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História Girl - Freedom


Escrita por: SrtaJaureguiC

Notas do Autor


HELLO <3

Antes de qualquer coisa, deixarei claro que a fanfic terá muito drama no decorrer das situações. Peço que, por favor, tenham paciência com a história e que não desistam dela. Sei que demoro para escrever, mas, meu lado criativo não funciona sob ansiedade e pressa. Além do mais, não posso escrever de qualquer jeito, para não perder a coerência e para que vocês não leiam um conteúdo escrito sem atenção e carinho :3

Em certo momento do episódio, uma música tocará e eu sugiro que vocês escutem ela, para entrar no clima do determinado momento. Muita gente, assim como eu, não se sente muito confortável em ler enquanto ouve uma música, mas isso será essencial daqui para frente. Então eu realmente sugiro e peço que, por favor, escutem. O link estará nas notas finais. Me falem nos cometários o que estão achando, ficarei feliz em ler :3

Boa leitura, amorzinhos. <3

Liv.

Capítulo 3 - Freedom


Fanfic / Fanfiction Girl - Freedom

 

                                          17 de março de 2016 - Londres, Inglaterra.   

 

 

       Quarenta e cinco minutos; fora o tempo em que a britânica mais velha permaneceu, ansiosa e entendiosamente dentro de seu carro, esperando que a latina passasse pela porta de entrada do local fechado. O céu começara a formar o crepúsculo, sinalizando que a noite viria e o sol seria substituído pela lua. A morena agradeceu internamente a Deus por o estacionamento ser público, assim como, por o mesmo ter uma vaga disponível quase que em frente a entrada.

 

       Era óbvio que a porta da frente estava trancada, bloqueando o acesso ao interior do local, mas Camila seria praticamente obrigada à passar ali em frente, para chegar até a porta dos fundos.

 

     O rádio reproduzia uma faixa qualquer de uma música lenta, com a autoria desconhecida pela morena. Era um tanto quanto perturbador observar o tempo passar com a incerteza de estar fazendo o certo. Afinal, o ocorrido anterior poderia ter sido apenas uma mera coincidência, não? Levando em conta que ninguém em sã consciência entraria em uma livraria fechada à aquela hora da noite, a não ser Lauren e sua mente confusa, a palavra coincidência soava estranha naquela situação. E talvez, mas só talvez, fosse.

 

        Camila não marcou presença naquela noite.

 

       Decidida à ocupar sua mente com algo que não fosse a moça mais nova, Lauren destravou a porta ao seu lado e seguiu para fora do veículo, pressionando o botão pequeno do controle de mesma estrutura, para que as quatro portas fossem travadas. Caminhou sem pressa até o lado traseiro da Guildhall Library. O status de sua coluna estava negável, mesmo o banco da Mercedes sendo coberto por couro, a posição em qual ficou por longos minutos, consequentemente resultou na dor pouco insuportável, a qual arrancou um gemido da britânica ao levar a palma da mão ao encontro do centro de suas costas, enquanto o único barulho ali era da sola de seus coturnos violando o asfalto.

 

    - Ótimo. – a palavra carregada de cansaço e frustração, saiu como um murmuro dos lábios da morena.

 

      O impacto do pé direito da moça fez com que a porta de madeira maciça balançasse, assim como os cadeados envolvidos na mesma. A porta dos fundos estava interditada, como nunca esteve antes. Mas, que droga...?

 

       - Cuidado, Jauregui. – uma voz doce, vinda de trás da morena, alertou. – Seu pé pode cair.

 

      Um sorriso se formou no canto dos lábios da latina, ato que pôde ser observado por Lauren. Era ela, estava ali, em frente a morena incrédula. Era Camila.

 

      - Esta fora então, sua vez de me assustar? – perguntou bem humorada, sem dar-se conta de que a frustração que sentia há segundos atrás, tinha evaporado.

 

      A mais nova estava vestindo roupas mais casuais naquele dia, que, de forma alguma, diminuiu sua beleza exterior. O short jeans azul marinho destacava-se em todo o resto do vestimento branco que Camila escolheu com tanto bom gosto. Nenhuma aproximação, muito menos toque, fez parte da interação das mulheres naquele momento.

