História Grand Chase - A Jornada - Caçadora - Serre, Lire e Regis

SERRE 

“Meu lar é sempre onde estou. Meu lar está na minha mente. Meu lar são meus pensamentos.”

-Bob Marley

De uma lista de pessoas que Serre esperava aparecer em seu escritório aquela manhã, Mystix estava no rodapé da folha.

“Diretor” a mulher saudou ao entrar na sala.

Mystix era a Alquimista principal de Serdin e raramente se encontrava no reino, estava sempre viajando em busca de novos matérias para fundir e se tornando ainda mais poderosa.

Estava no auge de seus quarenta anos com cabelos lilases claros sem vida e com uma grande mecha branca devido a exposição a materiais nocivos ao longo de sua vida, mantinha-os atualmente presos em uma trança embutida caindo pelo ombro e tinha olhos roxos escuros que pareciam pretos, atualmente usava um manto de viagem que indicava ter acabado de retornar de suas andanças pelo mundo.

Por coincidência Mystix vinha a ser a aluna com melhor classificação da história da Academia, atrás da famigerada Karina Erudon, e a sucessora ideal de Serre enquanto Arme não tivesse idade ou maturidade para assumir a Academia.

Mystix havia frequentado a Academia na mesma época que Karina, um ano a frente do atual mal do mundo, junto de Mystix estava seu irmão mais novo Marion. Mystix é o irmão se formaram com louvor e logo viraram membros do alto escalão de Serdin. Porém quando o genocídio da família real ocorreu Marion estava presente na caravana e acabou por ser morto.

O corpo estava irreconhecível e depois do enterro Mystix virou uma andarilha aparecendo vez ou outra.

“Minha querida” Serre indicou a cadeira a sua frente.

Mystix lhe lançou um sorriso fraco antes de cair no assento claramente exausta da viagem.

“A que devemos a honra de sua volta minha cara?” Serre fez um bule de chá flutuar até a antiga aluna e lhe servir uma xicara do mesmo.

Mystix bebericou o liquido com um leve sorriso.

“Soube que conseguiram libertar Vermencia...Queria ver por mim mesma” ela deu de ombros.

“Alguns anos cedo de mais para tentar me enganar Mystix, além do mas, você já mentiu de maneira mais convincente.” Serre soltou um riso nasal.

A mulher bufou por ter sido pega tão facilmente em sua mentira e se acomodou na cadeira claramente entediada.

“Algo me disse para voltar...Estou cansada de andar pelo mundo, descobri coisas de mais, vi coisas de mais preciso de um pouco de descanso agora. Preciso da minha casa e minha casa precisa de mim”

Serre já tinha ouvido esse discurso uma vez.

Lothos Isolet era mestre em dar esse tipo de desculpa, dizer que precisavam dela em algum lugar e ignorar quem realmente precisava.

Mas o caso de Mystix era realmente estranho, ela mesma havia dito varias vezes durante suas visitas ao diretor que não tinha nada que lhe prendesse em Serdin e por isso viajava tanto. A dor de perder Marion era constante e presente por isso qualquer distração era valida.

Mas Serre não insistiu.

“E o motivo de vir me ver seria?” Serre colocou a mão por cima da mesa olhando concentrado para ex-aluna.

Mystix se remexeu incomodada pelo olhar do senhor, provavelmente lembrando das vezes que era aluna e Serre brigava com a mesma.

“Ainda existem vagas no quadro de professores?”

Serre quase riu.

Pelo amor de Armenian mesmo depois de formados seus alunos insistiam em contrariar todas suas expectativas. Era mal de ser professor provavelmente. Ele havia oferecido o posto de professora de alquimia e poções para Mystix durante anos, e agora que ele finalmente achou uma alma habilidosa para as duas matérias ela resolvia fazer uma dessas.

Estava preste a mandar Mystix embora com pesar grande – afinal a mulher era um gênio e seria uma aquisição valiosa para a Academia, mas Serre não iria dispensar algum professor por ela – quando uma lâmpada de iluminação divina apareceu no topo da sua cabeça.

Serre agradeceu a divindade que havia iluminado seu caminho e respirou fundo antes de continuar.

“Minha neta.”

“O que tem? Nunca vi, só ouço dizer que a menina é um prodígio...”

“Ela faz parte do grupo de jovens que libertou Vermencia e está preste a embarcar em uma viagem para derrotar de vez Karina Erudon...Alquimia seria muito bem vinda nessa batalha” Serre sorriu.

Mystix arregalou os olhos soltando um sonoro palavrão e estava preste a brir a boca para recusar quando um funcionário apareceu indicando a Serre que sua reunião com os professores começaria em breve.

Serre sorriu murmurando que Arme estaria ali já no próximo dia, deixando uma aluna sem palavras para trás.

Ah arte de deixar seus alunos sem palavras ou opções....Essa Serre e todos os professores dominavam sem duvida.

LIRE

"Ter um irmão é ter, pra sempre, uma infância lembrada com segurança em outro coração."

-Tati Bernardi

Querida irmã,

Eu não sabia como começar essa carta, mas desde que Liam chegou e me contou dos seus feitos por Vermencia me vi obrigado a fazer um esforço.

Lire por favor eu quase morri de preocupação, eu te amo minha irmã, e quando acordei  não vi suas coisas pela casa ou você entrei me pânico. Você não precisava ter saído desse jeito.

Não precisava ter saído para começo de conversa.

Não era você a selecionada Lire, você é uma excelente arqueira mas não é a melhor da ilha minha irmã. É só uma menina, se algo acontecer com você nunca iria me perdoar, por isso nem permitir que seu nome fosse citado pelo conselho quando estávamos escolhendo nosso representante.

