- Ei, eu preciso falar com você – Eu estava na biblioteca da escola engolindo todo meu orgulho e me esforçando para falar com o Jae Hyo.
Ele arrumava uns livros – Achei que você não quisesse falar comigo.
- Mas... Agora eu quero.
Ele terminava de por o ultimo livro – Você acha que pode vir à hora que quiser, falar o que quiser e depois ir embora?
- É... Tipo isso.
Ele vinha em minha direção – Você não sabe que é proibido fazer barulho na biblioteca? – Segurou meu braço e me encaminhou até a saída.
Atuei minha cara mais triste – Ah... Você sabe que eu não tenho muitos amigos né?
- Você por acaso tem algum?
Eu, basicamente, implorava – Heim... Por favor... Eu preciso de você.
Após alguns minutos de chantagem emocional, nós fomos a um corredor vazio da escola e nos sentamos um ao lado do outro – Agora fale logo.
- Bem... Eu fiz merda – Olhei para os lados – Eu fui à diretoria e disse que não queria mais fazer dupla com o Zico.
Ele não estava impressionado – E...?
- Ah... Eu acabei contando um monte de mentiras – Me aproximei mais dele – Eu até disse que ele fedia e que tentou me agarrar.
- Mas isso nem é mentira.
Afastei-me indignada – Ele não fede.
- Eu não estou falando disso, idiota.
- Ah... Ele tentou me agarra.
- Ele faz isso com todas – Jae Hyo olhava para o nada.
Eu olhava para o nada – Eu sei... Esse idiota.
- Mas o que tem de errado no que você fez?
- Eu acho que exagerei – Explicava enquanto fazia gestos com as mãos – Ele não merece isso, mas acho que foi o melhor para mim. Eu definitivamente tenho que parar de gostar dele. Mas, não quero que ele se de mal... Ah! É complicado.
Jae Hyo prestava atenção em cada palavra – Pelo amor de Deus. É o Zico! Ele nunca iria se da mal, nem se quisesse.
- Mas você acha que eu fiz certo? – Perguntei preocupada.
- Se você não quer mais gostar dele, acho que sim.
Eu pensei um pouco – E olha, tem mais... – Contei tudo o que havia acontecido na noite em que tinha encontrado o Zico e o que ele havia dito.
- Nossa... Isso era óbvio.
Fiquei irritada – Como assim óbvio?
Jae Hyo explicava – Ele estava sendo o Zico o tempo todo. Ele não é o típico “bad boy” que todos acreditam. Ele consegue as garotas sem precisar força-las e ele tentou o mesmo com você. Ele se interessou por você. Não significa que ele esteja apaixonado. Esse cara não presta.
- Nossa, estou me sentido uma bosta – As palavras deles me deixaram perceber que não havia nada de especial em mim ou no que eu tinha com o Jiho – Você consegue simplificar tudo. Me faz pensar que uma pessoa realmente boa nunca quebraria o coração de alguém.
- Todo mundo um dia vai quebrar o coração de alguém. Todos. Ele só quebra mais corações do que o normal – Jae Hyo concluía – Eu não estou o defendendo. Essa é apenas minha opinião.
Eu bati meu ombro no dele – Sabe... Deveríamos ser amigos – Pisquei – Vamos ser amigos. Você sabe me aconselhar e tornar minha vida mais simples.
- E o que ganho sendo seu amigo?
- Nada.
Jae Hyo riu e disse – Vamos tentar.
Mais tarde a enfermeira da escola tinha um compromisso e me pediu para que tomasse conta da enfermaria. Eu fiquei sozinha. Não havia nada para fazer, então eu ficava girando na cadeira. Assustei-me com um barulho de batida. A porta estava escancarada e de fora entrava o Zico. Eu tento fugir dele, mas ele não foge de mim.
Ele visava o chão. Estava irritado – Doutora eu... – Arrastou a cadeira e se sentou. Agora ele me via – Doutora – Disse animado.
- O que você quer aqui? – Olhei para sua mão e ela estava sangrando novamente – Você não sabe tomar cuidado? Bateu em quem dessa vez?
- Não interessa, apenas faça seu trabalho – Ele se levantou e deitou na cama – Já estou pronto.
- Espere a senhora Choi chegar – Eu arrumava algumas folhas da mesa para disfarça – Eu não sou sua enfermeira particular Jiho.
- Como não? Naquela noit... – Outro rapaz chegava à enfermaria falando – Doutora eu to... – Era o Park Kyung com seu nariz sangrando.
Levantei-me assustada – O que te aconteceu?
- Esse idiota – Apontava, irritado, para o Zico – Quase quebrou a porra do meu nariz.
- Ninguém mandou você falar merda – Zico gritava da cama – Culpa sua.
Tentava entender – Por que você fez isso?