 

     Troca de olhares eram o bastante para fazer o estômago de ambas se contrair.

 

      - Não intencionalmente.

 

      - Mesmo, Cabello?

 

     - Se minhas palavras soam convincentes... – deu de ombros, encarando em seguida, os olhos verdes à sua frente se expandirem em choque, então a sonora risada da latina preencheu os ouvidos da morena. – Você precisava ver seu rosto agora. Foi uma brincadeira.

 

      A risada da mais nova foi abafada pela palma de suas mãos. Lauren, por sua vez, sorriu com bom humor e resmungou algo inaudível. De fato, a latina atraía o olhar da mais velha. Ela era linda, e seu sorriso colaborou com as falhas na respiração da morena. Por que tanto poder? Argh. Todas as apostas a favor da sanidade de Lauren, quando teve seu pulso tomado pela mão de Camila e foi arrastada em silêncio até a parte da frente do estabelecimento, foram inválidas. De qualquer forma, as duas eram completas estranhas e toda aquela situação era também. A mais baixa poderia ser uma assassina ou até mesmo uma serial killer. Para Camila, era exagero e quase impossível pensar em tal hipótese quando o verde se encontrou com o castanho pela segunda vez naquele mês. Ela não sentia-se acanhada, tampouco amedrontada. Ao contrário de toda a negatividade sentimental que poderia sentir, sua garganta ardia pela sede de mostrar a aquela morena que o mundo não é apenas catástrofes e que nem todos ao redor são monstros, ignorando que uma vez em que Lauren fora criada rigidamente, sua mente já estava dopada com decepções.

 

   As estrelas não paravam de brilhar, e naquela noite pareciam ter triplicado a iluminação. Uma Camila meio sonolenta estava depositando todo seu peso no capô da Mercedes preta de Lauren, a qual ainda estava estacionada no local de minutos atrás. Não estava se importando com nada que não fosse o rumo da conversa, a morena tinha uma cultura rica em sabedoria, seu sotaque faz jus ao país em que reside. Os olhos dela encontraram a imensidão celestial, sem se dar conta da expressão preocupada da latina. Então, Camila quis compartilhar o peso que sentira no peito desde ontem, quando não conseguiu realizar o teste. Lauren lamentou e pôs a mão por cima da pele delicada da mão da mais nova, como forma de consolo.

 

    - Olha, Lauren, um lobo. – apontou para algum lugar entre as estrelas e Lauren riu.

 

     - O sono está lhe dominando mesmo. Posso te levar em casa, se quiser.

 

     - Não, é realmente um lobo. – revirou os olhos – Observe com atenção, ali perto da lua.

 

     Deus, a ilusão de óptica fez efeito e as estrelas se fizeram em forma de um animal. Era incrivelmente esquisito. ''Nossa'', foi tudo o que a morena conseguiu dizer. Camila sorriu, a fascinação estava nítida nos olhos de Lauren. Conversar com um desconhecido não era tão ruim assim.

 

      - Meu pai... -

 

     - Nas estrelas? – expandiu os olhos, encarando rapidamente a moça ao lado. A risada baixa que saiu dos lábios de Camila fez a britânica sorrir. O senso de humor infantil semelhante.

 

       Lerda. Lerda. Lerda.

 

       - Ele me mostrou um lobo nas estrelas quando eu era criança. Não é à toa que meu cérebro brinca com formas variadas, em nuvens, estrelas... Torna-se irritante, até.

 

        - Sinta-se privilegiada, eu não enxergaria nada além de uma constelação, se não fosse por você.

 

        - Liberte sua imaginação.

 

 

         [...]

 

 

     Sinu estava furiosa, pela primeira vez em dezenove anos, com Camila. Não só por ter estado com alguém de seu desconhecimento em um local mal movimentado, mas, também por ter chegado no horário que quebrou totalmente o combinado de: Não chegar tarde.

