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História Gone Home - A Passagem Subterrânea. (Parte 2)


Escrita por: Anagassen

Notas do Autor


HELLOOOO LIROU FRINDIXXX!! <3

Já quero adiantar que esse capítulo foi muito difícil de escrever. E eu espero de verdade que vocês gostem dele. Como prometido, em algum lugar do capítulo terá o nome da Coisa e o da filha favorita do Kim Seong. (E eu quero saber a reação de todo mundo, sério AEHUAEHUAEHUAE)

Quero lembrar que este é o penúltimo capítulo, então cronologicamente o próximo será o último!
Gostaria de fazer umas indicações de músicas para vocês ouvirem lendo o capítulo (Eu escutei essas enquanto escrevi. E inclusive, quase morri do coração porque quando foi passar de uma pra outra na playlist começou a tocar a música do suco tang super alto... SE VOCÊS NÃO TIVESSEM CAPÍTULO HOJE SERIA POR CULPA DO SUCO TANG QUE TENTOU MATAR A AUTORA /modo drama: OFF)

Aqui as músicas:

Layers Of Fear Soundtrack - Epilogue Theme
Layers Of Fear Soundtrack - Paintings on the Wall
Layers Of Fear Soundtrack - Main Theme (feat. Penelopa Wilmann-Szynalik)
Layers Of Fear Soundtrack - Main Theme (Piano)

As OST’s desse jogo são maravilhosas, viu? E o jogo também (Não, não me inspirei nele) SUPER RECOMENDO!!!
E caso vocês estejam com preguiça de procurar um de cada vez, então procurem por: Layers of Fear OST que vai ter algum link com todas as músicas.

Sei que disse que talvez só postasse o capítulo no domingo, mas como disse para algumas pessoas: Tô aqui virada na gripe.

Alternei meus dias entre escrever esse capítulo, ver o mundial de LoL e morrer de gripe AEHUAEUHAEHUAEUHAEHU
Não corrigi o capítulo como de costume, então tentem não se prender a erros de digitação!
Uma boa leitura! <3

Capítulo 13 - A Passagem Subterrânea. (Parte 2)


Jessica podia ouvir os gritos bem próximos a si, sentia calafrios e acabava por soar frio devido ao ambiente. Segurava com força o lençol velho, sentindo uma dormência estranha na maior parte do corpo. Os olhos estavam fechados e a moça tinha o queixo trêmulo. Ouviu uma porta se fechar com força. Tanta força que tirou a moça de seu estado inconsciente. A loira lentamente abrira seus olhos, estranhando a falta de luz e respirando com grande dificuldade. Piscou em confusão ao perceber que os gritos saíam dos dutos de ar e não estavam tão perto. Sentou-se sobre o colchão velho e duro, largando finalmente o lençol e coçando os olhos. Nem a mochila o mapa estavam por perto. Somente sua lanterna e seu casaco estavam próximos a velha porta de madeira. Jessica não fazia ideia de como tinha parado ali.

Levantou-se com grande dificuldade, mas acabou por cair de joelhos em frente a lanterna, ligando-a rapidamente e tendo de segurar um grito em horror ao perceber dois grilhões bem ao seu lado. Observou todo o pequeno ambiente e constatou que se tratava de um quarto de uma prisão. Se levantou com a ajuda de uma pedra pontiaguda na parede, olhando fixamente para a porta cheia de grades e de metal enferrujado. Alcançou seu casaco no chão e o colocou. Não que estivesse com frio em um leve momento de adrenalina, mas era muito mais seguro se por um acaso esbarrasse em algo cortante. Puxou a porta e notou-a abrir com facilidade. Jessica não sabia se estava feliz ou triste com aquilo...

Arrastou-se para fora do quarto e encostou-se a uma das paredes, passando a luz da lanterna por todo o corredor e notando que ambos os lados eram enormes e não pareciam ter fim. Estaria em outro sonho ou memória? Torcia para que sim. Não que duvidasse do poder de Kim Seong, mas era um tanto quanto surreal que ele tivesse descido tudo aquilo a segurando.

