Desembarcamos no aeroporto de Seoul e pegamos um táxi para irmos para casa. Parei na minha casa primeiro, já que eu tinha muita coisa para organizar, enquanto o Tae seguiu para o seu apartamento.
— Meu filho. – Minha mãe veio toda sorridente para me abraçar.
— Ei mãe, que saudades. – Retribuí o abraço.
— Você engordou. – Ela brincou. – E está mais moreno.
— Me ama menos por conta disso? – Perguntei com humor.
— De jeito nenhum. Seu bobo. – A mais velha me ajudou a subir com as malas e as colocou num canto do meu quarto. – Depois você coloca tudo num cesto, que eu vou lavar para você.
— Obrigado. – Sorri.
— Então, me conta como foi? Quero saber de tudo. – Ela segurou minha mão e fitou a aliança. – Quero saber detalhes sobre esse noivado. Como foi o pedido? Foi romântico? Onde foi? Quero saber de tudo o que fizeram. – Engoli em seco. – Usaram camisinha?
— MÃE? – Berrei.
— Desculpa, me escapuliu. – Ela tampou a boca e sorriu. – Mas eu ainda quero saber das demais coisas. Vamos descer, vou preparar um macarrão com almôndegas, aí você me conta.
— Tudo bem. – Segurei sua mão e saímos na direção da cozinha. – Nada melhor que uma receita da vovó, não é mesmo?
— É claro.
— Onde está meu pai?
— Trabalhando, meu filho. Hoje estou de folga para te receber.
— Sempre doce. – Lhe dei um beijo na bochecha e fui ajudá-la a fazer o macarrão.
**
KIM TAEHYUNG ON
O táxi me deixou na porta do meu prédio e eu precisei da ajuda do porteiro para subir com minhas malas.
— Fiquei sabendo que vai se casar, Senhor Kim. – Ele disse quando entramos no elevador.
— Sem essa de Senhor Kim. Continuo sendo o mesmo Tae de sempre. – Sorri. – E sim, vou me casar.
— Parabéns. Espero que seja feliz.
— Obrigado, Kwon.
Chegamos no meu andar e eu puxei as malas pelo corredor, liberando Kwon para voltar ao trabalho, antes que alguém reclamasse que ele havia desaparecido.
Abri a porta do apartamento e inalei aquele cheiro familiar, que eu estava com saudades.
— Lar doce lar. – Cantarolei.
— Tae? – Ouvi minha mãe chamando, antes de sair da cozinha com luvas e aventais de cozinheiro.
— Mãe? O que está fazendo em casa a essa hora e... assim? – Apontei para ela.
— Estamos cozinhando. – Ela sorriu e veio me dar um abraço.
— Estamos? A senhora e quem mais? – Perguntei, caminhando na direção da cozinha e encontrando meu pai montando uma lasanha e a Chaelin fazendo suflê de morango.
— Tae? – A loira veio correndo e me abraçou, sendo seguida por meu pai.
— Ah, oi, Chae. – Sorri sem graça.
— Estávamos tentando preparar algo para você almoçar, mas não sei se vai sair como planejado.
— O que vale é a intenção. – Sorri e enfiei meu dedo no molho, roubando um pouco. – Está muito bom. Parabéns ao cozinheiro que o fez.
— Fui eu. – Me pai estufou o peito como se estivesse demonstrando toda a sua masculinidade.
— Queríamos parabeniza-lo pelo noivado, meu filho. Espero que sejam felizes. – Minha mãe brincou com meu cabelo.
— É isso aí. – Meu pai me deu dois tapinhas nas costas.
Ele está se esforçando.
Chaelin por sua vez, continuou a mexer no suflê e não disse mais nada.
— Bem, vou esvaziar minhas malas, porque amanhã eu já trabalho, né? Preciso lavar as roupas ainda.
— Deixe aí que depois eu lavo para você. Ou mando na lavanderia, porque é mais rápido.
— Obrigado. – Falei e saí da cozinha, pegando minhas malas e indo para o quarto.
