História Girl - Almost Kiss

             Terça-feira, 7:15 pm - Cabello's House

   

O relógio sequer teve a mísera oportunidade para bater o horário em que o jantar fora marcado, uma vez que Camila apressou-se para que literalmente tudo estivesse em seus determinados eixos, desde as opções de comidas ao psicológico de seus pais. Inegavelmente, Alejandro lidava com a filha mais velha de forma que não media esforços para compreendê-la ou apoiá-la, independente da situação da vez. Não permitia quase nunca que sua intuição ultrapassasse de intuição, sem antes esclarecer o que pendia. Porém, Sinu era o contrário do marido, para a frustração de Camila.
    

A lareira no canto da sala de estar fora acessa com objetivo de aquecer o ambiente da noite fria que fazia lá fora. Sofia e Camila estavam sentadas em frente as chamas enquanto conversavam e a mais nova contava como seus amigos reagiram quando a pequena lhes contou que fora ao parque com sua irmã mais velha, a latina prestou atenção em cada palavra que brincava nos lábios da garota com um sorriso largo. 
   

Sinu manteve o semblante contrariado por todo o tempo, segundo ela, não era confortável receber alguém que jamais havia visto na vida. Ao mesmo tempo em que tinha um pingo de razão, tinha litros de má vontade. Isto passara a irritar Camila constantemente, sua mãe não podia ser graciosa apenas por uma noite? 
   

Mais cedo, naquela noite em específico, o celular da latina repetia o toque típico que denunciava uma nova mensagem, por incansáveis vezes. Todas de Lauren. Resmungos de que não possuía uma vestimenta adequada para estar fisicamente decente diante da família Cabello. A morena, na realidade, estava nervosa para o que parecia ser uma apresentação. Quando foi que isso tornara-se tão assustador? 
   

A latina apenas desejava que Lauren fosse ela mesma naquela noite e que suas esferas verdes estivessem tão brilhantes como naquela tarde calorenta. Toda a adrenalina parecia correr pelas veias de ambas as mulheres, misturada com a tensão da queda retardada. 
   

Camila desejou que Lauren pudesse sentir-se amada. 
   

Quando o som estridente da campainha ecoou pelo ambiente, todos ali presentes na sala se entreolharam significativamente e Sinu revirou os olhos quando viu um sorriso brotar no rosto da filha, que a fuzilou com os olhos, pedindo em silêncio e internamente que Sinu fosse simpática. Sem mais delongas, a porta foi aberta pela latina, revelando então, uma Lauren tímida, porém, com um semblante confiante. A típica armadura. A morena estava com suas vestes tradicionais, assim como fora sugerido por Camila. A cascata negra estava jogada por seus ombros e ela sorriu. E, Deus, o estômago da mais nova deu uma cambalhota com a cena. Os dentes da mulher eram mais brancos que o normal e seu sorriso era mais lindo do que deveria. Camila retribuiu o ato e olhou para a família por cima dos ombros. 
   

- É Lauren. - confirmou, voltando a atenção para a morena em sua frente e seu olhar pairou sobre o recipiente de vidro que Lauren carregava nas mãos, continha uma convidativa torta de maçã no mesmo, o que fez a latina franzir o cenho em reprovação. - O que eu te disse sobre isso? 
       

- Desculpe, Cabello, eu não poderia chegar de mãos vazias. - a morena respondeu, dando de ombros e recebeu um soco leve no ombro direito, seguido do segundo sorriso daquela noite. 
     

- Obrigada. - a latina disse sincera, lançando-lhe um sorriso amarelo, o recipiente de cristal agora  estava em suas mãos. O aroma estava ótimo, e consequentemente, fez com que a mais nova fechasse os olhos em prazer e Lauren suspirar  satisfeita. Bom trabalho. - Entre, por favor! - afastou-se da entrada, oferecendo passagem a morena, que prontamente aceitou de bom grado, adentrando a casa que mais parecia um paraíso dentro de metros quadrados. 
   

A residência era tão simples e, ao mesmo tempo, tão sofisticada. Lauren perdeu o olhar nos detalhes que a chamaram tanto a atenção. Não estava acostumada com o que considerava luxo, uma vez em que seu apartamento era composto apenas por uma cozinha e seu quarto, onde podia assistir televisão mais acomodada. Aquilo era demais para ela. 
     