Encontrava-se com uma leve dificuldade de deixar seus olhos abertos, sua nuca doía bastante e a loira não estava sabendo lidar com a tontura. E ainda sim fora se arrastando para a esquerda.

Só conseguia pensar em um único nome que poderia lhe trazer uma luz no momento:

Coisa.

Já fazia um bom tempo desde que sua Kim favorita sumira e isso preocupava Jessica em demasiado. Assim como o fato do walk talk ter sumido após o seu desmaio... Aquilo era estranho. Ele já estava esperando que Jessica fosse descer? E como descobrira que a farsa da falta da Jessica e viera atrás da loira? Eram duas questões que lhe assombravam, assim como o fato de não ter atacado Seohyun e Taeyeon antes de vir atrás de si.

O pior de estar sem o mapa, era que Jessica já tinha perdido a noção de onde podia estar. Vir pela escada lhe dava uma leve noção, mas parecia em uma ala muito distante. Ouvia sussurros e vez ou outro via alguns vultos. Achava que tudo aquilo era de sua mente, então tentava ignorar. O mais assustador era ver que as celas tinham nomes em plaquinhas em cima das portas. Na sua porta não havia uma plaquinha... E nem mesmo parecia ser realmente habitado por alguém. Abrira uma das portas, piscando em confusão. Cama, correntes, grilhões e alguns ossos. Não tivera bons pressentimentos com aquilo, portanto escolheu por ficar do lado de fora mesmo. Principalmente por aqueles ossos...

Porém, no fundo daquele quarto havia algo marcado na parede. Como se tivesse sido escrito com unhas ou algo mais forte para marcar a parede. Jessica tentou ler da porta mesmo, semicerrando seus olhos e dando alguns passos para trás.

Não olhe nos olhos dele.

Engolira em seco e nem mesmo retornou para ler uma segunda vez. Jessica já tinha feito aquilo algumas vezes... Ouvira um barulho suspeito no fim do corredor e decidiu por investigar mesmo assim. Do jeito que estava... Nem mesmo correr era aconselhado.

Uma risadinha atrás de si lhe fizera tremer da cabeça aos pés, virou-se rapidamente e notou uma pessoa no fim do corredor.

Vestido branco,

Cabelos escuros a lhe tampar o belo rosto,

Pés descalços e nitidamente machucados,

E um sorriso divertido a lhe estampar os lábios.

COISA!

Jessica tentou correr até a garota, tropeçando no meio do caminho e dando com a cara no chão. Fitou-a se aproximar lentamente, tendo a cabeça pendida para o lado e os braços tampados para o enorme vestido. A garota fitou-a do chão mesmo e esperou-a correr de si como sempre, mas daquela vez fora diferente. A jovem se aproximou da Jung mais velha e sentou-se ao seu lado. Acariciou-lhe os cabelos loiros e cantarolou uma canção de ninar qualquer.

– Você costumava cantar quando eu tinha medo dos trovões... – A voz baixa e rouca se fizera presente, deixando Jessica extasiada. Não era a Coisa... Definitivamente não. – Você me dizia que eu tinha de ser forte e não temê-los, que eu devia...

– A-apreciá-los. – Completou com a voz trêmula. A luz da lanterna iluminava o belo rosto que apesar de pálido parecia muito bem.

– Então porque teme a morte, querida irmã? – Passou com a ponta dos dedos nas bochechas da mais velha. Jessica estava deitada com a barriga para cima e com a cabeça no colo alheio. – Qual seria o sentido da vida senão a morte? – A voz de Tiffany ficava sombria devido a tonalidade e o olhar frio.

– Eu morri? – Deixou a boca entreaberta e fitou o rosto machucado da mais nova.