Me joguei na cama e fiquei ali um bom tempo pensando na viagem.
Um TOC, TOC na porta me despertou dos meus devaneios.
— Entra. – Gritei.
— Licença. – Chaelin entrou no quarto e caminhou até minha cama, se sentando na beiradinha. – Eu não quis dizer nada na cozinha, porque eu não sou boa com palavras, mas eu estou feliz por você. Parabéns pelo noivado.
— Obrigado.
— Você sabe que eu tenho sentimentos por você, e eu sei que não tenho chance com você. Então me resta te desejar boa sorte e torcer pela sua felicidade. O Jeon parece ser um garoto legal.
— É, ele é. – Sorri, bobo.
— Enquanto ele te fizer feliz, eu vou gostar dele também. Se precisarem de ajuda para organizar o casamento, conte comigo, viu?
— Obrigado, Chae. – Me sentei na cama e a abracei. – Você sempre será minha melhor amiga.
— Irmã. – Ela sorriu e segurou minha mão. – Eu sou sua irmã.
— Minha irmãzona. — Brinquei.
— Vamos almoçar, peste. Seus pais já estão servindo a comida.
— Vamos.
**
Depois de aproveitar o dia ao lado dos meus pais e da minha “irmã”, eu resolvi me deitar mais cedo para descansar, já que amanhã será um longo dia e eu precisarei organizar as coisas na empresa, além de providenciar a promoção do Jungkook.
“Ei amor, como foram as coisas?” – Mandei uma mensagem para o mais novo.
“Ah, minha mãe como sempre veio toda desesperada perguntando como tinha sido a viagem. E aí?” – Ele me respondeu.
“Meus pais incrivelmente estavam em casa. Cheguei aqui e os três estavam cozinhando.”
“Os três?” – Jeon perguntou meio desconfiado.
“A Chae está aqui.”
“Hum...ela não estava com raiva de você?”
“Ela veio conversar comigo e disse que está feliz por nós. Disse que vai gostar de você enquanto você me fizer feliz.”
“Então ela vai gosta de mim para sempre.” – Ele brincou e eu não pude deixar de sorrir.
“Vai mesmo. Amor, já vou dormir, estou um pouco cansado e amanhã nós já vamos trabalhar não é mesmo?”
“Sim. Eu também já estou deitado aqui.”
“Então, boa noite. Vou sentir saudades de dormir com você.”
“Eu também vou, hyung. Boa noite. Bons sonhos, beijos.”
“Beijos. Amanhã às 7:00 eu passo aí para te buscar e nós vamos juntos para o trabalho. Te amo <3”
“Ok. Também te amo <3”
Bloqueei o celular e o coloquei sobre meu criado mudo. Ajeitei os travesseiros e dormi.
**
JUNGKOOK ON
Depois de levantar, fazer minhas higienes matinais e tomar um café caprichado que minha mãe tinha preparado para nós, eu me sentei no sofá e esperei pelo Taehyung, que já tinha me mandado uma mensagem dizendo que estava a caminho.
Pouco depois, ouvi a tão conhecida buzina do Jeep lá fora. Saí de casa e encontrei o loiro encostado na porta do carro, me esperando.
— Bom dia, amor. – Sussurrei, antes de deixar um leve selar sobre seus lábios.
— Bom dia. – Seu sorriso quadrado lindo apareceu e já deixou minha manhã mais feliz. – Vamos logo, porque hoje nós teremos um longo dia pela frente.
Fiz uma careta de quem estava desanimado e entrei no carro, que já estava com a porta aberta, só me esperando.
**
Estávamos sentados na lanchonete da empresa, tomando um Toddy. Eu já tinha as bochechas doloridas de tanto sorrir para as pessoas que vieram nos cumprimentar e nos parabenizar pelo noivado.
— Parece que todos aceitaram sem empecilhos, não é? – Falei.
— Bom para eles. Se eu ver alguém falando mal de nós aqui, vai para a rua antes que possa pedir água.
— Chefe bravo. – Brinquei.
