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História Gods and Monsters - West Coast


Escrita por: itsnunah

Notas do Autor


Devo dizer que escrevi, reli, arrumei, mas ainda não se se consegui passar toda a emoção que gostaria nesse capítulo. Não sei se passei muito rápido pelos acontecimentos ou se as palavras foram escolhidas erroneamente. Eu só espero que vocês gostem.

Música do capítulo (depois de muito mudar): West Coast by Lana Del Rey (sim, eu tenho uma playlist só dela para ouvir enquanto escrevo essa fic!)

Capítulo 8 - West Coast


Fanfic / Fanfiction Gods and Monsters - West Coast

Down on the West Coast, they got a sayin’

If you’re not drinkin’, then you’re not playin’ (...)

You push it hard, I pull away, I’m feeling hotter than fire

I guess that no one ever really made me feel that much higher

O chão duro havia se chocado fortemente contra suas costas, fazendo-a perder o ar por alguns segundos. Sentia todo o seu corpo ser prensado e olhou para cima, apenas para encontrar os malditos orbes verde-mar. Perto demais. Podia sentir o hálito quente contra seu rosto, o tórax musculoso apertando seus seios, o volume em sua pélvis.

Parte de sua mente estava em alerta, tentando fazê-la lembrar do que acontecia ao seu redor, vagamente. Mas, naquele momento, existiam apenas os dois corpos que clamavam por contato. Ah, a porra daqueles lábios. Tudo o que ele queria era acabar com o espaço que restava e matar a saudade daquela pele.

O homem engoliu em seco. Ele estava no comando, prendendo seu corpo contra o piso, poderia dar o primeiro passo, não poderia? Algo dentro de si sabia que ela não resistiria. Conseguia ver as pupilas dilatadas, rodeadas por um fino cinza. Suas respirações estavam entrecortadas.

“Athena!”, a voz de Afrodite se fez ouvir, preocupada. Poseidon rapidamente enlaçou a garota pela cintura e a puxou para cima, junto dele.

“Você está bem?”, perguntou ele, baixinho.

A loira apenas assentiu lentamente, como que acordando de um transe. Afrodite chegou, aflita, e fez questão de examinar cada centímetro da prima, temendo pelo pior. Quando viu que não havia acontecido nada, apertou-a num abraço desesperado.

“Estou bem, Afrodite!”, Athena sorriu. “Desviamos bem a tempo. Fique tranquila, sim?”

“Tranquila? Athena, é o meu primeiro dia de volta e você já foi quase morta! Na sua própria casa!”, ela chacoalhou a loira pelos braços, que apenas revirou os olhos.

“Ei, priminha, você sabe como é a vida dessa família. Uma montanha-russa diária.”

No tempo que levou para Afrodite correr e interrogar Athena, Poseidon pôde ver os últimos convidados saindo apressados pelo hall, apertando-se para chegar à porta. Seus olhos então pousaram em Ares, que esperneava, sendo contido pelos irmãos mais novos.

Zeus andava de um lado para o outro, possesso, passando a mão pelos cabelos, enquanto a outra segurava a arma do filho, trêmula. Ele estava a ponto de perder o controle.

“Zeus?”, arriscou Poseidon.

“O quê?”, grunhiu o irmão.

O irmão mais novo estava com aquela cara que o homem chegava a odiar. Quando Zeus o olhava daquela forma, era quando Poseidon mais se sentia excluído da família, quando mais culpava o pai por casá-lo com Anfitrite e mandá-lo para longe. Era como se ele não tivesse direito nenhum de fazer parte daquilo.

“Não faça nada precipitado.”

“Precipitado?” Zeus riu, sem humor. “Eu acho que depois de ter esperado tanto tempo para lidar com esse moleque, eu não estou sendo precipitado porra nenhuma!”

Os olhos azuis penetrantes estavam agora inundados de fúria, enquanto a arma apontava perigosamente para o filho mais velho. Ares havia parado de se debater e olhava ao redor, assustado, temendo pelo temperamento explosivo do pai.