– Não... Mas até hoje ninguém que desceu aqui saiu vivo. Nem mesmo... Ele. – Dera um leve sorriso e olhou para o lado do corredor onde a irmã viera correndo.

– Você...

– Ainda não.

– Por que ainda não? – A voz saíra fraca e os olhos marejaram.

– Já não há mais tempo para a minha pessoa, querida irmã. São questão de horas até que o meu corpo não aguente mais a ausência da alma e finalmente ceda. – Explicou com grande calma, passando a calma toda pelo rosto da irmã. – E às vezes temos de nos sacrificar para salvar alguém que amamos muito.

– Onde... Eu tenho que ir para conseguir lhe libertar? – A loira indagou baixo.

– Ele tem um lugar especial para a minha pessoa... Assim como tinha para com a Coisa. Somos as coadjuvantes do seu circo de horrores. – Tiffany já não tinha mais o mesmo brilho nos olhos como antes.

– E quem é a estrela?

– Você. – Ambas se mantiveram caladas por um tempo devido a resposta de Tiffany, tendo a mais velha a suspirar pesadamente e a mais nova a lhe fitar fixamente.

– Onde eu tenho que ir e o que tenho de fazer para conseguir libertar... Vocês duas? – Jessica mudou um pouco a pergunta, tendo de uma seriedade diferente da comum.

– Ache a filha dele. – Tiffany sussurrou para a irmã, sorrindo ao perceber a sonolência da mesma. – Ele tirou parte das suas energias... Você vai apagar durante alguns minutos e vai acordar bem. Ao menos do jeito que estava antes de achar a passagem... – Dera de ombros. – Não acredite em falsos dizeres, minha irmã. Você é a única que pode nos libertar.

E Jessica nem mesmo tivera tempo de formular uma resposta, sua visão ficou embaçada e nem mesmo os gritos e sussurros alheios conseguira ouvir. Demorou um pouco até voltar a si e ouvir passos não muito longe de si. Tiffany já não estava mais com ela, mas definitivamente se o foco da irmã era fazer a loira se conscientizar de que teria de ser rápida... Então conseguira. Levantou-se já com mais energia, pegando sua lanterna no chão e indo desta vez na direção em que a Jung caçula viera. As vozes ecoavam tão próximas de si que Jessica podia até mesmo sentir as respirações ofegantes das tais pessoas.

A filha problemática!

Ela era doente!

Ela nem mesmo podia ficar exposta a luz do sol!

Nem sequer abriram o caixão!

Dizem que ela caiu dura feito pedra!

Tão nova... Por que ele não a deixa sair?

– Coi... Coisa? – Jessica indagara baixinho para si mesma.

Há um boato de uma das meninas já reencarnou.

Será que ela retornará?

Ela há de voltar para soltar todos nós!

A Escolhida! É ela!

– Há mais fantasmas aqui? – E com a pergunta que Jessica não conseguiu segurar, as vozes se calaram, a loira podia somente ouvi-los tentar trancar a respiração. Só que isso não durou lá muito tempo.

A nova... A nova moradora está aqui.

Quanto tempo ela vai durar?

Se ela já está aqui embaixo já está encaminhada para a morte.

Será que é a menina que costumava descer aqui?

Ela já não morreu?

Qual era o nome dela?

Tiffany!

Nós sempre soubemos que você iria voltar, jovem Jung!

– Falsidade Tour... – A loira sussurrou com a testa franzida.

TIFFANY! É VOCÊ?

– SOU EU NÃO! – Jessica saiu correndo após ouvir alguns passos atrás de si.

