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História Grand Canyon - .sinto que estou andando meus últimos passos


Escrita por: tchenio

Notas do Autor


obrigada aos favoritos.
kkkkdemorei.
como sempre.
mas vamo la.

Capítulo 3 - .sinto que estou andando meus últimos passos


Fanfic / Fanfiction Grand Canyon - .sinto que estou andando meus últimos passos

O mês que se passou na casa da Sra. Meyong foi feito de memórias recuperadas, onde cada dia se passava com os irmãos Jeon voltando a sua infância, quando não sabiam da existência das fendas e o perigo que elas traziam as estruturas.

Heejin esquecia de Hansol na maior parte do tempo, dando um descanso para seu coração se recuperar. Ela evitava qualquer coisa que pudesse estalar uma lembrança do garoto na mente em cicatrização.

No momento, a castanha arrumava suas malas com pesar, não querendo voltar para Seul, mesmo que lá vivesse Minghao e outros amigos. Não queria deixar sua avó de lado e muitos abandonar toda a tranquilidade do campo qual a ajudou a se curar.

Coçou as sobrancelhas, pensando em todos os compromissos que abandonou ao tirar “férias”, todos que iriam recair sobre si assim que saísse do trem, quando o celular pegasse sinal.

Ainda faltava muitas horas para que os irmãos se apresentassem na estação.

Cansada, ela deixou a mão cair dentro da mala, segurando um suéter azul bebê de pelinho totalmente amassado.

– Sabe que se quiser ficar, será bem vinda, querida. – a Sra. Meyong tinha aparecido na porta um minuto antes de se pronunciar. Vendo sua neta em um momento de dúvida, ficou quieta, evitando cortar o raciocínio da menor.

– Queria, vovó, queria demais. – Heejin sentou-se em meio a um suspiro. – Mas tem tanta coisa. A faculdade, trabalho… virei adulta oficialmente agora e tenho que ter responsabilidade… – ela estava triste e isso era um sentimento bem ressaltado em seus traços.

– Escapar algumas vezes é necessário, por isso tiramos férias. – a matriarca deu um riso soprado, se aproximando para sentar-se ao lado da neta.

– Já as tirei.

– Então, respire fundo, por mais que não esteja totalmente preparada, e vá a luta. – riu de leve e sacudiu a castanha de modo fraco, arrancando risadinhas de Heejin. – O que é sempre lhe digo quando está mal?

– A dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. – Heejin sorriu, deitando a cabeça no ombro da avó. – Obrigada por todo esse tempo aqui, vovó. Vou sentir muitas saudades.

– Eu que te agradeço por ter vindo, querida. – a Sra. Meyong beijou o topo da cabeça da menor. – Sempre que quiser, sabe que estarei aqui para vocês.

Depois de alguns minutos conversando sobre como Heejin ajeitaria as coisas quando chegasse em Seul, a avó da Jeon se retirou para preparar algo para os netos levarem durante a viagem que teriam.

Não era uma viagem tão longa. De fato, seria mais rápido de avião, mas os irmãos gostavam de andar de trem, sem contar que Wonwoo tinha medo de altura e Heejin passava mal com a mudança de pressão. O trem era confortável, a paisagem era linda e era em terra. Tudo bem para eles.

Quando entraram em Seul, Heejin conseguiu sinal no celular para mandar uma mensagem para Minghao, avisando sua chegada à cidade natal.

Em resposta, recebeu um “pensei que iria morar lá”.

A castanha riu de leve, revisando a listinha de afazeres.

Heejin gostaria de ser tranquila como o irmão, que sempre dormia em viagens de trem, mas sentia-se muito ansiosa para chegar até Seul.

Seus pensamentos se focaram em Mingyu, enquanto ela pensava em como poderia falar com ele.