 

      Havia sido só um passeio e distração. A latina mais velha imaginou que as garotas tivessem ficado aos beijos no banco do carro de Lauren. Puft, ela era tão precipitada em suas conclusões e sua super-proteção não ajudava para que isso parasse. Não era falta de confiança, Sinu confiava na filha. Confiava que ela não iria ingerir qualquer tipo de substância ilegal enquanto estivesse fora de seu campo de visão e que já é matura a ponto de saber cuidar de si mesma. Festeira não é uma qualidade da natureza interior de Camila, muito menos de sua personalidade. Considerando esses fatos, ela deixava a preocupação de lado e, no final do dia, o importante era que todos estivessem sãos e salvos. Ela não sentia-se tão protetora assim. Obviamente, certo?

 

        - Mãe, está tudo bem, ok? – Camila elevou a altura da voz, para que a mais velha parasse com o falatório e a escutasse. – Desculpe pelo horário, não vai se repetir.

 

          - Você não conhece essa moça, Camila, seja cautelosa.

 

           - Serei. Boa noite, mama.

 

        Com um beijo casto na testa, despediu-se de Sinu. No fundo, estava acostumada a lidar com as restrições de super-proteção da mãe, então limitava-se a discutir ou contradizer sobre todo e qualquer exagero. A mais nova sabia que nem tudo era exagero, sua mãe a amava tanto que ainda a enxergava como a Camila de cinco anos frágil e carregada de inocência, mas precisava dar-lhe espaço para respirar de vez em quando.

 

          A julgar pelo horário, Alejandro estava caído em seu sono, assim como Sofia.

 

          Lauren sentiu culpa pelo horário em que deixou a latina em sua respectiva casa, levando consigo a promessa de que a mesma voltaria naquele mesmo local no dia seguinte, o mais cedo possível. Uma única vez que tenha falhado, não faria mal a ninguém, certo? Droga, o sentimento de culpa não diminuía, e isso estava se tornando um incômodo. Ao contrário da moça mais nova, que não sentiu um pingo sequer de peso na consciência. A noite fora maravilhosa, tanto quanto a companhia. Todo o diálogo com intuito de conhecerem-se um pouco mais, fez a vontade que ambas sentiam de estar por perto, acumular uma bola de neve que só crescia. Uma ansiedade positiva que nem tarja preta resolveria.

 

        Camila seguiu para o banheiro, fez sua higiene pessoal após o banho rápido e as roupas pesadas foram substituídas pelo pijama amarelo com estampa de banana. Pegou seu celular esquecido na escrivaninha do quarto e desbloqueou o mesmo. 15 mensagens de Ally não lidas. A baixinha estava preocupada e estressada por não receber notícias da amiga há dois dias, já que a mesma não havia ido a faculdade durante tal período.

 

        Ally Brooke: Camila? Estou aparentando calma e paciência, mas preze para não me encontrar.

        Ally Brooke: Arrrrgh, o que aconteceu com você?

        Ally Brooke: Por Deus, me responda!

        Ally Brooke: Seus dias estão contados, Cabello!

 

       Céus, Ally devia estar fervendo por dentro e por fora. Vamos, Camila, não seja injusta, encontre-a amanhã, explique a situação e...

 

          - Kaki?

 

       Uma Sofia sonolenta se encontrava de pé na porta do quarto da irmã mais velha. As pálpebras travavam uma batalha contra a força de vontade da menina, para manterem-se abertas. O pijama amarelo dos Minions, seus pés calçavam uma pantufa cinza de coelho e o inseparável ursinho Bob estava com a cabeça pendurada para fora de seus pequenos bracinhos. Uma pontada de arrependimento se fez presente no lado esquerdo do peito da latina. Não houve um tempo em que pudessem ficar juntas, desde o ocorrido do dia anterior, Camila esteve ocupada como nunca e decidida à estudar cada vez mais para o próximo teste, que ao menos sabia quando seria marcado. Fora o motivo pelo qual não compareceu no RC mais cedo.