- Então... Lauren, certo? - Alejandro indagou, o cenho do homem estava franzido e em seu rosto, um sorriso iluminado que transbordava simpatia. Lauren assentiu, retribuindo o sorriso da mesma forma. - Não se preocupe em ficar à vontade, mi casa és tu casa. 
     

A britânica teve a confusão estampada em seu rosto, não havia entendido o que o homem em sua frente havia dito por último. Camila riu. 
      

- Ele disse que nossa casa, é sua casa. - acariciou o ombro da morena, passando-lhe compreensão e conforto. 
     

Lauren perguntou a si mesma se poderia se acostumar com a mania que a latina possuía de acariciar seu ombro com intuito de lhe confortar. 
  

- Oh, obrigada, senhor Cabello. - um sorriso amarelo. 
       

- Alejandro, eu insisto. 
   

- Obrigada, Alejandro. - corrigiu-se a morena e sorriu abertamente, encantada com a simplicidade e simpatia do pai de Camila. 
     

Sinu não estava presente, provavelmente, estava organizando o jantar. Ou desfrutando de sua antipatia. Seja lá onde estivesse, havia carregado Sofia junto, contra a vontade da menina, obviamente. A latina mais velha parecia estar amargurando internamente aos poucos e externando rapidamente. Ela deveria, ao menos, dar-se a oportunidade de conhecer a britânica que estava em sua sala no exato momento em que uma Sofia impaciente a puxou pela calça jeans, seu olhar implorava para ser livre e sua mãe apenas retardava o que a pequena tanto queria.  
  

Camila, com seu senso de percepção e conhecimento sobre a Cabello mais velha, se esforçou ao máximo para não deixar nítido que algo estava errado, mesmo com o sangue fervendo em suas veias, devido a ignorância de sua mãe. 
       

- Venha, quero lhe mostrar algo. 
     

Dito e feito, a mais nova conduziu a britânica ao seu quarto. Tudo estava iluminado por quatro arandelas acopladas nas paredes, duas na direita e duas na esquerda. A cama de solteiro estava perfeitamente arrumada, a decoração era basicamente retrô. Lauren fitou o teto azul repleto de estrelas, que simulavam o universo. O quarto era mágico, delicado, levava qualquer ser humano a outro mundo. Tanto quanto Camila Cabello o fazia. 
     

Observou, em meio a curiosidade e admiração de seus olhos, um toca discos no canto da parede, perto de uma estante de livros cinza, com uma coleção de vinil ao lado. Nenhuma das mulheres se importavam em comprar CDs, quando possuíam um tipo de contato mais antigo e uma música mais limpa para a audição. Tinham isso em comum. 
   

 - Você tem um toca discos? - a morena indagou, mesmo a resposta sendo óbvia. Camila se aproximou do objeto. - Não vejo um desses há tanto tempo. 
     

- Era da minha mãe. - um sorriso fraco de ambas. - E a coleção de vinil era do meu pai. 
   

Os discos de vinil jogaram brilho nos olhos da mais velha. Eram consagrados. As músicas de Aretha Franklin, sem dúvidas, marcaram a adolescência de Lauren. Havia um disco de Johnny Cash, Elvis Presley, Billie Holiday, Whitney Houston.
     

Céus, aquilo sim, era música de verdade. 
     

- São tão bons. - sem ao menos retirar o olhar das capas, a morena sentiu Camila observá-la atentamente. - Você tem Troye Sivan?  
     

A latina permaneceu pensativa e aérea por alguns segundos, como se tentasse lembrar de algo. 
     

- Tenho sim, está em uma caixa reservada. Só um instante. - levantou-se da poltrona e foi em direção à estante prata, onde pegou uma caixa preta na parte de cima. - É o meu preferido, por isso separo dos outros. - um sorriso. 
     

Aquele sorriso que arrancava com força a sanidade da Jauregui. 
     

Destravadas as fechaduras, a espécie de maleta se abriu, revelando a capa azul do disco. 
     

- Tive uma idéia! 
 

Sem delongas, a britânica retirou o disco com cautela e o posicionou no toca discos. A música começou a ecoar suavemente por todo ambiente. As mãos de Lauren se entrelaçaram na cintura de Camila, puxando-a para mais perto, até que seus corpos estivessem colados. Um suspiro escapou dos lábios da mais nova, em razão do choque das peles. 
        