Athena chamou a atenção de todos quando gritou e correu até perto do sarcófago, sendo auxiliada por Ártemis. Por entre as duas era possível ver uma cabeleira castanha esparramada pelo chão, macabramente coberta por sangue.

“Ela deve ter batido a cabeça quando nos empurramos!” Aquilo fez com que Zeus se acalmasse e viesse rapidamente checar como estava sua esposa. O homem suspirou quando viu não ser nada muito grave.

“Talvez seja melhor a levarmos para um hospital?”, perguntou a mais nova, o semblante preocupado. “Acho que ela precisa de pontos.”

“E vamos dizer o quê? Que ela bateu a cabeça durante um tiroteio no meio do velório de um corpo que nem era para estar no país?”, perguntou Dionísio, irônico. Ártemis revirou os olhos, voltando-se para a mãe e alisando seus cabelos.

Zeus, novamente com sua postura imponente, caminhou até os filhos e deu a volta, atingindo o mais velho com uma coronhada na nuca. Parecia que até seus passos eram estratégicos. O movimento de seu braço foi tão rápido e repentino que não deu tempo de ninguém protestar. Ares já desfalecia nos braços dos irmãos, que olhavam assustados para o pai, quando os outros conseguiram processar o que havia acontecido.

“Ah, vão para a puta que o pariu! Ele ainda está vivo!”, gritou Zeus, jogando a arma para Hermes, que quase a derrubou, perturbado. Em seguida, o homem se aproximou e pegou Hera delicadamente no colo. “Alguém leve Ares para o quarto e se certifique de que não há mais ninguém na casa. A festa está encerrada.”

O contraste de suas ações com Hera e com o resto era gritante. Zeus conseguia ser o marido mais carinhoso e protetor do mundo, ao mesmo tempo que eliminava qualquer um que ousasse entrar em seu caminho à sangue frio. Athena engoliu em seco com o pensamento. Nem ela podia antecipar o humor do pai.

Hermes e Dionísio se entreolharam, inquietos, antes de pegarem Ares, cada um por um lado. Poseidon respirou fundo e massageou os olhos. Aquela noite não estava saindo nada direita. E, como se já não bastasse tudo pelo que tinha passado nos últimos dias, a voz irritante que menos gostaria de ouvir chegou até eles.

“POSEIDON!”

O homem apenas olhou para cima, como se quisesse perguntar a Deus o motivo que o ser celestial poderia ter para piorar a situação. Era coisa demais para lidar ao mesmo tempo.

“Poseidon, olhe para mim!”

Athena e Afrodite alternavam o olhar de um para o outro. As coisas não poderiam ficar piores.

Anfitrite batia os saltos novamente. Os cabelos estavam fora do lugar e os braços, cruzados no peito.

“O que pensa que está fazendo?”, ela arqueou as sobrancelhas, irritadiça. “Seu sobrinho maluco entra aqui com uma arma e você nem se dá ao trabalho de proteger a própria esposa? O próprio herdeiro?”

Poseidon respirou fundo e a olhou, calmamente.

“Anfitrite, o que você quer que eu diga?”

“O que eu quero, Poseidon, é que você me explique por que fica sempre atrás dessazinha!”, ela empurrou Athena, que arqueou as sobrancelhas.

“Perdão?”

“Foi por causa dela que tivemos de atravessar o país correndo, foi com ela que você mal chegou aqui e já foi para outro continente, e agora é a ela que você protege!”

Afrodite apertou o braço de Athena. Poseidon estava visivelmente confuso, sem saber o que responder. Tudo o que acontecera, tudo o que fizera fora por seu irmão, por sua família. Athena era apenas um efeito colateral que ele adorava ter por perto. Mas pensar que Anfitrite poderia estar muito mais perto da verdade do que imaginava lhe dava um calafrio na espinha.

“Anfitrite, pare com isso! Era Athena que Ares queria atingir, não você, nem qualquer outra pessoa que estava aqui! Você sempre soube que minha família é tudo para mim e Athena é a herdeira do meu irmão! Ela é, provavelmente, a pessoa mais importante debaixo desse teto!”

O homem sabia que estava indo longe demais, provocando-a desnecessariamente, deixando-a perceber seus reais sentimentos, se assim tentasse.