        

     - Pequena. – sussurrou ao mesmo tempo em que estapeou levemente o espaço ao seu lado na cama, chamando-a para se aproximar e um sorriso amarelo estava em seus lábios. – Tudo bem? Está tarde, você precisa dormir.

 

        - Eu te esperei para brincar comigo, mas o papai disse que você só chegaria amanhã.

 

        - Me desculpe. Estou aqui agora, não vou a lugar nenhum.

 

     Camila levou a mão direita aos cabelos emaranhados de Sofia, que estavam espalhados pelo travesseiro branco, iniciando uma carícia leve.

 

         - Onde você estava? – fechou os olhos sem aguentar mais o peso nas pálpebras, um bocejo saiu de sua boca e ela abraçou o tronco do corpo da irmã.

 

          - Com uma amiga, naquela biblioteca que te levei outro dia, lembra?

 

          - Uhum... E ela é legal?

 

       Lauren ainda não era considerada uma amiga, e sabia disso. E, talvez, Camila não chegue a querê-la como tal. Elas não sabiam ainda. Apenas não sabiam sobre nada.   

         

           - Sim.

 

           - Ela gosta dos Minions? – Sofia indagou.

 

           - Não sei, pequena. Amanhã eu a pergunto, ok?

 

           - Podemos assistir com ela?

 

           - Claro. – uma risada anasalada.

 

          - E pedimos pizza. Sorvete... – antes que formasse uma segunda frase, a menina caiu em um sono profundo.

 

         A latina esticou o braço esquerdo para que pudesse desligar a luz do abajour, cautelosamente, para não atrapalhar o sono de sua irmã, que tinha a respiração tão leve que mau podia ser ouvida. Os traços semelhantes nos rostos denunciavam a genética das duas, eram tão parecidas. Talvez a faculdade tenha tomado muito de seu tempo. Talvez ela devesse aprender a desfrutar os momentos bons que lhe são proporcionados sem pensar em como será a próxima aula ou qual a próxima figura que sua mente irá criar e seus dedos trabalharão em desenhá-la. Talvez a grande interrogação em sua cabeça sobre a morena dos olhos verdes, lhe esclarecesse que não pode viver de um talvez. Talvez Lauren fosse a resposta de seus sonhos mais confusos. Como pode?

 

           Os céus sabem, lua era testemunha e o sol era seu cúmplice.

 

         No outro dia, uma disposição não constante tomou conta de cada célula existente no corpo das duas garotas. Lauren resolveu chamar Dinah para um passeio nas ruas londrinas. Camila resolveu levar Sofia ao Winter Wonderland à tarde e organizar um jantar em família à noite. Chamaria Lauren também. Encontrou-se com Ally e explicou francamente todos os motivos, a mais baixa entendeu e desculpou-se pelas conclusões precipitadas que havia tirado antes de saber a verdade. Tudo estava correndo perfeitamente no período da tarde. A Cabello mais nova equilibrava um algodão doce rosa em uma mão, enquanto a outra estava presa na da latina. Todos aqueles brinquedos em funcionamento,  jogando brilho nos olhos da menina. Era seu mundo girando ao redor.

 

  

          - Vamos, Laur, já faz muito tempo que não tiramos uma parte do dia para ir até lá.

 

          Dinah insistia em convencer a amiga para que fossem ao parque. A morena sentia medo, aqueles brinquedos não eram confiáveis. Não em sua cabeça.

 

            - Parques são perigosos. – reclamou – Melhor comermos fast food em alguma lanchonete. O que acha de batata frita com queijo?

 

            A loira revirou os olhos com a tentativa inválida para mudar de assunto que a morena fez.

 

         - O colesterol agradece. – Lauren imitou o gesto com os olhos feito pela mais nova segundos atrás. – Vamos lá, gorda! Não demoramos.

 

          Vencida pelo cansaço, a dona dos olhos verdes pegou o retorno na pista, finalmente concordando com a ideia da amiga. Dinah comemorou.

