1. Spirit Fanfics >
  2. Girls Talk Boys >
  3. Pain

História Girls Talk Boys - Pain


Escrita por: Glads

Capítulo 13 - Pain


Layse

– Voltamos... – Calum olhou pela janela.

Sorri levemente para ele.

– Desculpa ter feito você ir comigo ao Brasil. – pedi apertando o cinto do avião que se preparava para pousar.

– Ei... O que já falamos sobre isso? – ele questionou se virando e segurando meu rosto.

– Que você quis vim. – revirei os olhos.

– Então, pare de pedir desculpas. – ele disse encarando meus lábios.

Sorri maliciosa.

– Tecnicamente já estamos na Austrália... – sussurrei.

– O que quer dizer com isso? – Cal perguntou mesmo sabendo do que eu falava.

– Você disse para irmos aos poucos depois que voltássemos... Bem... – arqueei a sobrancelha me aproximando só um pouco de Calum - Estamos aqui.

Calum riu e me deu um longo selinho.

Quando íamos aprofundar, o comissário do avião – que só possuía escala em dois países, graças ao pai de Naomi - avisou que estávamos oficialmente em solo australiano.

– Você está nervosa para vê todo mundo? – ele perguntou colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

– Eu quero vê o Ashton. – desabafei.

Eu simplesmente não consegui falar com meu irmão por telefone.

– Não sei se ele vai está aí... – Cal disse no exato momento em que os passageiros se colocaram de pé.

– Por quê? – perguntei confusa.

– Ele está mal... O Mike me contou que ele pensa que você o odeia.

Mas não era bem assim. Depois de tudo o que soube, não conseguia falar com ele.

Ainda mais quando o pai de Naomi me contou que com a informação da minha mãe começou a investigar melhor toda a história e descobriu que realmente, Ashton e Lauren são meus irmãos e Gregory é nosso... Bom, eu nem sabia o que pensar.

– Não é isso. Eu só... – tentei falar andando no corredor do avião.

– Eu entendo. – Calum me interompeu, pegou no ombro e apertou.

***

– Senhora, entenda, minha amiga está naquele avião e ela sofre de síndrome do pânico! – Naomi batia na mesa e uma moça a olhava indignada.

– Eu vou chamar os seguranças se você não sair daqui, senhorita. – a mulher falou entediada.

– Não será necessário. – anunciei.

Em seguida três pares de olhos viraram e me encararam.

Luke, Naomi e Mike pareceram surpresos.

– Se a Naomi parasse de discutir com a moça teria visto nosso avião pousando. – Calum disse sorrindo ao meu lado.

Demorou três segundos para Naomi me envolver em um abraço apertado.

Começamos a chorar na hora.

– Me perdoa, por favor. – murmurei me referindo a não atender suas ligações – Eu não...

– Está tudo bem... – ela disse.

– Licença, mas... – Luke forçou Naomi para longe de mim e em seguida me envolveu enterrando o rosto em meu pescoço.

– Meu anjinho... – ele disse.

– Eu te amo, Luke. – sussurrei – Você é o melhor amigo do mundo.

– Você também, meu anjo. – ele se afastou e pegou em meu rosto plantando um beijo na minha testa – Sempre estarei aqui, por você e pra você.

Agradeci e beijei seu rosto.

Por fim, Michael me envolveu e eu percebi que ele já era parte importante da minha vida.

– Senti sua falta. – disse ele.

– Eu também, Mike. – nos afastamos e passei a mão em seu rosto.

Todos abraçaram Calum.

– Licença, vocês podem se abraçar em outro lugar? – a moça do balcão perguntou – Tenho outros clientes.

Naomi a fuzilou pelo olhar, mas saímos dali em silêncio.

– Onde o Ashton está? – perguntei olhando de um lado a outro.

Todos negaram com a cabeça e a tristeza se abateu sobre mim.

– Eu preciso vê-lo. – exigi – Por favor.

Luke e Naomi se entreolharam.

– Vamos para casa dele?

Calum, com a mão em minha cintura, olhou para mim e explicou:

– Não posso ir com você... Minha mãe...