A mulher o empurrou, já gritando novamente.

“Eu sou sua família, porra! Eu! Caralho, eu estou grávida! Eu tenho um bebê nosso crescendo dentro de mim e você nem se importa!”

Pelo canto do olho, o homem pôde perceber que os sobrinhos já haviam voltado e assistiam a tudo, surpresos. Anfitrite poderia ter lágrimas nos olhos, mas eram de raiva. A mulher não possuía um pingo de compaixão e empatia naquele corpo.

Poseidon mal saiu do lugar com sua investida. Ao invés disso, colocou as mãos nos bolsos, mais calmo do que nunca. Após aquela troca de farpas, juntamente com todas as lembranças que tinha de seu relacionamento conturbado, uma possível verdade o atingiu em cheio, mas não o perturbava nem o surpreendia.

“Anfitrite, quer saber? Quem me garante que esse bebê é meu?”, ele havia abaixado a voz, encarando-a penetrantemente. A mulher abriu a boca, os olhos arregalados.

“Como você pode pensar uma coisa dessa?”

O homem olhou de soslaio para Athena, que mantinha os cinzas intensos voltados em sua direção. Ele não conseguia ler sua expressão, mas se lembrava de suas palavras, ditas um pouco mais cedo.

“Pensando bem... Por que você... não vai para um hotel? Liga para um advogado?”, ele suspirou, fechando os olhos. “E, antes que você diga algo mais, não é pelo bebê, não é porque duvido de você, é por mim. É para eu poder seguir minha vida, do jeito que eu quiser.”

Ela apenas o encarava, em choque, mal podendo acreditar no que estava ouvindo. Em seu íntimo, sempre soubera que aquela viagem seria um desastre. Poseidon, que até então se sentira dando voltas e voltas e sempre parando no mesmo lugar, finalmente encontrara forças para lutar pela própria felicidade, que talvez estivesse lado a lado com um par de olhos cinzentos.

“Do jeito que quiser? E o que isso quer dizer?”

Ele não se deu ao trabalho de responder, apenas continuou encarando a esposa que agora mantinha os punhos cerrados ao lado do corpo. Os outros se entreolharam. Realmente, aquele dia ainda não parecia ter terminado.

“Ok. Acho que todos precisamos de uma bebida...”, disse Dionísio.

“Se quer saber... eu vou aceitar”, respondeu-lhe Athena, sentindo-se meio entorpecida, fazendo surgir sorrisos no rosto de todos.

Hermes chacoalhou as chaves do carro e até mesmo Ártemis começou a se animar. Enquanto todos caminhavam para a porta, deixando a bagunça para trás, Anfitrite se virou e gritou:

“Isso não vai ficar assim! Podem esperar!”

Ao que foi respondida com um “Tchauzinho, querida!” de Afrodite, que apenas abanou a mão, nem se dignando a se virar.

Após uma discussão cômica entre os irmãos, Dionísio foi dirigindo, com Poseidon ao seu lado. Os outros quatro se apertaram no banco de trás, com Ártemis sentada no colo de Afrodite e Athena no meio dela e de Hermes. Pelo retrovisor, podia ver os olhos verdes misteriosos, encarando-a sem pudor. A loira permitiu-se devolver o olhar, ainda sem saber como se sentia quanto ao que havia acabado de ocorrer.

Ele realmente fora em frente com aquilo. Athena havia despejado aquelas palavras sobre o homem, nunca imaginando que fariam efeito. Ainda se lembrava de estar a poucos centímetros de seu corpo, sentindo sua eletricidade, enquanto ele a perguntava se isso faria com que ela voltasse. A garota imaginava se era aquilo que o havia motivado, se era por aquilo que ele agora aguardava.

O clube de Dionísio era uma construção alta, com uma fachada roxa, que possuía todo o segundo andar em vidro. O grupo passou ao longo da fila, atraindo os olhares de quem aguardava para entrar. Dionísio ia na frente, sorrindo e pulando feito uma criança chegando ao parque de diversões. Ártemis e Hermes iam atrás, um empurrando ao outro, felizes por finalmente conhecerem o tão famoso estabelecimento do irmão. Afrodite havia enlaçado os braços em Athena e Poseidon novamente, e sorria de forma marota e suspeita, que fazia a loira revirar os olhos.

