História Give me a pair of shoes - Como não conquistar uma garota com Wes Linster

É quarta feira, dia em que tenho que ajudar em algum clube na escola(o que me recuso a fazer). Vou até a sala do clube do anuário, escrevo meu nome na lista de chamada e saio sorrateiramente da sala, indo até meu armário para pegar meu material e depois vazar dali.
Grudado no meu armário tem um bilhete:
"Com certeza absoluta vc não sabe quem sou eu. Mas calma que eu não sou um pedófilo louco que quer vc morta. Eu só quero sua companhia. Usa o que quer que tiver dentro do seu armário amanhã aqui nesse mesmo lugar as 22h. Repetindo, eu não sou um pedófilo, então vai ser seguro.
Falou valeu".
Não hora eu fiquei tipo:WTF??
Mas depois eu vi que era só um cara dando em cima de mim e realmente nada perigoso poderia acontecer. Exceto pelo fato de que a escola tá fechada as 22h, mas isso eu vejo depois.
Jurei que se tivessem rosas ou bombons no meu armário eu ia tacar eles  no cara amanhã. Odeio bombons.
Mas não. Eram tênis. Seja lá quem fosse me surpreendeu. Mesmo, porque ninguém além de mim e meus amigos sabem que eu só uso tênis( e não, nenhum dos meus amigos é burro o suficiente pra me mandar uma carta dessas, e, mesmo se fossem eles, seriam flores e bombons no meu armário). Ele era bem básico, da Adidas branco e preto. O que eu tenho é preto e dourado.
Aceitei mentalmente em ir.
         *QUEBRA DE TEMPO*
Faltavam uns 10 minutos pra dar 10 horas. Eu tava com os tênis que eu ganhei, uma blusa azul marinho e calça jeans rasgada. Fiquei me imaginando quem seria...
Alguém bate na janela do meu carro e levo um susto.
–Oi!–Era o Wes Linster. Capitão do time de vôlei e toca dezenas de instrumentos.
–Hmmmmm... Oi?–Digo meio confusa.
Ele faz movimento pra eu sair do carro, e eu saio.
–Wes? O que tá fazendo aqui.
–Ah, eu tava saindo do treino e vi que tinha mais um carro no estacionamento onde só eu costumo parar. Daí eu vi você aqui dentro.
–O treino começa às 20h? Não era as 17h?
–É um treino extra.
–E você treina de jeans e blusa polo?–arqueio uma sombrancelha–Quanto estilo...
–Troquei de roupa.
–Cadê sua mochila?
–No meu armário. Mas alguma pergunta?
–Ah, tem sim. Por que coincidentemente você tá usando tênis iguais aos meus?–Olho pra baixo e ele também. A expressão dele muda e ele começa a suar.
–Então você tá com eles. Ah puxa.
–Foi você que mandou o bilhete?
–Acho que sim né?
–Ah, ok. É que eu tava meio na dúvida. Como eu poderia adivinhar...–Dou uma risadinha falsa–Vamos?
–Pra onde?
–Bom, você me chamou pra ir a escola as 22h. Eu podia estar em casa vendo te ou lendo um livro. Mas eu to aqui. A gente vai ou não?
–Ah sim, claro–Ele tá obviamente nervoso. Mas eu vou dar um desconto.– Que tal a sala de música.
–Tá.
Nós caminhamos até lá em silêncio. Ele olha pra baixo e às vezes pra mim. Eu olho pra ele uma vez e tento perceber como e a pessoa com a qual eu estou andando. 
 Wes tem 1,85 metros de altura, têm cabelos loiros e olhos cinza esverdeados, ele é meio magro demais e tem mãos enormes e fortes. As roupas sempre parecem muito folgadas ou muito apertada. Ele curte The Smiths e Aerosmith.
Chegamos na sala, ele pega o violão e eu me sento num banquinho. Ele se aproxima e começa a tocar algumas notas de uma música, depois ele começa a cantar.
Bend your chest open so I can read your heart
I need to get inside, or I'll start a war
Wanna look at the pieces that make you who you are
I wanna build you up and take you apart
Let me see the dark sides as well as the bright
I'm gonna love you inside out
Let me see the dark sides as well as the bright
I'm gonna love you inside out 
Ele para e me encara. Eu dou um sorrisinho.
–Amar do avesso?
–Sei lá Lua, achei bonitinho.
Ele se inclina. Fecha os olhos e se aproxima lentamente. Ponho minha mão na frente de seus lábios antes que eles encostem nos meus.
–Wes?
–Que foi?
–Foi isso que você planejou?
– Na verdade, era pra você já estar caída em meus braços cantando comigo.
–Por que achou que isso iria funcionar?
–Sempre funcionou com as minhas antigas namoradas.– Essa palavra ecoou na minha mente e eu tentei não dar uma resposta grossa logo de cara.
–Wes, eu não sou todo mundo.
–Sim, é isso que me fascina.
–Mas não é assim que se chega em ninguém.
–Poxa...–Caralho ele tá muito desapontado. Tadinho.
–Olha, eu acho que você podia tentar. Tipo, outra hora em outro lugar.
–Eu queria um lugar que fosse fácil de achar.
–A escola? Putz Wes, eu queria sair pra jantar. Podia ser no McDonalds com a promoção.
–É, eu vacilei. Você deve estar brava comigo. Estraguei sua noite e tal.
–Não chegou a estragar, mas foi meio ruinzinha mesmo.
–Você quer ir embora?
–Quero. Vamos?
–Tá.
O caminho de volta pra o estacionamento foi tão ruim quanto a ida a sala de música. Ele tava deprimido de verdade. Senti uma pequena pena dele.
 Quando chegamos no carro ele olha pra baixo e diz:
–Seu tênis tá desamarrado.
Antes que eu pudesse me mexer, ele se ajoelhou e amarrou meus cadarços. Ele se virou pra ir embora, mas eu segurei o braço dele:
–Ei Wes.
–Que?
–Você tinha razão. Você não é um pedófilo.
Ele dá um sorriso fraco e vai embora