Abri um leve sorriso – ainda não conseguia rir completamente, afinal, a dor ainda está comigo – e acariciei seu rosto.

– Você já fez muito, Cal.

Ele respirou fundo assentindo e quando voltamos a encarar nossos amigos todos eles nos olhavam confusos.

Corada fui para o ponto de táxi.

Calum entrou em um veículo com sua única mala, mas não sem antes plantar um beijo no canto da minha boca surpreendendo a todos. Michael acabou indo com ele.

– Vo-vocês estão... – Luke tentou dizer.

– Não temos nada ainda. – esclareci.

– Ainda? – Naomi e nosso amigo falaram juntos, a diferença é que ela estava eufórica, já ele não possuía expressão.

– É... Bom, ele disse que gostava de mim... – confessei.

– E você? – Luke questionou.

Por um momento desejei que ainda fôssemos aqueles três amigos de antes e que nossa amizade não tivesse sofrido nada para que eu pudesse contar tudo, mas eu preciso lembrar: Luke gosta de mim também.

– Não é melhor irmos para casa do Ash? – Naomi me salvou.

Concordamos e entramos em um táxi.

***

– Só... – disse já no táxi parado em frente à casa do meu irmão – Me deixem falar com ele sozinha. Vão para casa. Eu me viro.

Sem dá a chance de falarem algo, eu saí do carro.

Respirei fundo sentindo a dor se tornar mais intensa em meu peito.

Andei até a porta da casa e pedi aos céus para Ashton está ali e não na Vox.

Toquei a campainha.

Trinta segundos depois, uma garotinha abriu.

Arregalei os olhos.

– La-layse? – ela perguntou.

Assenti perguntando:

– Você é a La-lauren. Não é?

Apesar de ter visto a menina algumas vezes, nunca conversamos de fato.

A garota de dez anos balançou a cabeça afirmativamente.

Inconscientemente procurei semelhanças entre a gente e só encontrei a cor dos nossos olhos.

– Você veio falar com o nosso irmão? – perguntou obviamente se referindo ao Ashton.

Arregalei meus olhos mais uma vez.

Lauren já sabia que éramos irmãos?

– É, eu vim falar com o Ash. Ele está? – inclinei um pouco mais minha cabeça na tentativa de vê-lo.

Meu coração estava a mil e a minha vontade era sair dali correndo e ir atrás de Calum.

– Sim. Ele passou o dia todo em casa. – Lauren disse – Vou chamá-lo.

Antes que a garota fosse avisar o irmão, Anne, a mãe deles, apareceu atrás dela.

– Lauren, com quem você está falando?

– Com a Layse, mamãe. Ela se parece muito com Ash, isso não é incrível? – minha irmã se virou para a mulher – Eu acho que não pareço tanto com eles. Mãe, por que a Lay não se parece com você?

Oh! Ela achava que eu também era filha de Anne.

– Ah. Oi Layse. – Anne parecia assustada ao me vê – Sim, filha, ela se parece com o Ashton.

Ela não me encarou.

Seu incômodo era perceptível. Presumo que eu a fazia ter lembranças que envolvessem Gregory, e que por motivos óbvios, ela queria esquecer.

Sorri para a mulher tentando aliviar o clima e com vontade de arrancar qualquer semelhança minha com aquele crápula.

– Layse, se me der licença, eu tenho que ajeitar algumas coisas em minha cozinha, mas entre e eu chamarei Ashton para você. – ela abriu um espaço para que eu entrasse.

Assim que sentei no sofá bege da sala comecei a morder meus lábios insistentemente.

A sensação de ver e conversar com Ash sabendo que ele é meu irmão, seria algo totalmente novo para mim.

Minha mente começou a formar vários pensamentos ao mesmo tempo, tanto que nem percebi Ashton se aproximar.

– Layse. – ouvi sua voz.

Levantei ereta sem olhar para ele.

– Ashton. – murmurei suspirando.

Bastou eu tomar coragem e me virar para já ser envolvida em um abraço fraterno tão intenso que não segurei as lágrimas.

Ashton e eu entramos em uma sintonia fora do comum, sentindo nossos corações batendo contra o peito um do outro.