 

Uma certa nostalgia invadiu o peito de Heejin quando viu sua casa, assim como uma leve pontada no peito esquerdo, anunciando a proximidade com a fenda. Não fazia tanto tempo que estava fora, mas foi um tempo que deixou os pensamentos da garota longe de Seul, o bastante para ela parar na soleira da porta e pensar que sentia saudades do lugar.

– Seu celular não para de vibrar desde que conectou com nosso wi-fi. – Wonwoo bufou ao depositar a bagagem sobre a varanda, retirando o aparelho de dentro do bolso da bolsa mais pesada.

– Minghao. – Heejin negou com a cabeça, pegando o celular enquanto o irmão procurava as chaves. – Consegui um pouco de sinal antes para avisar que voltamos. – desbloqueando o celular, a castanha conseguiu notar todas as mensagens e chamadas perdidas do amigo. Arregalou os olhos de leve, assustada por tamanho desespero.

– Alguém morreu?

– Que horror, Wonwoo, bate na madeira. – a menor sinalizou a porta, franzindo o cenho. O irmão riu, batendo três vezes na porta, logo pegando as chaves para abrir a casa, enquanto a irmã digitava o número do telefone de Minghao. – Ele só deve querer saber se o bolo com o Mingyu era sério.

– Que bolo com o Mingyu? – Wonwoo se virou para ela com uma expressão carrancuda.

– Explico depois. – Heejin deu um sorriso sem graça, colando o celular no ouvido.

Não demorou muito para Minghao atender a ligação, parecendo gritar com alguém do outro lado da linha.

– Já disse pra não tocar aí, seu energumeno! – Minghao xingou, batendo em algo que, provavelmente, deveria ter caído para simbolizar sua raiva. – Jeon Heejin, alvo do meu estresse! – o fato de o amigo ter proferido seu nome inteiro a fez se apoiar na parede, esperando um bom sermão vindo do chinês. – Você não me mandou nem uma única mensagem em meses, Heejin! Meses!

– Te mandei mensagem algumas horas antes. – lembrou a castanha, contendo o riso com a emoção que ouvia de Minghao.

– Como você ousa?! – reclamou em tom manhoso. – Horas atrás, Heejin, foi horas atrás que descobri que você tinha sobrevivido à viagem de ida e volta.

– Sabe que não tenho sinal lá.

– Que arranjasse! No mínimo para dizer “está tudo bem”! – Minghao soltou um grito indignado, batendo em mais alguma coisa. Talvez fosse a mesa do computador.

– Ok, ok, sabe que te amo, The8. Estou bem e cheguei em casa agora. – a menor riu de leve, acompanhando o irmão para dentro da casa. – Pode vir aqui que horas?

– Como que é? Acha que não tenho uma vida, Jeon Heejin? Tenho visitas, e muito indesejadas, só para anotar. Pessoal insuportável vindo da família da minha mãe. Não aguento mais essas pessoas chatas que não calam a boca por um segundo se quer! Heejin, venha me tirar desse inferno ou vai se arrepender! – era notável quão desesperado Minghao se encontrava. Não era surpresa para ela que o garoto odiasse a parte da família da mãe, que se tratavam de pessoas muito maldosas.

Tem bocas nos cotovelos, de tanto que fofocam. Cuidar da própria vida faria bem a eles.

– Não tenho carteira, lembra? – Heejin sentou-se no sofá, confortada pelas almofadas macias que a tempo não a abrigavam.

– Vem de metrô. – respondeu rude.

– Vão deixar você sair comigo quando está com visita em casa?

– Meus pais já sabem da fenda, Jinnie. – isso a deixou em silêncio por algum tempo, anestesiada pelas lembranças que não tinham atormentado a Jeon enquanto esteve na presença de sua avó. Hansol estava distante de sua mente e ao lembrar-se dele, o via como um estranho. Como se a fenda não tivesse se aberto no coração de Heejin, mas sim na de outra pessoa, qual ela tinha assistido de longe se rachar, como na boate. – Vão deixar eu sair com você.

