História Give Me shelter - Capítulo 4- The moon and you

*Pov’s Lauren*

Vi que ela tinha ficado…Curiosa quanto a esta história, e tinha achado estranho. E não era para menos...Eu não levo propriamente uma vida “normal”. Mas é assim mesmo. Eu sou como sou, e já me habituei. Além disso, não vale a pena ela saber minha “história” de vida. Simplesmente, não importa. Eu prefiro... esconder essa parte dela. Porque também tento esconder de mim, e de todo o mundo. Eles sabem, mas não ficam falando disso, e eu quero que seja assim.

Alheia a estes pensamentos, ouvi-a falar no celular com a mãe, enquanto preparava umas sandes para nós duas. Conseguia ouvir os gritos ecoarem na garagem. Até que ouvi ela gritar seu nome. “Camila”. Então era esse o nome dela... e por incrivel que pareça, só agora é que fiquei sabendo. Ela tinha nome de latina, como eu tinha previsto.

Camila: Eu já falei que tou bem, mamãe (...) Desculpa, é que aconteceu uma urgência...eu perdi o celular e passei a tarde toda o procurando, e esqueci-me de ir buscar a mana (...)

Meu coração parou quando ouviu a ultima palavra. Minha memória me levou para lugares que eu não queria. Vi-me obrigada a virar costas, quando me lágrima me escorreu pela face.

Camila: Sim, eu hoje vou ficar na casa da Ally... É que tivemos fazendo um trabalho até agora e só reparei nas horas á pouquinho, desculpa mamãe. (...) Tá bom, eu amanhã vou logo para casa. (...) Tchau, te amo.

Ela falou se despedindo da mãe. Quem me dera ter uma relação assim com a minha mãe.

Camila: Oi Sofi, desculpa eu não ter ido buscar você hoje, é que a mana...

Ela fez uma pausa, como estivesse com dificuldade de mentir para a irmã.

Camila: A mana teve uns assuntos por tratar...

Pode ouvir-se do outro lado, uma voz fina de criança: “Quando você vem para casa?”

Camila: Eu vou já amanhã, não se procupa Sofi.

“Tá bom. Tenho saudades Kaki.”

Kaki? Esse devia ser o nome que a irmã lhe tratava. “Saudades”... Essa palavra me matava, principalmente com a palavra “mana” por perto.

Camila: Eu também tenho saudades, minha linda. Se porta bem, viu? (...) Também te amo, maninha.

Wow, isso era demais para mim. Não sei porquê, mas lágrimas me escorreram pela face. Tudo o que eu não queria recordar, me veio á memória.

Camila: Você está bem?

Vejo Camila se aproximar de mim. Ela viu minhas lágrimas. Merda.

Lauren: Sim, sim eu estou... Porque não haveria de estar?

Falei tentando disfarçar, nunca a encarando. Mas ela não parecia ir na conversa.

Camila: Então...Porque você está chorando?

Ela falou com o tom mais carinhoso que eu já tinha ouvido. Até sua voz era tão doce...Não sei porque reparava tanto nestes detalhes dela.

Lauren: Eu estou com alergias, é só isso...

Falei tentando desviar as atenções, e limpando minha cara. Não aguentava pensar nesse assunto, quanto mais falar nele.

Camila: De certeza, Lauren?

Ela falou, e parei por um momento. Não me lembro de alguma vez lhe ter dito o meu nome.

Lauren: Como você sabe meu nome?

Falei pela primeira vez me virando para ela, e ela respondeu com simplicidade.

Camila: Ouvi seus amigos chamarem você, hoje de manhã.

Lauren: Ah, pois... Luke e Zayn...dois idiotas.

Falei rindo me lembrando deles. Não dava para não rir, eles eram demais.

Camila: Pois...Qual deles é seu namorado?

Uau, de onde saiu essa? Ela falou meio a medo, como se tivesse perguntando apenas por impulso, mas quisesse imenso saber a resposta. Essa garota era bem curiosa, e isso ás vezes me intimidava.

Lauren: Zayn. Namoramos á um ano.

