Sábado, dia de acordar cedo e ir visitar alguns apartamentos com o Tae.
Devo confessar que, para eu dizer a frase “visitar alguns apartamentos”, eu tive que me esforçar muito, mas muito mesmo.
Taehyung cismou que queria comprar uma casa.
(Flashback on)
— Casa é mais espaçosa, você não tem briga com vizinho que reclama do barulho, podemos ter cachorros grandes...
— Tae, seremos recém-casados. – Insisti.
— Mas Jungkook, nós precisamos de espaço e nossos filhos também.
— Taehyung, nós ainda não temos filhos. E tem muitos apartamentos espaçosos por aí, que serão o suficiente para nós dois.
— Você não está fazendo empenho para nossa casa e isso está me deixando chateado. – O loiro cruzou os braços e se jogou no sofá da sua casa, fazendo um bico de pirraça.
— Para, Taehyung? É sério. Olha o tamanho da sua casa. Não sei se você se lembra, mas isso aqui é um apartamento. Acha que uma criança não ficaria confortável aqui?
— Mas apartamento deixa a gente limitado. Não dá para correr no quintal, fazer casa na árvore. Meu sonho é ter uma casa na árvore.
— Amor, vamos olhar alguns apartamentos, se nenhum deles agradar a nós dois, nós podemos procurar casas.
— Eu estou cansado de morar em apartamento. – O mais velho revirou os olhos. – Tá, mas você quem sabe. Se é isso que você quer, é assim que tem que ser, não é?
— Não, não é. Eu disse que nós iríamos escolher isso juntos, mas vamos escolher, então. Sem optar por apartamentos primeiro, ou casas. Vamos olhar, ok?
— Mas eu aposto que você vai fazer eu escolher um apartamento.
— Ah, Taehyung, eu desisto. – Apelei. – Escolhe o que você quiser.
— Não é assim que tem que ser, Jungkook. A casa será nossa. – Ele alterou o tom de voz, mas eu não lhe dei ouvidos.
Fui na direção do seu quarto e me deitei. Achei melhor dormir, do que ficar rendendo esse assunto chato.
— Kookie? – Ele chegou na porta do quarto. – Jeon? – Chamou manhoso.
— O que é? – Falei seco.
— Não fica com raiva de mim? – Seu tom de voz estava mais alto, deduzi que caminhava na minha direção.
— Não estou com raiva.
— Está sim. – Tae foi subindo na cama e deitou bem perto de mim, me envolvendo com seus braços. – Eu só quero o melhor para nós dois. Você é minha família agora e eu quero fazer com essa nova família, tudo o que não fizeram comigo quando eu era pequeno.
Respirei fundo e passei a acariciar seus cabelos.
— Teimoso. – Xinguei.
— Vamos ver alguns apartamentos nesse fim de semana e algumas casas no próximo, pode ser?
— Pode. – Sussurrei. – Mas é para dar feedbacks verdadeiros, eu não quero que você fique colocando defeitos nos apartamentos, só por não serem uma casa.
— Tudo bem. Isso também vale pra você.
— Okay. – Lhe dei um beijo na cabeça. – Eu já tenho a lista de alguns e depois quero te mostrar.
— Eu também tenho lista de algumas casas e uma delas é perto da sua.
— Eu quero ver.
— Eu vou mostrar. – Ele se levantou todo sorridente e foi pegar o notebook.
(Flashback off)
Eu estava acabando de tomar um copo de suco, quando ouvi a buzina do Jeep do lado de fora.
— Mãe, pai, já estou indo. – Falei rápido ao passar pela sala.
— Ah, boa sorte com a escolha da sua nova casa, Kookie. – Minha mãe acenou do sofá.
— Obrigado. – Sorri e saí de casa.
Tae estava encostado no seu carro e trazia consigo um sorriso enorme, que me deixou muito feliz. Eu honestamente, achei que ele ficaria meio ranzinza hoje, por conta dos apartamentos, mas parece que eu estava errado.
— Bom dia meu amor. – Sussurrei, ao lhe envolver num abraço forte.
— Huuuuum bom diaaaa. – Fui praticamente esmagado pelo abraço, mas saí com vida. – Vamos logo, estou ansioso.
Entramos no carro e fomos em direção ao primeiro apartamento da lista.
Durante o caminho, ficamos ouvindo Wiz Khalifa e comentando sobre como será que era esse apartamento, já que no anúncio de vendas, não tinha nenhuma foto.
Por fim, paramos em frente ao edifício e eu recebi um olhar assassino do outro.
— Já descobriu por que não tinham fotos? – Sussurrou.
