História Goodbye my love - Céu cinzento

Céu cinzento, clima frio, enfim o inverno havia chegado, talvez para contrastar com o momento.

O vento gélido batia de leve na face de SeokJin, que abraçava seu próprio corpo tentando se aquecer.

Seu olhar era distante e sem brilho, abriu levemente os lábios, deixando um ar quente sair e formando uma pequena nuvem de calor a sua frente.

– Você viu? Enfim pintei meu cabelo de loiro, você sempre disse que ficaria bem assim, e eu nunca acreditei. – Suspirou passando os dedos finos e delicados sobre a nova tintura. – Eu gostei, e os meninos falaram que combinou comigo.

Aquela pedra fria e bem moldada estava a sua frente, mostrando escrito o nome de quem mais amava na vida e quem nunca pode ter.

Um dos seus maiores arrependimentos foi o de não ter confessado seu amor, sendo seguido de não tê-lo beijado e nem ter sentido sua pele sobre a sua.

Agora, pensar nisso apertava-lhe o coração, envergonhava suas bochechas e trazia lágrimas aos seus olhos.

Secou rapidamente as lágrimas que pareciam aumentar cada vez mais, desistindo após alguns soluços.

Se ajoelhou, deixando todo o choro preso sair, se tivesse alguém naquele local, certamente escutaria, porém não se importava mais, sempre havia sido forte, entretanto, agora não era mais o mesmo, já havia um ano que tinha mudado, toda sua vida deixou de fazer sentido quando Kim NamJoon se foi, sem motivo e sem explicações.

Olhou para o céu novamente, na esperança de ver cores ou de simplesmente acordar daquele pesadelo, mas tudo continuava cinzento como antes.

Atrás de si, pode ouvir passos vindo em sua direção, seguido de uma voz doce e trêmula.

– Jin.. Você também está aqui.

Ao virar-se para trás, com olhos inchados, viu a senhora Kim, mãe de Namjoon. Ela carregava flores de tons azuis claras, o que o fez pensar se as flores não teriam sugado as cores da céu.

– Olá senhora Kim, tenha uma boa tarde...

Se levantou rapidamente, arrumando sua roupa e passando as mangas da blusa no rosto para limpar, estava determinado a ir embora, não queria atrapalhar o momento da senhora Kim, assim como ele, ela devia querer ficar sozinha e dizer o quanto estava com saudades, sobretudo, se surpreendeu ao dar alguns passos.

– Querido, me espere, não vou demorar muito, quero que tome um chá comigo, desde que meu Jonnie se foi, me sinto tão sozinha. – Jin apenas soltou um pequeno murmuro confirmando que aceitava o convite.

Desde que Namjoon havia morrido não ia visitar a senhora Kim, tentou por inúmeras vezes, mas em todas pensava que nunca mais iria ser recebido por seu amado e nem veria seu belo sorriso, sentia seu peito doer e logo após o corpo ruir, o que não era diferente agora, adentrou a pequena casa olhando para os lados, nada havia mudado, o branco meio amarelado ainda permanecia nas paredes, os retratos ainda continuavam nos mesmos lugares, com as mesmas fotografias, parou em frente a uma, lá podia se ver ele e Namjoon abraçados, a foto era antiga, ambos ainda eram crianças, porém naquela época o mais novo já era maior que si.

Segurou o retrato passando o polegar sobre o mesmo.

– Vou preparar o chá, por favor, fique à vontade.

Ele largou o retrato, colocou-o exatamente onde estava, no momento em que foi chamado pela senhora Kim.

Seguiu até a cozinha relembrando momentos da sua infância.

Ele lembrava o quanto correu por aquela casa, brincando de milhares de coisas com Namjoon, sempre sorrindo.

O seu sorriso...

Lembrar dessas simples coisas já lhe dava uma pontada no coração, ele amava o sorriso de Namjoon, sempre eram cheios de alegria, sem falsidade alguma e suas covinhas eram como combustível para o seu jeito adorável aos olhos de Jin.

– Sente-se Jin, por favor.

Como um click, tudo aquilo foi arrancado da sua mente, e o sorriso bobo que formava em seus lábios, se foi.

– Ah sim... Muito obrigado senhora Kim.

Logo o barulho da chaleira apitando foi escutado, indicando que a água havia fervido, Jin se encontrava sentado em frente uma grande janela que dava ao um pequeno jardim, tinha algumas rosas e as tais flores azuis levada pela senhora Kim, ao fundo uma pequena balança, outra recordação que guardava referente ao mais novo.

– Querido. – Chamou a senhora Kim colocando as delicadas xícaras feitas de porcelana sobre a mesa.

Seu semblante era triste, vazio, porém em seus finos lábios havia um sorriso formado, Jin procurava em sua mente alguma coisa para falar, entretanto, as palavras pareciam estar presas em sua garganta.

Segurou a xícara e rapidamente deu um gole no líquido quente, queimando a ponta de sua língua, o obrigando a levar a mão até a boca, enquanto seus olhos fecharam instantaneamente.

