Oque irei dizer à seguir pode parecer referencia à algo, ou não, ou sim, mas fechei meus olhos, e imaginei ser apenas um sonho, na verdade, um pesadelo, mas não, aquilo era real, era como se eu estivesse segurando em algo para não cair, e oque ele falou, conseguiu me derrubar, ele sorriu e disse : ‘’ Luke, eu sou seu pai. ‘’.
- Impossível. – diz Jake. – Você não pode ser pai dele, ele tem praticamente sua idade.
- Jake, ele é do passado. – digo. – Nem eu, nem eu estou conseguindo entender isso.
- O destino do Jake e seu é e sempre será o mesmo. – diz James. – Ele sempre irá morrer e você sempre irá encontra-lo, de alguma forma diferente, por causa de uma maldição que em você foi colocada.
- Isso não explica como você é meu pai e tem a mesma idade que eu. – digo.
- Eu te conheço desde o século 19 e estou vivo desde aquela época. – diz James. – De alguma forma, no momento que você foi amaldiçoado, eu também fui, eu sou imortal e consigo mudar de idade e tamanho quando quiser, quero dizer, conseguia.
- O quê quer dizer? – pergunto.
- No dia do acidente em que fomos à praia, eu sou o motivo pelo Jake ter quase morrido, porque o ciclo não podia ser quebrado e ele tinha que morrer de qualquer jeito e então renascer, você iria ser salvo por ele, enquanto atravessava à rua, como em todas as linhas do tempo, porém dessa vez, foi o James que te salvou e a existência do Jake foi apagada dessa linha do tempo, porque o James ficou no lugar dele e então, o Jake foi parar em uma linha temporal em que o James não existia. – diz James.
- Primeiro. – digo. – Por quê você está falando de você mesmo na terceira pessoa? E segundo, na época de onde esse Jake veio, você existia, isso está muito confuso.
- Puta que pariu, né? – diz James. – Você não era lerdo? Enfim, essa minha história não colou, então, vamos lá. Eu realmente posso mudar minha idade e tamanho, mas de alguma maneira, eu fiquei ‘’ travado ‘’ nessa idade, ou seja, 20 anos.
- Mas eu te matei... – digo.
- Matou? – pergunta James.
- Você não estava respirando quando eu coloquei aquela tesoura na sua barriga. – digo.
- Mas você correu pela rua sangrando, não foi? – pergunta James.
- Sim, como você sabe disso? – pergunto.
- E você acordou na cantina do seu colégio, não foi? – pergunta James.
- Sim... – digo.
- Você estava com dificuldade para andar e sentia dor na barriga, suas mãos estavam ensanguentadas, e você continuava repetindo que aquele sangue não era seu, não foi?
- Uhum...
- Você pode ter desmaiado pela perda excessiva de sangue e alguém pode ter levado ao colégio.
- Você está novamente, falando coisas sem sentido. – digo.
- Tem mais sentido eu dizer que fui eu que te esfaqueei? – pergunta James. – O lugar que você acordou...era um lugar claro e calmo, não era?
- Alguns dizem que dé jà vu são memorias da sua vida passada. – diz Jake. – Mas você não se lembra de quase nada.
- Eu lembro de você, eu lembro que ele é meu pai. – digo. – Eu não estou morto.
- Tão confuso. – diz James.
Enquanto James vai falando, lembro que Jake me disse que apenas tocou na foto e veio parar em 2016, então, isso significa que...se eu tocar na foto que tiramos antes da viajem à praia, eu posso voltar ao dia do acidente e evitar que ele aconteça.
- Eu já sei oque fazer. – digo. – James, me dá uma hora, se eu não resolver seu enigma, você vence e faz oque quiser comigo.
- Você é o único dono do jogo, Luke. – diz James.
Não entendo oque James fala, mas saio correndo e desço as escadas, entro o carro e vou em direção à minha antiga casa. Todos os lugares estavam fechados, quer dizer, quase todos, o único lugar aberto era um hospital, mas não era nisso que eu deveria focar. Depois de uns trinta minutos, chego em casa e pego a foto, subo na moto e volto para a casa de James. Faltava uns quatro minutos para acabar o prazo de uma hora e meia que eu tinha pedido ao Jake.
- Voltei. – digo, abrindo a porta da casa. – Estou com a foto que tiramos naquele dia...eu vou...voltar ao dia do acidente...e evitar as mortes...
Eu estava muito cansado de ter vindo à pé da minha casa para cá, mesmo que só fossem uns dez minutos de ida e vinda.
- Então, toque na foto. – diz James.
- Toque nela, Luke. – diz Luke.
Aquilo tudo era muito estranho, mas novamente, ignorei, toquei na foto e...
[ 30 Minutos antes - 2017 - Hospital Missgrace ]
- Tenho que levar o carro para trocar os pneus, um moleque passou e furou os pneus. – diz um cara.
- Acho que o único jeito de você ir na sua casa buscar algo para encher os pneus, é indo de moto. – diz outro cara.