— É, descobri... – O lugar era horrível. O prédio estava todo descascado, várias janelas estavam com plástico ao invés de vidro, e não tinha nenhum porteiro no lugar... sem contar o cheiro estranho que estava entrando pela janela do carro. – Mas vamos pelo menos olhar. – Brinquei.
— Você está brincando, não está? Nós vamos pegar leptospirose só de respirar perto desse lugar.
— Eu estou brincando. – Respondi.
— Por que você escolheu esse lugar? Credo.
— Ah Tae, estava barato. – Dei de ombros.
— Jungkook, todos esses lugares que você selecionou estão baratos? – Ele segurou a lista e levantou uma sobrancelha. – Se estiverem, nós nem vamos continuar com isso.
— Tem mais dois aí que eu escolhi porque estão baratos, mas os outros três eu escolhi porque achei a sua cara.
— Podemos pular para esses que podem ser a minha cara, então? Eu não quero nem olhar os outros.
— Tae? – Resmunguei.
— É, sério, Kookie. Se for para comprar uma casa, que seja uma casa direita. Eu não dou nem 1 won por esse apartamento.
— Tá, tudo bem. Vamos ver o próximo.
**
Primeiro apartamento
— Então meninos... – A moça da imobiliária falava. – Esse apartamento parece ser ótimo para vocês. Boa localização, espaçoso, arejado...
— A cobertura está disponível? – Tae falou de cara.
— Infelizmente, não. Só o primeiro andar.
— Entendi.
— Então, vocês se interessaram?
— Ah, eu gostei. – Tentei ser educado. – Mas nós ainda estamos dando uma olhadinha, não é, Tae? – Precisei falar isso, porque já sabia que ele não iria aceitar.
O apartamento era até bonitinho. Mas só isso, bonitinho. Apesar de estar todo ajeitadinho, tinham apenas dois quartos, a cozinha era pequena, o banheiro social também, sem contar que o vizinho de cima era barulhento. Pelas fotos, parecia um lugar incrível... mas só pelas fotos.
— É, é sim. Vamos continuar dando uma olhada e qualquer coisa, voltamos aqui. – Ele sorriu de lado. – Vamos, Kookie.
Descemos as escadas em silêncio e quando entramos no carro, ele me olhou de lado.
— Corta esse da lista.
— Já cortei. – Gargalhei.
**
Segundo apartamento
— Esse é mil vezes melhor do que os outros. – Taehyung sorriu, ao abrir a porta da suíte e encontrar uma banheira de hidromassagem. – Este apartamento é ótimo.
— Gostou mesmo? – Perguntei desconfiado.
— Ele é ótimo amor. Olha, temos quatro quartos, três banheiros, escadas de vidro. Nossa... é incrível.
— Vamos comprar este? – Sorri, provocador.
— Calma, ainda tem o outro. Vamos olhar o último e aí nós podemos decidir. Mas ainda têm as casas, não se esqueça.
— Eu sei. – Cutuquei sua cintura. – Então vamos logo no outro.
Terceiro apartamento
Cobertura, elevador, senha na porta, escadas de madeira rústica, cinco quartos; cortinas e luzes controladas por controles, três banheiros, uma cozinha que devia ser do tamanho da parte de baixo da minha casa, lareira e uma parede de vidro que adapta à claridade.
— Perfeito. – O ouvi sussurrar no meu ouvido.
— Tae, para quê cinco quartos? Isso é exagero.
— Eu vou fazer um quarto de jogos. Isso é fato. Também vamos precisar de quarto para visitas e os nossos filhos terão quartos separados.
— Taehyung, você quer adotar um orfanato inteiro. Vai precisar de um apartamento com 30 quartos, então. Para de inventar. Eles podem se contentar com dividir os quartos.
— Tá, tudo bem. Nós ainda nem adotamos as crianças, então podemos ficar com esse mesmo. – Ele gargalhou e fez uma dancinha animada. — E ainda fica perto da empresa. É excelente. Gostei.
— Okay, então se formos comprar um apartamento, vai ser este?
— Vai. E pode mandar reservar, porque agora eu nem acredito que terá uma casa melhor que isso.
— Hum, mudou de ideia, mocinho. – Sorri, vitorioso.
— Ah Kookie, acho que mudei. É, eu mudei.
[Uma semana depois]
Depois de achar deslumbrante o último apartamento, Tae resolveu cortar quase todas as casas da lista que ele havia preparado.
Decidimos visitar apenas uma, que parecia ser bem aconchegante, já que era a única que continha um jardim enorme e que dava para construirmos a tal casa na árvore.
O lugar era bonito, devo confessar. Mas algo ali estava me incomodando e eu não conseguia saber o que era. O estilo da residência era de uma arquitetura mais antiga, com isso, a mesma tinha sótão e porão, coisa que não me agradou nem um pouco.