Se afastou até o ponto onde aqueles dutos de ar não estivessem conectados para ouvir que a moça pudesse ouvir seja lá quem for. E o passos, definitivamente não pararam. Olhava para trás vez ou outra só para ter certeza se não estava sendo realmente seguida. Ignorava uma dica importantíssima de sua irmã, que era justamente o que mais fazia no momento. Era muito melhor ter a certeza de que ele estava ali, do que apenas uma sensação. Se lá em cima na mansão Jessica já podia senti-lo como dono do espaço, no subsolo era deveras pior. Todas as portas que tentava abrir notava que precisaria de uma chave. E a loira sabia da existência de uma sala das chaves naquele local. O seu foco mesmo era achar a sua mochila e o mapa. Ao mesmo tempo que muito por ser um lugar depressivo pela presença de tantas almas sem rumo, eis que Jessica sentia uma leve pontada de paz.

Conseguia sentir a presença de Tiffany, mesmo que esta estivesse completamente diferente do que um dia conhecera. Podia ouvir alguém ofegante não muito longe de si, o que era assustador. Virou-se para o lado em que viera, continuando seu caminho andando para trás e completamente ligada. Se algum fantasma estava a lhe perseguir, então ela iria descobrir. Uma hora ou outra teria de se mostrar. Parou somente quando sentira as costas baterem em uma parede dura e gélida. Constatou que aquele lugar tinha fim, mas que não era nada fácil de se locomover.

No mapa havia uma grande divisória entre as celas, as salas vistas como normais, o “quarto” da Coisa e a sala das chaves. Só que a parte entre as celas era verdadeiramente grande, coisa com um ou dois andares de diferença. Suspeitava de que a mansão havia sido construída em cima de algum presídio soterrado. Era estranho... Quiçá o próprio Farmacêutico tivesse escolhido o local a dedo. Só tinha um leve conhecimento da história da casa na época de Kim Seong, o antes e o depois ainda eram uma incógnita. Jessica apontou a lanterna em duas portas, percebendo uma delas levemente aberta. Abriu-a e a adentrou com cuidado. Notou uma cama em um lado da cela e algumas pedras soltas no outro. Franziu o cenho estranhando aquilo. Não havia buraco algum nas paredes. Limitou-se em apenas balançar a cabeça em negação e retornar ao corredor.

Trancou a respiração no mesmo instante. As tochas nas paredes estavam acesas e no fim do corredor uma figura muito bem vestida a observava. E desta vez... Ele a fitava do mesmo jeito que fitava Tiffany nas últimas memórias da irmã caçula. As tochas se apagaram após um leve estrondo. Jessica apenas segurou com firmeza a lanterna, tendo o corpo todo a tremer. Já havia visto aquele filme e as coisas nunca terminavam bem quando o ser maligno se encontrava no fim do corredor e as luzes apagavam. A loira até mesmo estava esperando o ponto onde as tochas se...

Reascenderiam. E acontecera! Desta vez a entidade estava na altura da porta seguinte, fitando-a da mesma forma, nitidamente como se afirmasse que Jessica era a presa da vez.

– Você acha isso engraçado? – Até poderia ter proclamado a sua morte com aquela indagação ao qual não conseguira segurar, mas o olhar da jovem Jung era severo.

E com um sorriso quase imperceptível do homem, eis que as tochas novamente se apagaram.

– Um... – Pudera ouvir a risada deste no mesmo ponto onde o vira pela última vez. – Dois... – Engolira em seco quando a luz de sua lanterna se apagou. – Três... – O fogo voltou a fluir nas tochas, mas desta vez nada havia no gigantesco corredor. Fizera questão de se encostar a parede novamente para ter da certeza que não seria covardemente atacada pelas costas. Tentava processar um meio de saída rápido para não ser pega assim de primeira. Ele podia ser esperto, mas ela também era. – Eu sei que você ainda está aí. – Arqueou a sobrancelha direita. – Você se acha esperto... Mas eu sou mais. – Eis que a escuridão novamente tomou o local, mas desta vez, quando as tochas novamente foram reascendidas e Kim Seong estava a três metros de onde Jessica antes se encontrava... Fora justamente a loira quem sumira. O ser fitou a porta entreaberta e não conseguiu segurar um sorriso de se arrepiar até o último fio de cabelo. Abriu-a lentamente e rira pela respiração. Tudo estava exatamente no local onde deveria estar. Adentrou a cela e observou até mesmo as pedras no canto da parede. Tocou com sutileza o colchão velho da cama e sentou-se ali mesmo, ainda fitando as pedras.