– Minha... – Ash disse me apertando tanto como se quisesse me fundir contra ele – Minha irmã.

Solucei.

– Desculpa, eu... – murmurei.

– Tudo bem... – ele disse subindo as mãos e parando em meu rosto, me afastando lentamente – Nós somos irmãos!

Ashton parecia maravilhado.

– Eu... Quando eu te vi... Eu te achei familiar, mas não percebi que era parecido com a minha imagem no espelho... – confessei.

– Eu gostei de você instantaneamente! Na frente da Vox, no seu primeiro dia eu quase te beijava! – ele sorriu de um jeito engraçado – Céus! Eu ia beijar minha irmã!

Eu soltei uma risada me afastando completamente do meu irmão.

Essa situação é tão estranha que passei um tempo analisando Ash de cima a baixo e percebi que ele fez o mesmo comigo.

– Eu achei que você não quisesse me vê, por isso não fui ao aeroporto... – explicou quebrando o silêncio.

– No início eu não queria, não por você, é claro, mas por não querer aceitar que eu e o crápula do Gregory temos um laço desses. – enfatizei a última palavra – É estranho, sabe? Eu, você e Lauren somos pessoas tão boas que é quase impossível acreditar que temos parte daquele monstro.

Falei olhando para um ponto fixo na sala e depois voltando a encarar Ashton.

– Eu sei, me fiz a mesma pergunta nos últimos dias. – Ash sorriu para mim e ali eu entendi que pelo menos um coisa boa aconteceu na minha vida.

Eu não estou sozinha no mundo.

Eu tenho meus amigos.

Eu tenho o Calum.

E tenho dois irmãos.

Passei duas horas na casa de Ashton, conversando com ele, Lauren e Harry – irmão mais novo de Ash – que também acha que sou sua irmã e por ser pequeno demais optei por não contrariá-lo.

Quando estava indo embora depois de uma sessão de perguntas com o objetivo de meus irmãos e eu nos conhecermos melhor, Anne, a mãe deles, apareceu na sala para me levar até à porta.

– Layse, não quero que me interprete mal por ter fugido de você mais cedo, mas é doloroso olhar para você e perceber que tanto eu como sua mãe fomos vítimas nesse jogo ridículo do Gregory. – confessou passando as mãos na camiseta rosa.

– Sem problemas, Sra Irwin. – concordei com a cabeça – Eu posso imaginar o quão difícil é. Desculpe.

– Você não tem culpa, nem você, nem sua mãe que descansa em paz.

Senti meus olhos marejarem, mas me controlei.

- Sinta-se a vontade para vim aqui quando quiser, querida. - ela mordeu os lábios abrindo a porta.

Eu tinha plena consciência que Ashton me observava do sofá.

– Lauren tem razão... – continuou a mulher – Você devia morar com a gente e se precisar posso ser sua mãe.

A encarei surpresa... Mesmo depois de tudo o que passou, mesmo depois de ter descoberto que o canalha do seu ex-marido engravidou outra enquanto ela tinha um bebê de colo, mesmo diante de tudo, ela estava sendo bondosa.

– Obrigada. – foi tudo o que consegui dizer antes de começar a choramingar me perguntando como seria se minha mãe estivesse aqui.

Eu brigaria com ela por ter escondido algo tão importante, sem dúvida, mas agora que ela faleceu, não consigo sentir raiva, apenas, gratidão por tudo o que ela fez para mim e pelas pessoas que eu nem imaginava que estariam comigo, por exemplo, a Sra. Irwin.

***

– Eu estava ficando preocupada. – foi a primeira coisa que Naomi falou ao me vê entrando no apartamento.

– Eu, Ash e Lauren estávamos nos conhecendo.

– Sem problemas. – vi um brilho triste no olhar – Eu só... Estou tentando te entender. Sabe?

A encarei confusa e sentei a seu lado passando a mão no rosto não para tentar disfarçar que chorei, mas por hábito.

– Como assim?

– Eu... – ela segurou minha mão – Por favor não pense mal de mim, mas minha melhor amiga passou por um trauma e não pediu minha ajuda.

Mordi o lábio.