 

        Uma das maiores e piores, das milhares de falhas que o ser humano comete, está dentro do instinto impulsivo natural. Achamos que o amor da nossa vida possa estar em qualquer lugar, à qualquer hora, sempre esperando por nós. Achamos também, que o mais certo a fazer deva ser procurá-lo. Porém, não levamos em conta o fato de que nada pode mudar o que já está escrito. Na realidade, o certo a se fazer é esperar, isto é, dar tempo ao tempo e não desejar forçar ou adiantar absolutamente nada. Difícil, não? Pensemos que nada neste mundo, e em nenhum outro, acontece por algum acaso.

 

      A necessidade de encontrar a misteriosa pessoa, torna-se uma sede insaciável. Um hábito. Um erro. Não é como se devêssemos ficar parados e esperar por um dilúvio que traga o ser que tanto almejávamos em receber. Nem como se fossemos arrogantes para nos recusarmos a uma tentativa de relacionamento. Na realidade, nós, seres humanos, enxergamos apenas aquilo que nos convém. Carregamos em nossas costas a mania de, muitas das vezes, separar o útil do agradável, ficando então apenas com o agradável. O nosso agradável.

 

     É nisto que está. Às vezes não enxergamos o que devemos e acabamos deixando escapar algumas essências. Não nos apressemos. Por mais difícil que possa ser, enxergamos ao final.

 

    A pessoa misteriosa, pela qual você irá suspirar diante de sua presença, pode estar prontamente debaixo de nosso nariz. Basta abrir os olhos.

 

            

    - Nossa... – a morena falou quase que involuntariamente, observando as atrações que o Winter Wonderland ofericia ao público. O final da tarde estava aproximando-se, dando motivos para todas aquelas luzes estarem cada vez mais brilhantes e coloridas. Lauren sentiu-se com dez anos novamente. – Havia me esquecido de como tudo isso é fascinante.

 

     Inevitavelmente, um sorriso suave alargou o rosto alvo da britânica mais velha, assim como o da mais nova. Lauren estava entorpecida, sua mente estava barulhenta e nada lhe preocupava agora. Dinah, não diferente da amiga, respirou fundo e despertou de seus devaneios. Fitou a morena vagando em pensamentos ao seu lado, agarrou seu pulso e a puxou para uma barraca próxima. Por um segundo, a Jauregui recordou-se da latina no dia anterior. O ato repetido. Um sorriso escapou de seus lábios sem que percebesse.

 

       - Lembra desse? Deus, as argolas diminuíram e os cones aumentaram!

 

        - Está convicta disto? Não acho que seja possível, DJ.

 

      - De qualquer forma, eu nunca consegui encaixar. – revirou os olhos, arrancando uma risada sonora da mulher ao lado.

 

      - Podemos tentar. – arqueou uma sobrancelha, como se desafiasse a outra, enquanto uma argola de plástico vermelha girava em seu dedo indicador.

 

        - Você pode. Preciso de uma água mineral com bastante gás, você quer?

 

        A morena negou com a cabeça, vendo sua amiga dar de ombros e seguir um caminho que ela não se importou em acompanhar com o olhar. Após devolver o objeto plastificado ao responsável pela barraca, Lauren pensou que seria melhor não afastar-se muito do local em que desencontrou-se de Dinah pela última vez, afim de não criar uma confusão na mente da mais alta.

 

       Sofia estava frenética, suada e não podia deixar de notar aquelas luzes variadas recebendo mais brilho e chamando cada vez mais a atenção de todos que vagavam pelo local. Uma Camila inquieta balançava as pernas, ansiando por um alívio, enquanto aguardava em uma fila não muito cheia, mas que quase não se movia. Ninguém poderia esperar que fosse diferente, se levasse em conta os cinco copos de refrigerante que bebeu.

 

     Os olhos castanhos rondavam desesperadamente por cada canto do parque, à procura de um banheiro. Hesitou totalmente ao pensar que poderia deixar a irmã esperando naquele mesmo local, enquanto corria para fazer suas necessidades rapidamente, à tempo de não perder a atração. Quando sentiu que não aguentava mais aquela coisa queimando seu ventre;

 

         

         - Sofi, venha, preciso ir ao banheiro. 