– Calma – Falou a mais velha rindo do ocorrido, mas logo soltou um pequeno suspiro. - Jonnie também tinha essa mania. – Assoprou o chá o bebericando. – Obrigada por ter vindo.

Ele soltou um sorriso fraco em resposta.

– É bom estar de volta...

Ele encarou a mulher que estava a sua frente. Senhora Kim parecia ter sofrido tanto quanto ele, parecia prestes a desabar e precisava de alguém no momento, e Jin sentiu que ele também precisava.

– O que tem feito por aí? Logo depois que Joonie se foi, você desapareceu.

Ele encarou sua xícara de chá por alguns segundos.

Tinha fugido, depois de receber a notícia do médico de que a única pessoa na qual se importava se foi, ele correu para longe, fraco de mais para permanecer mais um instante ali.

– Senhorita Kim, eu... As coisas estavam difíceis...

Antes de poder terminar qualquer que fosse a sua mentira, foi interrompido.

– Você não precisa. – Ela colocou sua mão calorosa no ombro de Jin. – Tenho que te mostrar uma coisa, venha comigo.

Seguiu a senhora Kim pelos corredores.

Conhecia muito bem o curto caminho que ela percorria.

Enquanto se dirigia ao quarto de Namjoon, preparava seu coração ou pelo menos tentava.

Lentamente a porta do cômodo foi aberta e assim como a casa, o quarto parecia o mesmo, até o perfume amadeirado do mais novo podia ser sentido.

– Eu ainda não me acostumei com a ideia do meu menininho ter ido embora, sempre achei que iria primeiro, pelo menos essa é a lei da natureza. – Outro suspiro foi dado. – Se lembra de como se conheceram? NamJoon estava tão feliz por ter feito amizade com o filho do melhor amigo de seu pai, creio que foi naquele momento que ele se apaixonou por você. Lembro-me dele perguntando quando poderia te ver, se podia viver sempre ao seu lado, você o ajudou muito Jin, principalmente quando meu marido morreu. Eu te agradeço por isso.

Jin escutava tudo com atenção, queria dizer que não precisava agradecer, queria pedir desculpa, porém tudo que saiu foi.

– Apaixonado por mim?

Ela olhou para o loiro e em seu rosto possuía uma expressão entretida.

– Ah sim, ele sempre soube esconder isso de você, mas sempre chegava com um sorriso apaixonado em casa, fazia uma festa quando você ligava, por mais que eu tentasse entender o porquê de ele não ter falado sobre isso com você... Agora, faz sentido, não é?

Estava paralisado, abriu e fechou a boca várias vezes, mas não saia nada.

Ele nunca pensou que Namjoon o corresponderia, sempre achou o mais novo ignorante em relação aos sentimentos de amor, e sempre que alguém perguntava ele dizia que tinha uma pessoa em mente.

Tudo ficou embaçado, Jin começou a ficar tonto e ofegar, uma dor de cabeça fez seu sangue subir e as veias ferverem, lágrimas começaram a sair de novo sem controle, ele sentia que ia desmaiar.

Senhora Kim o trouxe de volta ao mundo de novo. Ele sentiu seu braço o ajudando a ficar de pé e o levar até a cama de Namjoon.

– Você parece muito mal, sente aqui e descanse por um segundo. Eu vou buscar algo gelado para você.

E antes que ele pudesse falar alguma coisa, ela já havia fechado a porta, deixando ele sozinho e exposto ao cheiro convidativo de Namjoon.

Em alguns minutos a senhora Kim voltou com um copo de água com açúcar, sabia que aquilo não iria lhe acalmar, mas mesmo assim bebeu, não conseguia parar de chorar, a ponta de seu nariz já estava vermelha.

– Eu devo estar horrível. – Deu risada de si tentando tranquilizar a outra que estava a sua frente.

– Tenho outra coisa pra te mostrar.

Jin franziu a testa, estava curioso e confuso ao mesmo tempo, respirou fundo secando as lágrimas, enquanto a mãe de Namjoon ia até o guarda-roupa, do alto tirou uma caixa de madeira, já havia visto antes, sabia que o moreno guardava algumas coisas ali dentro.

– Eu não sabia que ele tinha isto até alguns dias atrás. – Tirou o que aparentava ser um livro meio envelhecido. – Vou deixá-lo sozinho, caso precise de algo, estarei na cozinha.

Segurou o objeto em sua mão o analisando, escutando o barulho da porta sendo fechada, não demorando a abrir o livro, lendo assim a primeira página, onde identificava a letra do mais novo.

2013/12/31

Olá, como vai?

Droga, pra quem estou fazendo esta pergunta? Haha

Bom, vejamos, nunca tive um "diário", mas ganhei esse no natal.

Quem me deu? Nem sei. Acho que a pessoa ficou com medo e não quis se revelar.

Por fim decidi escrever aqui, seja lá o que for, então vou começar.

Hoje é a virada do ano, estou ansioso pra comer.

Não sei o que escrever agora, até a próxima.

(...)