A parte de dentro era iluminada por diversas luzes coloridas e um globo espelhado que pendia de uma grossa corrente. A parte do centro era uma lotada pista de dança, enquanto balcões tomavam conta de lados opostos, à frente de prateleiras de vidro, repletas de frascos. Os outros cantos eram cheios de mesinhas redondas e altas. O segundo andar, na realidade, era uma sacada que dava a volta no estabelecimento. Ele havia sido projetado, como dizia Dionísio, para pessoas que gostavam de serem vistas.

Afrodite e Dionísio abriram um sorriso cúmplice. Enquanto ela os arrastava para uma mesa, quase saltitando, ele voltava com uma garrafa de líquido rosa e vários copos.

Athena se sentia um pouco desconfortável. Fazia um tempo desde que saíra à noite e sabia que, assim que começasse a beber, perderia todo e qualquer autocontrole que desenvolvera para esconder seu lado desinibido. Sabia que, depois daquela noite, seus irmãos nunca mais a deixariam em paz.

“Vamos, Athena! Acorda!”, gritou Hermes sobre a música. A loira revirou os olhos, sorrindo.

“Cale a boca, moleque! Você nem tem idade para estar aqui!”

Afrodite deu risada, enquanto já entornava o líquido.

“Hoje nós estamos aqui para fazer você voltar a ser o que era antes, priminha!”, começou ela. “Então pode ir parando de se fazer de responsável!”

Poseidon riu e balançou a cabeça, brincando com a bebida em sua boca. Ele havia se sentado em um banquinho e a encarava intensamente e, naquele momento, Athena soube que estava perdida. Tudo o que havia tentado enterrar por todos aqueles anos estava vindo à tona.

A loira encheu metade do copo e deu um belo gole. A bebida era doce e possuía um traço de gosto de álcool. Merda. Athena poderia beber aquilo como se fosse água, ficando alterada facilmente.

Ártemis dançava timidamente com o copo na mão, de olhos fechados, enquanto Hermes dava risada de algo qualquer. O moleque já estava ficando calibrado.

Afrodite, que já estava no terceiro ou quarto copo, também encheu o da prima.

“Athena, porra, colabora né!”

A loira riu e apenas sorveu todo o líquido enquanto a morena a observava, mandona. Ela continuou a encher seu copo até que Athena já estivesse quase gargalhando enquanto via Afrodite e Dionísio dançarem ao lado da mesa, chamando mais atenção do que deveria.

A outra a puxou pela mão de repente, fazendo com que quase derrubasse a bebida.

“Vamos dançar”, disse ela, sorrindo sugestivamente para Athena. Afrodite a arrastou até a pista de dança, onde se espremia a maioria das pessoas do clube. “Vamos, Atheninha, eu sei que você quer!”

A prima passou a rebolar, enquanto a olhava, ainda sorrindo. A loira sorriu e balançou a cabeça, movimento que a deixou um pouco tonta, dando-se por vencida.

Athena passou a mexer os quadris ao som da música, começando lentamente, levantando os braços e fechando os olhos. Sentiu as mãos delicadas de Afrodite apertando sua cintura, puxando-a para mais perto. Ela sorriu. Sabia o que a morena estava fazendo, mas não a pararia. Naquela noite, ela se deixaria levar e lidaria com as consequências depois. Sentia como se não houvesse nada mais no universo e queria apenas aproveitar alguns momentos longe dos problemas. As mãos desceram para o seu quadril, ajudando-a a se movimentar. Quando abriu os olhos, encontrou os azuis, intensos e penetrantes. Afrodite mordia o lábio inferior enquanto a observava dançar.

“Lembra-se da última vez?”, perguntou ela, num sussurro quase inaudível. Athena sorriu de lado e passou a se mover ainda mais.

“Como eu poderia esquecer?”