- Por que eu chamei você de vadia – Park Kyung se acalmava – Pelo que você fez a Sung Kyung e pelo que disse ao diretor. Ai eu disse que você é uma de vadia – Diminuía o tom da voz – Desculpa.
Eu não podia acreditar no que havia acontecido. O Zico bateu no seu melhor amigo por mim? O que ele está querendo? E aquela mensagem? Forcei os dois a se sentarem juntos enquanto me preparava para tratar seus machucados – Eu não quero os dois brigando – Limpava o sangue do nariz do Park Kyung – Também não quero ninguém me chamando de vadia, sem nem mesmo me conhecer.
- Eu já pedi desculpas – Ele se defendia – Seja mais cuidadosa – Forcei o algodão – Aí!.
Jiho riu e Park Kyung se virou para ele – De que merda você está rindo? Vai ter que me pagar um sorvete mais tarde.
- Eu fui demitido idiota – Zico continuava rindo – Eu não tenho dinheiro.
- Se vira – Park Kyung se levantava – Já está bom, obrigado – E foi embora.
Zico colocou sua mão em cima da minha. Quando o olhei meu coração acelerou – Parece que agora é minha vez – Ele disse se deitando.
- Você não precisa deitar-se para tratar a mão – Nervosa eu derrubei os algodões no chão.
- Não precisa ficar nervosa – Ele dizia enquanto eu me arrastava para pegar os algodões do chão – Oh um arco-íris. Você usa uma calcinha com arco-íris.
- Ei – Meu rosto rapidamente avermelhou-se.
Ele sorria como um típico cafajeste – Que vulgar.
- É melhor você parar se não eu não faço o curativo – Estava envergonhada.
Ele esticava o braço com a mão machucada e apoiava a cabeça na outra mão enquanto estava deitado – Ok. Ok... Tão fofa.
Eu tratei sua mão novamente e o adverti para não se meter em confusão enquanto seus ferimentos não cicatrizarem. Ele continuava sorrindo e me olhando, mas não parecia me escutar. Levantei como um sinal de que já havia terminado e sentei-me à mesa.
Zico lentamente se levantou. Ele veio em minha direção e me surpreendeu. Ele se posicionou entre minhas pernas, apoiou as mãos na mesa um pouco atrás das minhas costas, colou sua testa na minha e me olhou nos olhos – Suas olheiras estão enormes – Deu um sorriso torto – Não consegue dormir pensando em mim, não é?
Eu me afastava – O que você quer?
- Eu quero... – Ele se jogava sobre meu ombro e respirava fundo – Eu percebi que é entediante ficar sem conversar com você – A sua respiração se chocava contra meu pescoço e fazia meu corpo se arrepiar, mas me mantive firme – E pensei que poderíamos ser amigos.
O empurrei. Suas palavras abriram uma rachadura no meu coração. Ele me magoava – Amigos? Você me manda uma mensagem me acusando de ter batido na sua namoradinha e ainda quer que sejamos amigos?
- É... Tipo isso – Jiho se reaproximava – Olha, eu mandei aquela mensagem no calor do momento, está bem? Vamos esquecer isso.
- Nem pensar – A enfermeira havia chegado. Despedi-me dela e saí pela porta sem dirigir nenhuma palavra ao Zico.
No pequeno intervalo entre as aulas quando eu finalmente havia me acalmado ele chegou à minha sala trazendo um tumultuo de garotas tolas como eu. Ele puxou uma cadeira da carteira ao lado e a posicionou de frente para minha mesa. A cadeira estava ao contrário. Ele apoiava a cabeça na mão enquanto me encarava. Eu tentava me concentrar no dever de matemática. Conforme os minutos passavam ele cambaleava sobre a mesa.
- A resposta é 38 – Ele disse.
Eu rapidamente o olhei e desviei – Não preciso de você para me dar a resposta.
- Então seja minha amiga.
- O que isso tem a ve... – Ele me interrompeu – Apenas seja minha amiga.
- Por que diabos você quer que eu seja sua amiga?
- Porque eu gosto de você – Ele se sentia, erradamente, injustiçado – Eu gosto de você, por que é tão difícil de acreditar?
- Você gosta de mim? Por que você gosta de mim?
- Porque você não é oca – Jiho fazia um olhar triste – Você é interessante.
A professora chegou e já o expulsava. Ela o forçava a sair e ele caminhava enquanto me olhava. Com uma piscada ele se despediu dizendo – Até mais.
Na aula de educação física enquanto todos jogavam, eu ficava lendo um livro, sentada na arquibancada. Pelo canto do olho pude ver o Zico chegando e se deitando no meu colo – O que você está lendo?
- Você não está vendo – Falei de maneira fria.
Ele levantou um pouco a cabeça, mas logo desistiu – Do ângulo que estou só consigo te ver.