Enquanto SeokJin lia, não conseguia evitar uma pequena risada, nunca imaginou seu amado escrevendo um diário, ainda mais tanta bobeira em uma única página, afinal Namjoon sempre se mostrou tão inteligente, focado e as vezes aparentava ser nada sentimental, aquilo realmente era uma descoberta e tanta pra si.

Com um sorriso no rosto, ele passou as páginas rapidamente, cheio de curiosidade. Parou quando viu uma foto mal colada, era dele e de Namjoon, quando o mesmo tinha pintado o cabelo de azul claro, ele amava essa cor e Jin amava essa cor nele. Eles pareciam tão felizes, sem nunca pensar que algo de ruim poderia acontecer.

Voltou para as primeiras páginas, determinado a ler o diário inteiro, e mesmo com aquele aperto no coração, observar as palavras de Namjoon era um ótimo passatempo. Ele sempre fazia músicas lindas e cheias de significado, únicas e envolventes, assim como ele.

2014/01/02

Querido diário... É algo assim, não? Sempre começam desse jeito.

Mas acho que posso começar diferente, afinal eu já desrespeitei a regra suprema dos diários, que é escrever todo dia.

Eu esqueci de escrever ontem, desculpa.

Eu deveria pedir desculpas para um diário?

(...)

Mais um sorriso bobo se formava, mais uma página virada, enquanto olhos curiosos percorriam a folha envelhecida.

2014/01/15

Creio que devo de verdade pedir desculpas, não somente por esquecer de escrever, mas infelizmente hoje te derrubei numa pequena poça de água.

O clima hoje estava tão bom, então quis escrever do lado de fora, porém fui surpreendido com Jin, tentei lhe esconder que quando dei por mim você estava no chão todo molhado... Bom, pra completar, tentei te secar no micro-ondas...

Olhando pelo lado bom... Ele pelo menos não te viu, e querendo ou não, seu destino já estava traçado com alguma tragédia, porque eu sou um desastre.

Kim Namjoon o furacão.

Rei da destruição...

(...)

Namjoon havia desenhado milhares de carinhas tristes na folha, dando uma leve crise de riso no mais velho, podia imaginar toda a cena em sua cabeça, até os pequenos detalhes de expressão que o mais novo fazia quando frustrado.

Ele encarou a página com um sorriso no rosto, só o Namjoon que poderia querer secar algo usando o micro-ondas.

Tal sorriso se desfez ao encarar a triste realidade, mas sem deixar isso vencer, Jin foi rapidamente para a próxima página.

2041/01/18

O dia começou bem; já errei a data de hoje. Isso significa que agora estou no futuro?

Enfim, eu estou trabalhando em uma nova música, mas preciso ajuda nos vocais. Venho pensando em pedir ajuda ao Jin, mas eu e ele estamos meio brigados.

Eu quebrei o óculos dele, foi uns dias tendo que ditar tudo que estava escrito nos lugares, e ele estava me provocando, pedia para eu ler até as placas de trânsito que nem letras tem.

Hoje eu briguei com ele por causa disso, o chamei de infantil e imaturo, entretanto, eu não estava bravo de verdade, e eu odiei ver o rosto assustado dele.

Devo pedir desculpas ou ajudar primeiro?

(...)

Naquele dia descrito, Jin não podia mentir, havia ficado triste, não por ter brigado com o outro, afinal se conheciam desde crianças era um tanto quanto normal, mas ouvir do outro que era infantil e imatura realmente lhe cortou o coração, Namjoon nunca havia dito nada mais do que idiota, imbecil ou algo do tipo, tentava imaginar se realmente era importante para o moreno ou o quão grave foi o que fez para ouvir aquilo, talvez para outros aquilo seria algo tolo, mas para si era perturbador.

2014/01/20

Desta vez não demorei tanto pra escrever, me sinto ... destruído.

Desde ontem tento falar com Jin e ele parece me evitar, se eu fosse ele, faria o mesmo, até porque falei coisas horríveis que eu sei que o machuca, entretanto, para mim, o pior foi vê-lo chorando nos braços de outro.

Eu sempre fui o seu consolador, seu melhor amigo, seu protegido e seu protetor, nunca me imaginei o vendo assim, porém quando o vi, me subiu uma raiva, tive vontade de puxá-lo e sair o arrastando até estar longe daquele sujeito, mas também me invadiu tristeza, e “se eu o perdesse para sempre?" foi isso que passou em minha cabeça.

Queria ter coragem para dizer que sinto muito, queria ter coragem de dizer que eu o amo e que é a mim que ele deve procurar sempre...

(...)

Jin ficou paralisado por segundos, até ter um ataque de adrenalina e se levantar, ele deixou o diário cair no chão, começou a andar em círculos e ofegar, lágrimas insistiam em rolar sobre o seu rosto novamente. Namjoon o amava.

Como uma onda, toda sua tristeza veio à tona, as lágrimas saíram e ele se encostou na parede. Inquieto, deixou-se escorregar até o chão, olhou para o nada com uma expressão de pura dor e angústia e gritou. Gritou alto e forte, aos poucos, seus gritos se transformaram em soluços chorosos.