A loira abaixou os braços e enlaçou a prima pela cintura, colando seus corpos. A sensação dos seios que se roçavam começava a lhe atiçar. Athena passou os dedos pelo pescoço de Afrodite, tirando os fios que estavam grudados pelo suor que insistia em aparecer. O cheiro doce de seu perfume era embriagante. A morena havia colocado uma mão em sua bunda, apertando levemente, sorrindo, os olhos semicerrados. Athena sabia que o álcool já começara a enevoar seus pensamentos e podia sentir seu íntimo se aflorar, como algo que passava a se libertar.

Enquanto sustentava seu olhar, lambeu seu lábio inferior, mordendo-o em seguida, de leve. Sentiu a morena arfar em seus braços, arrepiando-se, enquanto enroscava a mão em seus cabelos e a puxava para um beijo molhado e intenso, lento no começo. Seu gosto era uma delícia. Apertou-a mais ainda contra o seu corpo, ouvindo-a gemer.

As línguas, já antigas conhecidas, moviam-se com destreza, absorvendo cada toque, cada deslizada. Athena soltou um gemido contra sua boca, praticamente sem ar, enquanto a morena a beijava de modo mais urgente.

Quando se afastou, pôde sentir o sorriso aflorar em seu rosto como uma resposta automática ao sorriso maroto da prima, que voltou a dançar sensualmente, como se nada tivesse acontecido. Assim era a relação das duas... forte, intensa, sem limites ou preocupações morais.

Athena havia voltado a rebolar de olhos fechados quando ouviu a prima rir. Abrindo os olhos, viu-a ao seu lado, encarando um ponto às suas costas.

“Acho que temos uma pequena plateia...”

A loira se virou, sorrindo, e viu que os irmãos haviam parado de dançar e as encaravam, de bocas abertas e olhos arregalados. Athena podia sentir os olhos de Poseidon cravados em sua alma, intensos. Logo que percebeu o flagra, o homem se levantou e se afastou rapidamente, ajeitando as calças, mal escondendo seu volume. Ele havia retirado o smoking e arregaçado as mangas da camisa branca. A garota perdeu o fôlego com a visão.

“Alguém não aguentou o show...”, sussurrou Afrodite, sorrindo de lado.

As duas se aproximaram e se acomodaram em seus assentos novamente, enchendo os copos para mais uma rodada.

Dionísio começava a sorrir, abobado, enquanto Hermes apenas se virou, ainda paralisado no mesmo lugar. Ártemis as encarava, balançando a cabeça e dando risada.

“Eu disse que traríamos Athena de volta”, disse Afrodite, sentindo-se vitoriosa.

“Puta merda”, soltou Hermes, desacreditado.

Athena apenas riu gostosamente da cara do irmão mais novo e revirou os olhos. Talvez no dia seguinte se arrependesse de ter se deixado levar, de ter deixado Afrodite enfiar álcool em seu organismo e se soltar daquela maneira na frente dos outros, mas naquele momento ela apenas queria curtir a sensação que tomava conta de seu corpo. Parecia que estava flutuando, com um sorriso idiota na cara, perguntando-se como fora forte o suficiente para viver por tanto tempo sem tudo aquilo. Sentia-se agradecida pela prima tê-la arrastado até ali, mas sabia que não poderia permitir que suas ideias fossem muito longe. A morena simplesmente não conhecia a palavra limites.

A loira pediu licença, dando a entender que sairia à procura do banheiro. A prima a olhou sugestivamente e, sem som, formou as palavras “Você vai atrás dele?”, com as sobrancelhas levantadas. Athena apenas deu risada.

A garota, um pouco desnorteada pela quantidade de pessoas na pista de dança, pelo álcool em seu sangue e pelas diversas luzes neon coloridas do estabelecimento, não tinha ideia de onde fora parar. Rumou até uma porta escondida, sem conseguir formar um pensamento por completo e ponderar se ali poderia ser um banheiro realmente.

Ela apoiou a mão da maçaneta, um pouco cambaleante, quando ouviu um baque e algumas risadas femininas. Revirou os olhos. Poderia ter todo o álcool possível em seu organismo, mas ainda assim não era tão inconsequente quanto há alguns anos e já não achava nada tentador aquele tipo de comportamento.

