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História Graceful doll - Encontro.


Escrita por: wwendy

Notas do Autor


Oi gente ♡ Eu só apareço de madrugada né? Por mais que, tecnicamente, seja de manhã agora... Socorro g-g.
O capítulo ficou mais longo do que eu esperava, perdão! ;^; Só comecei a escrever e bum, não consegui parar mais >: No entanto, me dediquei bastante a ele, e espero ter ficado do jeito que eu queria... Como também espero que vocês gostem e sintam cada partezinha do que eu senti escrevendo.
Boa leitura! ♡
Obs.: Fiquei muito feliz por vocês terem gostado da cena do beijo dos dois no capítulo anterior. Vocês são uns lindos, af ;-;

Capítulo 7 - Encontro.


Fanfic / Fanfiction Graceful doll - Encontro.

Podia sentir a brisa fresca passando por entre os fios de seu cabelo, deixando que abaixasse o olhar, mais uma vez focando naquele rosto infantil e curioso. Achava engraçado como quando sorria, apareciam dentes demais. Sempre aparentava estar tão alegre, como se em qualquer mínima ocasião, conseguisse se divertir. Parecia ser bom. Ele parecia ser feliz.

- O que você acha dessa aqui? – perguntou, mostrando a camiseta branca com estampa colorida que tinha em mãos. Era uma loja relativamente vazia, talvez por conta dos preços altos. Mas como Chanyeol não entendia absolutamente nada sobre roupas e preços, arrastou Byun consigo para lá. O que não parecia ser problema, já que dinheiro era uma das últimas coisas que iria lhe faltar.

- Isso é para eu ir com você até a festa da empresa do seu pai hoje? Eu já disse que não vou, Chanyeol.

- Mas... – murmurou, novamente olhando para a camiseta. – Eu acho que ficaria tão bonita em você. – concluiu, e como o silêncio se prosseguiu, acabou notando o que havia dito. – Ah! N-não! Não que eu tenha te i-imaginado usando ela, eu só... Só... – sentia o rosto esquentar, cada vez mais amassando aquele tecido entre as mãos.

- Você se denuncia sozinho. – Byun comentou risonho, levando suas mãos até os ombros de Chanyeol, sem pensar muito bem sobre aquilo. Parou ao notar o quão petrificado ele estava, notando as bochechas vermelhas e os lábios contraídos, provavelmente segurando a respiração. O que estava fazendo? Confundindo tudo, bagunçando tudo. Não eram namorados. Não tinha direito de... De fazer aquilo. Mesmo que já tivesse o beijado, e mesmo que estivesse sedento por mais. Não tinha o direito... certo? – Eu vou provar a roupa então, usarei ela em outra ocasião. – concluiu sem graça, tirando as mãos de seus ombros para segurar a camiseta branca, pronto para sair dali até o provador, parando em seu lugar ao sentir a mão leve e delicada em seu ombro, o fazendo voltar o rosto para trás, em sua direção.

- Pra ser sincero, eu te imaginei mesmo vestindo essa roupa. E ficou muito bonito. – confessou, parecendo fazer um esforço enorme para não gaguejar ou engasgar e tropeçar por entre as palavras, sem conseguir exatamente manter o olhar no rosto do prostituto.

Fechou a mão livre em um punho, engolindo seco para enfim se aproximar e depositar um selar em seus lábios, podendo ver com clareza o quão surpreso Baekhyun estava, principalmente ao se afastar e encarar aqueles olhos arregalados olhando para si.

- Eu... N-não fique me olhando assim! – pediu, empurrando rápido o seu corpo para que andasse logo para o provador. Era constrangedor. Não bastava ter de criar coragem, precisava também ser encarado? Era demais para si. Uma coisa de cada vez.

Baekhyun lentamente começou a caminhar na direção do provador, ainda sentindo o corpo um pouco travado. Sem sequer perceber sorriu, levando sem jeito os dedos até os próprios lábios, como se ainda pudesse sentir a maciez dos lábios de Chanyeol ali. Estava agindo feito um adolescente apaixonado. E talvez até fosse mesmo. Em toda a sua adolescência não teve sequer tempo ou oportunidade de se apaixonar. Talvez tardiamente, mas simplesmente não conseguia tirar aquele sorriso largo do rosto, por mais que fosse somente um selar. Quantas vezes não recebeu aquilo? Era tão bobo e inocente. Mas ainda assim não conseguia ter outra reação.