 

        - Mas, Kaki, está quase na nossa vez! – a menina exclamou, deixando ser levada a contra gosto por onde a mais velha fosse.

 

          - Voltamos aqui depois, eu prometo.

 

         A menina permaneceu inconformada, porém, compreendeu os motivos da irmã mais velha. Droga, a quantidade de líquido que foi ingerido pela latina se tornara ridículo  naquele momento.

 

          Lauren aguardava Dinah há alguns minutos, a britânica começara a sentir-se impaciente. Será tão difícil encontrar alguma barraca de alimentos que venda uma simples garrafa de água com gás? Pelo demonstrado, para a amiga, sim. A moça jogou seus cabelos sobre os ombros e começou a caminhar vagarosamente pelo parque, sem nunca deixar de passear os olhos por todo o mesmo, exceto quando retirou as mãos do bolso em um ato involuntário para segurar uma criança, na qual quase esbarrou. A menina era de uma estrutura baixa, cabelos castanhos e ondulados, sua pele fazia jus a sua origem latina, segurava um palito de algodão doce que, por sinal, havia acabado. A morena soltou uma risada anasalada ao lembra-se de Camila pela segunda vez naquela noite.

 

         A menina lembrava a latina. Os traços desenhados perfeitamente, assim como os dela. A morena desculpou-se, recebendo um sorriso simpático da mais baixa.

 

      - Vamos, Camila, a fila não encheu muito! – a pequena exclamou, assim que seus olhos encontraram a irmã mais velha saindo da cabine azul, onde ficava o banheiro. Lauren congelou.

 

       Só podia ser brincadeira. Em meio a diversos parques situados em londres, Camila estaria logo naquele? Impressionante era  minuscularidade do mundo.

 

        A morena permaneceu estática exatamente onde estava. Sentiu seu coração acelerar e seu sangue esquentar quando a latina apareceu em sua frente, deu a mão para a menina que, há pouco tempo, a britânica quase passou por cima. Lauren levantou a possibilidade de serem irmãs, já que a aparência física denunciava. Não indiferente, Camila sentiu um sorriso estremer em seus lábios quando viu a dona dos olhos verdes. A camiseta preta da Nirvana, os jeans rasgados propositalmente do mesmo tom de cor e os coturnos escuros, de fato, combinavam com a personalidade da moça mais velha. Ela estava linda. Ela era linda. Os lábios cobertos por um batom vermelho se expandiram em um sorriso aberto, mais branco que o normal.

 

            Camila não hesitou em se aproximar, afim de um cumprimento.

 

            - Lauren. – sentiu a liberdade de oferecer um abraço a morena, que retribuiu. – O universo insiste mesmo em conspirar para que a gente se encontre. – uma risada sonora, acompanhada pela da mais velha.

 

            - Ou, você insiste em me perseguir por todos os lados.

               

            - Talvez.

 

        A morena arqueou uma sobrancelha em resposta, observando um sorriso amarelo no rosto da latina. Seu olhar foi desviado, até que encontrasse com o da menor. A confusão estava estampada no rosto da menina. Camila sentiu-se tola por não ter apresentado-as no primeiro momento.

 

           - Sofia, essa é Lauren, a amiga que eu lhe disse que estava ontem à noite. – acariciou o ombro da irmã, no intuito de passar confiança para a mesma.

 

         Quando a morena agaichou-se para ficar na mesma altura da menina, Sofia sorriu abertamente e envolveu o pescoço da mais velha em um braço apertado, ato inesperado pela mesma, porém, retribuído da mesma forma. A latina limitou-se a sorrir diante da cena.

 

       - Você gosta dos Minions? – a menor indagou, segurando o rosto alvo da morena com as duas mãos. 

       

        Lauren sentiu vontade de voltar a ser criança, quando não haviam preocupações em sua mente. Sofia carregava também, a simpatia e doçura de Camila.

 

          - Na verdade, eu nunca tirei um tempo para assistir. Você gosta?