– Tudo bem. – ela suspirou, brincando com as bordas das almofadas mais próximas de seus dedos.

– Posso convidar o Mingyu… – o tom de voz era sugestivo além de brincalhão.

– Jesus, Maria e José, Xu Minghao, não abusa!

 

O shopping não estava cheio, por ser um dia de semana, os corredores estavam bem vazios, com poucos transeuntes olhando as vitrines. A maioria se tratava de trabalhadores que vinham comer na hora do almoço.

Minghao e Heejin só queriam comer um sorvete.

Após pegar o doce, saíram andando, observando o que as lojas tinham a oferecer para dois jovens com carteiras praticamente vazias.

– Não falou com ele? – Minghao indagou ao pararem na frente de uma loja cheia de enfeites em estilo retrô, qual chamou muito a atenção de Heejin, que era fascinada nesses assuntos.

– Com quem? – a menor franziu o cenho, se agachando para conseguir ver uma luminária através do vidro.

– Com o Bozo, Heejin. – o chinês revirou os olhos, empurrando a amiga com o joelho.

– Seu grosso. – ela riu, se colocando de pé. – Não, não falei com o Mingyu porque não sabia o que falar.

– Vai falar com ele. – comandou o maior, passando a andar sem esperar a castanha. Heejin não se importou muito, fitou mais um pouco os enfeites para depois partir atrás do amigo.

– Vai ser estranho eu ir falar agora. Faz tanto tempo e não mandei nada. – a garota deu de ombros. – Ele vai achar que sou uma idiota, ou algo do tipo.

– Duvido muito. – Minghao deu um sorriso. – O único jeito de saber é convidar ele aqui. – virou-se para encarar a Jeon. – Agora.

Ela se engasgou com o sorvete, tossindo e dando passos para trás enquanto tentava puxar ar para seus pulmões e deixar a garganta livre. Depois de dois tapas dados pelo chinês, a castanha conseguiu respirar sem problemas e dar uma última tossida.

– Agora?! – esganiçou, demonstrando-se descontente.

– Sim, agora, antes que a coragem desça ralo abaixo. – Minghao deu de ombros, como se estivesse falando de algo muito simples. Mas Heejin não via nada de simples nisso.

– Que coragem? A coragem nem apareceu pra já ir embora.

– Dá seu celular. – era óbvio que o amigo estava perdendo a paciência.

– Não. Você vai mandar merda pra ele. – Heejin deu um passo para trás, se distanciando de uma possível briga para pegar o aparelho.

– Não viaja, vou só pedir pra ele vir para o shopping. – o chinês revirou os olhos, se aproximando.

– The8, vamos deixar isso pra outro dia. – a Jeon não estava nada feliz pelo modo como as coisas ocorriam.

– Já se passaram meses.

– Mais alguns não vão fazer diferença. – e antes que Heejin pudesse perceber, Minghao a girou, pegando o celular de seu bolso. – Ei!

– Sh! Vai me agradecer depois. – o Xu desbloqueou a tela e em questão de segundos, digitava algo apressadamente.

– Vou é fazer minha mão decolar e dar nessa sua cara. – resmungou a castanha, se arrastando em derrota até um banco para não cair dura no chão.

Enquanto Minghao agia como um cupido, Heejin observava o shopping, captando cada canto. Seu coração estava pesado e um aperto o machucava. A tristeza a atingiu tão rápido, como se fosse uma onda inesperada, daquelas que te acerta por trás e te derruba na água, fazendo a água salgada entrar em sua boca e narinas, a sufocando.

Ela teve que respirar fundo, para provar que não havia nada a impedindo de puxar o ar para dentro dos pulmões, mas os olhos ardiam e piscar não fez a sensação se dispersar.

A cada canto que ela olhava, via Hansol, e isso machucava seu coração qual achava que já estava cicatrizado.

