História Glass Bridge - Capítulo Oito: O Coração que hesita. -Parte Um

[…]

Por favor, eu peço…

Se a minha alma vier a corroer e tornar-se má…

Por favor, eu lhe peço…

Não hesite em destruir o meu corpo.

Não hesite em matar-me pouco a pouco.

Não hesite em apagar-me da sua vida.

Eu tenho medo de que o dia em que eu me torne má, esteja próximo.

Por isso, antes que eu possa fazer-lhe algum mal, por favor…

Mate-me com as suas mãos.

Mate-me e esqueça-me.

Antes que eu seja má.

Antes que torne-me aquilo que eu odeio.

~*~

Na manhã seguinte, felizmente Hanamaru estava bem melhor, sua saúde estava regenerada, pois seus sentimentos e emoções estavam sobre controle. Porém, infelizmente assim que ela despertou, e viu Carla adormecido ao lado da sua cama sentado em uma cadeira, lembrou-se que ainda haviam certos assuntos que deveria tratar. Hanamaru não sabia se deveria apenas seguir adiante com tudo aquilo, pois poderia machucar os sentimentos do seu outro irmão, Shin.

Porém, ela acreditou no fundo do seu coração, que talvez Shin entendesse seus sentimentos, e respeitasse a sua decisão no momento, de permanecer ao lado de Carla. A Tsukinami mais nova, realmente almejava estar ao lado de Carla, desde o primeiro momento, em que ele estendeu a mão para ela, naquela cela suja, mesmo que Hanamaru não lembrasse de nada em relação ao Tsukinami mais velho, ela almejava segurar aquela mão firmemente, e permanecer ao lado dele.

Por conta disso, a mente de Hanamaru estava decidida a enfrentar os problemas de forma madura, e assim, um belo sorriso formava-se na face da pequena garota, que de maneira sorrateira, levantava-se e se aproximava de Carla, esticando sua mão para tocar o rosto do mais velho. No entanto, Carla estava longe de estar dormindo, e diante da ação da Tsukinami mais nova, ele apenas deixou com que ela se aproximasse o suficiente do seu rosto, para então segurar a mão dela, e com sua mão livre puxá-la para o seu colo.

—C-Carla-Onii-san… -Hanamaru chamava-o surpresa e constrangida, encolhendo seus ombros. —B-Bom dia…-Murmurava encarando-o com um pequeno sorriso, exibindo suas bochechas avermelhadas.

—Bom dia. -Respondia em um tom firme, encarando-a com um olhar intenso, enquanto acomodava-a em seus braços cuidadosamente. —Estava tentando me tocar? -Indagava arqueando uma de suas sobrancelhas. Ao vê-la concordar timidamente, ele sorriu de canto, pegando então a pequena mão de Hanamaru, levando-a ao seu rosto. —Toque-me, eu permito-lhe que faça isso. -Carla dizia, observando-a sorrir com inocência e animação.

—Carla-Onii-san, eu me sinto bem melhor. -Dizia em um tom animado, alisando suavemente a bochecha do mais velho. —Acho que está na hora do café da manhã, certo? Podemos comer com o Shin-Onii-san e com a Yui-chan. -Sugeria com um pequeno e tímido sorriso, apoiando seu rosto sobre o peitoral do Tsukinami.

—Se deseja. -Respondia-a como sempre, porém desta vez, mostrando um fino sorriso em seus lábios. —Creio que será melhor Shin não saber sobre o que aconteceu ontem. -Dizia com certa preocupação, percebendo que Hanamaru pareceu hesitante em aceitar aquilo. —Shin é explosivo demais, Hana. Ele não vai aceitar se apenas dizermos a ele assim… -Carla explicava usando um tom suave, enquanto alisava os longos cabelos da Tsukinami mais nova.

—Certo… -Hanamaru respondia-o, mesmo que não gostasse de esconder algo assim. —E-Então, podemos ir? -Indagava com um fio de animação, pois queria ver Yui e contar-lhe tudo o que aconteceu.

Ao ver a animação de Hanamaru, Carla imediatamente respondeu-a que sim, e após mandar algumas das empregadas que passavam no corredor, prepará-la, desceu com a pequena garota até a sala de refeições, onde estava ocorrendo um belo banquete, como sempre.

~*~

Carla e Hanamaru surpreenderam-se ao ver que Yui estava sentada ao lado de Shin, o que era anormal desde que o Tsukinami do meio, sempre comia em um canto, e a Komori em outro.

—Vejo que finalmente apareceram. -Shin resmungava cruzando seus braços, mostrando um olhar descontente diante da situação. —Tive que pedir pela companhia da humana, para não ter a minha refeição sozinho. -Dizia em um tom insatisfeito, lançando um olhar feio na direção de Yui, que encolheu os ombros. —Que humilhante, e ela ainda tem medo de mim. Deveria estar grata, pode comer ao meu lado. -Bagunçando os cabelos de Yui, ele estalava sua língua em seguida, voltando a comer então.

—Shin-Onii-san, não maltrate a Yui-chan. -Hanamaru pedia, sentando-se ao lado da amiga. —Bom dia, Yui-chan. -Dizia cumprimentando a Komori, que sorriu como resposta.

—Está melhor? -Shin indagava lançando seu olhar em Hanamaru, vendo-a acenar que sim. —Bom. -Dizia voltando a prestar realmente atenção na sua comida, até ouvir Carla falar.

—Hoje precisaremos ir até a cidade, para buscar uma encomenda. -Comunicava especificamente as duas garotas. —É algo importante para você, Hana. Basicamente é um livro que eu mandei guardar em outro país, um livro que era do nosso Pai. -Explicava cruzando seus braços. —Pode conter informações sobre o “Coração de Diamante”, que você carrega no peito. -Carla dizia com certa preocupação em sua voz.

—Ah, aquilo chega hoje, certo? -Shin indagava vendo Carla concordar. —Certo. Comportem-se as duas então, voltaremos logo. E caso algum dos Sakamakis apareçam, chamem os servos, ou escondam-se nas masmorras abaixo do Castelo. -Dizia-lhes com um olhar firme, vendo-as concordar.

Diante daquela situação, Shin e Carla logo partiram para a cidade, para então voltar o mais rápido que poderiam.

Yui e Hanamaru então aproveitaram aquela tarde, para passear nos longos jardins de rosas.

Enquanto conversavam sobre os assuntos da noite passada, a Komori viu uma situação realmente estranha ou normal, passar-se a sua frente.

—O-Oh meu deus, aquele gato está devorando o passarinho. -Dizia levando suas mãos até a sua boca, pois a cena era horrível de se ver. —Pobre passarinho. -Yui comentava com um olhar baixo.

—Pobre? Ele era um alimento, foi fraco e morreu. Ele não tem nada de pobre. -Hanamaru dizia com um olhar realmente frio, mostrando seus olhos opacos, até que repentinamente, o brilho retornou, e ela arregalou-os ao perceber o que havia dito, notando o quão… má ela soou.