- Será que eu fiz algo errado? – se perguntou, mexendo nervoso uma mão na outra, esperando ansioso para Byun sair daquele provador. Park não entendia absolutamente nada daquilo. Podia ser um expert em quadrinhos, mangás, videogames... Mas sinceramente tudo aquilo era muito mais complicado.

Precisava descontar aquilo em alguém. Precisava. Respirou fundo, pegando o celular do bolso e passando com pressa por seus contatos, até encontrar o nome do melhor amigo ali. Mesmo sem notar, pela primeira vez em muito tempo não pensou em si com tanto carinho e amor. Só conseguia pensar em seu primeiro beijo e no que havia feito minutos atrás.

“Sehun! Eu beijei! Cara, eu beijei! Eu tô uma pilha. É bom, mas por que eu me sinto tão tonto?” enviou, digitando rápido no teclado do aparelho, já que fazia isso há muito tempo.

Estranhamente sua resposta não demorou a vir. Leu confuso, já que ele não aparentava estar interessado em saber mais sobre todas aquelas reações e detalhes. Por mais desconfortável que fosse, sempre se forçava a escutar e interagir com tudo de novo que Sehun fazia e vinha lhe contar.

“Quem foi?” leu mais uma vez, unindo as sobrancelhas. Como ele foi curto, respondeu da mesma forma, somente o nome de Baekhyun.

- E então? Como estou? – Byun abriu a cortina do provador, caminhando até mais perto do adolescente, que imediatamente colocou os olhos em si. Desde que vestiu a camiseta prometeu a si mesmo que controlaria aquele sorriso estúpido, mas por que era tão difícil?

- Exatamente como eu imaginei. – comentou em resposta, não conseguindo deixar de encarar todo o seu corpo, notando o quão bonito havia ficado com aquela camisa. – Você tá lindo. – concluiu baixinho, voltando os olhos para o seu rosto.

- Obrigado. – agradeceu, acabando por sorrir de uma vez. – Então eu vou levar. Só preciso tirá-la para que possamos pagar no caixa.

- Tudo bem, eu te espero aqui.

- Que? – Baekhyun uniu as sobrancelhas, rindo. – Eu não vou voltar para o provador. Não tem necessidade. Me de cobertura, só isso. – pediu, levando as mãos até a barra da blusa, começando a puxá-la para cima, se assustando com o grito baixo que Chanyeol soltou. – Chanyeol! – exclamou, o vendo imediatamente desviar o rosto. – Eu não vou me despir! Só estou tirando a camiseta, e além do mais tudo que eu tenho você também tem. – resmungou, aliviado por não notar nenhuma vendedora vindo na direção dos dois.

- Me d-desculpa. Mas você não acha que estamos indo rápido d-demais? – indagou, sentindo o rosto quente, voltando os olhos para Baekhyun, que agora se controlava para não rir.

- Eu já disse que não vou fazer nada com você, a não ser que me peça. – respondeu, se atrevendo ainda a dar uma piscadela em sua direção, para enfim voltar a se concentrar na roupa.

Engoliu seco, sentindo o corpo se enrijecer aos poucos. Já sabia que o prostituto era bonito, isso lhe ficou óbvio desde a primeira vez que o viu em seu aniversário. Mas não podia negar que, ver o corpo ao vivo eram outros quinhentos. Ele era muito bonito. Não era magricela igual a si, em sua opinião, era muito mais bonito.

- Pronto. – Byun comentou após enfim estar vestindo outra vez a costumeira blusa leve e folgada de Chanyeol. – Vamos? – chamou, já que o outro parecia totalmente perdido em seus próprios devaneios. E com isso, de volta a realidade, se deixou seguir pela loja até o caixa.

Park estava tão afetado e perdido no meio de tudo aquilo que sequer havia notado que seu celular havia vibrado no bolso. Só conseguia manter seus olhos em Baekhyun, sentindo o corpo tão quente. Por que se sentia até mesmo com calor?