   

I wanna sleep next to you 
   

But that's all i wanna do right now 
   

And i wanna come home to you 
   

But home is just a room full of my safest sounds 
    
     

- Conceda-me a dança? - a morena brincou com a formalidade, observando os lábios da latina se expandirem em um sorriso.  
     

- Será uma honra. - fez reverência, entrando na brincadeira.
     

As mulheres abraçaram-se, iniciando uma dança de ritmo lento. Os corações estavam acelerados e as pernas bambas. Apenas não sabiam o motivo.

   

I'd rather feel a fantasy than deal with these alone 
   

I wanna sleep next to you 
        
   

And that's all i wanna do right now 
   

So come over now 
   

And talk me down 

     

As mãos se entrelaçaram em um ato suave, a latina não conteve um suspiro quando teve sua cintura agarrada firmemente para que os corpos se aproximassem, levou sua mão até o ombro direito da morena, os olhares estavam fixos, as mulheres estavam perdidas ali, dentro da própria bolha, e os batimentos cardíacos de ambas se adaptaram a batida da música. Nada neste mundo, e em nenhum outro, era necessário para nenhuma das duas enquanto tinha uma a outra por perto. O espaço se tornou pequeno e a mente de Lauren recebeu um flash de memória da primeira vez em que se aventurou em uma montanha russa. Talvez o motivo fora a adrenalina que sempre tomava cada célula de seu corpo quando Camila estava presente. 
   

E isso jamais irá mudar. 

       

I wanna hold hands with you 
   

Cause your hands and lips still know they way around 
       

And i know, i like to draw that line 

   

Lauren sentiu sua respiração descompassar e acelerar, de acordo com o aproximar de rostos e o tocar de narizes no meio da dança que ocorria dentro daquela enorme bolha em que estavam. A voz de Troye Sivan ecoava por todos os cômodos da casa, servindo como uma anestesia para ambas as mulheres. 
     

Quando a morena deslizou a ponta do nariz pela bochecha da latina, percorrendo um caminho até seu pescoço e permanecendo ali, Camila fechou os olhos e soltou a mão da mais velha, que prontamente envolveu os dois braços na cintura da mais nova, enquanto ela tinha os braços agora em volta de seus ombros. 

     

So come over now
     

And talk me down 
     

Oh, oh, oh, oh 
     

Oh, oh, oh, oh 
     

Oh, oh, oh, oh
     

And talk me down 

     

Elas estavam presas ao sentimento perturbador que exalavam uma pela outra, era um caminho sem saída e sem fim. Nada iria mudar aquilo, ninguém teria tanto poder a tal ponto, ninguém conseguiria quebrar um laço tão forte. 
 
     

If you don't mind, I'll walk that line 
     

Stuck on the bredge between us 
     

Green areas and spectations 
     

But i'm not the one, if we're honest, yeah 
       
     

Ter aquela latina em seus braços em torno do nada que as pareciam rodear naquele momento, era demais para a morena. Lauren encarou a imensidão castanha se fundindo com o verde de seus olhos, formando uma mistura perfeita. A morena estava tão entorpecida por aquele olhar quanto a latina estava pelo seu. Seus corpos já não balançavam mais como há minutos atrás, estariam imóveis se não fosse pelo peito de ambas, inflando com precisão. A britânica deslizou o polegar por todo o rosto delicado da mais nova, seguindo um caminho até que tocasse seu lábio inferior, o incentivando a ficar entreaberto. 
     

Os lábios da mulher eram uma verdadeira droga, da qual Lauren desejou ter overdose. Não era resistível nem que a morena fosse cega. 

     

- Camila... - um sussurro. 
     

Camila deslizou as mãos da nuca da britânica, trilhando um caminho até sua mandíbula e três batidas leves foram ouvidas da porta. Lauren sacudiu a cabeça e piscou os olhos repetidamente, parecia acordar de um transe e mergulhou na realidade. Mas o que foi que ela acabou de fazer? Ela não mal conhecia aquela latina, não sabia se deveria lhe ceder sua confiança. Não sabia de nada. Sua armadura estaria quebrada enquanto a mais nova estivesse por perto. Aquela sensação desconhecida incomodava a britânica, apenas por não saber expressar ou ao menos entender. Camila queria lhe mostrar, queria mostrar a aquela estranha que afeto é o sentimento mais puro que um ser humano pode sentir. 
   