- isso realmente lhe interessa?
- Você? Sim, vamos ser amigos.
- Não... O livro!
- Não. Mas eu quero ser seu amigo.
- E a Sung Kyung?
- O que tem ela?... Não temos nada a ver com ela.
- Temos sim - Fechei o livro e me levantei. A cabeça dele bateu no banco, mas ele não fez nenhum som de dor. Será que eu o machuquei? Não olhei para trás – Ah... Não importa o quanto eu olhe. Essa calcinha é mesmo interessante – Ele disse.
- Ei – Corri para longe – Idiota! Suma da minha frente!
Ele gritava - Não adianta correr, uma hora você vai ceder.
Na hora da saída eu fui à sala do Presidente do Conselho Estudantil – Você é meu amigo me ajude.
- Já posso adivinha... Os boatos se espalham rápido nessa escola. O Zico está atrás de você – Ele não tirava os olhos dos papeis.
- Isso! – Eu circulava de um lado para o outro – Ele quer ser meu amigo a todo custo, mesmo depois de ter me mandado aquela mensagem. Para que? Eu não sei! – Eu parei – E continua repetindo “eu gosto de você, eu gosto de você, eu gosto de você” com aquela cara de filhotinho abandonado! – Por fim, sussurrei – E meu coração, como um idiota, continua a bater por ele.
- Se torne amiga dele ué – Ele fazia um gesto para que me sentasse – Isso pode ser bom. Você pode acabar conquistando ele – Jae Hyo riu – Ou pode acabar desgostando dele. E eu acho que a segunda opção é a mais fácil.
Eu me sentei – Por que eu faria isso depois dele ter mandado uma mensagem me acusando de ter batido na Sung Kyung?
- Oi? – O presidente me olhava perdido – Você não tinha falado disso.
Estava rancorosa – Ah, agora você se importa? Quando passei por você toda ensopada de suco, você nem ligou.
- Ah... Sim, lembrei – Ele riu um pouco – Quanto drama. E você que me tratou como um lixo?
Já não tinha como ganhar dele – Bem... Apenas me diga sua opinião.
- Olha o Jiho... – Se ajeitava na cadeira enquanto pensava nas palavras certas – Ele não faz nada sem ter um porquê. Cabe a você descobrir o porquê. Agora... Duvido que a Sung Kyung signifique algo realmente importante.
Ainda estava incerta – Mas toda amizade tem como base a confiança. E ele não confia em mim!
- Se você acha que ele não confia em você, apenas exija isso – Jae Hyo estava ficando impaciente – Faça propostas e se ele aceitar, ótimo, se não, apenas esqueça – Jae Hyo fixou os olhos no meu – Alias, isso pode ser bom para você. Imagina só poder se vingar dele – Riu.
Em dúvida perguntei - Você acha que eu devo?
- Sim
Levantei – Você vai aguentar meus dramas diários?
- Me arrisco a dizer que sim.
Avancei em direção a gangue maligna que não era tão maligna assim, decidida em me torna uma integrante. A cada passo que eu dava a confiança que o Jae Hyo havia me passado desaparecia. Quanto mais me aproximava pensava em desistir. Será que é tarde de mais para dar meia volta? Eles já tinham me visto. Eles já estavam comentando e o Zico já acenava. É agora, é a hora.
- Tudo bem. Eu aceito – Eu lhe disse diante de todos.
Ele se fez de desentendido – Aceita o que?
- Ta. Deixa pra lá – Me virei
Ele se levantou e me ultrapassou tampando minha passagem. Virou-me para frente de seus amigos e disse – Pessoal essa é mais uma integrante da Bape Gang. Minha amiga – e complementou sério – Minha amiga.
- Calma ai – Empurrei-o para os outros – Tenho certas propostas.
Todos estavam curiosos – Quais? – Jiho perguntou.
- Se você quer ser meu amigo. Se vocês querem ser meus amigos, vão ter que confiar em mim – Tinha convicção – Vocês terão que me ouvir ao invés de acreditar em tudo que a Sung Kyung ou qualquer outra pessoa disser.
- Claro – Park Kyung dizia – Isso já faz parte das regras da Bape Gang.
Olhei para o Kyung, incrédula. Ele há pouco tempo havia me chamado de "vadia". Lembrei – Você – Apontei para o Zico.
O Zico me interrompeu – Pera aí. Mas por que você mudou de ideia tão rápido?
- Então, era disso que eu queria falar – Estava hesitando. Respirei fundo – Eu decidi que só assim irei resolver meus problemas – Tomei coragem – Com isso eu deixo de gostar de você... Ou... Eu vou conquista-lo. E... Se eu conquista-lo, irei quebrar seu coração, assim como você fez com tantas garotas nesses anos.
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