- Baekhyun? – chamou, encarando o rosto sempre tão tranquilo e relaxado. Já andando consigo pelas ruas do centro, a procura de um táxi, recebeu sua atenção. – Eu posso... Te beijar quando eu sentir vontade? – indagou, já que talvez ele não houvesse gostado do que aconteceu mais cedo. Não desejava ser invasivo e muito menos forçar algo que somente ele queria.

- Pode. – respondeu, já sentindo o sorriso começar a se formar no rosto. – E quando que você sente vontade?

- O tempo todo. – não mentiria. Por mais inexperiente que fosse, gostaria de estar consigo há todo momento, aproveitando cada partezinha daquilo.

- Então parece que temos um problema. – riu, chamando o táxi na beirada da calçada. – Mas não se preocupe. É um problema que podemos resolver. – viu o veículo logo se aproximar, deixando que entrasse e logo em seguida Chanyeol também o fizesse, com aquele sorriso largo, infantil e abobalhado nos lábios. De toda forma, não negaria que se sentia o suficientemente feliz por saber que, ao menos em relação aos beijos, Chanyeol fosse recíproco.

Era algo surreal para si. Talvez até estúpido de se pensar. Mas e se, mesmo em todas as atuais circunstâncias, ele pudesse retribuir?

 

-

 

Sentado no sofá macio da sala, se deixava assistir a um programa de culinária, fascinado por todas aquelas comidas que jamais poderia comer. Não conseguia sequer pensar no possível sabor que elas teriam, mas aparentemente, pareciam deliciosas. Se cobriu melhor com o cobertor, passando os olhos pelas fotos na estante. Uma família feliz... Ele tinha sorte.

- Você tem certeza que não quer vir? Ou eu... Eu posso ficar com você. Você tem certeza? – Park questionou pela terceira vez, ainda desconfiado sobre tudo aquilo.

- Sim, eu tenho certeza. – afirmou, sorrindo. – Você não precisa se preocupar. É a festa da empresa dos seus pais, é importante que você vá. E eu... Prefiro ficar. – explicou, dando alguns tapinhas no ombro do adolescente, para que ele se tranquilizasse. Não negava achar adorável toda aquela preocupação consigo, mas em tal situação realmente não era necessário. Logo mais eles voltariam, seriam apenas algumas horas sozinho.

Chanyeol pareceu relutar por um momento, unindo as sobrancelhas para enfim suspirar fundo, finalmente concordando. Ouviu seu pai o chamar pela segunda vez, e já que não podia mais permanecer ali, bagunçou levemente a cabeleira do prostituto, para em seguida dizer:

- Eu prometo que volto rápido. Se você precisar de algo, me ligue. – se despediu, enfim saindo da casa.

Abaixou os olhos para as mãos, mexendo o controle remoto entre elas. Ouviu o barulho do carro ligado saindo da garagem, e então, silêncio. Admitia que havia se desacostumado ao silêncio, então tudo aquilo talvez estivesse mesmo sendo deveras estranho para si. Respirou fundo, focando a visão na imagem que se passava na televisão. A casa inteira estava escura, poderia facilmente dormir daquela forma...

Claro, se não fosse por sua mente. Podia recapitular cada pedaço daquele dia, ou ainda, cada parte daquela semana. Ainda não lhe havia caído a ficha que isso tudo estava realmente acontecendo consigo. Com a sua memória um tanto apagada, podia se lembrar de cada mão suja que lhe tocou, da cabeça aos pés.

“Eu não quero que me toquem... Eu não quero sentir nada deles. Por favor, eu não quero.” Se lembrou de suas palavras sôfregas, a visão extremamente embaçada, sentindo o cheiro de nicotina pela primeira vez tão forte, talvez por estar misturada a tantas bebidas do lugar.

“Eu posso te ajudar somente com isso, garoto. Na sua idade, e nessa cidade, sabe que não conseguirá um emprego. É pegar ou largar.” As palavras diretas e duras do cafetão lhe atingiram direto no peito, sentindo um bolo se formar na garganta.

Se fechasse os olhos, poderia sentir os braços quentes da mãe em volta de si. A sua respiração calma, os cílios longos, lábios finos. Ainda conseguia se lembrar de tudo. Se lembrava da sua promessa, de sempre estar ali para lhe proteger. Por que ela não estava? Por que se sentia tão desprovido de qualquer cuidado?