     

        - Podemos assistir juntas! – sorriu, a ansiedade correndo por suas veias e o sorriso largo de Lauren deparando-se com tanta fofura. – Eu amo eles. Meu preferido é o Bob.     

 

                    

         - Oh, claro que podemos, contanto que sua irmã concorde.                  

 

 

         Os dois pares de olhos pairaram sobre a latina, que observava a interação das duas de cima.

 

 

        - Sem dúvidas, concordo. – afirmou. Uma Sofia alegre pulou em comemoração, a morena sorriu timidamente. – Aliás, Lauren, eu quero te convidar para... -           

 

 

          - Jauregui! – uma loira alta e furiosa gritou ao fundo, em meio a multidão do parque. Era Dinah. – Eu te procurei por todos os cantos, em que merda de lugar você... – seus olhos correram até os da latina, reconhecendo a moça no mesmo instante. – Camila?  

       - Dinah? – a mais velha franziu o cenho ao reconhecer a loira, Lauren entrou em confusão ao observar as moças se cumprimentarem com um beijo no rosto.

 

           - Vocês se conhecem? – a morena indagou, voltando a ficar de pé.

 

 

         - Tudo consequência de um descuido meu. – riram com bom humor. – Camila estuda em Royal College, mas somos de turmas diferentes.

 

 

                      

         Sofia cochichou algo no ouvido da latina, que sorriu e meneou a cabeça em concordância. Camila chamou a atenção das britânicas, convidou-as para acompanhá-la junto de sua irmã mais nova, na montanha russa vermelha em que tanto ansiava andar. Por mais que temesse ao brinquedo enorme, a morena concordou em ir, nem que fosse a última coisa que fizesse. A resposta de Dinah fora a mais previsível, é claro que a loira concordou. Gostava da adrenalina tanto quanto da audácia. Seguiram até a fila da atração, que não estava tão cheia quanto há alguns minutos.

 

 

       Lauren iria adorar, ao final, Camila pensou. Ao contrário do que aparentava, a morena não gostava de se arriscar e, às vezes, até sentia-se culpada por não impedir que suas amigas o fizessem. O medo de altura que sentia veio de sua infância, quando quebrou a perna direita ao tentar descer a escadas da casa na árvores que construiu com a ajuda de Taylor e Chris. Desde então, não fez questão de arriscar-se, por menor que fosse o perigo.

 

 

          Dane-se as aparências, Lauren apenas queria correr dali.

 

 

 

      - Tudo bem? – a latina perguntou, seu tom de voz denunciava sua preocupação. A morena pressionou os lábios e desviou o olhar do da mais nova. – Não quero te obrigar a nada, podemos desistir, se quiser.

 

 

          Céus, aquela mulher fazia Lauren sentir mais jovem do que era.

 

 

           - Não precisa, está tudo bem. – um sorriso amarelo.

 

                   

           Camila acariciou o ombro da morena, em forma de conforto.

 

                       

          Quando chegou a vez do quarteto, subiram até onde deviam sentar. Primeiro Sofia, depois Dinah, Camila e, por último, Lauren. A latina estendeu a mão para a morena, com o intuito de ajudá-la a subir, a mesma aceitou de bom grado, oferecendo um sorriso amedontrado para a mulher ao seu lado. Após o auxiliar conferir os cintos das cadeiras da fila, a pequena porta de grade da entrada foi fechada, para que então o brinquedo começasse a funcionar. Lauren sentiu seu coração pulsar tão freneticamente, que conseguia ouvi-lo.

                         

 

                        What if, what if we run away?

                        

                         What if, what if we left today?

                      

                        What if we said goodbye to safe and sound?

 

                       And what if, what if we’re hard to find?

 

                      What if we lost our minds?

 

                     We let them fall behind and they’re never found.

 

 

                   

        A lentidão em que as cadeiras subiam estavam retardando a queda que viria mais à frente. Lauren engoliu em seco, fechou os olhos com força e agarrou a barra de ferro presa a cadeira. Ela podia sentir o sangue ferver em suas veias e sua mandíbula travar.