— Você se sente confortável sabendo que outras famílias já moraram aqui e devem ter feito muita coisa estranha nessa casa? – Perguntei, sentindo um arrepio na espinha.
— Nem um pouco. – A voz grossa do loiro soou ao meu lado.
— Então? – Chamei o rapaz da imobiliária. – Por que a outra família resolveu se mudar daqui?
— Ah, eles não se mudaram. – O homem de aparência jovem crispou os lábios e sorriu, sem graça. – Eles morreram num acidente.
— OKAY. – Quase gritei, ou melhor, eu berrei. – A casa é realmente linda, mas eu estou muito mais interessado em apartamentos. – Segurei o braço direito do Tae, que veio tropeçando nos próprios pés, atrás de mim.
— Ah, calma, Kookie.
— Eu não fico nem mais um segundo nesse lugar.
— Eu também não gostei da casa. Então quer dizer que podemos comprar aquele apartamento? – Sua carinha de satisfação já veio à tona.
— Podemos olhar outros lugares, se você quiser.
— Não, aquele está ótimo para mim. – Ele sorriu abertamente. – Então nós já decidimos qual vai ser a nossa casa? É isso mesmo?
— Ah, okay. Então pode ser aquele. – Me dei por vencido e recebi um abraço super apertado.
Eu realmente tinha gostado do apartamento, mas acontece, que eu achei ele muito grande e muito caro para nós dois. Mas depois de cair na real, de que o Tae só iria comprar se fosse daquele nível para cima, eu me dei por vencido.
Finalmente escolhemos a nossa casa.
**
[Três dias depois]
Estávamos voltando do trabalho, super animados por finalmente termos comprado o apartamento. Agora, oficialmente, aquela cobertura é nossa.
— Kookie? Será que poderíamos chamar a sua mãe para nos ajudar a comprar os móveis? Eu não entendo nada disso e quero que fique tudo perfeito.
— Claro que podemos, hyung. Ela vai adorar nos ajudar com isso.
— Ah, então pode avisar ela, que amanhã nós já vamos sair para comprar. – Disse, quando parou o carro em frente à minha casa. – Nosso apartamento já é... NOSSO.
Começamos a rir igual dois malucos dentro do carro.
— Estou empolgado. – Cochichei e afaguei sua bochecha.
— Eu também estou, amor. Muito. Já não vejo a hora de tudo estar finalmente preparado.
— Então amanhã cedo nós podemos sair para comprar os móveis? – Perguntei.
— Claro que sim.
— Hyung, chama a sua mãe para ir olhar os móveis também. Ela pode gostar. – Recomendei.
— Eu vou chamar, mas não garanto que ela vai querer ir.
— Ela vai sim. Eu sei que vai.
— Então tá bom. Até amanhã.
— Até amanhã. – Sorri e lhe dei um selinho, antes de sair do carro.
**
Como eu havia dito, minha sogra aceitou de muito bom grado ir às compras dos nossos móveis conosco. Taehyung pensou que sua mãe não faria muita questão disso, mas a verdade é que ela ficou bem empolgada pelo convite do filho.
Paramos o carro em frente à loja de móveis – obviamente a loja mais cara da cidade – e entramos na mesma, sendo atendidos rapidamente por uma moça de aparência jovem e muito bem educada.
Fomos guiados até um canto da loja, onde ela nos mostrou os catálogos com os móveis para cada cômodo do apartamento. À medida em que conversávamos sobre um cômodo, ela nos levava até a área correspondente ao mesmo e mostrava os modelos de móveis que tinham disponíveis na loja.
Como nós éramos muito confusos, nós escolhemos quase tudo o que não tinha disponível na loja. Eu apaixonei por um sofá bege claro que tinha sua imagem impressa no catálogo, mas na loja, só tinha da cor preta.
Complicado.
— Eu gostei muito desses móveis da cor marrom. – Tae chegou com o catálogo da cozinha perto de mim. – Acho que essa cor vai combinar bastante com a nossa área.
— Eu também gostei, hyung.
— Então, nós vamos querer esses daqui para a cozinha. – Ele entregou o catálogo à moça, que começou a preencher nossa ficha de compra no IPad que ela trazia em mãos.
— Se me permitem, qual vai ser a cor das paredes de vocês?
— Vai ser um tom bem claro, um bege quase branco. – Falei.
— Uhum... – Ela acenou positivamente e começou a tocar várias vezes na tela do aparelho. – Eu vou fazer uma demonstração, de como vai ficar todos os móveis com a cor da parede de vocês.
— Ah que legal. – Minha mãe sorriu. – Bom que vocês podem ver se vai combinar.