— Eu só acho que cada um cuida da sua própria vida.
— Você está certo.
— Amor, nós temos uma reunião hoje depois do almoço, para a apresentação de um novo game e quero que você comande ela.
— Que? – Quase engasguei com meu Toddy.
— Eu fiquei sabendo da existência dessa reunião, minutos antes de virmos comer.
— Mas por que eu?
— Eu vou te promover. – Ele sorriu. – Tem que aprender a fazer as coisas. Aprender a agir como chefe.
— Eu acho melhor eu assistir você comandando a reunião e eu tentar na próxima. – Falei decidido.
— A próxima vai ser numa conferência em Hong Kong. Tem certeza? – Kim levantou uma sobrancelha.
— M-mas...
— Relaxa, eu não vou mandar você ficar lá na frente e se virar. Eu vou te ajudar, vou te apresentar e pedir sua opinião para algumas coisas...
— Ah, se é assim, eu aceito.
— Tudo bem. – O loiro segurou minha mão. – Vou te mandar um e-mail com os tópicos que vamos discutir na reunião, aí você dá uma lida e já vai preparado para dar seus pitacos.
— Tá. – Respirei fundo.
— Vou mandar meu pai assinar sua promoção, essa semana ainda. Já mandei que organizassem uma sala para você ao lado da minha e semana que vem, você já vai estar no seu devido lugar.
— Tudo bem, hyung. Eu prometo que vou me esforçar.
— Eu sei disso.
**
Estávamos dentro do elevador indo na direção do andar em que ficava a sala de reunião. Eu tremia e suava frio. Taehyung estava tão calmo, que me dava inveja.
— Relaxa. – Ele sussurrou e me deu um selinho. – Vai sair tudo perfeito.
— Não tem como relaxar. – Resmunguei. – É muita responsabilidade.
— Eu vou te ajudar, calma.
O elevador se abriu e nós saímos. Cumprimentamos a recepcionista e entramos na sala.
Ela era grande, tinha uma mesa comprida cheia de cadeiras e na parede da frente, tinha um quadro e uma lona enrolada, para apresentação de slides.
— Nós vamos ficar aqui na ponta e vamos tomar conta da situação. – Tae sorriu para mim e eu senti uma vontade enorme de beijá-lo, coisa que ainda não fizemos direito hoje.
— Eu acho que dou conta. – Falei e ele assentiu.
Algum tempo depois, todos os designers e desenvolvedores já estavam na sala.
— Boa tarde pessoal, como muitos aqui sabem eu sou Kim Taehyung e este é o mais novo chefe de vocês, Jeon Jungkook.
— Seu noivo, não é? – Um garoto loiro perguntou.
— Sim, Jackson. – Taehyung sorriu, deduzi que eram amigos.
— Meus parabéns. – Ele respondeu.
— Obrigado. – Respondemos em uníssono.
— Então, sejam bem vindos e vamos iniciar nossa reunião. Jackson, a atenção é só para você agora. – Tae apontou para trás e me puxou para uma cadeira.
Nós nos sentamos para ouvir a ideia do tal do Jackson, que pelo o que eu li, ele tinha a ideia de um jogo infantil.
— Bem... – Ele começou. – Eu vou apresentar a minha ideia. – Ele ligou o projetor e começou sua apresentação. – Pretendo fazer um game para crianças brincarem na escola. Eu já visitei vários colégios particulares e pude constatar que eles têm computadores para o uso dos alunos...
Assim, ele começou sua proposta inicial do jogo, tal que eu achei bem interessante, mas se eu fosse produzi-lo, acrescentaria algumas coisas e mudaria outras.
Ouvimos com toda a atenção a ideia do nosso colega e eu fiquei anotando algumas coisas, para que pudesse falar caso me perguntassem algo.
Por fim, Jackson colocou no seu último slide, o qual estava escrito “dúvidas?” e aí eu constatei que tinha chegado ao fim de sua apresentação.
— Então, o que acharam? – O loiro perguntou.