Pouco imaginava que logo abaixo da velha cama havia um buraco enorme e que aquelas pedras do canto da parede antes serviam como chão. Jessica se encontrava deitada no túnel de tamanho mediano e tampando a boca com as duas mãos. Segurava a respiração e mantinha os olhos e os ouvidos bem atentos a tudo o que o homem fazia no quarto. Ele sabia que ela estava ali e ela tinha toda a consciência daquilo. Porém, provavelmente não sabia sobre aquele pequeno túnel.

Após notar que a moça não iria sair de onde quer que estivesse, o Farmacêutico se levantou e naturalmente saiu do quarto. Para o velho Senhor... Uma hora ou outra Jessica iria reaparecer. E a loira ainda esperou dois minutos para poder finalmente ligar a lanterna e posicionar-se melhormente sobre o chão úmido. Estava levemente inclinado, então era provável que levasse ao outro andar. Jessica tinha de engatinhar segurando a lanterna com a boca, mas não se importou muito com aquilo. Sabia que toda a atenção de seu pior inimigo estava em si, então provavelmente Tiffany poderia vagar em paz por aqueles corredores. O seu maior receio, nem mesmo estava consigo, já que conseguiu driblar Kim Seong com maestria. Porém, a ausência da Coisa lhe deixava aflita. Não entendia porque até tinha empatia por aquela garota, talvez por toda a negligência sofrida pela mesma, mas Jessica não tinha certeza. Observou que o fim do túnel dava em uma parede ainda tampada com pedras. Tentou empurrar com a palma da mão, mas notou que o túnel não estava tão bem desenvolvido. Deitou-se sobre o chão novamente e começara a chutar a parede com força, ouvindo-a e a sentindo ceder mais e mais a cada chute bem dado. Apenas parou quando finalmente viu um espaço variável que conseguiria passar. E assim o fizera.

Colocou a lanterna no chão e limpou a própria roupa, arregalando seus olhos logo em seguida ao literalmente esbarrar em um interruptor. Passou a ponta dos dedos pelo menos e notou uma certa quantidade de poeira, mas ligou as luzes mesmo assim. Era assustador o fato de que elas ainda funcionassem. Franzira o cenho curiosa com aquele fato. O andar de cima, que era mais provável que tivesse uma iluminação mínima nada tinha além de tochas. E este, claramente iluminado com enormes luminárias. E era um andar até mais organizado. Parecia muito mais possível de moradia do que o outro. Jessica desligou a lanterna e parou para observar o enorme corredor. Havia um enorme tapete antigo e as portas eram de uma madeira menos envelhecida.

Aquele local não condizia com o andar acima. Ali claramente viveu uma pessoa. Ou várias...

E fora uma porta no meio do corredor lhe chamou bastante a atenção. Jessica abriu-a sem a necessidade de uma chave, o que lhe deixou tanto aliviada como em alerta. Ligou a luz pelo interruptor e ficou boquiaberta com a visão do luxuoso quarto. Definitivamente alguém vivera ali! Adentrou-o com passos silenciosos, notando um enorme armário, uma cama de casal, um tapete, um lustre, uma cadeira e uma mesa de estudos. Vários livros acoplavam a bela estante. Quiçá Kim Seong não tivesse falecido na data afirmada pela população. Jessica quase soltou um grito alto ao perceber seu walk talk em cima da mesa.