Aquele dia havia chorando justamente por conta da briga, queria falar com o outro e pedir desculpa, mas só em olhar em seu rosto, se sentia mal, não conseguia esquecer a dor das palavras, não passava em sua mente que o mais novo havia o visto, muito menos que se sentia assim...Toda vez que pensava em seu passado, até mesmo na época de criança, sempre se via apaixonado pelo mais novo, porém escondia seus sentimentos com medo de ser rejeitado, achava que era melhor amar em silêncio estando perto, do que acabar perdendo de vez o que mais amava, entretanto, no final das contas acabou o perdendo mesmo assim, da pior forma possível, e agora se sentia culpado, talvez se tivesse confessado seu amor as coisas seriam diferentes, talvez a dor que sentia agora não seria tão grande.

Ele fechou os olhos, e ficou em completo silêncio. Poderia haver a possibilidade de ele mesmo ouvir o sangue correndo pelas suas veias, seu coração machucado batendo em um trabalho incessante.

Encarou seus dedos longos, escutando o atrito com a capa do caderno, tendo a vontade de arranhá-lo. Sentiu sua respiração entrar e sair de seu corpo, ouviu o som que o caderno fazia quando o acariciava com as mãos. O abriu, vagou pelas folhas até achar onde tinha parado e concentrou seus olhos nas letras de Namjoon, quase que escutando sua suave voz enquanto lia.

2014/02/??

Você sabe o que é destruição? Sabe como destruir? Não pense que sabe, amador. Eu sei destruir, e essa é a única coisa que realmente sei.

Por mais que eu tente não quebrar a única pessoa que me importo, vou acabar machucando ela também. Porque essa é a minha natureza, e é assim que eu me fiz.

Obrigado. Seu maldito de merda.

(...)

Namjoon tinha medo de destruir a vida de quem mais amava e Jin tinha medo de o perder.

Trágico e cômico...

Medo é um dos piores sentimentos de todos, nos aprisiona, nos impede de tentar, de conquistar, de sonhar....

2014/02/28

Último dia do mês, faz tempo que não escrevo, meus dias andavam sem graça e sem sentindo, depois que briguei com Jin me sinto desnorteado, já voltamos a nos falar, mas ele anda tão distante, hoje novamente o vi do lado do rapaz, fiquei com tanta raiva que cheguei a passar mal, mas talvez esse seja o melhor pra ele, talvez eu tenha que me afastar.

(...)

Jin mordeu o lábio de leve, não tinha mais lágrimas para chorar, porém a dor do seu coração ainda estava lá, assim como a culpa que o invadia, queria poder voltar no tempo e pedir desculpa, se confessar e dizer que era dele todo seu amor.

Mais uma página foi virada, se juntando as outras.

2014/03/02

Esse final de semana fez muito calor, não queria sair de casa, meu objetivo era passar o final de semana toda peladão em cima da cama, mas quando dei por mim já estava na casa de Hoseok jogando videogame e não demorou pra o restante dos meninos chegarem, como sempre Jin estava estranho, sobretudo, ele sorriu novamente ao me olhar, podia jurar que naquele momento estavam pronto para morrer, pois fiquei trêmulo e tonto, tudo estava indo bem, tive várias imagens lindas de Jin vermelho pelo calor e passando a língua em seus lábios, porém Tae veio com uma brilhante ideia, a qual era acamparmos, tive que aceitar para não me chamarem de medroso, pra minha sorte fiquei na cabana com Jin, ele parecia desconfortável, o que me entristeceu....

Aaaah, mas como sou Kim Namjoon também tive que fazer merda, não resistir ao acordar...

 Jin estava tão lindo com o cabelo levemente na testa, seus olhinhos delicados fechados, um sorriso pequeno nos lábios, os quais não resisti e selei, não demorou muito, pois ele se mexeu, agora estou com medo.

Será que ele sentiu?

Não quero perdê-lo de vez.

Me perdoe Jin

Kim Namjoon, o burro.

(...)

Involuntariamente SeokJin sorrio enquanto passava seus dedos pela boca levemente aberta, no final das contas, havia beijando seu amado.

2014/03/03

Geralmente não escrevo em sequência, certo? Sobretudo, algo estranho aconteceu hoje.

Na hora do intervalo eu e os meninos decidimos chamar outros rapazes para jogarmos, não sei se foi o efeito do final de semana, mas de repente minha cabeça parecia que ia explodir, tudo começou a rodar, tentei dar alguns passos pra frente, porém o chão parecia tão distante, olhei pros lados, não havia som, apenas via a expressão de cada um ficar embasada, então tudo ficou escuro, esse foi o lado ruim do meu dia, entretanto quando me acordei vi os brilhantes olhos de Jin sobre mim, ele segurava minha mão forte e quando chamei seu nome ele me abraçou fortemente, podia jurar que ele havia chorado, sua voz chamando meu nome indicava isto, Yoongi me explicou que depois que desmaiei Jin parecia que ia enlouquecer, pediu ajuda para me levar até a enfermaria e quando o sinal tocou falou que ficaria ali do meu lado até acordar.

Ai, esse meu hyung não sabe como estou feliz agora.

