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História Give me your love - Behind Blue Eyes


Escrita por: Belanny23

Notas do Autor


LEIAM AS NOTAS FINAIS! <3

Capítulo 1 - Behind Blue Eyes


Fanfic / Fanfiction Give me your love - Behind Blue Eyes

 

E eu estava mais uma vez sendo tachada de “maluca depressiva”. O fato era que talvez eu realmente fosse uma. Mas o que não dava direito aos idiotas do Toronto High School me xingarem de tal. Se eu ao me os me importasse talvez me sentisse ofendida. Talvez.

Coloquei meus fones de ouvido no ultimo volume ao som se The Pretty Reckless e me senti alienada ao mundo. O que foi bom, o caminho até o local onde, mais uma vez eu seria tachada de louca, era o único tempo em que de fato eu me sentia confortável.

A boa caminhada das três quadras, que era a distancia da escola até minha casa, era cansativa, porém reconfortante para a minha mente. Era o tempo em que os gritos me traziam alivio e a batida do rock pesado ao fundo me acalmava. Ambíguo não? Eu sei que sim.

O tempo em que eu levava para chegar em casa era exatamente o mesmo tempo da playlist com as minhas cinco musicas favoritas. Era uma espécie de ritual escutar aquilo no caminho, para chegar em casa e simplesmente ignorar tudo o que me fosse dito.

Ao fim do solo de guitarra, como se a situação estivesse sendo cronometrada, eu coloquei a chave na porta e empurrei a mesma declarando o fim da musica.

A sala estava estranhamente arrumada, eu geralmente deixava roupas espalhadas por ali. O estranho fato foi explicado assim que vi Geórgia, a empregada que ia três vezes por semana arrumar a casa, aparecer na sala. Ela sorriu para mim e forcei os cantos dos meus lábios a se curvarem em um sorriso forçado.

Puxei os fones de ouvido quando percebi a boca dela se movimentar dizendo alguma coisa.

– … Ele vem almoçar então, você pode ir trocar de roupa e espera-lo aqui embaixo. – ela disse, provavelmente, se referindo ao meu pai.

– Me chame quando ele chegar. – pedi e subi as escadas pulando os degraus.

Andei pelo longo corredor até a última porta, a que se destacava perante as outras por conta dos adesivos e placas pregados a mesma.

Entrei ali e, e assim como a sala, estava tudo arrumado. O que me incomodou um pouco porque em meio a minha bagunça eu encontrava as minhas coisas. Larguei a mochila no canto do quarto e peguei o notebook que estava pela primeira vez em seu devido lugar, a escrivaninha. Joguei-me na cama e liguei o aparelho.

Era como um ritual: chegar em casa, ligar o computador, entrar no RockWithThem.com e conversar por longas horas, talvez a tarde inteira, com ele. Duvidava que ele estudasse, já que sempre estava a minha disposição, isso soa estranho, mas era assim.

Aviste seu user online e sorri.

LonelyGirl: definitivamente você é um viciado! lol

Kidrauhl: shut up! LMFAO

Kidrauhl: e ai, como foi na escola?

LonelyGirl: Foi realmente adorável, eu e as lideres de torcida conversamos por toda a aula e o capitão do time de hockey me chamou pra sair na sexta. Acho que estou apaixonada. s2

Kidrauhl: seu senso de humor me emociona, shawnty

LonelyGirl: lol shawnty? Isso soa tão gay! LOL mas pra falar a verdade o meu dia foi realmente adorável, eles até mesmo me elogiaram. “maluca depressiva” foi o nome da vez. Eu gostei desse, deveria mudar meu user.

Kidrauhl: WOW NÃO FAÇA ISSO. TEMOS UMA HISTÓRIA COM NOSSOS NOMES, NÃO SE PODE SIMPLESMENTE MUDAR UMA HISTÓRIA ASSIM!

Ele disse em capslock e ri. Conversar com o Kidrauhl era a única coisa que me mantinha sã por uma boa quantidade de tempo.

Nos conhecemos há um ano atrás. É até mesmo clichê essa história, mas vamos lá.

