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História Girl Power - Three


Escrita por: strangerizando

Notas do Autor


"No dia que for possível à mulher amar-se em sua força e não em sua fraqueza; não para fugir de si mesma, mas para se encontrar; não para se renunciar, mas para se afirmar, nesse dia então o amor tornar-se-á para ela, como para o homem, fonte de vida e não perigo mortal." - Simone de Beauvoir.

Capítulo 3 - Three


Eu tinha decidido que sairia com o tal Uchiha e não ia furar, não agora que eu já me encontrava em frente ao guarda-roupa, decidindo o que usar. Sinceramente, eu não ligo muito para roupas ocasionais, nem tenho vestidos sofisticados para isso, nunca me importei. Vejo várias garotas super produzidas, com maquiagem e cabelos arrumados, e olho para mim. Cara, eu sou um desastre da moda. Karin que vive reclamando disso, mas o que posso fazer se fui criada usando farrapos?

Coloco então uma calça preta com rasgos nos joelhos – isso deve estar na moda ­– e uma blusa grande branca com listras vermelhas.

Confesso que me preocupa um pouco o fato de eu sair com um cara que mal conheço, é estranho, na verdade. Karin disse que isso pode servir para nos conhecermos, mas eu não disse que estava afim de saber mais sobre ele. Talvez eu não tenha dito, mas pensado. Sasuke parece ser um homem interessante, ele é bonito, não vou mentir, mas toda essa beleza pode atrair muitos olhares femininos e até masculinos, não é de se duvidar. Quando alguém possui todos os holofotes para si costumam ser esnobes, até as celebridades mais humildes, por assim dizer, não deixam de ser metidas em certas oportunidades. Sasuke é rico, bem feito de vida, o que quer comigo? Que saco, toda essa curiosidade faz meu estômago revirar.

Não, isso não é uma história clichê de um cara bonito que começa a namorar uma pobretona, órfã e que trabalha numa lanchonete. Está bem longe de ser isso, nem quero me relacionar com alguém por hora – ou talvez pela vida toda. Meu desejo é terminar meus estudos e me formar como médica, garantindo uma vida boa para mim. Eu mereço um tempo relaxada, mesmo que esteja velha e com os cabelos tão brancos quanto neve.

O que está me motivando a sair com Sasuke Uchiha é a comida cara que ele vai me disponibilizar, isso é um grande motivo para sair de casa.

Karin, estou indo. – Aviso-a enquanto passo pela sala, onde ela está jogada no sofá assistindo algum programa de roupas.

– Devo te esperar, ou... – Ela faz uma cara safada.

– Que nojo, ew. Não seja idiota, volto antes das onze. – E saio do apartamento.

Sasuke Quer que eu busque você? Só me passe o endereço.

Sakura Prefiro ir de metrô, obrigada.

Sasuke me passa o endereço da lanchonete escolhida e eu anoto no meu bloco de notas, por mais que eu ande todo dia pelas ruas de Konoha, ainda não estou informada de 100% da cidade. Seguro minha bolsa com força e caminho até o metrô.

O metrô vêm me causando arrepios ultimamente, deve ser pelo acontecimento com Karin que isso apareceu. Nunca havia parado para reparar, mas esse lugar a noite é um pouco amedrontador. Uma hora dessas, oito horas da noite, ainda há movimento de pessoas voltando do trabalho ou jovens saindo com amigos, é natural, mas com certeza daqui algumas horas esse lugar só será habitado por malandros.

Fico pensando: o que leva uma pessoa a fazer isso? Quer dizer, agir como um psicopata. Por que? Transtornos mentais? Problemas sociais-familiares? Ou apenas estupidez? Me recuso acreditar que o ser humano pode atingir o último nível de estupidez possível. Prefiro acreditar apenas nas duas primeiras opções porque assim como esse metrô a noite, a palavra estupidez me causa arrepios.

