História Good Night - Norminah - Confessions

POV Dinah

Droga, droga, droga. Mil vezes droga!

Eu caminhava de um lado para o outro no quarto de Camila, o único lugar que eu conseguia fugir da enorme bola de neve que criei, ver ela aumentando a cada dia, estava acabando comigo.

Camila não estava em casa, obviamente.

Eu estava sendo cobrada e ameaçada a todo instante. Eu não aguentava mais as ameaças Dele. Eu não aguentava mais guardar tudo aquilo de Normani.

De toda a droga que era minha mera existência, Normani era a única coisa que permanecia doce nos meus pensamentos.

Eu daria tudo para saber o que tanto sonhara aquela noite.

Meu corpo pedia contato com o seu, queria poder sentir seu doce perfume e o toque aveludado de sua pele. Mas não posso. Não posso machuca-la ainda mais, diante á tudo isso que estou envolvida.

“Ela é apenas uma garotinha, Dinah!”

Eu tentava de todas a formas colocar essa frase na minha cabeça, toda vez que á vejo.

Fugi de meus pensamentos ao senti -lo por perto. O que Ele veio fazer por aqui?

Eu não podia arriscar todo meu cuidando, dando de cara com Ele ou Arin.

Eu tinha que me planejar, criar algo que mantivesse Normani segura.

NORMANI!!!

Não, não, não!

Eu queria protege-la, mas se ele estivesse lá, eu só ia piorar as coisas.

Ah, se ele encostar um dedo nela, não respondo pelos meus atos.

Meus olhos pararam nas duas figuras se aproximando da casa de Normani, uma era Camila e a outra, a garota de olhos claros.

Senti um alívio ao perceber que as duas haviam entrado na casa, assim não daria tempo que Ele fizesse algo à ela.

Antes que eu pudesse evitar, já estava em frente à sua casa, pude observar pela janela, Camila e Lauren subindo as escadas com Normani nos braços.

Algo estava errado.

Eu tinha que vê-la, saber como estava.

Pela pequena fresta na porta do quarto observei a garota dos olhos claros, deitar Normani na cama.

Camila andava de um lado para o outro.

Pareciam preocupadas.

Fiquei as observando até Camila começar a se despedir. Ia falar com ela, até a outra começar a segui-la. Resolvi espera-la no primeiro andar da casa.

-Dinah, o que esta fazendo aqui? Não me diga que você provocou isso! – Camila falava antes que eu pudesse começar a falar qualquer coisa.

-De alguma forma, a culpa é minha, eu não estava aqui!

- Pare com essa coisa de achar que tudo é culpa sua, Dinah! Você não tem como protege-la o tempo todo. Você tem seus deveres!

Baixei a cabeça e coloquei as mãos no bolso da jaqueta enquanto acompanhava Camila até a porta.

- Eu meio que parei de fazer meu trabalho! – falei olhando para baixo.

Podia sentir o olhar de Camila pairando em meu rosto.

- Dinah, você esta muito encrencada! – falou.

- Não posso deixar que algo de ruim aconteça á ela, Camila! Ele estava aqui, eu pude sentir, mas não podia arriscar, por mais doloroso que fosse não poder estar aqui!

Estava com um incômodo persistente no peito, definitivamente não sabia o que era.

- Ei, ela está bem! – pude sentir os dedos quentes de Camila pousar em minha pele.

- Não está tudo bem! Não vai demorar muito, antes que ela comece a me questionar o que de fato está acontecendo! Normani é uma criança inteligente.

- Dinah, ela não é mais uma criança, você sabe muito bem disso! – Meus olhos começaram a encara-la.

Não, ela era minha garotinha!

- É melhor eu ir, vá lá ver sua criança! – pude sentir seu tom de deboche. Mas eu realmente precisava vê-la.

- Não seja arrogante Camila! É melhor você ir embora! – falei antes que pudesse dizer mais uma palavra.

- Não comece com “eu sou durona, vou te mataaarr”. – Camila falava tentando imitar minha voz enquanto ria.

- Adeus Karla!- Foi a única forma de fazê-la ir embora.

Pude sentir sua raiva ao bater a porta atrás de si.

-

Lauren e Normani conversavam quando apareci no quarto.

Apesar da garota de olhos claros estar preocupada com sua amiga, eu precisava saber o que ocorrera com Normani.

- Eu posso fazer isso! – falei antes que Normani pudesse concordar com Lauren.

A garota se olhos claros pareceu surpresa com minha aparição súbita.

- Sinceramente, vou morrer do coração toda vez que essa garota aparecer!

- Desculpe, vou ser mais cuidadosa!

- Por que acha que eu deixaria minha melhor amiga a mercê de uma garota estranha que aparece do nada?!

Ela tinha toda a razão.

- Laur, tudo bem, qualquer coisa eu grito, ok?! – sua voz era suave, mais suave do que o de costume.

Era bom saber que a mesma desejava minha presença, mesmo eu sabendo que eu  era alguém em quem ela não devesse confiar.

- Vou ficar com o celular perto, me liga se ela fizer algo, ok?! - apesar de saber que sua intenção era que eu não ouvisse o pequeno recado, eu não pude evitar.

Normani piscou demoradamente.

- Eu juro que não vou morder! – não pude perder a deixa, já que a garota de olhos claros não gostava muito de minha presença.

Queria poder observa-la mais de perto.

- Acho bom! Tchau Mani, e tchau garota estranha?! – Lauren prontamente caminhou até a porta.

Finalmente restou apenas eu e Normani no quarto.

Cuidadosamente sentei próximo aos seus pés.

- Pronto, agora somos só eu e você, garotinha!