2014/03/07

Desde aquele dia não me sinto bem, me sinto tão cansado, creio que peguei uma virose, pois está tendo surto em minha cidade, porém hoje me sinto pior, por tal motivo não fui pra escola, e infelizmente não vi o hyung.

Saudades Jin

(...)

Aqueles dias foram doloroso para Jin, tinha ficado por dois dias no hospital esperando Namjoon acordar, e olhar para o mesmo tão indefeso na cama apertava o coração, fazendo o mais velho desejar tanto que ele acordasse.

Os meninos iam de vez em quando para visitá-lo, mas Jin se recusava a sair um minuto se quer do seu lado, nunca tinha ficado tão apavorado...

Virou a página apressadamente.

2014/03/09

Hyung ficou comigo até eu receber alta, sempre estava lá para conversar comigo e me trazer comida, já que eu achava a comida do hospital ruim.

Esses dias uma médica chamada Hye Jung vem me observado, e ela pediu para que eu viesse fazer alguns exames assim que estivesse descansado.

De certa forma, for difícil ver Jin dormir naquela cadeira desconfortável de hospital, então, depois que ele dormia, eu me levantava e pegava ele no colo, para que dormisse na maca comigo, mas raramente eu dormia também. Olhar o rosto adormecido de SeokJin se tornou o meu hobbie favorito.

Talvez eu devesse ir para o hospital com mais frequência.

(...)

Jin se lembrava perfeitamente daquele momento, afinal dormir numa cadeira e acordar abraçado com quem amava era inesquecível, e assim como o outro, também ficava o observando, não sabia se aquilo poderia ser considerado como recompensa ou tentação, afinal era difícil se segurar para não lhe tocar a face ou o beijar.

2014/03/10

Enfim estou em casa, deitado confortavelmente em minha cama, estou começando a achar que vou ter que usar óculos, cada vez mais minha cabeça dói e minha visão fica embasada com frequência, Jin disse que ficarei charmoso, acho que não será ruim, afinal gosto de óculos, uma das minhas paixões. Falando no hyung, embora esteja feliz por estar em casa, vou sentir saudade de ficar ao lado dele quase o tempo todo, mas talvez seja melhor pra minha sanidade, quase morro tentando segurar minhas emoções, vê-lo preocupado comigo deixa ele tão mais lindo, ver aqueles lábios de perto o deixa tão ... ou droga, pensei tanto nele que tive um sangramento nasal kkkkkkk. Hyung eu te amo.

(...)

Seokjin soltou uma risada gostosa com aquelas frases no caderno, como se já não bastasse quebrar o seu óculos, ele quebrava os deles também.

O dia em que ele quebrou simplesmente pegando o óculos tinha sido cômico, ele tinha ficado com as bochechas vermelhas de vergonha e raiva.

Jin se deitou confortável na cama de Namjoon e passou a página, ao contrário das demais anotações, não se tratava de relatos do dia a dia, havia alguns poemas ou músicas as quais sabia que tinham sido escrito pelo mais novo já que era um dos seus passa tempo favorito, leu alguns e outros passou.

2014/04/15

Quase um mês se passou, não relatei meus dias pois foram quase todos iguais, entrei pro time de futebol por conselho de Jin, ele dizia que minha vida era acidentaria demais e eu precisava praticar algum exercício ou esporte, e nos tempos vagos estudava, quase que não tive tempo. A três dias atrás mais uma vez passei mal, mas desta vez foi perto do trabalho de minha mãe, quando acordei estava numa cama de hospital, havia vários aparelhos e fios, não entendi muita coisa, ao olhar pro lado minha mãe se encontrava segurando uma xícara de chá, limpava o rosto com as mãos e dava soluços quase que silenciosos, naquele momento sabia que algo estava errado.

Minha mãe sempre foi uma mulher forte, tinha visto ela chorar apenas uma vez que foi no velório do meu pai, quando a chamei ela parecia assustada, mas veio logo me abraçando, foi então que se confirmou que algo realmente estava errado.

Ela chorava feito uma criança desesperada, eu tentei a controlar, dizer que estava bem, e ela pra me confortar disse que iria sempre estar do meu lado.

Eu descobri que tenho tumor cerebral, infelizmente sem cura. Nunca parei para apreciar a vida, mas agora tenho medo de perdê-la

(...)

O sorriso que estava no rosto de Jin se desmanchou imediatamente. Ele sentiu seu corpo formigar, seu rosto ficar quente.

 Jin e os meninos nãos sabiam que Namjoon estava doente, o mesmo não havia contato, descobriram poucos dias antes dele morrer. Quando questionado pelo seu mal estar dizia sempre estar ótimo ou que era uma simples gripe, sempre acreditavam, pois de alguma forma sua aparência era de alguém saudável.

Jin se sentia um fracassado, agora sabia quanto tempo seu amado havia sofrido sozinho. Logo, lágrimas começaram a sair descontroladas e ele apertou forte suas mãos no caderno.

Seu coração apertou de um jeito que ele já não sabia como não havia parado de bater, o mundo começou ficar sem sentido e Jin perguntava o que tinha feito para merecer isso.

