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História Girls Like Girls - XXII. Hurts Like Hell


Escrita por: JealousLouise

Notas do Autor


Novo capítulo e totalmente dedicado ao relacionamento de Sarah Parker e Louise Claire, com uma revelação da história.
Espero que vocês gostem de verdade!

Capítulo 22 - XXII. Hurts Like Hell


Fanfic / Fanfiction Girls Like Girls - XXII. Hurts Like Hell

“Como posso dizer isso sem quebrar

Como posso dizer isso sem assumir

Como posso colocá-la em palavras

Quando é quase demais para a minha alma sozinha

[...]

Eu amava e eu amava e eu perdi você

Eu amava e eu amava e eu perdi você

Eu amava e eu amava e eu perdi você

E dói como o inferno

Sim, dói como o inferno”

Hurts Like Hell, Fleurie

 

 

Beatrice entrou em casa sorrindo e acompanhada de Lindsay.

O som da porta batendo ao mesmo tempo em que a atriz gritava na televisão fugindo de seu assassino me assustou e fez com que Greta, que estava apoiada em mim quase desmaiada de sono, pulasse. Viramos o rosto, assim como Scott, para encarar minha sorridente e avoada sobrinha — exceto Kate, ela estava concentrada demais no filme de terror para se importar com a chegada de Bea.

— E foi tão bom Linds! — ela disse, rodopiando na entrada com um sorriso idiota na cara e quase tropeçando na sapateira. Ela deu um pulo desviando do objeto e então olhou para nós. — Olá pessoal!

— Hum, alguém aproveitou buito seu encontro — disse Greta congestionada. Era horrível vê-la assim, especialmente porque era eu que tinha que cuidar dela. Greta ficava muito carente quando estava doente. — Você vai nos contar como boi?

— Você conta para elas enquanto eu vou lá pra cima rapidinho — disse Lindsay apressando em direção às escadas. Já não me importava mais com o jeito folgado dela, mas arqueei a sobrancelha mesmo assim, recebendo um dar de ombros constrangido da minha sobrinha.

— Ela está apertada, ficou me esperando na estrada para saber sobre meu encontro pelas últimas duas horas — ela tirou as sapatilhas e as jogou sobre a sapateira. — O que vocês estão fazendo?

— Hã, vendo uns filmes — disse Scott.

— Já vimos Diário de Uma Paixão e O Silêncio dos Inocentes.

— Que é um filme para malucos com sérios problemas mentais — disse Scott, lançando uma pipoca para cima e a agarrando em pleno ar com a boca.  — Sério, quem assiste aquele tipo de coisa?

— Tá, tá, já entendemos que você tem um péssimo gosto cinematográfico — resmungou Kate,  girando todo o corpo para encarar Beatrice, com os braços no assento do sofá e as pernas debaixo do espaço aberto da mesa de centro. Scott, que estava ao seu lado no chão, encolheu as pernas compridas para dar espaço para Kate. — Como foi, hum? Não escondam nada.

Beatrice sorriu de novo, adquirindo uma cara meio boba que me fez sentir uma pontada de nostalgia. Ela era tão parecida comigo que assustava às vezes, tínhamos as mesmas feições praticamente — a dela sem rugas — e aquela cara de boba que você começa a ter quando está se apaixonando eu já havia carregado, apesar de apenas para uma pessoa.

Minha sobrinha rodopiou e se jogou no sofá onde Kate e Scott estavam apoiados, pulando sobre as costas do móvel. O sofá era muito pequeno para ela, então ela encolheu as pernas e apoiou os pés sobre o braço. Os dedos correram para abrir o botão e o zíper da calça enquanto ela nos contava sobre seu encontro.

— Foi tudo tão mágico, tia Sarah! — comentou suspirando. Acho que ela nem percebia como estava. — Nós conversamos, dançamos sobre o lago e ficamos vendo as estrelas!

— Ownt! — disse Kate, dando pulinhos animados no chão. — Mas me diga, rolou mais alguma coisa?! Uns amassos? Sexo?

Beatrice corou fortemente e me encarou pelo canto de olho antes de responder, trêmula e envergonhada:

— Bom, nós nos beijamos e houve, bem, uns amassos — deu de ombros.

— Isso explica o chupão começando a ficar roxo no seu pescoço — comentou Scott, apontando sem vergonha nenhuma para a marca arroxeada nos pescoço pálido de Bea, que puxou uma das almofadas, colocando-a sobre o rosto do irmão e pressionando. — Ei!

Eu me levantei do sofá para separá-los antes que ela o matasse. Beatrice emburrou e Scott ofegou, puxando ar em grandes inspiradas e chamando-a de nomes feios entre uma fungada e outra. Eu me sentei com Bea no sofá, afastando as pernas dela com um tapa.