Falei séria, mas querendo imenso rir por dentro. Decidi lhe pregar uma partida, só para ver sua reação. Ela parou por segundos, como se não estivesse á espera da resposta, e tivesse ficado...desiludida? Wow, será que estou vendo coisas a mais?

Camila: Pois, parabéns então...

Ela falou meio seco, como se tivesse tentando parecer simpática. Parecia até muito forçado dela. Porque será que lhe incomodava que Zayn fosse meu namorado?

Lauren: Ahahaha, estou zoando com você. Nenhum dos dois é meu namorado. Ew, só de pensar nisso me dá arrepios!

Ela riu do meu comentário, parecendo até...aliviada? Não, não podia ser... Mas posso só falar, que sua gargalhada era semelhante a de um anjo? Tão fofa... Acho que não havia nada nessa garota que não fosse encantador.

Lauren: Eles só... São meus dois melhores amigos. Meus irmãos... Quando eu preciso, estão sempre lá para mim nos bons e maus momentos, e vice versa. Nós costumamos falar que somos como um gangue, mas um bem pequeno, ahaha!

Camila sorriu com minhas palavras. Eu não sei, ela parecia gostar de me ouvir falar, sobre coisas que eu gostava, que eu fazia na minha vida... Ela tinha muito interesse nisso, eu via isso nos seus olhos. Mas porquê? Que tinha eu de tão interessante?

Camila: Isso parece muito querido.

Ela falou me encarando, com a cabeça poisada em sua mão na mesa, e com seu sorrido estupidamente lindo. Meu Deus, essa garota era incrivel.

Lauren: É, quando não me chateiam... São uns chatos do pior, Ahaha!

Eu falei rindo, e sua risada se misturou com a minha.

Camila: Eles pareciam legais, e bonitos...

Bonitos? Ela achava aqueles dois babacas bonitos? Espera aí, será que ela tinha ficado interessada neles?

Lauren: Qual deles? Luke ou Zayn?

Camila: Qual deles é Zayn? E Luke?

Lauren: Luke é o loiro, Zayn o moreno...

Ela fez uma cara de pensativa. Então os garotos realmente lhe interessavam. Era por isso que ela tinha ficado incomodada quando eu falei que Zayn era meu namorado? Pois, só podia ser. Ela estava interessada neles... Não sei o que tava esperando. E porque é que o facto dela gostar deles estava agora me incomodando a mim?

Camila: Eu não sei, são os dois bonitos... O moreno com tatuagens, o loiro com piercings... É, são os dois muito gatos.

Ela falou com naturalidade. Mas essa conversa já não me estava agradando muito, não sei porquê...

Lauren: Fala para eles, tenho a certeza que iam adorar saber... E os seus egos seriam ainda maiores do que já são...

Eu falei e ela começou rindo. Porque ela achava piada a tudo o que eu falava? Quer dizer, nunca tinha conhecido ninguém assim.

Camila: Não, obrigada... Eu não costumo ter sorte com garotos...

Lauren: Não vejo porquê...

Escapou-me de repente da boca, mas arrependi-me no momento a seguir. Ela também pareceu parar o raciocino por momentos, como se estivesse tentando interpertar o que eu tinha falado, e não respondeu.

Lauren: Quer dizer... Eu não vejo porquê você não come essa sandes que eu fiz para você...Está deliciosa.

Até agora enquanto falávamos eu tinha estado a preparar-lhe uma sandes, e para mim também. Tinha de “improvisar” um jantar, não podia deixar a garota á fome. Sentei-me na mesa, e ela sorriu com o meu gesto.

Camila: Oh, obrigada...Eu só... Não estou com fome.

Ela falou mostrando uma expressão um pouco...angustiada? Porque ela tinha ficado assim de repente?

Lauren: Não me parece...Você já não come Deus sabe lá de que horas, e está muito fraca. É melhor você comer alguma coisa.

Aconselhei-a, tentando convencê-la a comer. Será que ela estava apenas com vergonha de aceitar a comida?

Camila: Obrigada Lauren, sério... Eu só, não tou com vontade.

Wow, essa garota tinha coisas muito estranhas. Eu juro que gostava de ler sua mente ás vezes.