– Eu sei que você não quis me avisar porque eu estava mal por conta da Lavínia, mas eu poderia ir até você depois e...

– Não queria que me visse daquele jeito. – confessei – Não queria que sentisse pena.

Ela pareceu compreender.

– Mas eu nunca, nunca sentiria, Lay... – ela pegou no próprio peito – A dor que eu senti quando soube que a tia Helena... Foi uma dor absurda!

Assenti tremendo um pouco.

– E você sempre esteva aí quando precisei, mas quando chegou a hora de eu retribuir...

– Você esteve comigo. – falei antes que começasse a chorar novamente – Você esteve no meu coração.

Após algumas palavras e um abraço demorado, nos afastamos com algumas lágrimas no rosto e forçando a mudança de assunto perguntei:

– Cadê a Lucy?

Ela abriu um sorriso leve.

– Ela queria está aqui quando você chegasse, mas foi ajudar o Sr. Wilson. Acredita que a Annie, netinha dele, estava ardendo em febre?

– Nossa. – disse cruzando as pernas em cima do sofá – Espero que ela melhore logo.

Então, ficamos sem assunto. Bem assim, do nada.

– Ok, achei que o clima estranho entre a gente tinha passado. – comentei.

– É que eu não sei como entrar naquele assunto.

– Na minha mãe? – meu coração se apertou e estranhei, já que havíamos falado disso ainda pouco.

– No Gregory... – ela disse em um fio de voz.

Eu não me permiti pensar nele por mais que cinco segundos.

Ele não é meu pai!

– Você precisa pensar nele. – Naomi disse como se soubesse o que se passa em minha mente.

– Olha... – fechei os olhos e os abri chateada – Eu estou sofrendo pela mamãe, eu estou passando por um momento estranho com o Ashton e até com a Lauren, mas não quero...

– O Luke te contou da ameaça?

– Que ameaça? – arregalei os olhos.

– Nós achamos que ele sabe que você é filha dele e por isso mandou Luke se afastar. Entende?

Franzi o cenho.

– Por que ele ia querer o Luke longe de mim?

– Luke falou que em um dia que estava na casa do Greg, foi até o quarto dele e viu um monte de foto do Ashton...

– Sim, eu sei, ele me falou. – afirmei.

– Mas o Luke viu outra coisa... Havia fotos de uma garota, mas ele não conseguiu entrar no quarto pra observar, porém, ele tem quase certeza que era você.

Olhei para o teto.

– Dá próxima vez, Deus, mande uma notícia de cada vez.

Naomi soltou uma gargalhada e até cheguei abrir um sorriso, mas ainda é difícil fazer piada como se minha mãe não tivesse...

É como se ela ainda estivesse no Brasil e fosse me ligar a qualquer momento.

Acho que depois de eu chorar algumas vezes, vou conseguir me acostumar com esse vazio no peito.

– Você acha que ele mandou Luke se afastar porque pensou que ele sabia de tudo e podia me contar? – perguntei suspirando.

– Também. Mas tem uma coisa que o Luke não pensou... – ela anunciou – Para mim, Gregory se aproximou da mãe de Luke porque já tinha te investigado e sabia que ele era seu melhor amigo.

Ponderei e concordei.

– Só existe uma questão agora... – disse – Por que Gregory estava investigando Ashton, Lauren e eu? Ele não parecia se importar quando éramos crianças e agora...

Pensar que o mesmo homem que apertou meus pulsos no primeiro show de 5 Seconds Of Summer possui parte genética minha...

– Você não tá achando que... – Naomi começou me olhando pesarosa.

– E se ele se arrependeu? Quero dizer, sei que ele foi um idiota... Mas você queria o quê? Ele não sabia como chegar...

– Layse. – o tom de Nam me causou calafrios – Ele é mau. Ele disse ao Luke que o melhor está por vir e mesmo depois de ter terminado com a Sra. Hemmings continuou procurando o nosso amigo, nosso melhor amigo para...

Então, surpreendendo até a mim mesma, desatei a chorar.

E foi isso que eu fiz o resto daquela semana, até o dia do reveillon chegar.

[...]

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...