— Chega vocês dois! — falei, estapeando as nucas dos dois. Kate riu de leve e apressou-se para ficar perto de Greta, encolhendo-se junto com a mãe. — E Bea, não fique constrangida querida, eu mesmo já gastei muita base e pó para esconder chupões e marcas de dentes.

— Sarah! — ralhou Greta.

Ouvimos o som de passos apressados nas escadas e Lindsay apareceu, abanando as mãos molhadas e manchado o tapete com gotículas de água.

— Se você bolhou aquele banheiro todo Lindsay McKenna eu juro que vou recomendar à sua bãe que lhe umas boas palmadas! — disse Greta.

— Eu nunca faria isso!... Mas então você já contou sobre seu magnífico encontro loira?

— Sim — respondi. Olhei divertida para Greta, pronta para constranger minha sobrinha e aquela tão pudica geração de jovens ingênuos — E nós também já sabemos sobre o chupão.

Beatrice resmungou com vergonha e Lindsay juntou-se à Kate em risadas estridentes enquanto Scott zombava da irmã. Ela se irritou, escondeu o rosto entre os braços e bufou:

— Eu odeio vocês.

 

***

 

O fato de Kate fazer faculdade de criminologia em Los Angeles nunca agradou minha melhor amiga, que sempre que podia e sem constrangimento, criticava a escolha da pobre menina. Mas eu adorava Kate e suas escolhas doidas — até mesmo em quesito namorados ela era rebelde, tanto que namorava Jim. E fora à ela e sua longa lista de amigos com grande habilidade de investigação que eu recorri para encontrar Houston.

 — Droga! — resmunguei quando eu carro quase me atropelou. O motorista me xingou de vadia doida. — Ora, vai se ferrar seu babaca!

Houston, eu sabia, tinha vindo morar com a mãe, Louise Claire, com quem eu tinha um passado complicado. E apesar de saber que haveria grandes chances de eu encontrar com ela, de fazer papel de boba na frente dela, eu precisava falar com Houston. Não por causa do contrato que me custaria uma multa muito alta, mas sim porque a garota — tão jovem — não respondia meus e-mails ou telefonemas, o que me deixara extremamente preocupada.

O prédio era grande e cheio de detalhes caros. As fachadas de concreto branco e vidro reluziam na luz do sol e os detalhes de ouro e bronze escancaravam o quanto Louise havia enriquecido nos últimos anos em que ficamos longe.  Parte de mim se sentia orgulhosa por ela, que havia conquistado tudo que queria quando éramos jovens, mas a outra parte se partia aos poucos ao ver que, diferente de mim, ela havia seguido em frente.

— Boa tarde — falei, cumprimentando o porteiro. Mesmo com vestido de marca e sapatos caros eu não me sentia parte daquele lugar. — Eu estou aqui para ver Louise Claire, poderia me dizer em que andar ela mora?

O porteiro olhou para mim desconfiado. Eu fingi um sorriso animado.

— Sabe, eu vou me casar — comentei. E então disparei, como se eu estivesse muito nervosa — e ela é tão boa com casamentos, marquei em cima da hora e ela disse que eu podia vir aqui, mas acho que ela deve ter esquecido de ter avisar. Oh meu Deus, eu vou me casar e não faço ideia de como fazer isso! Sabe, a minha mãe morreu e eu...

— Senhorita, está tudo bem! — ele disse assustado. Eu funguei, olhando curiosa para ele. — A senhora Claire às vezes esquece de avisar mesmo. Ela mora na cobertura, é o primeiro botão do elevador.

— Obrigada!

Eu andei até os elevadores com os saltos estalando sobre o piso de mármore lustroso. O painel do elevador era uma grade de botões dourados que se iluminavam em azul. As paredes eram cheias de detalhes prateados e de vidro, com portas cor de bronze. Tudo parecia extremamente caro e eu nem me lembrava da última vez que eu havia estado em um lugar do tipo. Talvez quando eu ainda era modelo na Europa.

A porta do elevador se abriu direto na cobertura e eu entrei na sala hesitante. Era um lugar digno do nome de Louise Claire e melhor ainda, era exatamente do jeito que eu imaginava. Tudo muito caro, muito moderno e claro. Claro demais. As janelas eram tão altas que ocupavam as paredes e mostravam perfeitamente a sacada da cobertura. Era quase tão grande quanto o cômodo.

— Quem é você?! — disse uma garota na sala. Ela tinha olhos cinzentos e cabelos escuros e era a cópia de Louise. As sobrancelhas franzidas, a pose mimada e o bico nos lábios em desconfiança. — Você é a nova empregada?