Ele se sentiu extremamente desconfortável, começou desesperadamente procurar algo para focar, mas todos seus pensamentos iam para Namjoon.

Por que estava se torturando daquele jeito?

Abraçou o diário em seu peito, se encolheu e se permitiu desabar novamente.

Arfando e ofegante, como ele queria receber um abraço de Namjoon agora.

Daria tudo por isso. Daria sua vida por isso.

Olhou para o quarto a sua volta, com os objetos azul - claro a sua volta, como seu cabelo. Como as flores da cor do céu.

E, olhando suplicante para o céu cinzento, implorou para que tivesse Namjoon de volta.

Não obteve resposta.

Afundou o rosto no travesseiro ao lado, sentindo o cheiro de quem um dia foi seu dono, o perfume ainda era forte, como se recentemente o mais novo estivesse ali, deitado ao seu lado. Agarrou o objeto macio, sabia que aquilo era o mais perto de ter o outro junto a si. Enquanto suas emoções o dominavam, sua mente navegava em recordações, quantas das vezes esteve ali, conversando e brincando, queria voltar no tempo, onde teria Namjoon consigo, sem dor, sem tristeza, sem solidão, sem saudades.... Voltou a folhear o antigo "diário", as anotações agora parentavam serem mais curtas, e o período de tempo escrito maior.

2014/05/23

 Faz uma semana que não vou pra escola, sinto falta dos meninos, sinto falta do Jin.

 2014/06/10

Faltei hoje pois tomei alguns remédio e acabei me sentindo mal, Jin hyung perguntou o porquê estou faltando tanto, eu menti, não quero vê-lo preocupado, não quero machucar o meu amado. Desculpa Hyung.

2014/06/18

Fizemos uma brincadeira hoje, estava tudo tão bem e animado, fazia tempo que não me sentia "vivo", porém menti novamente, me perguntaram se eu gostava de alguém, eu disse que não, essa foi a maior mentira que contei em minha vida. Eu te amo Hyung, morrerei te amando.

(...)

Naquele momento, as lágrimas de Jin já haviam secado. Ele sussurrou um "Eu também morrei te amando" para o diário, como se o mesmo pudesse te ouvir.

2014/06/19

A médica Hye Jung me chamou hoje, mas eu tinha demorado muito a falar com ela. Ela me disse coisas a respeito do tumor no meu cérebro e que já estava muito tarde para uma cirurgia.

Foi nessa hora que eu fiquei desesperado em querer viver, engraçado só damos valor a alguma coisa quando estamos perdendo, certo? Eu só gostaria de morrer sem arrependimentos, gostaria que o Hyung soubesse de tudo.

(...)

No fim da página tinha várias palavras manchadas, como se alguém tivesse chorado ali.

Jin escutava a voz chorosa de Namjoon no seu ouvido, quase sentia seu cheiro e, sem lágrimas para dar, sorriu.

"Eu já sei de tudo Nam, obrigado"

2014/07/19

Um mês se passou, agora é sábado, era pra ser um final de semana tranquilo, já havia planejado tudo, ficar com os meninos, comer besteira, falar palavrão enquanto jogamos videogame, mas acordei mal, estou me tornando um belo mentiroso, tive que mentir e dizer que não posso estar com eles pois irei viajar pra casa da minha vó, como consequência terei que ficar o tempo todo trancado em casa. Que droga de doença, não aguento mais. O que fiz de errado? Isso tudo é por mostrar a língua aos meus pais quando tinha cinco anos? Por ter quebrado a janela da vizinha e colocado a culpa em outro? Ter roubado maçã no sítio perto da casa da minha tia? Ou por amar demais? Eu não aguento mais, estou começando a pensar que realmente será melhor morrer logo.

(...)

Ele leu toda a revolta de Namjoon, e o que mais queria no momento era estar ao seu lado para lhe abraçar e dizer que estava tudo bem, e que tudo isso iria passar.

2014/07/21

Hoje foi o pior dia de todos.

Eu fui para escola junto com os garotos, o dia todo estava bom e tranquilo, era como se eu nunca tivesse doença alguma.

Mas no meio do dia eu apaguei.

Apenas imagens embaçadas pararam na minha cabeça, uma em especial.

Jin me abraçando forte na maca de hospital, chorando como se estivesse perdendo algo precioso.

Eu não deveria estar feliz com isso, é extremamente ignorante da minha parte, mas eu gostei do hyung se importando comigo.

Eu só gostaria que isso fosse uma gripe para que ele parasse de sofrer, eu voltasse a ser saudável e, talvez, eu poderia me declarar. Quem sabe começássemos a namorar. Pensar nisso me deixa feliz, acho que só isso vem me deixado feliz esses dias.

(...)

Namoro? Jin deu uma leve risada. Esse era seus pensamentos todos os dias, queria namorar, casar e envelhecer ao lado de NamJoon, porém o destino quis diferente.

 2014/07/22

Por sorte voltei pra casa no mesmo dia e pude dizer que estava apenas cansado pois ultimamente estava ajudando muito mãe, e falando nela, tivemos uma briga e tanto, ela não aguenta mais minhas mentiras, assim como eu também não.