 

 

 

                      And when the lights start flashing like a photo booth

 

                     And the stars exploding, we’ll be fireproof

 

                    My youth, my youth is yours

 

                   Tripping on skies, sipping waterfalls

 

 

 

 

           Quando estavam quase à  beira da queda, a morena abriu os olhos e encontrou a mão de Camila aberta, em um pedido mudo para que a britânica segurasse. A latina pensou que a confortaria daquela forma. E estava certa. Lauren não hesitou em entrelaçar seus dedos aos da mais nova, e a queda veio em seguida.

 

 

 

                   My youth, my youth is yours

 

                  Run away now and forevermore

 

                 My youth, my youth is yours

 

                The truth so loud, you can’t ignore

 

               My youth, my youth, my youth

 

              My youth is yours

 

 

      Os gritos inundaram o local e a mão de Lauren apertou firme a de Camila, que atuou da mesma forma. O vento batia nos cabelos das mulheres, emaranhando-os. A risada gostosa da latina servira como um santo remédio para os ouvidos da britânica, a fazia perder o medo por instantes e sentir-se viva durante todo ele. Nem o mais forte dos anjos pararia a adrenalina que corria por cada célula existente no corpo de Lauren, e Camila notou que a morena estava se divertindo ali, como se não houvesse certeza de um amanhã. Como se o mundo ao redor tivesse evaporado e tudo o que as rodeavam era uma a outra. E, não talvez, fosse.

 

 

 

               Cause we’ve no time for getting old

 

              Mortal body, timeless souls

 

             Cross your fingers, here we go

 

            Oh, oh, oh

 

 

 

     Definitivamente, a chave para sentir-se em paz consigo mesmo, estava em enfrentar os próprios medos. Encorajar a si mesmo e não deixar que a ansiedade negativa corroa todo o ser que te forma. Ajuda era uma essência que nem todos oferecem, mas que os poucos, serão de forma genuína, e isto é o que basta. Camila estava lá, a estranha que passara a não ser mais estava lá, com unhas e dentes preparados para proteger a morena e lhe passar toda a segurança que lhe era necessário. E isto era o que bastava.

 

 

 

            

           My youth, my youth is yours

 

           Run away now and forevermore

 

          My youth, my youth is yours

 

         The truth so loud, you can’t ignore

 

         My youth, my youth, my youth

 

        My youth is yours

   

           

 

    Aquela sensação de paz não fora embora do peito de ambas as mulheres. Sentiam-se como adolescentes novamente, mesmo que fossem há um ano ou dois anos atrás. Eram únicas, e sabiam disso.

 

      

        Camila levantou os braços com a mão ainda entrelaçada na de Lauren, e fez menção para soltá-la. Se entreolharam antes de concordarem em soltar as mãos e deixá-las sentir o vento forte na ponta dos dedos. A morena gritou, um grito de felicidade, um grito de diversão, um grito de liberdade. Seria tão bom sentir aquilo para sempre. Era como comer chocolate pela primeira vez quando criança e querer se transformar em um formiga, para repetir o processo diversas vezes, sem se preocupar.

 

 

 

         My youth, my youth is yours

 

        Run away now and forevermore

 

       My youth, my youth is yours

 

      The truth so loud, you can’t ignore

 

     My youth, my youth, my youth

 

    My youth is yours 

 

 

 

    E se o momento congelasse? O que seria dali? Camila desejou estar ali para sempre. A companhia da morena era tão boa, a fazia pegar fôlego. Era sobre estar com alguém e sentir-se como nunca se sentiu antes. Era sobre não se importar com o mundo lá fora. Era sobre sentir-se infinito. Era sobre Lauren e Camila. Permitir-se abrir a mente para novas pessoas não era uma tarefa fácil para a morena, e isso era nítido. Porém, ela precisava disso. Lauren também não poderia viver de um talvez.

 

 

      Um fato sobre o destino, é que: Ele é imprevisível


Notas Finais


Até o próximo, xuxus <3

Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=XYAghEq5Lfw

IG: @itscamzgirl
TT: @srtajaureguic


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