Surpresa, eu a encarei um pouco constrangida.

— Não, eu não sou a nova empregada. Eu estou procurando por Houston Miller. E você quem é?

— Meu nome é Audrey Claire — respondeu de forma arrogante. — Mas eu não te devo satisfações, foi você que invadiu minha casa.

Houve sons apresados na escada e Houston apareceu de pijamas.

— Senhora Parker? — exclamou assustada. Devia, já que eu estava em sua casa numa manhã de sexta-feira. — O que houve? Por que você está aqui?

— Bom, você não atendeu meus telefonemas, não respondeu meus e-mails e não entramos em contato desde de seu último ensaio na segunda. Então eu decidi ver se minha mais nova modelo ainda estava viva ou se só estava me ignorando mesmo. Posso ver que é a segunda opção.

— E-Eu sinto muito mesmo, eu sei que devia ter respondido e que foi uma grande irresponsabilidade minha deixá-la sem resposta depois de assinar um contrato...

— Que bom que sabe disso. É bom você saber também que me deve uma explicação muito boa mocinha. Você tem um futuro todo Houston e não quero que o desperdice por causa de besteiras adolescentes — ralhei cruzando os braços. Eu via muito de mim em Houston, o mesmo anseio para se sentir livre e a mesma liberdade em  cima de passarelas, em frente à câmeras. — Pode começar.

— Eu não vou poder mais desfilar ou trabalhar como modelo — disse Houston, direta. Sua voz estava quebrada, triste, e então eu soube que tinha algo errado. — Eu tenho um acordo com minha mãe. Tenho que voltar à estudar, me formar na escola e assim minha irmã permanece aqui.

Olhei para a garotinha Audrey, que não parecia nem um pouco mal pelo sacrifício da sua irmã. Ao contrário, ela sustentava um sorriso de canto, bem alegre.

— Isso é uma idiotice sem tamanho! — falei. — Você não está falando sério, está? Mas que porra...

— Peço que controle esse linguajar ridículo na frente das minhas filhas senhorita — disse Louise, aparecendo na sala junto de um homem alto que tentava às pressas arrumar o terno e limpar as marcas de batom escuro em seu rosto. Louise fechava com delicadeza o seu roupão e aquela cena fez meu coração apertar, dolorido como jogar sal em uma ferida aberta. — O que você está fazendo aqui?

Eu ignorei a sensação dolorosa no meu peito e as lágrimas que queriam escapar, tanto pela emoção de vê-la depois de tanto tempo quanto pelo nítido fato que ela estava muito ocupada momentos atrás com o engravatado.

— Será que nós podemos conversar às sós, Louise? — pedi, me amaldiçoando quando ouvi minha própria voz chorosa e trêmula. Acrescentei — Por favor.

Louise manteve seus olhos grudados aos meus por alguns segundos. Era uma sensação engraçada até, apesar de, como dito antes, doída.

— Vamos conversar no meu escritório.

O escritório dela seguia todo o ar moderno da cobertura, só que mais bagunçado. Ela trancou a porta e então ficamos lá paradas, em silêncio e encarando uma à outra.

— Fico feliz que você tenha conseguido o que sempre quis — falei, depois de dois minutos constrangedores. Peguei uma revista de casamento que estava na mesa dela e passei a mão pela capa, impressionada com o vestido branco. — Estou muito orgulhosa de você, Louis.

— Ninguém me chama mais assim. Apelidos são coisas idiotas — disse grosseira.

— Você gostava quando eu te chamava assim — falei aleatoriamente. Eu nem conseguia pensar direito perto dela e era ridículo que isso tivesse perpetuado mesmo depois de dezesseis anos. — Louis.

— É, eu gostava, no passado — respondeu, arrancando a revista da minha mão e a guardando na gaveta. Ela se sentou na sua cadeira e olhou para mim, um olhar gélido que eu nunca imaginei vindo dela. — O que você quer Sarah? Veio aqui destruir o que sobrou de dezesseis anos atrás?

Suspirei.

— Louise, eu sei que eu errei com você e o que eu fiz foi imperdoável — falei lacrimejante, — mas você não pode castigar Houston por algo que eu fiz. Fui eu que errei, que machuquei você, não a sua filha.

— Cala a boca.

— Não! Você vai me ouvir! — falei. — Não me importo se você me odeia ou não, eu já me odeio, mais um pouco não vai fazer diferença, mas Houston? Ela é sua filha e é tão bonita e talentosa, ela quer tanto isso! Ela é perfeita no que faz, você sabe disso!

— É minha filha, eu faço o que eu acho melhor para ela.