Ela disse não posso aguentar tudo sozinho... na verdade eu não sei se estou aguentando, às vezes quero acabar com isso logo, em outras quero apenas ficar ao lado de todos, principalmente dela e de Jin e aproveitar até os últimos minutos, porém eu não quero ver os demais sofrendo ou me tratando com pena, quero que se lembrem de mim forte como sempre fui... A única coisa que salvou meu dia foi que no final da tarde choveu e Jin estava comigo, suas mãos estavam frias então as segurei, ele sorrio como agradecimento enquanto apreciávamos o cheiro de terra molhada do quintal de minha casa. Queria poder parar no tempo e tê-lo para todo sempre

(...)

O rosto de Jin ficou extremamente corado lembrando do acontecimento, ele estava se segurando para não derreter ao toque de Namjoon, e nunca ficou tão feliz com um simples gesto.

Para Seokjin, tudo em Namjoon era perfeito.

2014/07/27

Hoje eu realmente gostaria de me declarar para Jin, mas eu não pude sair da cama de hospital, então fiquei esperando ele vim me visitar, mas ele não veio.

Eu fiquei com muita raiva e saudade, então liguei para ele. Ele só foi atender no sétimo toque, o que me fez pensar o que raios tinha acontecido para ele demorar tanto para atender. Escrevendo isso aqui agora, me sinto uma garotinha com ciúmes do namorado. Aliás, não tem problema chamá-lo assim, certo? O diário é meu e eu faço o que eu quiser com ele. Enfim, eu liguei e fiz ele falar comigo até o anoitecer, e só terminei quando pude ouvir sua respiração pesada do outro lado do telefone.

Isso me fez lembrar dos dias que ele dormiu comigo no hospital, por que ele não volta? Que tipo de namorado faz isso?

(...)

Com a recordação, Jin se sentiu um tanto quanto malvado por fazer o outro sentir sua falta e por não tê-lo visitado, porém também estava feliz por saber que o outro havia sentindo ciúmes e principalmente havia o chamado de namorado.

O fato do mais velho não ter ido ao hospital era por se sentir excluído pelo mais novo, pois já desconfiava que algo estava errado, afinal não é normal uma pessoa saudável e que quase não ia ao médico começar a fazer isso com frequência, porém quando questionava isso, sempre recebia como resposta mentiras, sabia disto porque o menor sempre contava histórias diferentes; se sentia triste pelo outro não confiar em si, então como "troco" decidiu se afastar, o que não deu certo, não conseguia ficar um minuto sem pensar em Namjoon, sem ficar perto dele de alguma forma...

2014/08/08

Hoje acordei animado, me senti bem disposto, como plano infalível decidi buscar Jin em sua casa para irmos juntos ao colégio, fazia tempo que não tinha feito isso, pensei em ligar, sobretudo, achei melhor fazer surpresa, queria ver aquele sorriso tímido lindo que só ele sabe dar e que faz meu coração ir de zero a mil em um único segundo, porém eu que fui surpreendido, ao chegar na casa do hyung sua mãe me avisou que ele já tinha ido com um amigo, achei que pudesse ser Hoseok ou Jimin, já que eles moram perto, então corri para alcançar, e infelizmente não era nenhum dos rapazes.

Jin estava com aquele maldito menino o qual estava o consolando quando chorava, nem sei o seu nome, mas o odeio.

Ele segurava a mão do meu hyung, quando vi tal cena pensei em puxar Jin e beijá-lo, para que todos soubessem que eu o amava, e lógico, depois socaria a cara do infeliz, entretanto as surpresas não pararam, a boca do filho da puta se abriu dizendo "eu te amo" e o Jin sorriu... Não aguentei e saí correndo, era pra ele sorrir só pra mim, era pra ele ser só meu...

(...)

Naquele dia, Seokjin sorriu, mas não por felicidade, talvez por bobeira. Quando seu amigo se declarou para ele, ficou pasmo e começou a rir de nervoso, depois disse que estava gostando de uma pessoa, gostando muito. Não fazia a menor ideia de que ele estava lá no momento.

2014/08/10

Eu não tendo falado com o Jin. Eu sei que estou sendo péssimo com ele desse jeito, quando ele vem eu finjo dormir ou digo que estou cansado de mais para sair de casa. O pior de tudo é que ele aceita minhas decisões, por que ele não vem aqui a força? Ele não sabe que eu cederia se ele viesse?

Se eu visse ele fazendo aquele maldito bico que ele faz quando quer pedir desculpas, eu com certeza iria ceder. Me use como quiser, Jin. Pode me machucar o quanto quiser, desde que você não esteja com aquele garoto.

(...)

SeokJin queria ficar perto de seu amado, mas não a força, queria que o outro também quisesse ficar consigo, então sempre ia embora, não queria ser um fardo. Uma semana, foi o tempo que levaram pra voltarem a se falar, no início o clima era estranho, mas aos poucos foi mudando. Namjoon só parou de evitar o mais velho porque JungKook havia contato a história na qual o hyung tinha recusado o rapaz pois gostava de alguém, naquele momento o moreno de cabelo tingidos sentiu-se feliz e esperançoso, talvez esse alguém fosse ele, entretanto em sua cabeça passou o filme que estava acontecendo em sua vida, agora era tarde demais para viver seu amor.