E se Sasuke for arrogante? Um cara totalmente diferente do que eu pensava? Não que eu esteja pensando num mar de rosas, no máximo o imagino sendo cavalheiro (antiquado). Depois que minha mãe faleceu e meu pai começou a fugir da polícia, sinto um medo absurdo em relação à homens. No orfanato a coordenadora pensava que eu era lésbica por preferir ficar com as meninas do que com os meninos. Até eu já pensei que era lésbica. Tirando as dúvidas, já fiquei sim com meninas, uma delas se chama Temari, uma loira muito bonita e determinada. Foi numa festa a alguns anos atrás. Estávamos bêbadas, ela mais que eu. Percebendo a nossa embriaguez, ela me convidou para ir ao quarto do andar de cima então abriu a porta e logo me empurrou para a cama. Nos beijamos e fizemos outras coisas a mais, só não adormecemos ali porque o dono do quarto nos expulsou. Só me lembro de ter vestido minha blusa correndo e saindo com Temari aos beijos. Temari meio que era uma ficante para mim, nós já nos pegamos enquanto estávamos sóbrias, mas não era tão bom quanto estarmos bêbadas.

Enfim, acho que sou bi. Já peguei um cara chamado Sasori, mas essa história eu deixo para depois, estou feliz até demais para querer estragar minha noite.

Kizashi era estúpido, por causa disso o comparo com todos os homens que encontro na rua. É inevitável, meu subconsciente faz isso antes mesmo que eu perceba. Mas depois de tudo que tive que enfrentar, mesmo criança, percebi que tenho de superar meus medos. Não consegui o feito para evitar que Kizashi furasse as costas da minha mãe, mas estou na obrigação de honrar a vivência dela na terra.

O trem para e eu desço do mesmo, olho no meu bloco de notas o local que se encontra a lanchonete e me direciono até lá. É um lugar muito aconchegante, não muito sofisticado mas ainda assim bonito. Há muitos carros estacionados e não sei qual é o do Uchiha. Adentro o local e o procuro discretamente, a recepcionista vem me atender.

– Olá, procura uma mesa vazia? – Ela pergunta formalmente.

– Na verdade procuro uma pessoa. – Dou uma risada sem graça.

– Ah, sim. Bom, é melhor se sentar, venha. – Ela me leva até uma mesa vazia, onde fico sentada aguardando o atrasado.

Se isso for alguma piada, vou mata-lo.

Mando mensagens para ele e não obtenho resposta. Com certeza deve estar rindo da minha cara por ter levado um bolo, eu sabia que ele tem todas as mulheres na palma da sua mão.

Antes de pensar mais besteiras, resolvo pedir uma garrafa d’água. Ele pode estar realmente ocupado ou sofrido um acidente de trânsito ou até mesmo pode estar preso no trânsito. Konoha é bastante movimentada, com certeza a uma hora dessas as pessoas circulam pelas ruas duas vezes mais.

Mas eu não contenho minha ansiedade, não gosto de esperar ninguém, isso me agoniza.

Observo as pessoas entrando e saindo do estabelecimento e eu ali, parada, olhando para a decoração do ambiente pela milésima vez. Daqui a pouco a gerente vai me expulsar por estar ali sem pedir nada, apenas usufruindo do ar-condicionado, que por sinal estava muito agradável.

Um casal que entrou na lanchonete junto comigo já estava indo embora, e para mim isso foi o cúmulo. Eu estava esperando à uns quarenta minutos ou mais, não sou obrigada a esperar mais nenhum segundo.

– Palhaço! – Falo baixinho para mim mesma enquanto levanto da mesa e caminho até o caixa, para pagar a garrafa d’água. Dou passos fortes no chão, estou realmente p*ta por causa de um cara que mal conheço.

Antes que eu pudesse pagar a minha conta, sou puxada pelo braço.

– Desculpe pela demora, Sakura. Ainda quer jantar comigo? – Sasuke me pergunta quase como uma súplica. Ele estava suado e com os cabelos desgrenhados, parecia ter saído de uma briga.

– Achei que fosse me deixar plantada. – Respondo rispidamente.