 

--

Já no sótão a situação não era das melhores. Duas mulheres de gênio difícil tendo de se aturar e ambas preocupadas com pessoas diferentes. Em um canto do sótão Seohyun estava sentada com o walk talk na mão, somente fitando o casal no outro lado do cômodo. Taeyeon estava sentada com as pernas esticadas e com Tiffany, ainda em seu estado de profundo sono, deitada com a cabeça em seu ombro. Taeyeon, ao contrário da Gerente, fitava a pequena saída. O silêncio predominava naquela sala há mais de uma hora, pois a baixinha ainda tentou acordar Tiffany de todas as formas possíveis até aceitar que Jessica e sua hipótese estavam corretas.

– Já faz quase duas horas e ela ainda não deu um sinal de vida. – Seohyun quebrou o longo silêncio com sua falsa calmaria. – E não responde o walk talk.

– Temos que conviver com a possibilidade de que o capeta possa ter chegado nela. – Taeyeon arqueou a sobrancelha. – Eu sei o que você está pensando... – Rira pela respiração. – Quer descer lá e bancar a heroína, não é?

– Melhor do que ficar aqui sentada esperando. – O tom de voz da Gerente era deveras frio.

– Não é nada prudente isso.

– Como se ficar em uma mansão abandonada por dias sozinha lutando contra alguém muito mais forte do que você... Fosse realmente prudente.

– Ohhh... Estamos discutindo sobre prudência e quem aqui é mais sã? Tudo por causa da Princesinha que quis bancar a boazona e que deve ter sido pega lá pra baixo? – Taeyeon dera um sorriso de canto irritante. Porém, ambas foram caladas pela terceira voz que se fizera presente.

Tem alguém aí?

– Jessica? – Taeyeon respondera antes da Gerente, mesmo que esta estivesse com o walk talk em mãos e tendo apertado o botão.

Não! Papai Noel! – Respondera ironicamente a loira pelo walk talk.

– É ela mesma. – Taeyeon dera de ombros.

– O que aconteceu? Como você está? – Seohyun dera um leve sorriso. – Nunca mais faça isso!

Fazer isso o quê?

– Sumir assim, Jessica! – A jovem Gerente rolou os olhos como se fosse uma pergunta óbvia.

Quando a entidade do mal rouba o walk talk da gente fica difícil dar notícias, sabe?

– Ele roubou seu walk talk? – Taeyeon arregalou os olhos.

Ele me apagou antes mesmo que eu conseguisse começar a descer as escadas. – Explicou baixo. – Eu estou bem, pelo menos ainda. Ele pegou o walk talk, a mochila e o mapa que eu achei antes de descer... Tá difícil aqui, sabe? Estou me guiando pelo o que me lembro do mapa.

– Você quer que eu desça aí e lhe encontre? – Seohyun indagara rapidamente.

Não! Definitivamente não! – Jessica prontamente respondera. – Esse lugar é horrível, nunca passou pela minha mente que poderia existir um local assim embaixo dessa casa.

– Como é esse local? – A baixinha parecia pensativa.

Parece uma prisão, não sei... Algo parecido com uma masmorra.

– Não pode ser... – Taeyeon piscou em confusão, balançando a cabeça em negação.

Explique-se.

– Existia mesmo uma prisão antes dessa mansão. – Coçou a nuca. – Meu avô dizia que a demoliram um ano antes da construção dessa casa, mas... Não é possível que uma construção esteja em cima de outra.

Bem, tanto é como já constato que a demolição foi que nem a cara deles, não é mesmo?

– É sim. – Seohyun rira pela respiração. – Então basicamente demoliram os andares debaixo e o resto afundou? É isso?

Esse cara... O Farmacêutico, ele foi muito espero. – Jessica suspirou pesadamente.

– Não foi ele quem comprou a casa, no caso a construiu. Foi o pai dele. – Taeyeon explicou.

Sim, mas sabe-se lá quem começou a fazer o uso dessa porcaria aqui de baixo! – A loira naturalmente retrucou e bufou impaciente. – Não importa! Só sei que ele manteve mais pessoas presas e torturou mais gente aqui embaixo. A Coisa não foi um caso a parte.