“Eu entendo.” Foi a única coisa que conseguiu responder, abaixando o rosto para focar a visão tão borrada nas próprias pernas. Havia pensado que, após a primeira experiência, as coisas melhorariam. Mas pelo contrário, somente piorava e piorava...

- Acho que eu encontrei alguém para me proteger, mãe... – murmurou baixinho, sentindo o corpo quente debaixo daquela coberta, sequer ouvindo o som que provinha da televisão. Apesar de todas as suas memórias ruins, em menos de uma semana, conseguia se sentir leve. Como se aos poucos, deixasse cada uma delas para trás. Seria errado pensar dessa forma? Queria manter suas esperanças. E queria que elas se concretizassem.

Se deixou assistir televisão por mais um tempo, tentando não pensar tanto naquilo, afinal o sono já começava a tomar posse de si. No entanto acordou rápido ao sentir o celular vibrar no bolso da calça jeans, o pegando com uma das mãos.

“Por favor, venha pra cá. É sério, por favor. Estou te esperando nesse endereço.” Leu a mensagem de Chanyeol, unindo as sobrancelhas. O que ele queria dizer com aquilo? Respondeu questionando o que ele havia dito, mas a resposta não voltou. Sentindo a preocupação tomar conta de cada mínimo pedaço de si, calçou rápido o sapato, correndo o mais depressa que podia para fora da casa, fazendo o mesmo na calçada. Precisava de um táxi. Sabia que Park não lhe mandaria uma mensagem daquelas se realmente não estivesse precisando de si, e imaginar o motivo para aquilo, lhe amedrontava.

Deu o endereço recebido na mensagem para o motorista, pedindo que fosse o mais rápido que conseguisse. Baekhyun estava um trapo. Havia chegado e vestido o pijama, ou melhor, o moletom largo e folgado de Chanyeol. Não estava com aparência para ir em uma festa formal de uma empresa. Mas sinceramente sequer conseguia pensar sobre isso.

Uniu preocupado as sobrancelhas ao notar o vasto gramado vazio que o automóvel seguia. Algo provavelmente havia acontecido com o carro dos pais de Chanyeol durante o trajeto. As ideias só começavam a piorar em sua cabeça.

- Obrigado. – agradeceu, jogando rápido o dinheiro para o taxista, saindo de uma vez do automóvel. Sentindo o coração bater acelerado, começou a andar por entre toda aquela grama que jamais aparentava ter sido aparada, saindo da estrada de terra a que tinha vindo. Estava escuro. Em torno das oito horas... Só conseguia ouvir o barulho dos grilos, e extremamente distante, o som de uma música. Devia vir do salão onde a festa da empresa iria acontecer.

- Chanyeol? – chamou, apertando com um pouco de força o tecido da blusa. Poderia enfrentar muita coisa em sua vida, e inclusive o faria cegamente por aquele adolescente, mas... Não negaria que sentia um calafrio por estar sozinho ali, logo durante uma noite, em um lugar tão deserto. – Ch...Chanyeol? – chamou novamente, sentindo a respiração pesada. Onde ele estava?

- Você veio mais rápido do que eu imaginava. – ouviu a voz atrás de si, guiando os olhos até a figura esguia e alta, a qual estava tão acostumado a ver. Por mais que não esperasse ver Sehun logo ali, junto a um rapaz desconhecido, provavelmente seu amigo. – Eu te chamei aqui para conversarmos, Baekhyun. Acho que eu preciso fazer isso, já que meu melhor amigo não consegue. – sorriu cínico, enfim encarando o rosto do prostituto. Sehun estava bem vestido, com um terno cinza de marca. Sem dúvidas ele estava no salão também. Só não entendia porque lhe chamar naquele local tão vazio a tal hora. Não fazia o mínimo sentido, se tinha vontade de conversar, seja lá o que fosse, por que não o fez em outro lugar, em outro horário?

- Sobre o que você quer conversar? Poderia ter feito isso em outro lugar. – comentou, desconfiado. Não se sentia absolutamente nada bem na presença daquele garoto, afinal, não gostava de ser tratado com hostilidade. Por mais que não fizesse parte do mesmo círculo que Sehun, não entendia a tamanha indiferença a qual era tratado.