— Então... – A garota continuou. – Assim, vejam se gostou. – Ela esticou a mão para nós e realmente, havia ficado ótimo.
— Perfeito. – Falamos em uníssono.
— Tom de calmaria. – Minha sogra comentou. – Vocês podem fazer um jardim interno na sala. Ficaria ótimo.
— Sim, vamos pensar nisso. – Tae sorriu sem graça, ao ver que sua mãe estava nos ajudando com muita boa vontade.
— Então, meninos, mais alguma coisa? – A garota perguntou.
— Oh, não. Por enquanto é só isso. – Falei.
— Agora temos que ir na loja de eletrodomésticos e comprar o restante das coisas. – Kim segurou minha mão e sorriu terno.
— E nós vamos. Mas antes, vamos almoçar, por favor. – Sorri derrotado e afaguei minha barriga, que já roncava feito doida.
— Tudo bem. Vamos terminar a compra aqui e depois nós podemos ir almoçar.
Fizemos o que meu hyung recomendou e depois fomos almoçar.
Tae dirigiu até um restaurante próximo dali e nós resolvemos comer uma porção de macarrão à bolonhesa.
Nosso almoço foi super divertido e cheio de conversa animada. Um verdadeiro almoço em família.
[Duas semanas depois]
— Ah amor, eu já não aguento mais limpar. – Tae chegou perto de mim, completamente ofegante.
— Temos que deixar tudo limpo, hyung. Os móveis vão chegar amanhã, então, nós temos que deixar tudo pronto, apenas para receber tudo certinho.
— Ah, Kookie, ninguém morou aqui antes de nós, a casa está limpa.
— Tem poeira, Tae. Ande logo, só falta um banheiro.
— Eu não aguento mais. – Ele resmungou. – Devia ter chamado uma empregada.
— Empregada custa dinheiro e nós combinamos de não gastar dinheiro à toa, para conseguirmos montar tudo aqui sem ter que pedir ajuda para ninguém. – Adverti. – Além do mais, ninguém mandou você escolher um apartamento tão grande.
— Ah, tudo bem. Mas da próxima vez, eu vou exigir a presença de uma empregada. E isso não é gastar dinheiro à toa.
— É gastar dinheiro à toa desde a hora em que você tem braços e pernas e consegue muito bem fazer isso sozinho. Ande, vamos lavar o último banheiro.
E com muita dificuldade, lavamos o último banheiro, que felizmente, era menor. Eu também estava muito cansado, confesso, mas não poderia deixar esse cansaço tomar conta de mim, já que a casa realmente deveria estar impecável para a chegada dos nossos móveis.
[No dia seguinte]
— Ah finalmente, já está quase tudo no seu devido lugar. – Taehyung falava animado, ao fazer uma dancinha animada perto da escada.
— Verdade, agora só falta os eletrodomésticos, que chegarão hoje, também. – Concordei.
— É lindo ver a nossa casa prontinha assim, não é? – Ele se aproximou de mim e selou nossos lábios rapidamente.
— É sim, hyung. – O abracei. – Quando vamos nos mudar? Antes ou depois do casamento?
— Se dependesse de mim, já teríamos nos mudado.
— Então podemos nos mudar, amor. Só acertar tudo direitinho e vir.
— Vamos fazer isto neste fim de semana, então? — Ele me olhou, animado.
— Aí nós fazemos um jantarzinho para os nossos amigos e pais... o que acha? – Propus.
— Ótimo. Vamos providenciar. – Ele me puxou para o grande sofá bege da sala e pegou o celular. – Vamos criar uma lista de coisas que precisamos comprar para comermos, já que móveis não são as únicas coisas importantes.
— Faz todo sentido. Como eu me esqueci disso? – Arregalei os olhos.
— Como nós esquecemos? – Começamos a gargalhar. – Vamos. Primeira coisa será?
— Uvas. – Falei de cara. – E chocolate, acrescenta aí. – Fiz uma cara de apaixonado e recebi uma semelhante vinda do loiro.
— Uvas com chocolate é o nosso gostinho oficial. – Ele comentou.
— É o gostinho oficial do nosso primeiro beijo. – Falei sorridente e me impulsionei, sentando no seu colo.
— O beijo pelo qual eu me apaixonei perdidamente. – Sussurrou e me beijou com carinho.
Me lembrei de quando nós brigamos pela primeira vez e ele escreveu essa frase para mim na carta de pedido de desculpas, que veio junto com uma caixa de bombons de chocolate com uvas.
— Eu amo você. – Sussurrei entre o beijo. – Muito.
— Eu também te amo, Kookie. Mais do que tudo nesse mundo.
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