Heejin queria criar novas lembranças ali, mas tinha medo de tudo acabar do mesmo modo ou até pior.

Observando o amigo chinês, pensou o que o motivava todos dias, afinal, ele próprio já havia passado por muitas situações do tipo, mas nunca desistiu de tentar novamente. Minghao não tinha medo de partir seu coração e ela sabia que todas as fendas já criadas por ele não passavam de uma leve rachadura no pavimento.

Quando perguntou sobre isso para o Xu, teve como resposta:

– Já tive uma fenda muito grande. Quando me curei, jurei nunca mais me apegar até que tivesse certeza que seria retribuído.

Minghao tinha aprendido a manter seu coração saudável até que conseguisse achar alguém que cuidasse bem dele.

Heejin achava que não conseguiria mais entregar seu coração. Sua alma se destruiu em tantos pedaços que duvidava que um dia poderia colar todos.

– Mingyu vai chegar daqui a pouco e… – Minghao tirou os olhos do celular para focar na amiga, mas algo o fez parar no meio da frase. – Jinnie, por que tá chorando?

– Estou? – Heejin deu uma risada de leve, limpando as bochechas úmidas com a palma da mão. – Acho que estou muito sentimental. Talvez TPM.

– Jinnie… – o chinês tinha um tom contido, como se tivesse medo de dizer algo errado e machucar mais a castanha. Ele sentou-se ao lado da Jeon. – Você precisa se dar uma chance para esquecer aquilo e seguir em frente.

– Eu sei. – suspirou, jogando a cabeça para trás com a intenção de manter as lágrimas dentro dos olhos. – Mas não estou pronta.

– Ou esteja, mas não quer ver isso. – o braço do chinês abraçou os ombros da coreana. – Posso parecer duro agora, mas você passou meses fora e quando volta, não quer se dar mais uma chance de amar.

– Só não quero ficar machucada de novo.

– Eu sei… – Minghao sussurrou, beijando o topo da cabeça de Heejin. – Se não quiser, digo para o Mingyu marcar para outro dia.

– Não. – Heejin deitou a cabeça no peito do amigo, fungando. – Vou tentar.

– Você é mais forte do que aparenta, Jinnie.

 

Mingyu usava uma blusa leve de manga longa, listrada preto e branca, com calças azuis claras e tênis. Os cabelos negros estavam bagunçados, caindo sobre os olhos.

Ele demorou para ver Heejin sentada sobre o banco de madeira, brincando com o potinho já vazio de sorvete. A castanha parecia bem concentrada em quebrar a colher de plástico vermelho, perfurando o guardanapo úmido. Soltou uma careta ao derrubar o potinho, abaixando-se para pega-lo. Minghao já tinha ido embora, a pedido da própria Jeon.

Quando se levantou, deu um pulo ao se deparar com a figura de Mingyu.

– Jesus, Maria e José, que susto! – exclamou a menor, se colocando de pé. O mais alto riu.

– Bom ver você também. – Mingyu tinha um sorriso bem mais bonito do que ela lembrava.

– Não estou com sua jaqueta, desculpe. – a fala fez o outro franzir o cenho, que deu a entender não se lembrar do acontecido. O reconhecimento clareou seu rosto.

– Ah, isso. – soltou mais uma risada. – Não se preocupe. Pode me devolver outro dia.

– Desculpe também pelo tempo que fiquei sem falar com você. – Heejin deixou o potinho sobre o banco. – Tive que viajar, sabe… espairecer.

– Entendo. – o sorriso dele era contagioso. Heejin sorriu também.

– Obrigada. – murmurou.

– Quer ir no cinema? – Mingyu sinalizou a saída do shopping e sem pestanejar, recebeu um sinal positivo da menor.

Quando começaram a caminhar em direção ao cinema, foi difícil para Heejin não pensar que estava dando seus últimos passos.


Notas Finais


purpose. amém.


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