3 meses, foi o prazo que o médico lhe deu de vida, podia viver até um pouco mais, porém não mudava que seus dias estavam contados. Por incrível que pareça, ao saber da notícia Namjoon não se abateu, mesmo sabendo que faltava pouco para não estar com quem amava se sentiu "privilegiado", nem todo mundo sabe quando vai morrer, agora ele poderia se preparar antes de dar adeus.

Jin passou algumas folhas, todas em brancos, não havia mais relatos, nem mesmo o mais novo havia contado do dia da festa na casa do Choi Lee onde dançaram até o dia amanhecer e Namjoon passar mal, sendo levado às pressas ao hospital, foi então que todos descobriram de sua doença, de início não queriam acreditar, Nam era jovem e forte, mas aos poucos a ficha foi caindo, todos os meninos choravam, na frente dos outros Jin tentava ser forte e por isso sempre estava consolando os demais, entretanto, quando estava sozinho chorava, não podia perder seu amado, não sem se confessar, infelizmente quando teve coragem, o estado do mais novo era pior, era raro as vezes que ficava acordado, começou a ter convulsões, esquecer de coisas e de pessoas, era doloroso demais vê-lo daquele jeito, porém não saia do lado de Namjoon, quase sendo reprovado no seu último ano de colégio.

Mais algumas folhas foram passadas, havia uma pequena anotação, não tinha data, mas Jin sabia quando o momento havia sido vivido.

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Não sei qual é a data de hoje, mas no meio da noite de ontem acordei ouvindo a linda voz de um anjo, era isso que ele parecia para mim, o mesmo acariciava minha mão, parecia triste, entretanto, tinha um pequeno sorriso.

" A neve está prestes a cair, queria poder estar contigo quando isso acontecer, assim meu amor duraria pra sempre e você não iria embora. Por favor, fique comigo."

Era isso que o anjo dizia.

(...)

Jin não viu as horas passarem, quando notou, já era manhã de novo. Tinha dormido agarrado ao travesseiro de Namjoon, seu "namorado". Tinha dormido de óculos e amanheceu com eles quebrados, semelhante ao trabalho de Namjoon.

Ele se levantou com sono, apesar de ter dormido a noite toda, estava sem energia para nada, mas resolveu pegar o diário novamente. Folheando as folhas em branco achou no final do caderno, na capa, uma suposta frase de Namjoon.

"Você precisa viver."

Quase ao final do antigo diário havia uma envelope, ele ainda permanecia lacrado, ao segurar em suas mãos, notou em letras pequena "Para Kim SeokJin", abriu cuidadosamente, dentro tinha uma folha um pouco amassada, e com letras cuidadosamente escritas, e assim como antes, passeou seus olhos lendo o conteúdo...

Olá

Hoje está fazendo frio, não sei se é porque o inverno chegou ou porque está chegando minha hora de ir.

Sempre dizem que as partidas são tristes, será por isso que não está aqui segurando minha mão como faz todos os dias?

Está nevando como você tanto queria, infelizmente não estamos juntos. Desculpa por ter que ir e deixá-lo sozinho, na verdade queria sempre estar ao seu lado, poder ver ser brilhantes olhos ao acordar, juntamente com seu cabelo bagunçado e cara de sono, para mim essa é a melhor visão que já tive em toda a minha vida, pena que nunca pude lhe dizer, pois fui um maldito medroso.

 Você é tão delicado, tão puro, que me fez ficar apaixonado desde a primeira vez que te vi, desde aquele momento sonho lhe beijando e te chamando de meu enquanto envelhecemos juntos.

SeokJin obrigado pelos melhores momentos de minha vida, pois grande parte deles foram vivida ao seu lado. Você faz tudo ficar tão mágico, seja em um simples “Oi”, olhar trocado ou um segurar de mãos. Você foi o único que me fez perder a fala, sentir borboletas no estômago, soar frio, ter ciúmes, raiva, você me ensinou a amar, e é com esse amor que me despeço, e é com ele que irei partir.

 Adeus meu amor...

 Assinado: Kim NamJoon

 2015/01/22

(...)

A carta havia sido escrita um dia um dia antes da morte de Namjoon. Jin tinha agora seus sentimentos em grande confusão, queria rir, queria chorar, gritar, até mesmo correr, sobretudo, olhou a pequena janela do cômodo, o céu ainda era cinza, então percebeu que pouco a pouco flocos de gelo caia do céu, estava nevando, para si era um sinal, um presente do outro, para confirmar que o amor de ambos ainda permanecia vivo. Sabia que não importava onde o outro estivesse, um dia iam se reencontrar e viver tal sentimento guardado e escondido por tanto tempo. Estendeu a mão deixando que a branca neve cai-se em sua palma, sorriu e sussurrando disse:

 – Adeus meu amor.