— Você não acha que o melhor para ela é viver infeliz acha?! Você não pode ignorar o fato de que ela adora isso e que é o que a faz feliz. Você tem que saber disso! Mesmo que doa, você não pode jogar isso em cima dela — falei agoniada. Louise fechou os olhos e sua cara era pura concentração, mas quando ela abriu os olhos eles estavam cheios de dor.

— Eu não quero que ela acabe do mesmo jeito que você, Sarah — disse calmamente. Olhei para ela confusa e surpresa. — Olhe para você Sarah. Você fracassou em tudo na sua vida, você não é nada. Ganha um salário merreca para achar um bando de adolescentes dispostos a tirar fotos, trabalha como uma condenada para sustentar seus sobrinhos porque sua irmã é um bêbada sem limites, mora numa casa minúscula numa cidade que nem existe nos mapas e não tem um relacionamento fixo desde do... Steve. Eu consegui tudo que eu quis Sarah e quero que minha filha consiga também. Não quero que ela acorde um dia e esteja no fundo do poço.

Suas palavras me perfuravam como facadas dolorosas no peito, estouravam na minha cabeça e fazia meus olhos arderem. Era como uma dor física, com certeza era. Olhei para ela, sentindo lágrimas acumuladas que eu não pude evitar de descerem.

— Não foi a minha escolha desistir dos meus sonhos Louise — falei secando uma lágrima teimosa.

— Então por que fez? O que te fez desistir de tudo? De mim? — perguntou afoita.

Olhar para ela era tão doloroso quanto o eco de suas palavras na minha mente. Louise ainda estava na minha cabeça e no meu coração como se tivessem gravado ela lá para todo o sempre. E meu coração havia sido machucado tantas vezes por ela que na próxima ele desmontaria.

— Eu não posso falar — respondi tristemente, me lembrando do motivo que parecia tão preocupante para mim na época e hoje eu queria mais do que tudo naquele momento, ao meu lado.

— Então eu não posso mudar de ideia — respondeu. — Porque sem um bom motivo, eu não vejo futuro para minha filha nesse trabalho e portanto, não quero que ela acabe como você. Adeus Sarah.

Louise abriu a porta e saiu, me deixando sozinha ali. Eu saí um minuto depois, com passos lentos e cabisbaixa, pensando em como aquilo me atormentaria pelo resto do dia, como eu havia fracassado com Houston. Eu havia destruído a vida de uma garota por causa de minhas decisões ruins.

— Obrigada por tentar — disse Houston quando eu estava indo embora. Ela segurou a porta do elevador e me estendeu uma mão, numa despedida simples, mas calorosa. — Me desculpe Sarah.

Abri os meus braços para abraçá-la, acariciando o cabelo macio. Eu a afastei e afaguei seu rosto, sorrindo para ela de modo que a tranquilizasse.

— Não é sua culpa querida — falei. — Eu também tive que enfrentar meu pai para conseguir o que eu quero, mas sabe de uma coisa? Nós somos muito parecidas e se você tão forte quanto eu penso que é, você pode fazer qualquer coisa. Não culpe sua mãe, está bem? Ela só está preocupada com você.

— Eu ouvi a conversar. O que ela disse não é verdade — contestou Houston. — A minha mãe não entende o que é desejar uma coisa tanto que seu coração dói quando não consegue.

— Aposto que ela sabe sim — falei, lembrando-me de uma jovem Louise sonhadora, cheia de planos e determinada. — Dê uma chance, está bem? Eu tenho que ir agora, marquei com um fotógrafo novo em um café por perto. Adeus querida.

Saí do prédio, desolada e arrasada, enfiando os óculos escuros na cara para cobrir meus olhos chorosos e atravessei a rua. Meu celular tocou estridentemente e eu puxei, vendo o nome brilhoso de Harley e uma foto dela sorridente no identificador de chamadas. Sorri emocionada e apertei o celular contra o meu peito por um segundo, sentindo-me instantaneamente melhor apenas em ver aquilo. Meu coração estava um pouco mais consertado.

— Oi querida — atendi, mordendo meus lábios para conter o sorriso e as lágrimas. — Senti tanto sua falta!

Ouvi sua risada calorosa, a risada pela qual eu enfrentaria o mundo e mais um pouco para ouvir para sempre e então ela disse as melhores palavras do mundo, as palavras que eu não ouvia desde setembro.

— Oi mãe.


Notas Finais


Comentários, por favor! Eu gosto de saber o que vocês pensam sobre a história sempre e ler suas sugestões.
Grande revelação! O próximo capítulo provavelmente será da Sarah novamente ou da Maia.
Bom, grandes explicações virão, prometo!
Beijos, J.L.<3


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