Lauren: Mas Você...Está tão fraca, parece que vai desmaiar a qualquer segundo! Agora sou eu que vou obrigá-la a comer...

Ela me olhou surpresa, e fez uma cara do tipo “Tá falando sério?”

Camila: Lauren...

Ela falou num tom de suplico, para eu não lhe encher o saco.

Lauren: Camila...

Falei no mesmo tom, brincando com ela. Ela me olhou surpreendida, e apressou-se a falar.

Camila: Como...Como você sabe meu nome?

Lauren: Ah, não sei...Você simplesmente tem cara disso.

Falei séria agarranado na sua sandes para lhe levar á boca. Ela me lançou um olhar do tipo “Você é muito idiota” e eu ri.

Lauren: Ahah qual é? Eu ouvi sua mãe falar agora ao telefone. Agora pode comer?

Ela me encarou suspirando fundo, ainda não muito conformada com a situação. Mas eu encarei-a intensamente, fazendo “pressão” como se não a fosse deixar em paz enquanto ela não comesse. Ela revirou os olhos e quase por obrigação deu uma trinca na sandes, ainda que muito pequena.

Lauren: Custou muito?

Falei rindo e ela deu de ombros. Meu Deus, essa garota parecia uma criança para dar de comer, era tão dificil ingerir alguma coisa...Eu não entendia, comida era a melhor coisa do mundo! Bom, além de Haxixe, cocaína e vodka claro.

Lauren: Está assim tão mau? Você me deixa na merda assim, tanto tempo preparando algo e você se faz de esquisita para comer.

Falei tentando parecer um pouco ofendida e triste, para ver se lhe pesava um pouco na consciência. Ela me encarou, com seus olhos castanhos tão doces, brilhando. Foi nesse momento que a vi olhar para a sandes, e mesmo com uma certa “dificuldade”, que eu não percebia, deu outra dentada. Meu plano tinha resultado.

Lauren: Eu sabia. Ninguém resiste a uma sandes de fiambre e queijo com meu molho caseiro.

Falei animada mas sua expressão carregava um tom pesado, e afastou a sandes outra vez. Teria sido alguma coisa que eu falei?

Lauren: Meu Deus...Você é mesmo esquisita para para comer, né?

Falei intrigada. Não era normal alguém resistir a uma sandes dessas.

Camila: Não, eu só...eu só...

Sua voz travava. Ela parecia querer acabar a frase, e não conseguia. Parecia até estar a inventar alguma desculpa?

Lauren: Você só não gosta da minha sandes, eu entendo...

Falei fingindo estar amuada. Ela me encarou por um momento, e acabou por dar outra dentada. Minha chantagem emocional resultava com ela...Mas, porquê? Nunca resultava com ninguém...

Camila: Está contente?

Ela falou ainda de boca cheia, e eu me ri da situação. Ficava muito fofa desse jeito.

Lauren: Tou.

Eu falei provocadora e ela revirou os olhos. Incrível, nem há um dia conhecia essa garota, mas... Ela me fazia sentir tão bem...Como se confiasse nela com tudo, ela me transmitia uma energia muito boa, eu não sei explicar.

Camila: Lauren? Você está na lua?

Ela falou rindo me encarando, e eu acordei de meus pensamentos. Mal sabia ela, que minha cabeça estava apenas nela.

Lauren: Quem me dera. Eu nunca gostei desse mundo mesmo, eu queria era estar na lua.

Eu falei e ela riu. Que risada tão doce, linda mesmo. Raro ver uma risada como a dessa garota. Aliás, raro ver tudo o que essa garota tinha.

Camila: Então...Vou passar a chamar você de Lua, pode ser?

Ela falou sorrindo, e eu sorri de volta.

Lauren: Não. Minha reputação ia á vida.

Eu falei em tom de ironia, e ela sorriu.

Camila: Ahaha, então eu apenas vou chamar quando você tiver só comigo. Aí não pode reclamar.

Eu me ri. Porque eu gostava que ela tivesse um apelido só para mim, que mais ninguém me chamasse? Eu gostava disso, e muito.

