… Qual é a nota final?

- Hm? - Jinyoung fingiu-se de desentendido.

- Os macarons…

- Ah - Jinyoung sorriu. - Hmmm… Difícil saber. - Olhou para as luzes no teto.

- Estavam tão ruins assim? Não é possível que minha nota tenha caído. - Jaebum se virou de frente para o mais novo.

- Tudo é possível, Jaebum-ssi.

- Youngjae me contou que viu Yugyeom comer vários.

- Yugyeom come qualquer porcaria. - respondeu com desdém.

- Porcaria? - Jaebum estava começando a se irritar.

- Não que os macarons fossem porcaria, não foi isso que eu quis dizer. - Jinyoung se defendeu.

- Então qual é a nota? - Jaebum não percebeu que havia se aproximado mais do outro. 

Jinyoung se ajeitou no lugar, entrando ainda mais no espaço pessoal de Jaebum. Era sempre assim entre os dois, eles nem percebiam seus corpos se aproximarem enquanto a tensão sexual se formava em volta.

- Vamos lá, pelo visual eu te dei seis. Agora o sabor… - Jinyoung fez uma cara pensativo e passou os dedos pelos botões da dolma do outro. - Talvez uns 3…

- Três? - Jaebum respondeu ofendido.

- Sabe como é, doces não são meu forte. - Sorriu marotamente para o mais velho.

- Bom, se eu somar seis mais três, eu tenho um nove certo? É uma ótima nota.

Jinyoung riu alto da resposta do confeiteiro.

- Se você quer ver assim, tudo bem. 

Jaebum acreditou que aquela era a primeira vez que Jinyoung ria de verdade na sua frente, o que não o ajudava em nada quando sentia seu coração bater em um ritmo diferenciado. Ele sabia que estava entrando em um jogo no qual ele seria o maior perdedor, mas a essa altura suas cartas já haviam sido entregues e ele não tinha forças para retornar.

- Eu preciso ser positivo não é mesmo? - Sorriu de volta para o mais novo.

Eles se encararam em silêncio por um tempo. Jaebum estava com medo do outro ouvir seu coração batendo em sua garganta e decidiu que era melhor voltar a cozinha.

- Vou voltar a cozinha, devem precisar de mim para organizar as coisas.

- Eles conseguem organizar sozinhos. Fique aqui.

O confeiteiro permaneceu no lugar, olhando para as luzes a sua volta em silêncio.

- Talvez eu devesse te dar mais um ponto para o sabor. - Falou Jinyoung pensativo. - Aquele macaron de pistache estava muito bom, eu confesso.

- Então eu tenho um quatro?

- Sim, um quatro. - Respondeu.

Jaebum sorriu abertamente se voltando para Jinyoung.

- Você sabe o que isso significa, né?

- O que? - Perguntou Jinyoung dessa vez realmente curioso.

- Significa que eu tenho um dez. - Sorriu Jaebum.

Jinyoung sorriu sem graça encarando o mais velho, um rubor cobriu de leve seu rosto e Jaebum pode perceber o movimento do seu pomo de adão.

- Você quer uma estrelinha por isso? - Brincou Jinyoung.

         Hahaha. - Debochou Jaebum.

- O que você quer como prêmio então? - Jinyoung falou baixo - Diga algo que eu possa te dar agora, pois não gosto de ficar com dividas.

Jaebum observou Jinyoung passar a língua pelos lábios lentamente ao final da frase. Uma única coisa passou por sua cabeça, mas era justamente a única coisa que ele não poderia pedir.

- Jaebum… - Jinyoung falou baixo observando o confeiteiro.

- Não se preocupe com isso, não precisa me dar prêmio nenhum. Só de saber que você não odiou já me deixa feliz.

Um farfalhar nas folhas da trepadeira que escalavam a coluna da pérgula demonstraram a movimentação do corpo ao seu lado. A sensação úmida e quente dos lábios de Jinyoung fizeram Jaebum segurar a respiração quando o mais novo lhe beijou. Ele tentou se afastar, sua cabeça o alertou de todas as formas para que ele desviasse. Porém seu corpo fora mais rápido e respondeu abraçando a cintura de Jinyoung trazendo-o para mais perto de si, enquanto aprofundava o beijo.

Era a coisa mais idiota que já havia feito em toda sua vida e poderia lhe custar muitas coisas, mas ao mesmo tempo era a coisa mais certa.