— Vou deixar que Jungkook fale a opinião dele primeiro. – Taehyung me encarou e sorriu, enquanto eu engolia em seco e me levantava da cadeira, indo tomar o lugar de Jackson que estava na ponta da mesa.
— Bem. – Pigarreei e encarei meu noivo, que me encarava com um olhar de incentivo. – Eu... – Fitei todos ali e senti uma gota de suor escorrer por minhas costas. – Eu gostei da sua ideia, Jackson. Achei bastante criativa e incentivadora. Mas, eu acho que ao invés de ser um jogo completamente 2D, para que a criança interaja apenas com elementos de texto, porque não criar um mundo 3D, onde elas podem controlar um bonequinho, que pode ser um bichinho... – Encarei a mesa e vi que tinha um coelhinho de pelúcia ali. O peguei e levantei na altura da minha cabeça. – Um coelhinho que pode sair correndo e dar dicas para quem estiver jogando.
— Conte mais sobre isso. – Um homem com expressão séria, que chegou na sala depois – e eu nem tinha percebido – falou e eu continuei.
— Podemos criar um mundo colorido e o coelhinho sai correndo e vai coletando números pelo caminho, tais que no final das contas podem servir para ensinar a fazer uma conta; podemos fazer ele coletar letras, para ensinar o alfabeto.
— Aí, à medida que o nível vai ficando difícil, mudamos para formar palavras, ou frases, fazer operações mais complexas como multiplicação e divisão... – Taehyung se levantou e ficou do meu lado. – Podemos expandir isso para dispositivos móveis, e até os pais podem instalar o jogo, para ajudar seus filhos. – O loiro me encarou sorridente, como se estivesse me aprovando como principiante.
— Vocês não acham que é colocar muita responsabilidade na tecnologia? – O homem voltou a falar e o Tae engoliu em seco.
— Eu não acho. – Respondi. – Qual criança hoje em dia não tem contato com isso? Quantas crianças já deixaram de lado os seus livros e só dedicam seu tempo às tecnologias?
— Acha sua proposta de jogo interessante? – O mais velho colocou a parte de trás da caneta na boca e me encarou profundamente.
— O jogo não é meu, é do Jackson. Eu só dei uma opção de mecânica mais interativa. Mas respondendo a sua pergunta, sim, eu acho interessante.
— Me convenceu. – O homem abriu um sorriso e se levantou, caminhando até a mim.
— Kookie? – Tae sussurrou atrás de mim.
— Você sabe vender seu produto, ou o produto do seu amigo, que seja. – Ele esticou a mão para mim. – Inicialmente, vou investir na ideia com 500.000 wons para vocês começarem a trabalhar.
— Obrigado, senhor. – Segurei sua mão com firmeza.
— Eu que agradeço. – O homem sorriu e cumprimentou o Tae, que segurou sua mão com um pouco de receio.
**
— Jungkook? – Ele falava desesperado, enquanto corria para o banheiro.
— O que foi amor? – Fiquei nervoso em vê-lo daquele jeito.
— Meu pai vai pirar. – Ele jogou água no rosto e eu comecei a tremer.
— O que foi que eu fiz? – Perguntei, choroso.
— Você acabou de ganhar um investidor, que durante todos esses anos trabalhando com games, meu pai nunca conseguiu.
— Está brincando? – Falei.
— Todo mundo fica nervoso quando ele está por perto. E...
— E como eu nunca o vi na vida, eu não me intimidei. – Gargalhei e o abracei.
— Esse homem caga dinheiro. – Taehyung riu soprado e retribuiu o abraço. – Você foi incrível, parabéns.
— Nós fomos incríveis. – Falei.
— Ah eu te amo. – Tae falou engraçado.
— Eu também te amo, muito.
— Vamos contar pro meu pai. Ele vai providenciar por conta própria sua promoção, isto, se não der uma festa.
— Nossa, esse cara é tão importante assim?
— Você não faz ideia. – O loiro lavou o rosto mais uma vez e me puxou para fora do banheiro. – Vamos contar a novidade.
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