Lauren: Então eu vou tentar arranjar um apelido para você também...Eu meio que já tenho um...Estressada.

Ela me olhou irritada. Mesmo assim era fofo.

Camila: O quê? Eu não sou estressada...

Lauren: Não? Tá bom então...Meu Deus Camila, olha uma aranha mesmo atrás de você!

Ela deu um pulo assustada, e eu não consegui conter o riso. Meu Deus, era tão giro picar essa garota.

Camila: Ai meu Deus! Onde? Onde?

Ela falou olhando para todos os lados. Não conseguia parar de rir.

Lauren: E depois não é estressada...

Ela finalmente parou e me encarou, percebendo que tinha sido uma partida, me lançando um olhar de “ameaçador” e cruzando os braços. Ahaha tadinha, ela achava que metia medo...Era tão fofa que era impossivel meter medo alguém.
Entretanto, ela acabou por comer a sandes toda, porque estavamos distraídas falando.

Lauren: E por falar em estressadas...Como sua mãe reagiu quando você contou que ia passar a noite fora de casa?

Camila: Ela...brigou um pouco. Estava muito preocupada.

Lauren: Você não tá mesmo habituada a estar fora de casa até tarde, pois não?

Falei sorrindo. Tinha topado isso. Todo o seu perfil, e o que tinha acompanhado até agora, faziam-me pensar que era uma garota muito inocente e certinha, e não passava disso. Ela acenou com a cabeça concordando com a minha afirmação, nem sei se até meio a “vergonha”.

Lauren: Sabe, você precisa viver a vida no máximo, porque amanhã pode já nem estar aqui. As regras foram feitas para ser quebradas, Camila. E você tá precisando de tirar umas férias da sua vida de rotina, e aprender a viver no limite. Que na verdade, deveria ser o jeito que você vive a vida toda.

Ela me encarava muito atenta, como se eu estivesse dando uma aula de Filosofia ou assim. E até estava. Mas eu via em seus olhos, que ela se encantava mesmo, do jeito que eu falava. Parecia tudo tão novo e interessante para ela, eu não sei...

Lauren: Eu acho que, um dia posso ensinar para você...

Falei me levantando para ir buscar um copo de água, e o levei até ela. Ela esteve sempre me encarando. Até que finalmente abriu a boca para falar algo.

Camila: Eu adorava.

As palavras sairam de sua boca, enquanto ela me olhava intensamente. Merda, como era dificil desviar os olhos dela. Ela tinha uns olhares...de cortar a respiração. Estava me apetecendo aproximar mais dela. Olha-la mais de perto, sentir as vibrações de seu sangue mais perto de mim. Camila era...Uma garota fora do comum, e eu tinha vontade de explorar tudo nela, o máximo que conseguisse. Meu Deus, que raio eu estou falando? Devo estar ficando doida, só pode.

Lauren: Isso...Isso é muito bom. Eu tenho de ir tomar um banho, okay?

Falei gaguejando, finalmente conseguindo tirar o olhar intenso que partilhamos até agora. Porra, porque era tão dificil tirar os olhos dela?

Lauren: Você...Pode ligar esse televisor aí, por enquanto. É antigo, mas ainda funciona.

Falei me desviando até á mini casa de banho, que possuia um duche com agua canalizada. Apesar de muito fria, era a única água que havia, e a única maneira de eu tomar banho. Camila me seguiu com os olhos me vendo atravessar a garagem, parecendo um pouco nervosa.

Camila: Tá bom, só...Não demora, sim?

Eu a olhei sorrindo. Surgiu um sorriso mais carinhoso do que eu pretendia.

Lauren: Não se preocupa, eu já venho. E já falei que não precisa de ter medo, Camz...Aqui você está segura.

Um sorriso tímido surgiu em seus lábios. Cada vez que ela sorria parecia que um anjo tinha descido á terra.

Camila: Camz?

Lauren: É...Eu acho que já arranjei sua alcunha.

Falei sorrindo e ela me sorriu de volta, com seus olhos brilhando imenso. Foi a última visão que tive antes de entrar no banho. E que bela visão.