– Nossa... Os antigos moradores. – A mais jovem estava estupefata com as histórias que se lembrava. – Alguns sumiram, outros foram embora após os sumiços...

Tá, baixinha... Tu tá me dizendo que eu estou aqui no andar do subsolo presa com um assassino de inquilinos?

– Sim...

Puta merda!

– Jessica... Você está perto de achar? – Seohyun se meteu novamente na conversa.

Olha, tem iluminação mesmo no local onde me encontro. Tipo... De verdade! São dois andares pelo o que me recordo no mapa, só não morri no andar mais próximo a superfície porque dei uma driblada no fantasma safado, caso contrário já teria me ferrado. E bem... Nesse andar mais profundo parece que foi habitado até pouco tempo. Quando me falaram que o caixão estava vazio, eu até esperava algo assim... Mas não nesse nível. Aquela velha lá, a vizinha! Ela devia estar ajudando ele a sobreviver por aqui, porque não é possível, gente!

– Há quanto tempo será que ele morreu?

– Se é... Que ele morreu. – O silêncio predominou a conversa por poucos instantes.

Vou desligar, quando eu constatar mais- – A mensagem foi cortada no mesmo instante e as moças arregalaram os olhos.

– Jessica! – Seohyun exclamou uma última vez, mas Taeyeon rapidamente sinalizou para que a mesma se calasse. Poderiam colocar Jessica em maus lençóis. E se é que já não estava...

--

A moça tentava a todo custo acalmar sua respiração, segurando-se em meio ao silêncio para não ser notada. Estava dentro de um armário velho e observava-o pela fresta. Fora por um triz que Jessica não fora descoberta por ali! Deixou o walk talk correndo mesmo local e se trancou no armário ao ouvi-lo se aproximar pelo corredor. O homem segurava um aglomerado de chaves e parecia analisar bem a situação do quarto. E talvez por acreditar que Jessica já estivesse mais adiantada, eis que o homem ignorou o walk talk e saiu do quarto, desligando a luz e deixando a porta aberta mesmo. A loira se indagava bastante se ele não estava a esperando do lado de fora. E apesar da falta de coragem, saiu do armário, tomou seu walk talk de volta e lentamente se encaminhou para sair do quarto. Franziu o cenho ao lembrar-se de algo. Aquele era o andar mais profundo... Como nas memórias da garotinha. E como a escada era menor na visão, então aquilo deveria ser o fim do andar. Estava no local certo! Dera um leve sorriso e apressou-se para alcançar o que deveria ser o começo do andar.

– Ok... – Massageou as têmporas e respirou fundo. – Qual era o caminho? – Tentou forçar a memória. – Direita... – Voltou ao menos corredor de antes, mas desta vez virou para a esquerda. – Esquerda, como agora fiz... Direita novamente. – Engolira em seco. – Uma delas repetia... Então deve ser a Direita. – Parou na última “encruzilhada”. – E agora mudava! Esquerda! – Suspirou em alívio.

Continuou o caminho ao qual se lembrava, parando no meio ao avistar uma porta entreaberta. E desta vez, por ter a certeza absoluta de que estava sozinha, pois notou o inimigo se dirigir ao lado contrário ainda quando estava trancada no armário. Seria aquela a sala das chaves? Pouco se importou com as que faltavam, tomou todas as chaves e sorriu largo ao ver sua mochila encostada em um canto. Faltava-lhe um mapa, mas tudo bem. Jogou todas as chaves para dentro da mochila e a colocou nas costas, saindo cuidadosamente da sala e retornando ao seu caminho. Quando achou a pequena escada de pedras, suspirou em alívio. Era provável que finalmente achasse a Coisa. Por ser uma fechadura diferente, Jessica não tardou a achar a chave correta para abrir o que costumava ser o quarto da já falecida Coisa. Empurrou a porta sem medo, sem receios! Aquele deveria ser o momento exato em que a reencontraria, acharia com a ajuda de Coisa o local onde ele aprisionou as almas, soltaria todos e tudo ficaria bem.