- Não, eu não podia fazer isso em outro lugar. Justamente por ele estar sempre perto de você. Você é um carrapato por acaso? – riu, carregando o mesmo olhar hostil de sempre. - Eu não quero ser grosso, afinal de contas, foi justamente eu e os meninos que te contratamos. Mas por acaso você não acha que está confundindo as coisas demais?

- Como é que é? – uniu as sobrancelhas, se controlando para não dizer ou fazer qualquer coisa que não deveria. Infelizmente era o melhor amigo de Chanyeol, e para piorar tudo, sua paixão. Sabia que precisava manter limites firmes ali.

- Se eu te pagasse, antes de você ser contratado para o Park, você também transaria comigo, não é? Esse é o seu trabalho. – guiou o olhar para o outro rapaz que agora se pronunciava, sentindo o estômago revirar aos poucos.

Manteve-se em silêncio, apertando cada vez o tecido da camiseta entre as mãos.

- Responda, Byun. – Sehun mandou, como se realmente estivesse se divertindo com tudo aquilo. Era nojento. – Sabe, grande parte do dinheiro pra te contratar saiu de mim. Eu acho que seu cafetão não ficaria muito feliz caso eu desejasse te devolver e pedisse pelo meu dinheiro de volta, ressaltando o quão merda foi o seu trabalho, não é?

Estavam simplesmente jogando e deixando claro qual era a sua profissão. Algo que nunca fez questão de negar ou esconder, afinal, era o que era. Só tinha tudo o que tinha atualmente por conta daquilo.

- Sim. – respondeu, por mais enojado que estivesse com qualquer um daqueles dois garotos. Podia começar a sentir a visão pesada, até mesmo uma tontura extremamente desnecessária. O que estava fazendo? Apesar de tudo, pretendia largar aquela profissão. Não queria dormir com aquele garoto, por mais que soubesse que, mesmo não querendo, como em todas as outras vezes, faria. Por que estava sendo obrigado a literalmente se lembrar dos dias passados? Não queria se lembrar.

- É claro que sim. Você precisa desse dinheiro, né? Claro que não negaria. E sabe por que? Porque você é um prostituto. Você faz sexo com os seus clientes, você é pago pra isso, somente pra isso. Você não tem o mínimo direito de fazer mais do que isso, de beijá-lo, de ter tudo dele! Se ponha no seu lugar! Você é só a porra de um prostituto! – aumentou a voz, um pouco bêbado.

Pela primeira vez em muito tempo sentiu o corpo estremecer. Sentia as paredes do seu conto de fadas serem quebradas aos poucos. Não queria sair dele. Não queria. Sentiu as mãos tremularem levemente, desconfortável por simplesmente estar ali. Estava deslocado, não deveria sequer ter vindo. Não queria nem imaginar a situação para a mensagem ter vindo do celular de Chanyeol, mas não desejava ter vindo. A última coisa que precisava era ouvir cada uma daquelas coisas. Sentia um bolo se formar em sua garganta. Não tinha o que dizer. Sabia que, caso ameaçasse dizer qualquer coisa, Sehun iria direto falar com o seu chefe. E também sabia muito bem que ele possuía poder para fazer o que bem desejasse, ao ponto daquilo se tornar grande demais, fora de seu controle.

- Como sabe do beijo? – perguntou baixo, abaixando seu olhar para os próprios pés. Por que se sentia tão pesado? Como se enfim a carga que carregasse estivesse fazendo peso.

- Como eu sei? – riu, parecendo irritado – Eu sou o melhor amigo dele, porra! – gritou, exasperado. - E justamente por ser o melhor amigo que estou cuidando dele, já que Chanyeol é tão avoado e idiota ao ponto de se deixar cair na laia de alguém feito você. Eu só estou preocupado com ele. Porque sabe... – levou a mão até o queixo de Baekhyun, puxando a sua cabeça para cima, forçando que o olhasse. – Esse não é e nunca foi lugar pra você. – pronunciou as palavras de forma quase sussurrada - E se você realmente gosta do meu amigo, deveria ter o mínimo de semancol para notar que não deve estragar tudo para ele.

Estragar tudo para ele? Sentiu a mão amolecer, soltando a blusa, caindo novamente ao lado de seu corpo. Encarou o rosto tranquilo de Sehun, não conseguindo pensar em absolutamente mais nada. Não queria estragar nada para Chanyeol. Mas por que, mesmo sendo tão diferente e distante, não podia tê-lo? Ele lhe fazia bem. Era tudo do que precisava e, querendo ou não, sempre precisou. Não podia ser tudo aquilo que Chanyeol também precisava? Não podia conseguir suprir tudo aquilo?