“Era uma vez uma garota solitária de dezesseis anos que não era aceita pelos colegas da escola e toda aquela porcaria que é  bullying. Sozinha ela recorreu ao meio mais patético para arranjar amigos. Chats de relacionamento. (Percebem o quão fundo o poço dessa garota estava?) Não deu certo nas primeiras cem vezes, ela só encontrava velhos ridículos, etc. Em uma bela tarde ela entrou no site de bandas favorito e descobriu que havia uma chat ali. Geralmente era só pra partilhar gostos musicais, etc. Nisso tudo a LonelyGirl conheceu o Kidrauhl. Eles eram fãs dos Beatles. Conversa vai e vem, e eles se tornaram amigos que conversava te hoje. Fim"

LonelyGirl: temos uma história? Isso é realmente tocante.

– Emma? – Geórgia me chamou abrindo uma fresta da minha porta. – Seu pai chegou. – avisou e assenti rolando os olhos.

Kidrauhl estava digitando e antes que ele pudesse me enviar a mensagem, mandei: o general chegou, tenho que sair. Volto mais tarde, xoxo. Fechei o notebook e me arrastei até a beirada da cama e desci para a cozinha. Daniel estava ali. Sentado na ponta da mesa de jantar com o olhar que eu tanto conhecia.

– Boa tarde pai. – o cumprimentei sorrindo irônica e beijando a bochecha dele.

– Emma precisamos conversar.

Joguei-me na cadeira ao seu lado esquerdo e respirei fundo. Eu já sabia o que ele ia dizer, mas eu realmente não ligava. Claro que eu fingia escutar e assentia a cada intervalo que ele fazia.

– A Sra. McCartney me ligou.

– Conte-me uma novidade. – bufei.

– Eu estou falando sério Emma. Ela está preocupada com o seu comportamento. Ela acha que você ainda não superou a perda. – ele disse em um tom delicado sabendo que aquele assunto não era abordado com tranquilidade para mim.

– Ela sempre diz isso.

– Emma eu sei que foi difícil. Ainda dói em mim também. Mas você precisa superar. Eu prometi que faríamos isso juntos, mas você não colabora.

– Ainda dói em você? Me poupe. Você nem ao menos se importa mais com ela. – disparei ríspida e ele me olhou séria me repreendendo.

– A vida tem que seguir e… – ele disse e ri debochada.

– A vida tem que seguir pra quem? Pra você certamente segue, é claro. Você fica com uma mulher diferente quase toda noite. Mas pra mim? – sorri sarcástica dando de ombros – Pra mim não segue porque eu perdi a minha mãe! Eu não vou encontrar outra em uma boate, ou um restaurante como você vai encontrar outras mulheres! – gritei me levantando da mesa e lhe dando as costas.

– Emma! Emma volte aqui! – ele me chamou, mas quando eu tinha essas “crises” nada me fazia bem. Nada me parava. Corri para o meu quarto com os olhos transbordando lagrimas. E a ferida no coração se abrindo mais uma vez.

Por que as pessoas simplesmente me fazem isso? É evidente o meu estado natural, é evidente o meu sofrimento velado. Mas eles parecem me provocar até o ultimo resquício para ver ate onde e “maluca depressiva” suporta.

Bati a porta do quarto e em seguida a do banheiro com força. Se eu pudesse descontar toda a minha raiva em objetos… Ah… Mas eu descontava em mim mesma. Já nem doía mais, eu tinha me acostumado com a dor, assim como tinha me acostumado com o mundo inteiro me julgando. Eu me acostumava com muita coisa banal. Mas eu não conseguia me acostumar simplesmente, com a ausência da minha mãe.

Todos os dias eu sentia falta dela. Todos os dias eu chorava por ela. Todos os dias eu chamava por ela. Implorava para ela voltar, mas nada resolvia. Ela não voltava e nunca iria voltar.

As pessoas pensam que “mutilação” é algo ridículo, problema de adolescente. As pessoas só enxergam o problema por cima e julgam assim. Mas o buraco era muito mais embaixo, elas nunca pensavam no que levava uma pessoa a fazer isso. Elas nunca pensavam no sofrimento que era suportado, ninguém nunca pensava sobre tudo porque simplesmente era mais fácil taxar uma adolescente que perdeu a mãe, e a vida, de maluca depressiva. Era tão mais fácil julgar.

A lâmina cortando meu pulso deslizou com tanta facilidade que eu nem precisei impor muita força. O aparelho cortante fez seu devido trabalho de me trazer alivio da dor interior que me sufocava, e o resultado era instantâneo. Agora as lagrimas não me sufocavam elas saiam livremente, os soluços já não eram tão altos e a dor emocional dava lugar a dor física que, por maior que fosse, ainda sim não era nada comparada a dor que dilacerava o meu coração e a minha alma, se é que eu ainda havia uma.