Era um bom plano.

Seus pensamentos eram os melhores possíveis.

Era uma mulher decidida.

Era.

Jessica ficou estática rente a porta aberta. A mão lentamente se abriu e a lanterna caíra. A sala estava bem iluminada, ou ao menos o suficiente para que a moça pudesse ver com os próprios olhos. Não acreditaria naquilo se qualquer pessoa tivesse lhe dito.

– Não... – Murmurou baixinho a desconcertada Jessica, que se encontrava mais pálida que o comum. Não pudera impedir seus olhos de marejarem e tão pouco de suas pernas fraquejarem. Tentou se manter de pé, mas era difícil. O choque era enorme... E a dor era muito maior do achou que seria. Já imaginava aquele desfecho de alguma forma, mas nem mesmo em seus piores pesadelos levantou a possibilidade que encontraria seus pais sem vida dentro daquele cômodo. Lentamente começou a caminhar, deixando algumas lágrimas a escorrerem pelo seu belo rosto. Ambos estavam sentados, cada um em uma ponta de um altar. As cabeças estavam baixas, mas pelo sangue seco e o cheiro terrível vindo dos mesmos... Eles já estavam assim há dias. Jessica fechou os seus olhos com força e mordeu o lábio inferior. Não era o momento correto para desabar.

Abrira seus olhos lentamente, fitando o chão e demorando até perceber uma foto rente aos seus pés. Só que não era uma foto qualquer. Era uma foto antiga, daquelas que eram reveladas na mesma hora. Abaixou-se para pegar a foto, olhando-a fixamente e deixando uma risada baixa, porém incrédula. Pela primeira vez viu uma foto onde o rosto da filha favorita não estivesse cortado ou borrado. Era a Coisa e a filha favorita em uma espécie de selfie. Virou a foto e observou dois nomes. Coçou a bochecha e lera atentamente o que deveria pertencer a falecida Coisa, pois parecia ser um presente pelos dizeres.

 – Para a minha querida irmã... – Jessica engolira em seco um pouco desnorteada. – Soojung. – Fora então o momento em que levantou a cabeça, arregalando os olhos e soltando um grito em enorme pavor. Aquele sim era o definitivamente o pior susto em toda a sua vida. Jessica gritava alto, gritava com toda a força em seus pulmões. Se antes já estava pálida, então agora já estava igual ao Gasparzinho!

Demorou até finalmente notar o corpo sobre o altar. Haviam velas já derretidas e flores murchas em volta daquele cadáver tão preservado com o tempo. Kim Seong possivelmente havia usado de todo o seu conhecimento em química para fazer com que nem o tempo fosse capaz de deteriorar o corpo de sua filha.

Fora naquele mesmo instante que Jessica entendeu porque achou o rosto da Coisa, ou Soojung, tão conhecido. E não foi atoa que demorou para processar de onde conhecia Kim Soojung e quem a mesma lhe lembrava.

Lembrava-lhe ela mesma.

Sentira seus ombros serem apertados e parecia que Jessica havia perdido toda a força em seu corpo. Tremia bastante e suava frio. Não tinha uma reação exata e pouco se importou em virar para trás e descobrir quem lhe segurava.

Ela já sabia.

– Finalmente... – Falou o homem com sua tonalidade desta vez... Carinhosa. E a mesma palavra poderia definir o jeito que o Farmacêutico lhe segurava os ombros – Eu esperei tanto por este momento! – Exclamara emocionado, o que assustava muito mais a ainda paralisada Jessica. – Eu sempre soube que você retornaria, Sooyeon! 


Notas Finais


ATÉ A PRÓXIMA, LIROU FRIENDIXX!!


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