– Sinto muito mesmo, aconteceram uns imprevistos e... – Ele olha para o homem do caixa que até agora observava nossa conversa. – Quer se sentar? – Concordo com a cabeça, puxo meu braço e volto para a mesa onde eu estava.

Sou curta e grossa, jogo algumas verdades na cara dele.

– Eu poderia estar estudando ao invés de estar fazendo um papel de trouxa aqui, te esperando. – Fico com a cara emburrada, sei que isso soa meio infantil, mas não faço bico como uma criança, muito menos falo de uma maneira fofa.

– Como eu disse, aconteceram uns imprevistos com a minha família. Assuntos pessoais, entende? Eu queria ter mandando uma mensagem avisando, mas saí do carro e deixei o celular lá dentro.

Sasuke parecia estar frustrado. Ele mexia em seus cabelos constantemente e checava seu celular a todo momento. Me sinto meio deslocada, parece que sua presença não fazia tanta diferença assim. Corto o silêncio constrangedor que havia se formado há sete minutos atrás.

– Sabe, ainda estou com fome. – Digo na brincadeira, mas o Uchiha deve ter levado a sério, pois em questão de segundos ele chamou a garçonete. Sasuke pede dois hambúrgueres veganos e sucos naturais de abacaxi com menta. – Não sou vegana.

– Tem ideia de quantos animais são mortos para serem vendidos numa empresa de fast-food? – Ele deixa a pergunta no ar e eu fico quieta. – Isso mesmo, milhares. Além de matarem animais inocentes, são completamente calóricos. Creio que nunca viu um lanche de carne completamente saudável. – Todo aquele papo me deixou cansada. Dou uma trégua.

– Tá bom, já entendi. Talvez seja gostoso... – Sasuke ri. A sua risada é gostosa de ouvir, apesar de ter saído baixa, senti que foi verdadeira. O que eu estou falando? – Hm, o que aconteceu para você se atrasar?

Ele se ajeita na cadeira, deixa o celular sobre a mesa e me encara.

– Assuntos pessoais, Sakura. – Acho que ele percebeu meu desconforto com a resposta simples que deu. – Foi meu irmão, Itachi. – Itachi... Aquele estúpido que me cantou na lanchonete. – Ele bateu na namorada, ela denunciou e ele foi parar na delegacia. Meu pai ficou furioso, dizia que Itachi estava manchando o nome da família.

Espera, ele tem namorada? E bateu nela?

Aquilo me trazia lembranças ruins, os pelos dos meus braços ficaram arrepiados e a presença de Sasuke me amedrontava um pouco mais. Ok, ele pode ter a cabeça no lugar, diferente do irmão, não posso generalizar a família Uchiha, mas mesmo assim Kizashi volta com tudo na minha memória.

Sua vadia nojenta, é isso que você merece. E Kizashi dava o segundo chute nas costelas da minha mãe. Na semana, aquela era a terceira vez que ela era agredida. Já estava se tornando diário, aquilo devia acabar.

Suas mãos pesadas puxavam os braços magros da minha mãe, a arrastando pela casa e por fim, a jogando no sofá da sala. Ela chorava, e eu também. Só consegui ouvir o estralo do tapa desferido no rosto fino de Mebuki.

Minha cabeça começou a doer, então massageei minhas têmporas enquanto respirava fundo, tentando esquecer as cenas.

Seu rosto estava completamente vermelho, eu conseguia ver um fio de sangue saindo do seu nariz machucado. Meu coração se apertava mais, e eu me encolhia atrás da porta da cozinha.

– Sakura? Está tudo bem. – Eu respirava fundo tentando esquecer as cenas.

Kizashi ouviu meu soluço. Me escondo atrás da porta, cubro minha boca com as mãos. Consigo ouvir o barulho das suas botas de borracha se aproximando da cozinha.

– Quer um copo d’água?

Abracei meus joelhos, ainda conseguia ouvir os gemidos de dor da minha mãe, vindos da sala. Aquilo era tortura, e Kizashi é quem deveria ser torturado. Ele segura a porta.

– Sakura, eu...

­– Achei você.