Deixei a lamina cair dento da pia e coloquei meu pulso embaixo da água corrente. A ardência veio e trinquei os dentes gemendo baixo com aquilo. Fiz todo o procedimento de limpar e fazer um curativo desajeitado e lavei o meu rosto que estava sujo pela maquiagem preta que escorria pelo meu rosto junto com as lagrimas.

Prendi meu cabelo no alto e molhei meu rosto. Retirei toda a maquiagem com um algodão e fiquei de cara limpa, a menos pelos olhos vermelhos do choro.

Sorri para a figura deplorável que refletia no espelho e dei as costas saindo dali. Fechei a janela e me prendi no meu mundo, me joguei na cama e me encobri com as cobertas. Eu precisava sumir, morrer por algumas horas talvez.

***

Acordei por volta das quatro da tarde. Meu estômago implorou por algum tipo de alimento e desci para a cozinha. Geórgia não estava mais ali, nem Daniel. Abri a geladeira e tirei algumas coisas dali de dentro. Comi tudo sentada no balcão da cozinha sozinha. Minha cabeça doía devido ao choro e eu ainda me sentia fraca. Terminei de comer e deixei tudo na pia, lavei e deixei no escorredor. Fui até a sala e liguei a televisão para que só tempo passasse. Voltei ao quarto e peguei meu notebook. Havia algumas mensagens do Kidrauhl dizendo que não poderia entrar a noite, iria viajar, mas assim que chegasse entraria ali, as mensagens eram de horas atrás então ele provavelmente poderia entrar em instantes. Deixei aberto e na televisão passava um clipe de Justin Bieber.

Como senão pudesse piorar. Mudei de canal e deixei em uma série qualquer.

Assim como havia previsto poucos minutos depois Kidrauhl entrou.

Kidrauhl: babe?

Sorri fraco e me acomodei no sofá para digitar.

LonelyGirl: Você precisa de uma mulher, primeiro shawnty e agora babe? lol estava passando o clipe Baby do Justin Bieber agora há pouco. #shit

Zombei. Se havia alguém que poderia me fazer rir, era ele. Eu não sabia quem era. Não sabia de onde era. Não sabia absolutamente nada além da idade dele. Mas era como se eu o conhecesse mais do que a mim mesma, nós dois partilhávamos mais do que mensagens. Nós compartilhávamos nossos problemas, neuroses, sofrimentos. E era como uma terapia. Por mais que eu odiasse falar dos meus sentimentos, com Ele eu não sentia medo, afinal eu nem o conhecia. Não estava, de fato, exposta.

Kidrauhl: o que você tem contra o Bieber? – ele perguntou e mandou uma carinha com os olhos serrados.

LonelyGirl: O garoto é uma piada! LOL por quê? Você por acaso é um Bieberatico? – ri com isso.

Kidrauhl: O termo certo é Belieber e admita que o garoto tem talento. E estilo!

LG: Você definidamente precisa de uma mulher! LOL! Por que estamos falando desse cara? E eu não vou nem perguntar como você sabe tanta coisa sobre ele.

Ele não digitou nada por algum tempo e pensei que ele estivesse saído, mas segundos depois apareceu na tela “Kidrauhl está digitando”

Kidrauhl: eu sei porque a minha irmã é fã dele. – esclareceu e achei interessante o fato de ele ter uma irmã.

LG: Como nos conhecemos ha quase um ano e você nunca me disse que tinha uma irmã? Comunicação é tudo! LOL

Kidrauhl: idk!* Eu tenho um irmão também, por parte de pai. Eles são pequenos. E você?

LG: I’m the one! – digitei e coloquei um emotion de dança.

Ele riu.

Kidrauhl: como andam as coisas na sua casa? Você nunca mais falou. – ele disse e respirei fundo ao me lembrar do ocorrido de tarde.

Eu nunca falava diretamente quando as coisas estavam ruins, eu usava as musicas para lhe contar sobre o que eu sentia. Essa era uma forma, menos explicita de contar o quão triste ou arruinada eu estava no momento.

LG: Limp Bizikt Behind Blue Eyes. – digitei e eu sabia que ele iria entender.

Aquela era a verdade, a musica do momento. Talvez fosse a musica que dissesse totalmente quem eu sou e o que sinto. A garota por trás dos olhos tristes.

LG: Você já teve a honra de ir ao inferno? – zombei em tom de falso humor. Ele não respondeu, mas eu sabia que ele tinha visualizado. – Eu faço uma viagem até lá todos os dias desde que minha mãe se foi. – ainda adicionei uma carinha sorrindo para enfatizar a ironia da situação.