- Como? – diz o primeiro cara. – Não vou pagar uma moto para me levar em casa e ainda mais ter que pagar um jogo de rodas.
- Então vai à pé. – diz o segundo cara.
- Não é uma opção. – diz o primeiro cara.
- Já sei. – diz o segundo cara. – Eu tenho um amigo que tem uma oficina e reboque à uns 10 minutos daqui, ele deve demorar mais os menos uma hora ou uma hora e meia para trocar as rodas.
- Você tem o número dele?
- Sim, mas tô sem crédito. – diz o segundo cara. – Você tira uma foto e eu mando para ele.
- E em quanto tempo ele chega aqui? – pergunta o primeiro cara.
- Uns 30 minutos. – responde o segundo cara.
[Agora – 2017 – Hospital Missgrace]
- O quê ele tem? – pergunta o primeiro enfermeiro. – Ele parece inquieto e não para de olhar para o celular e sussurrar algo.
- O pai dele descobriu que ele namorava um garoto e começou a abusar dele, o namorado dele tentou ajudar em um dia que ele estava apanhando, mas acabou levando dois tiros no peito, do lado do coração. – diz o segundo enfermeiro.
- Nossa, que triste.
- Verdade, o pai ainda jogou o próprio filho no corpo do namorado morto. – diz o primeiro enfermeiro. – Ele chegou aqui com as mãos ensanguentadas e com a cabeça sangrando, ele acabou desmaiando e tivemos que fazer ressonância magnética nele.
- Não sei como aquela luz forte não bronzeia a pessoa.
- Continuando...foi nessa hora que ele acordou assustado, porém, conseguimos terminar o exame.
- E...
- Descobrimos na época que ele tinha batido a cabeça ao correr desesperado para cá e acabou adquirindo perda de memoria recente.
- ‘’ Na época ‘’?
- Sim, de um ano para cá, descobrimos que ele é esquizofrênico. – diz o segundo enfermeiro.
- Ah, é por isso que ele fica inquieto e sussurrando algo?
- Sim. – diz o segundo enfermeiro. – Ele fica repetindo e repetindo ‘’ o Jake não responde. ‘’
- Quem é Jake?
- O namorado dele que morreu.
- O pai deve ter sido preso por homicídio e violência, mas...e a mãe dele?
- Faleceu em um acidente de carro.
- Oh, que triste. Há quanto tempo ele está aqui?
- Faz uns quatro ou cinco anos.
- Vamos conversar com ele? – pergunta o primeiro enfermeiro. – Talvez ele nos diga algo.
- Ele não conversa com ninguém. – responde o segundo enfermeiro. – Só fica repetindo ‘’ o Jake não responde. ‘’. Ele está com esse celular na mão desde que chegou aqui, sendo que ele está descarregado há uns quatro anos.
- Então, a esquizofrenia começou antes...
- Sim.
- Oi, Luke, tudo bem? – pergunta o primeiro enfermeiro.
- O Jake não responde, O Jake não responde... – diz Luke, repetidamente.
- Nós iremos por o celular para carregar, certo? – diz o primeiro enfermeiro.
Luke não responde. O primeiro enfermeiro põe o celular de Luke para carregar e duas horas depois, a carga está cheia.
- Você quer jogar algo no seu celular? – pergunta o primeiro enfermeiro.
- O Jake não responde. – diz Luke.
- Por quê você não manda mensagem para ele de novo? – pergunta o primeiro enfermeiro. – Talvez ele não tenha visto a que você mandou antes.
- Você escutou quando eu disse que o namorado dele morreu, né? – pergunta o segundo enfermeiro. – Você parece até afim dele.
- Silêncio. – diz o primeiro enfermeiro. – Estou tentando ajuda-lo.
- Mesmo que seja errado enfermeiro namorar paciente, vocês poderiam namorar escondido, caso ele melhorasse. – diz o segundo enfermeiro. – Você tem até o mesmo nome do namorado falecido.
- Quer parar de falar besteira? – diz o primeiro enfermeiro. – Vamos, Luke, mande mensagem para o Jake.
- Enfermeiro James Archibald, compareça ao quarto andar. – diz um auto falante no corredor.
- Tenho que ir. – diz o segundo enfermeiro. – Leva ele para tomar um milk-shake, só cuidado para não derrubar, feito você derrubou o meu naquela vez.
- Você não vai esquecer daquilo, né? – diz o primeiro enfermeiro. – Vai lá vê o motivo de estarem te chamando.
- Certo, adeus. – diz o segundo enfermeiro.
- Até logo. – diz o primeiro enfermeiro. – Então, Luke, mandou mensagem? Me deixa ver?
O primeiro enfermeiro pega o celular de Luke e lê as mensagens :
- 04/04/2013 – Jake, me responde, por favor.
Enviado.
- 20/01/2017 – Você não vai me responder? Ele está aqui.
Enviado.
Visualizado.
Jake está digitando...
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