 Mesmo que seja por um desconhecido. 
     

Sinu grunhiu baixo em reprovação quando notou a presença de Lauren no quarto. Sem a mínima dúvida, a mulher teria uma conversa com sua filha mais tarde. 
     

- O jantar está esfriando. 
     

- Estamos descendo, mama.
     

Após Camila fuzilar a mãe com um olhar que a repreendia por sua antipatia, a latina mais velha deu as costas a porta, deixando-as ali. A música já não reproduzia mais no toca discos, Lauren estava pensativa e Camila sentiu seu coração disparar ao cair na realidade do que aconteceu minutos atrás, a mesma se perguntou sobre sua precipitação, não diferente da morena. Porcaria, as coisas deveriam ser mais fáceis. A noite mal havia começado e já havia acontecido pequenas grandes coisas. O enredo dessa história ainda daria muito suspense. Disso, e apenas disso, elas sabiam. 
     

*** 
      
     

O silêncio reinava na mesa, Camila estava tensa pelo mesmo, ainda mais tendo a britânica sentada em sua frente, concentrada em cortar a carne no prato. Alejandro trocava olhares significativos com Sinu e a mulher, por sua vez, apontava o olhar para a morena ao lado do marido. Sofia já havia reservado o dvd dos Minions para assistir mais tarde, a pequena queria estar acompanhada de Lauren e sua irmã mais velha quando o fosse assistir. 
     

- Sr. Cabello. - a morena quebrou o silêncio, atraindo a atenção de todos que estavam sentados à mesa. - Alejandro. - corrigiu-se e o homem meneou a cabeça positivamente. - A culinária cubana é tão diferente da inglesa? 
       

- Levando em conta que envolvem tradições e povos diferentes, digo que sim. - mastigou o que restava da comida em sua boca e sua garganta tratou de engolir em seguida, antes de seu olhar pairar novamente sobre a mulher a sua frente. - Você pergunta sobre alguma comida específica? 
     

Lauren ergueu uma sobrancelha enquanto molhava a garganta com o líquido laranja do suco. Estava curiosa.  
     

- Sobremesas? 
     

- Oh, são tantas. Minha preferida é o pudim de abacaxi. - o homem desviou o olhar dos verdes curiosos, aos castanhos intrigantes de sua mulher. - Sinu também adora, não é, amor? 
     

O olhar de Lauren pairou sobre o de Sinu, lhe causando certo desconforto, já que o mesmo não passava o mesmo conforto que o de Alejandro. Ou talvez não passasse nenhum. 
     

- Sim... - uma pausa rápida. - Eu adoro. 
     

- Gosta de doces com frutas, senhora Cabello? 
     

Sinu buscou por uma resposta que menos invadisse sua privacidade pessoal. Camila revirou os olhos ao perceber o silêncio da mãe. 
     

- Gosto, apesar de não comer com frequência. - respondeu, desviando o olhar da morena, de volta ao prato. 
     

- Estou aliviada agora, eu confesso. Preparei uma torta de maçã, espero que gostem. - a britânica sorriu. 
     

- Pode deixar, eu mesmo o farei. - foi a vez de Alejandro protestar, sorrindo simpaticamente, arrancando uma risada gostosa de Camila e um sorriso de Lauren. 
     

- Assim como eu. 
     

Houve a conexão entre o verde e o castanho novamente, ato que faziam as pernas de ambas as mulheres bambearem. A noite estava agradável e Lauren parecia sentir-se bem, tudo estava nos eixos, como programado. 
     

- Não gosto de maçãs. - Sinu protestou, amargurada. 
     

Ou, quase tudo. 
     

- Desculpe, eu não sabia, quis parecer apresentável. 
     

- É claro que não sabia. - uma Camila com a insatisfação estampada em seu rosto, falou, encarando sua mãe em seguida. 
     

- De qualquer forma, não é possível que nada seja tão sem sentindo quanto esse jantar. - terminada a frase, Sinu recebeu todos os olhares pesando em si, todos surpresos com a sua tremenda falta de educação. E então, ela sorriu cinicamente para a morena que estava em choque. - Obrigada pela torta, Lauren. 
     

