História Girl Tough Cookie [Imagine:Zico] - Encontros

O vento batia em meu rosto e o tempo ressecou meus lábios, mas, por mais estranho que pareça, eu ainda podia senti-los úmidos quando me lembrava do beijo com gosto de chocolate e menta. Doce lembrança. Desci rua abaixo sorridente, ao encontro de mamis que havia me ligado à uns minutos atrás, quando estava saindo da escola, para pedir, suplicar, que eu fosse em seu trabalho pegar alguns trocados para comprar algumas coisas no mercado. Ela trabalhava em uma loja de roupas numa rua de comércio. Saltitei pelas ruas olhando as vitrines. Em uma loja desconhecida reparei em um lindo brinco de pássaro que possuía olhos de pedras vermelhas, segurando em suas garras uma pedra azul, mantendo as asas abertas, o brinco era dourado. Será que o Jiho iria gostar? Pensei.

- Será que o Zico irá gostar? - Uma voz doce perguntou.

Pelo reflexo na vitrine  pude ver que era a Lee Sung Kyung - Já devia saber…

- O que? - Encarou-me desnorteada.

- Que você iria aparecer. Ainda não esqueceu o Zico?

Lançou um sorriso vago - Esqueça… - movimentou o rosto em direção ao brinco - É bonito demais para você. Assim como o Zico.

- Eu sou bonita.

- Você acha - Sung Kyung retrucou e entrou na loja.

Também entrei na loja pois uma guerra fria havia começado. Meus dedos deslizavam pelas bijuterias até se encontrarem com as mãos de Sung Kyung, ela segurava várias pulseiras - Nada disso vai fazer você conquistá-lo. - Comentei.

- Minha vida não gira em torno do Zico - me olhou dos pés à cabeça - Ao contrário da sua.

- Você não sabe nada sobre mim! - Afirmei - Senhorita “líder das Zicovas”.

- Não, você que não sabe nada sobre mim - Sung Kyung disse em um tom agressivo e baixo - Você não sabe nada sobre o Zico. Eu o conheço a tanto tempo...

A interrompi - E mesmo assim você nunca conseguiu ter algo com ele.

Sung Kyung encarou-me por alguns segundos e virou-se para pagar a atendente da loja que, provavelmente, escutava tudo calada. Ela virou-se para sair e disse - Você está confiante demais para quem não tem noção de nada - E saiu.

Dei um sorriso envergonhado para atendente e aguardei um tempo antes de sair. À alguns passos da loja, em frente a um cruzamento eu fui parada por um homem, não muito alto, de aparência mediana - Você é muito bonita - Ele disse - Uma beleza natural e simples. Algo sem exageros.

Isso é um elogio? Esse cara é um tarado? Não havia pessoa alguma que prestasse atenção no assédio que eu estava sofrendo - Obri… gada, mas eu preciso ir - Afastei-me.

- Espere! - Segurou-me - Você é muito linda, por isso, bem, sabe, sou de uma agência…

- Eu preciso ir - O empurrei, mas ele não soltou-me. Não havia ninguém para me ajudar.

- Calma, eu sou mesmo de uma agência e contrato garotas bonitas como você. Tenho até...

Ele foi jogado para o lado. Sung Kyung o empurrou - Seu tarado! Ninguém está vendo isso?!!

- Sung…?

- Cala boca - Ela puxou-me pelo braço e correu. Corremos até ficarmos sem fôlego.

Quando deparei-me estava há duas lojas do lugar em que minha mãe trabalhava.

- Aquele tarado maldito!!! - ela gritou.

- O que ele queria?!

Sua expressão era de incompreensão - Eu sei lá! Provavelmente um estuprador maluco.

- Estuprador?! No meio da rua?

- Eu não sei… Pode ser. Você não vê as notícias?!... Ele disse coisas como “você é uma beleza natural e bla bla bla”

- Ele me disse o mesmo.

Sung Kyung riu - Claro que eu sou mais bonita.

Irritei-me com ela, mas devia agradecê-la - Obrigada por…

- Bla bla bla, agradeça sumindo da minha frente - E ela seguiu seu caminho sozinha.

Fiquei um tempo parada olhando ela andar até virar a rua. Pensei em como o dia foi confuso e longo e talvez ele esteja apenas começando. Após esse tempo parada, Lembrei-me que à pouco tempo estava na mira de um tarado, apressei-me em encontrar minha mãe. Quando cheguei na loja em que ela trabalhava, fui recebida com sorrisos e comprimentos.

- Finalmente você chegou! - minha mãe disse.

- Então… Cadê o dinheiro?

- Antes - ela arrastou -me até uma das funcionárias - Olha, Laily, como minha filha é linda.

Laily? Que nome estranho.

A mulher elogiou-me e eu agradeci. Minha mãe puxou-me novamente após gabar-se de sua filhinha - Olha só como essa blusa é linda - Ela à tirou do cabide - Achei a sua cara.

- Mãe… - Sussurrei - Eu quero ir embora.