­– Posso pegar um comprimido para você. – Levanto meu rosto imediatamente, minha respiração esta pesada mas em alguns minutos consigo recuperar o ar.

– Está tudo bem, acho que é fome. – Rio sem graça. E mesmo que não fosse esse a razão da minha dor de cabeça, a comida chega em nossa mesa.

Começo a comer, de início olhei com uma cara feia para o tal hambúrguer vegano, ele não tinha um perfil muito agradável, mas Sasuke insistiu para que eu provasse e assim fiz, e me impressionei. Aquilo era incrivelmente gostoso.

Entre a refeição, passamos a conversar um pouco sobre nós mesmos. Ele parecia curioso sobre a minha vida, e claro, não contei-lhe tudo claramente, só alguns trechos que considerei relevantes. Disse que era órfã, que estudava medicina – e ele disse que cursava advocacia – e que morava com Karin. Não me sentia íntima o suficiente para me abrir para Sasuke.

– Por que pegou meu número sem autorização? – Volto com a pergunta que fiz por mensagem.

– Por acaso tem namorado? – Ok, essa pergunta fui muito inesperada. Arregalo meus olhos e o encaro confusa. Aonde esse cara quer chegar com isso? Não acha que está sendo direto demais?

– Não! – Respondo curta e grossa.

– Ótimo, não há nada lhe impedindo de nos conhecermos melhor e nos tornarmos amigos. – Ele pega o guardanapo e limpa seus lábios sujos com o molho do hambúrguer. Sei que Sasuke esconde um sorriso sacana debaixo daquele papel. Solto um “humm” e logo após acrescento dizendo que ele não devia ter pego meu número.

Depois de mais alguns minutos conversando, Sasuke pede a conta. Não ofereço ajuda no pagamento, ele quem me convidou. Deixamos o local e eu vou para a calçada. Olho o horário no meu celular – 22:36 –, já estava tarde e eu teria que encarar novamente o metrô. Sem contar que estava friozinho.

– Quer carona?

– Não, eu vou de metrô.

– Essa hora? Não acha perigoso?

– Não, eu... – Me lembro de Karin. – Eu posso ir de metrô, obrigada.

– Sakura, eu sei o que aconteceu com a sua amiga e me recuso deixa-la ir sozinha para casa numa hora dessas. – Ele tira as chaves do bolso. – Anda, deixa de ser teimosa.

Teimosa?! Ora, Uchiha...

Mas para evitar qualquer acontecimento comigo, resolvo aceitar a carona. O carro dele é bastante espaçoso e confortável, típico de uma pessoa de classe alta. Ele da partida e eu evito me aproveitar tanto do conforto. Sasuke liga o rádio e começa a tocar “Unravel”, gosto dessa música.

– Como sabe da Karin? – Corto o silêncio. Não olho para ele, foco nas luzes dos comércios e postes das ruas.

– Uns amigos me contaram na faculdade. – E novamente o silêncio constrangedor volta. – Eu sinto muito.

– Não sinta, ela já está melhor. – Suspiro. Karin não precisa da pena de ninguém, ela é forte e sabe passar por cima dos problemas, e nunca fez isso com a caridade de alguém.

Pego meu celular e mando uma mensagem para a minha amiga dizendo que estou a caminho.

– Desculpe por ter pego seu número. – Finalmente o pedido de desculpas, pena que agora já não adianta mais.

– Hm, tudo bem. – Ele estaciona em frente ao meu apartamento. – Nos vemos por aí, e obrigada pela comida. – Tento sorrir simpática.

– Devia ter sorrido no encontro, Sakura, quem sabe assim eu não ficaria com tanto medo? – Ele ri. É sério?

Bato a porta do carro e o deixo rindo sozinho.  


Notas Finais


Desculpem o atraso, eu ando meio avoada ou talvez eu não estava me sentindo bem o suficiente para escrever, não sei. Bom, espero que estejam gostando da história e que em algum momento tenham ficado aflitos ou na pele da personagem, haha. Até o próximo capítulo, espero vocês por lá!


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