Apertada como estava, abriu a porta mesmo assim, ainda com certa esperança. Nesses momentos, o álcool parece diminuir a capacidade de pensar para 0 por hora.

Ao dar um passo para dentro do cubículo, piscando algumas vezes por causa da luz branca e forte, percebeu que as risadas haviam cessado repentinamente.

“Athena.”

A voz rouca murmurou seu nome. Quando sua visão se adaptou, reconheceu na hora aquelas mãos, aqueles braços e, por fim, aqueles olhos. Olhos confusos e suplicantes. Mãos que seguravam alguma garota de cabelos loiros platinados e escorridos contra a parede. O homem prontamente largou quem quer que fosse e começou a abotoar a camisa amarrotada novamente. Uma parte de Athena ficou aliviada em ver que o zíper da calça ainda estava fechado.

A garota, que havia sido esquecida facilmente, parecia irritada, encarando Poseidon com indignação e em seguida passando por Athena como um furacão, batendo em seu ombro. A loira teve de se apoiar no batente para não cair. Ainda estava de saltos e já não possuía tanto equilíbrio. O homem prontamente a segurou, levantando seu queixo para olhá-la nos olhos.

O verde-mar estava inundado em arrependimento e desespero. Athena, em sua súbita lucidez, empurrou Poseidon, retesando o corpo, tentando ficar ereta e apresentável. Não sabia porquê estava agindo daquela maneira. Porra! Porra, Athena. O homem passava as mãos pelos cabelos, tentando encontrar algo para dizer. A garota sabia que qualquer coisa que saísse de seus lábios só tornaria tudo pior. Só confirmaria sua imagem de colecionador de fodas, que não aguentava um rabo de saia em sua frente. Athena só queria poder enfiar as lágrimas que ameaçavam cair para dentro de si novamente, recusando-se a ficar daquele jeito por causa de um ser desprezível.

Caralho. Caralho. Poseidon era seu tio. Era um filho da puta que pensava só com a cabeça de baixo, que desde que chegara só queria saber de tirar sua roupa, ela tinha certeza. Odiava-se por sentir seu corpo reagir ao seu... Aos seus toques, sua respiração, até suas palavras. Porra. Maldito seja o dia em que seus olhos encontraram aquele verde-mar, do outro lado de uma multidão, em um estabelecimento parecido com aquele. Fora o suficiente para sua calcinha ficar molhada e sua mente, desgraçada de vez.

Ele não lhe devia explicações. Poseidon não sabia porque se sentia tão desesperado em explicar toda a situação, que já se explicava por si só. Sabia que Athena deveria estar sentindo um nojo descomunal por ele naquele momento, sabia que todas as esperanças que nutrira por alguma reconciliação havia sido jogada pela janela. Mas caralho! Então por quê, Deus, por quê ambos sentiam aquele aperto desgraçado no peito?

“Poseidon...” A garota engoliu em seco, fechando os olhos por um instante. “Me solte.”

O homem, sem saber o que mais poderia ser feito, afrouxou o aperto em seu braço. Tudo o que ele queria era poder selar seus lábios e lhe demonstrar tudo o que sentia, tudo o que havia sentido por todos aqueles malditos anos desde que a conhecera. Puta merda.

A garota se afastou dele lentamente e desfez o contato visual. Com pressa, emaranhou-se novamente na multidão, segurando as lágrimas que nem sabia porque insistiam em aparecer. Apenas avisaria Afrodite que não estava passando bem e pegaria um táxi para casa. Não era preciso arruinar o resto da noite para eles.

Assim que perdeu os cabelos dourados e volumosos de vista, o homem se encostou na parede e fechou os olhos. Aos poucos, acabou escorregando e se sentando no chão, a cabeça entre as mãos, latejando dolorosamente. Parecia que, quando sua vida iria tomar o rumo certo, ele encontrava um buraco mais fundo para se enfiar. Como podia ser tão estúpido?


Notas Finais


E aí? Pls comentem, tô ansiosa mesmo!


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