Ela olhou-me irritada e tirou um papel amassado do bolso - Está bem. Eu só quero que você compre isso.

Quando olhei o que continha no papel, espantei-me com o tamanho da lista - Isso tudo?! Deve ter umas trinta coisas aqui.

- O que? São apenas umas coisinhas.

- Meu Deus! Mãe!

- O que?

- Está bem - Estendi a mão - Cadê o dinheiro?

Fui irritada ao mercado, quando finalmente saí de lá, o céu já estava escurecendo. Forcei-me a andar pela rua, carregando sacolas pesadas. Quando minhas pernas já estavam cansadas parei para descansar. Quando meus braços soltaram as sacolas, eles ardiam em dor. Estou a poucos passos! Vamos lá! É só entrar na rua, andar um pouco e pronto, chegou.

- Ei! Isso é um assalto! - Alguém disse.

Olhei para o lado sem preocupação - Você acha que consegue assustar alguém assim? - Era o B-bomb.

- Aé, esqueci que você anda com o Zico.

Quando ele pronunciou o apelido do Jiho meus lábios cederam num enorme sorriso.

- O que foi?

Não consegui disfarçar - Não… Nada.

- O que aconteceu?!

Meus olhos caminharam de seu tênis à seus olhos - Que intimidade é essa que você acha que tem?

Ele riu - Como você é chata - Pegou à maioria das sacolas do chão - Vamos.

- Ei!

- Como eu sou legal irei ajudar. Então cala a boquinha.

B-bomb era um garoto irritante - Só aceito porque eu estou sofrendo - Peguei as últimas sacolas e comentei - Hoje é mesmo um dia longo - Começamos a caminhar.

- Como você é fresca, são só algumas sacolas.

Suspirei - Não estou falando disso, idiota.

- Está falando do que então?

- Não te interessa.

- “Não te interessa” - Ele imitou-me.

Muito irritante - E você, porque está chegando tão tarde? - Perguntei.

- Estava visitando uma amiga.

- Uma amiga? - Bati meu ombro em seu braço - Hmm...

Ele riu - Não é esse tipo de amiga!... Nosso relacionamento é diferente… Bem, eu fui visita-lá no hospital.

- Hospital? Ela está bem?... Se me permi…

- Está, só vai ficar mais uns meses lá… Ela não morava aqui, só veio para cá porque precisava de tratamento.

- Ah… Melhoras.

Um sorriso brilhante abriu-se em seu rosto - Ela é legal. Quando ela melhorar eu lhe apresento.

- Ótimo - Comentei - Eu preciso mesmo fazer amizades.

- Seria isso uma indireta? - Ele perguntou enquanto aproximávamos de minha casa.

Em frente a ela disse - Obrigada.

- Calma aí… Estava pensando… Eu vou fazer uma festa lá em casa e talvez você…

Interrompi - Eu não…

- O Zico vai.

- O que?

- Ele vai.

- Por que? Vocês nem se gostam

- Nossa relação é algo complicado…

Ri - Você tem certeza que ele vai?

- Absoluta.

- Eu vou pensar...

- Pense com carinho - Ele afastou-se e foi em direção a sua casa.

- Ei! Idiota, você não disse o dia!

Ele gritou - É na próxima sexta!!!

Observei ele sorrir, despedir-se e entrar em sua casa, ela parecia solitário. Por um momento tive pena dele e criei teorias de que talvez a “amiga” dele não seja uma amiga, mas sim uma parente. Não sei porque isso me veio à mente , mas talvez seja porque ele mora sozinho naquela casa.

Afastei esses pensamentos de preocupação e entrei em casa. Quando meu celular recebeu o sinal do wifi ele vibrou descontrolado. Imaginei que poderia ser alguma mensagem do Jiho, mas quando olhei eram algumas notificações e uma mensagem do Jaehyo.

“ Queria avisar que semana que vem começam as provas. Fique atenta… Além disso, eu não vi você hoje, está tudo bem?”

Respondi agradecendo e respondendo “Está tudo ótimo” com um sorriso que havia sido pregado em meu rosto. Fiz tudo sorrindo e feliz. Arrumei as compras sorrindo. Preparei o jantar sorrindo. Recebi meus pais sorrindo. Banhei-me sorrindo e até mijei rindo. Quando fui deitar-me minha mandíbula doía, mas era persistente.

Quando meus olhos calmamente fechavam-se meu celular vibrou. Forcei a vista para ver o que era, havia recebido uma mensagem. Continha o nome do Jiho.

“Você chegou em casa bem? Está tudo bem? Eu estive ocupado, por isso estou enviando tão tarde. Boa noite”

Meu coração pulou como se quisesse sair do meu corpo e entregar-se por completo ao Jiho.

tentei responder o mais rápido possível, mas estava nervosa e tímida, por isso mandei um decepcionante “Estou sim, já estava adormecendo, boa noite”. Ele respondeu-me com “durma bem”, mas infelizmente não pude dormir bem, essa mensagem fez-me reviver todos os momentos deixando-me acordada até a exaustão de meus olhos. Mas de manhã acordei sorrindo.