Por mais que Camila quisesse reclamar pela antipatia sem razões que Sinu tinha pela mulher, ela quis manter o resto de dignidade que a família poderia ter, respirou fundo e cruzou as pernas em baixo da mesa. Lauren sentiu-se deslocada pela primeira vez naquela noite, sentiu-se inconveniente e desejou sair dali correndo, porém, sua autoconfiança falou mais alto. 
     

Assim como ela. 
     

- Sinto muito, senhora Cabello, mas eu não sou quem deve estar pensando que sou, talvez a julgar pela minha aparência, uh? - a britânica observou uma Camila nervosa engolir em seco e Alejandro não tirava os olhos de sua esposa, fuzilando-a. Lauren sorriu para a latina mais velha. - Por nada. 
     

Céus! 
     

O restante de tempo em que permaneceram na mesa não foi muito, o ar estava pesado e Camila sentia vontade de cavar um buraco no chão e se esconder no mesmo. As atitudes que a Cabello mais velha estava tomando eram mais que desnecessárias e vergonhosas, ela não estava arrependida, estava furiosa. Pensava na ousadia e audácia de Lauren, por ter lhe confrontado. 
     

Já se passava das nove e meia quando Lauren denunciou seu cansaço na cadeira do computador de Camila, a tv reproduzia o filme dos Minions pela décima vez naquele mês e era realmente bom, mas depois de toda a tensão, a morena apenas queria voltar para casa e tomar um banho frio. Quando Sofia dormiu, a mais nova concordou em acompanhar a britânica até a porta. Caminharam lentamente pelo corredor pouco iluminado, levando em conta que Alejandro e Sinu deviam estar dormindo. 
     

Chegaram na porta, que fora aberta lentamente pela latina, Camila se aproximou para um abraço apertado e Lauren gelou enquanto retribuía o mesmo.Não somente pelo inesperado, mas pela forma como a mulher em sua frente o fez. Como se a pedisse colo, como um pedido de socorro e um pedido de desculpas. 
     

- Desculpe por Sinu, Lauren. - protestou ao quebrar o abraço. - Ela é tão inclinada a ignorância que, as vezes, eu penso que estou no lugar errado. - fez uma pausa para respirar fundo, pairou seu olhar sobre o da morena. Foi interrompida quando separou os lábios para continuar a falar. 
     

- Não houve nada, está tudo bem e não quero que se preocupe com isso, ok? - um sorriso. - Rejeição não é novidade para mim. 
     

Camila sentiu o órgão pulsante dentro de sua caixa torácica quebrar em milhões de pedacinhos. 
     

 - Por favor, não diga isso. - a cubana acariciou-lhe o ombro. - Não é rejeitada por mim. 
       

 - Bem-vinda aos 5%. 
       

A morena riu ao perceber a irritação da mais nova. 
     

 - Obrigada, Camila. - completou. - E desculpe por mais cedo... Eu... No seu quarto. 
       

Droga, ela gaguejou. 
       

- Não é preciso desculpas. - Camila sorriu amarelo, arqueando uma sobrancelha.
       

- Minha sanidade agradece, se você não flertar comigo desse jeito, Cabello. 
       

A risada não foi contida por nenhuma das mulheres, uma vez em que já havia saído de suas gargantas, contagiando o momento e desfazendo a tensão. 
       

- Não seja idiota, Jauregui. - a latina socou levemente o ombro da britânica, divertidamente. 
       

Lauren lembrou-se de Taylor, consequentemente, lembrou da conversa que tiveram outro dia. O mistério por trás daquela estranha estava desaparecendo aos poucos, a cada dia mais. Assim como o da outra. Camila desejou encontrar-se com o lobo das estrelas novamente. 
     

Após uma breve despedida ali mesmo, Lauren jogou seus cabelos negros como a noite para trás e seguiu para sua Mercedes, sentia-se leve como nunca havia se sentido antes. O universo pareceu conspirar a seu favor, o mundo pareceu estar mais colorido e seu estômago dava piruetas sem parar, conforme as lembranças giravam em sua mente. O quase beijo não sairia de sua cabeça tão fácil, uma vez em que quebrou sua armadura de proteção, a deixando propensa a amar. E ela o queria. Dane-se que por uma desconhecida, ela apenas queria, queria se sentir amada. 

      

Lauren não sabia também: Camila a amava.