Aquele sorriso era perfeito.

- É, só eu e você! – ela falou.

Ela ficou me encarando por um tempo. Como se estivesse esperando que eu tomasse alguma iniciativa.

- Como está se sentindo? – falei enquanto me aproximava.

- Eu não sei! Eu, eu, ahm, por que você não apareceu quando te chamei? – seus olhos me observavam como os de uma criança, que esperava receber um doce.

Droga.

- Desculpe! – Não era isso que eu precisava dizer a ela, e ela pareceu também saber disso.

Ela se mexeu entre os travesseiros, e veio em minha direção.

Antes que eu pudesse evitar, ela segurou minha mão.

Meu peito começou a dar sinal de vida novamente.

- Não era você, não é? – um ponto para Normani.

Cuidado, Dinah!

- Não, não era! – falei olhando sua mão segurando a minha com força.

Ela não ia desistir tão cedo.

- Você sempre aparece pra me salvar! – havia um lindo ponto de interrogação em sua cabeça, não precisei de muito esforço para saber disso. – Você me deixa tão, confusa! Me pergunto a todo momento se você é um anjo ou algo do tipo. Sempre aparece quando preciso.

Eu estava me sentindo um belo monstro sem coração, criando falsas teorias na cabeça de Normani.

- Eu não sou boa, garotinha! Sabemos muito bem disso!

- Não consigo imaginar algo ruim em você, mesmo que eu tente! – seus olhos suplicavam por mais respostas.

- Há mais coisas ruins em mim, do que você pode imaginar! – sua mão soltou a minha.

Cuidado com a língua, Dinah!

- Tinha algo dentro de casa, e-eu achei que fosse você! – eu sinto muito, pequena!

Me levantei indo em direção a janela.

O que eu diria à ela?

- Por favor, não vá! Dinah, eu preciso de uma resposta, qualquer uma! – agora ela estava sentada na cama.

Eu não tinha como fugir daquilo, ela precisava de uma explicação.

Virei meus calcanhares em sua direção escorando minhas mãos na batente da janela.

- Qualquer palavra que eu diga, haverá consequências! – falei.

POV NORMANI

- E se eu dissesse que não me importo com consequências? – falei sentando sobre meus pés em cima da cama.

- Oh, não diga isso! – falou cruzando os braços. – Não queira nem imagina-las!

Talvez ela não soubesse, mas todo aquele mistério me deixava ainda mais curiosa.

- Talvez pudesse me ajudar! – eu não conseguia mais segurar as palavras em minha boca.

- E se talvez, eu não quisesse? - droga, Dinah! Um ponto para você.

Ela começou a caminhar pelo quarto, em passos perfeitos.

- Não banque a vilã! – falei na tentativa de fazer com que ela deixasse escapar algo.

Ela parou perto da janela novamente, mas dessa vez de costas para onde eu estava.

- E se eu disser que realmente sou a vilã? – seus cabelos perfeitos pendiam em suas costas.

- E se eu disser que não ligo? – não sei se aquelas palavras chocou mais a mim ou a ela.

Pude a ouvir rir.

- Não diga isso! Você não tem noção onde esta se metendo, criança! – a forma como colocava as palavras era encantador.

Então ela virou em minha direção.

- Vou te fazer rir se disser que ainda acho que você é um fantasma? – eu não tinha mais convencê-la a falar alguma coisa.

Ela deu um pequeno sorriso.

- Já conversamos sobre isso!

- Eu não consigo pensar em mais nenhuma opção! – seus olhos pararam nos meus. – Talvez você pudesse me dar alguma pista!

Dinah aproximou ainda mais seu corpo de onde eu estava.

- Entenda que não sou alguém em que se deve confiar. Meus argumentos sempre serão fortes o suficiente para te convencer.

Eu podia sentir o emaranhado de nós que havia em minha cabeça.

Ela realmente poderia estar certa.

- Vilã? Quais seus argumentos para me convencer disso?

Seu rosto mudou completamente.

- Tenho alguns, mas você já os conhece.

- Acredito que esteja mencionando o fato de tentar me matar?

Dinah fechou os punhos e olhou para o chão.

Touché

- Não seja tola! Seus questionamentos deveriam ser sobre porque trouxe o mal até você, ou o porque de sempre te colocar em perigo.

Eu podia sentir aquele golpe perfurando meu peito.

- Onde você quer chegar Dinah?

- Onde quero chegar? – subiu os olhos até mim e os desceu de novo. – Onde você quer chegar?

- Por que está falando assim comigo? – apesar de tentar ser forte, pude sentir as lagrimas se formarem nos meus olhos.

Talvez no fundo, eu não estivesse preparada para saber a verdade.

A forma com que as palavras de Dinah me atingiam, estava tornando as coisas mais difíceis.

- Quer saber a verdade? Eu não mereço sua atenção, ou seus sentimentos. Sabe aquele monstro que vive embaixo da cama, esperando a oportunidade certa? Sou eu! É isso que sou, é isso que sempre vou ser!

O que ela estava falando?

- Dinah..

- E quer saber mais? O único motivo pelo qual existo é para machucar pessoas! Para acabar com qualquer esperança que haja dentro delas! E com você não será diferente.

- E-eu não me importo! – eu só queria tê-la ao meu lado sempre, custe o que custar.

POV DINAH

Só percebi tudo o que eu acabará de dizer, quando vi Normani chorando.

Eu queria segura- la em meus braços e dizer que tudo aquilo não passava de uma grande confusão, mas era tarde demais pra isso. O estrago já estava feito, e o melhor a se fazer era não concerta-lo.

Ela precisava da verdade e essa era a hora certa.