Kidrauhl: Eu gostaria de poder fazer algo. L

LG: Você já faz. Digamos que se eu tivesse uma lista negra, seu nome não estaria lá. Sinta-se honrado. – brinquei.

Era da minha personalidade tentar enganar meu sofrimento com falso humor. Pelo menos funcionava as vezes. A dor se tornava mais suportável e a vontade de sumir se dissipava. O que era realmente louco, já que eu passava quase todo o tempo desejando morrer, ou simplesmente e ter uma outra vida. Talvez os dois, morrer e nascer de novo seria certamente o meu ultimo ou primeiro desejo.

Kidrauhl: Fico feliz em ler isso. Mas eu gostaria de conhecer a garota por traz dos olhos tristes. – disse e admito que fiquei surpresa.

Em todo esse tempo de conversa virtual nenhum de nós tinha proposto conhecer um ao outro. Não era, de fato, importante já que nos conhecíamos tão bem intimamente. Não sei explicar ao certo o porquê e nem como, mas eu simplesmente me senti insegura ao ler aquilo. Kidrauhl sabia demais dos meus sentimentos e a partir do momento em que eu o encontrasse pessoalmente eu estaria exposta. Exposta de uma maneira maior do que se pode imaginar.

Não digitei nada. Fiquei olhando aquilo por alguns segundos sem reação e sem saber o que responder. Quando eu finalmente ia digitar algo a porta da sala foi aberta e por ela Daniel entrou, me olhou no sofá e fez a cara que todos faziam ao me ver, a cara de pena. Meus olhos deveriam estar vermelhos do choro de horas atrás e o meu rosto inchado denunciando a minha “fraqueza”.

– Emm…

– Vou pro meu quarto. – fechei o notebook e levantei do sofá pronta para subir as escadas.

– Emma eu preciso conversar com você e tem que ser agora. Eu sou o seu pai e você não pode agir desta forma comigo. – seu tom de voz era autoritário, o que me intimidaria há alguns anos. Mas agora não mais. Rolei os olhos e me virei para ele descendo os dois degraus que eu havia subido.

– Diga.

Ele me olhou e indicou para o sofá. Rolei os olhos e voltei a me sentar ali. Ele se sentou a minha frente e tirou o paletó, ficando mais confortável.

– Como eu disse de manha, eu falei com a diretora da sua escola e ela está realmente preocupada com você.

Cruzei os braços e rolei os olhos.

– Emma eu não sei mais o que fazer com você. Você faz de tudo para dificultar as coisas. Eu… Eu realmente tive que recorrer a isso. É pro seu bem.

– O que vai fazer dessa vez? – perguntei sem dar muita importância.

– Você vai para a terapia.

– O que? – minha garganta arranhou com o grito que dei.

– Você vai para a terapia. Eu já falei com uma psicóloga. E ela vai te ajudar a superar tudo isso.

– Eu não vou a lugar nenhum! Eu não preciso de terapia. Agora só me faltava essa, o meu próprio pai me taxando de louca! – a essa altura eu só sentia raiva, raiva de tudo.

– Você não é louca Emma. Eu não estou dizendo isso, mas você precisa de ajuda e uma profissional vai te ajudar a superar.

– Eu não quero superar nada! – gritei pela ultima vez. – Eu perdi a minha mãe e você age como se eu tivesse que ficar bem! Eu não vou ficar bem! Eu não quero ficar bem! – gritei já com o choro me subindo a garganta.

A vontade de jogar tudo pro alto ficava cada vez maior e eu não tinha ninguém para me entender de verdade. Eu simplesmente não conseguia suportar. Eu havia perdido a minha mãe, a pessoa mais importante da minha vida, a minha razão. Eu não ficaria bem. Eu não queria ficar bem sem ela ao meu lado.  Daniel simplesmente veio até mim e me abraçou forte.

Minhas lagrimas molhavam sua camisa fina e eu sentia que ele também chorava. A dor se tornava mais intensa. Ele podia enxergar a minha dor, mas ele não a sentia. Ele não fazia ideia do quão difícil era pra mim.

 


Notas Finais


Glossary:

LMAFO = Laughing My F*cking Ass Off / rindo para caramba

LOL= Laughing Out Loud / rindo alto, muito engraçado

IDK = I don’t know / eu não sei


Até mais meus dengozinhos <3


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