- Oh, você está chorando? – Sehun questionou, notando os olhos marejados. – Não chore. Eu só estou te ajudando, me ajudando e ajudando o meu melhor amigo. Você não deveria estar aqui, prostituto. Não percebe o quão deslocado, até mesmo na vida dele, você é?

Manteve-se em silêncio. Não desejava dizer alguma palavra, não desejava sequer estar em um momento como aquele. Sentiu o garoto largar o seu rosto e por uma última vez sorrir para si, saindo dali, junto de seu colega. Seu corpo tremulava como há muito tempo não fazia. Não se sentia necessariamente assustado com tudo o que havia ouvido ali, mas sim com o que significava e, posteriormente, o que viria.

Não queria chorar. Era a última coisa que precisava. Há quem desejava enganar? Tentando manter ideias esperançosas como se, por algum acaso, Chanyeol fosse o retribuir e tudo ficaria enfim bem. Não estava em um conto de fadas. Era um prostituto, uma Boneca de Luxo. Não tinha permissão e jamais deveria se envolver com um cliente, não deveria se apegar, não deveria se dar de corpo e alma, não deveria... Se apaixonar.

- Mãe... – foi a única coisa que conseguiu pronunciar com a voz embargada, já sentindo o rosto começar a molhar com as lágrimas, abraçando o próprio corpo. Podia sentir o vento gelado bater por seu corpo, ainda ouvindo o som contínuo dos grilos. Estava perdido. Chanyeol era literalmente tudo o que possuía no momento. Nem todo o dinheiro que recebesse, nem tudo que pudesse ter ou comprar, supriria aquilo. Precisava daquele abraço reconfortante, precisava daquela proteção, precisava da sua simples presença. O quão grande era o erro que havia cometido em se deixar apaixonar por um cliente... Não imaginava que as consequências seriam tão duras. Como um déjà vu, sentia-se sufocado. Não queria perder pela segunda vez a única pessoa a quem podia se agarrar. Com todos os seus anos de vida, se forçou a viver sozinho, aprendeu da pior forma possível. Mas não desejava voltar àquele estilo de vida, por sua conta, sem sequer uma palavra reconfortante durante o dia. Havia se desacostumado.

Trêmulo, guiou as mãos até o celular no bolso, o sentindo vibrar. Respirou fundo ao ver o número da mãe de Chanyeol ali. Não estava na mínima condição de atende-la, mas ela provavelmente estava preocupada com a casa. Por isso, tentando manter a voz tão embargada estável, atendeu.

- Baekhyun! Me desculpa te ligar de repente, mas é que meu celular sumiu. Eu não o encontro em lugar algum! Só queria que você soubesse que, caso queira falar comigo, faça isso por... – Chanyeol avisava afobado, se deixando silenciar ao ouvir um soluço do outro lado da linha. Uniu as sobrancelhas, sentindo o corpo enrijecer. – Baekhyun? O que foi? O que aconteceu?

Tapou a boca com a mão livre, tentando de toda forma controlar aquele choro. Não esperava ser Chanyeol, e não desejava escutar sua voz, não logo agora, em seu atual estado.

- Nada. – respondeu baixo, tremulando o corpo. Queria poder desligar. Mas sabia que, caso o fizesse, só pioraria as coisas.

- Como nada!? Você parece estar chorando! E por que tem tanto som de grilo aí? Baekhyun, onde você tá? – continuava jogando toneladas de perguntas em cima de si, já que não podia controlar a preocupação.

- Só venha me buscar. Por favor. – pediu, não conseguindo mais segurar aquele choro, sentindo mais um soluço vir à tona, enquanto cada vez mais apertava o aparelho celular na mão. 


Notas Finais


O meu Sehun é uma praga? Sim, eu sei. Fiquem à vontade para linchar ele nnn. Agora é hora do Travesseiro Chanyeol literalmente voar rápido para reconfortar o Baek e tentar desmanchar da cabecinha dele todas essas ideias erradas. Torcemos para que dê certo, huh?
Espero que tenham gostado ♡
Até o próximo capítulo!


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