Pov Jujuba
Eu não entendi nada do que ela quis dizer com aquela música, o jeito como me tocava era algo novo, os sentimentos eram novos. A vampira sedenta sugava meu seio vorazmente, minhas pernas pareciam ter criado vida própria, pois prendiam o corpo dela contra o meu.
Aquele contato se intensificava como minha respiração atribulada, cada vez ficava mais difícil querer parar. Marceline roçava as presas sobre minha pele como se fosse cravar à qualquer momento, na hora não tive medo, estava movida por um desejo profundo. Então senti como se duas agulhas me penetrassem o seio esquerdo, meu corpo começou a enfraquecer. Me debati, empurrei a vampira e me afastei assustada. Ela me olhava com um olhar de profundo e ao mesmo tempo vazio, nas presas escorriam um líquido rosa que logo constatei ser meu sangue. Minha vista começou a ficar embaçada, meu corpo mole... A última coisa que pude ver foram aqueles olhos queimando de desejo, melancolia e algo que eu não pude mais decifrar, pois só lembro que desmaiei.
Algumas imagens distorcidas apareciam em minha mente, ainda estava tonta e com fortes dores de cabeça. A noite escura, os olhos de Marcy e as presas sujas com meu sangue, eu lembrava apenas disso. Levantei assustada, olhei em volta e... eu estava no quarto real, com meu pijama e na minha cama sã e salva. Suspirei e olhei o quarto escuro, fazendo minha visão se acostumar com o ambiente iluminado apenas pela janela aberta. Fiquei alguns segundos admirando as cortinas que pareciam dançar com o vento que entrava, quase como uma hipnose.
- Finalmente você acordou. - Me assustei ao ouvir aquela voz, procurei pelo quarto até conseguir ver algo sair das sombras, era ela.
- O que aconteceu, Marceline?
Ela veio flutuando para perto, pude reparar que a garota havia trocado de roupa, estava com uma camisa de algodão cinza e uma calça jeans preta. Ela sentou na cama e sorriu um pouco sem graça pra mim, tentando esconder as presas.
- Eu sei que você me mordeu e não ligo. Não precisa se sentir assim.
Ela me olhou preocupada, acariciou meu rosto com cuidado, como se eu fosse de vidro.
- Você já se viu no espelho?
- Não consigo levantar... - Na verdade eu conseguia sim, só falei pra ter mais contato com ela, que prontamente me pegou nos braços e me levou até o banheiro, acendeu as luzes e me colocou na frente do espelho... eu estava pálida.
- Não podemos fazer isso de novo, Princesa Jujuba, eu não tenho controle sobre isso.
- Me chame de Bonnibell, é meu primeiro nome.
- É muito longo.
A vampira me olhava com aqueles olhos... Eu amava o vermelho dos olhos dela, como eram profundos, hipnotizantes e lânguidos.
- Eu poderia passar o dia inteiro olhando nos seus olhos, Marceline. - Pensei alto, mais pra nós do que pra mim.
- Não devia. Olhe o que eu fiz com você!
Me olhei no espelho mais uma vez, mas nada que me assustasse. Eu só precisava de suco doce para voltar ao normal.
- Isso não é nada demais, Marceline.
- Nada demais? Você está totalmente pálida! Eu sou um monstro, não vê?!
Procurei nas prateleiras do banheiro um frasquinho transparente com um conteúdo rosa, abri com certa dificuldade e bebi o líquido que desceu quente por minha garganta, logo recuperando minha cor. Desci dos braços dela, lançando um olhar convencido na direção dela.
- Viu? Rosinha de novo! E você não é um monstro. Convencida demais pra ser um... - Fiz cara de pensativa, fazendo a menina sorrir e me abraçar.
- Você tem mais desses?
- Muito mais... Respondi sugestiva com um sorriso de canto, fixamos nossos olhares por longos minutos.
- Eu te chamaria pra um passeio noturno, mas eu tenho que voltar pra casa.
- Eu não poderia... Amanhã tenho uma reunião enfadonha no reino do queijo.
Ela suspirou tristemente e beijou minha testa, fez menção de ir embora, mas segurei suas mãos.
- Fica, Marcy...
- Tá bem, Peebles. Mas eu não posso demorar, okay?
- Peebles? Que diabos seria isso?! - Perguntei totalmente confusa.
- Só um apelido novo, Jujuba.
- É adorável! Mas não...
- Não tem mais e nem menos, esse apelido tá maravilhoso!
Abaixei a cabeça corando violentamente, Marcy segurou meu rosto e me olhou nos olhos, dando um selinho nos meus lábios e mordendo no fim, fazendo-me sentir o gosto doce do meu sangue.
- Seu nome é adorável, Bonnie... Bom, eu acho que tenho que ir.
- Mas você falou que ficaria!
A vampira me levou até a cama, me deitando sobre o colchão fofinho.
- Tá quase amanhecendo. Tenho que ir se eu não quiser virar pó e não é isso que queremos, não é?
Abracei a garota sentindo o contato frio do corpo dela, abraçar Marceline é como quando sonhamos que estamos caindo de um abismo, desesperador, mas aquilo era agradável, eu me acostumaria. Depois de muitos abraços e minha insistência sem sucesso para que a vampira dormisse comigo, finalmente deixei ela ir, me sentindo culpada depois por fazê-la se arriscar tanto.
Eu sentia a solidão voltar a me cercar, não conseguia parar de pensar nela ou quando nos veríamos novamente.
- É, Jujuba... Acho melhor você dormir, se conseguir.
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