Quando Liam me disse o estado atual de Vermencia e o que você estava fazendo quase tive um ataque. Pelo amor de Gaia irmã, no que você se meteu? Liam disse que eu estava sendo paranoico e que você pode cuidar de si mesma, e tem amigos com você para isso.

Mas Lire eu não duvido da sua mira, por favor não pense isso de mim sei que você é excepcional, mas confiar em suas habilidades não me impede de desconfiar do mundo.

Então por favor caso sofra algum mal, retorne para casa.

Volte para mim viva irmã. Eu te amo,

Ladmir de Eryuell, Chefe do Conselho dos Elfos Brancos

Lire rasgou o pedaço de folha e jogou pela janela de seu quarto rangendo os dentes.

Ladmir era um idiota.

A Elfa bufou jogando o corpo para trás e caindo em cima de sua cama fofa deixando seus pés descalços em contato com o chão macio de seu quarto.

Lire havia literalmente dado um choque natural no local com a ajuda de Arme. A maga havia dado um jeito de transformar o chão do quarto em um gramado baixo e fofo  e pelas paredes do local jardineiras floridas estavam penduradas decorativamente. O quarto havia sido pintado de amarelo bem claro e o teto branco agora era iluminado por uma orbe de luz amarela mais fraca ainda.

A cama de Lire estava localizada na parede oposta a porta e aos pés dela o baú de roupas em baixo do móvel de descanso estava localizado seu estojo onde seus arcos estavam guardados. No centro do quarto havia uma mesa redonda baixa que Lire usava para fazer seus trabalhos manuais e no momento encontrava-se um pergaminho branco com diversos cálculos abertos.

Lire suspirou voltando-se a se sentar no chão fofo e olhar o paradigma que o pergaminho exibia querendo queima-lo com apenas os olhos.

Estava a dois dias tentando achar uma maneira de aumentar o alcance de seus arcos fazendo alguma modificação física nos mesmos, pensou até que poderia usar sua magia para tal, mas Arme havia sido clara ao dizer que aquilo poderia ser resolvido com magia, mas não daria tempo.

Bufou irritada tombando a cabeça sobre a mesa cansada, sua cabeça doía como o inferno, porém já eram quase seis horas e a mesma teria que cozinhar em breve e se esquivar novamente das perguntas da comandante sobre seu treinamento.

Lire estava uma pilha de nervos a carta de Ladmir havia contribuído e muito para isso.

Sabia que o irmão se preocupava consigo, mas aquilo já era ridículo, tudo bem que o mesmo havia dito não duvidar de suas habilidades mas o conteúdo inteiro da carta tinha esse tom.

Era isso que Lire odiava em Ladmir, sua falta de fé na capacidade dela.

Sabia que não era por mal, seu irmão era seu único parente vivo e Lire o amava demais também, mas tinha plena consciência de que o mesmo era um dos mais poderosos Elfos e sabia se defender...Porque era tão difícil Ladmir ter essa fé nela também?

Tudo por causa daquela maldita bruxa, se Lire pudesse caçava Cazeaje agora mesmo e mandava um flecha goela abaixo da dita cuja por gerar toda aquela confusão entre ela e o irmão.

Espera ai...Caçava...Aumentar o alcance...Talvez não o alcance do arco? Meus Deuses eu sou muito lenta!

Lire deu um pulo quase arrombando a porta do quarto ao sair do mesmo e desceu as escadas quase rolando as mesmas abaixo, entrou na outra escada que levava ao subsolo da casa e andou reto pelo corredor ignorando as pragas que Ronan jogava pela biblioteca e as explosões que Arme causava no laboratório.

Abriu a ultima porta do corredor dando em uma sala circular, seguindo o parâmetro das outras duas salas do andar, Lire desceu as escadas que levavam até o chão da sala de treinamento rapidamente e fazendo um barulho dos infernos ao despencar do segundo lance e rolar até o chão.

Jin nem se mexeu e manteve-se meditando sentado na arena mais elevada em forma redonda que ficava no centro da sala.

Lire não resistiu em dar uma pequena encarada na barriga descoberta do ruivo por um instante.

Deusas abençoem.

Fez seu caminho até o outro lado da sala onde uma porta de madeira em forma de esfera estava fechada, Lire girou a chave que ficava pendurada e entrou no arsenal que Lothos havia recentemente liberado para eles utilizarem.

Primeiramente a mulher alegou ter que retirar toda ‘tralha dos Highlanders’ e guardar em um local seguro pois não queria o acidente envolvendo algum deles, pois segundo ela sempre algum recruta se machucava quando o arsenal era aberto a eles.

Ironicamente Elesis conseguiu talhar o dedo em uma espada.

O arsenal era uma sala espaçosa em forma retangular pintada em bege com teto de madeira, todas as paredes tinham fissuras perfeitamente talhadas do chão ao teto deixando uma serie de linhas desenhadas e no topo de cada uma delas havia uma letra estranha que Lothos havia dito pertencer ao dialeto que os Highlanders sabiam falar.

Arme quis aprender tal língua, Lothos disse que cortaria a dela caso ousasse dizer aquilo novamente.

Lire andou até a mesa alta e quadrada que ficava bem no meio da sala e olhou o mapa disposto ali procurando o que queria.

O mapa tinha a letra que adornava cada uma das fissuras e ao lado desenhos das armas que estavam localizadas na mesma. Lire passou o olho e viu o que queria logo, andou até a terceira fissura da parede oposta a porta.

Lire passou a mão pela fissura e deu um passo para o lado deixando uma prateleira ser empurrada para fora da fissura com vários cubinhos colocados organizadamente. Lire checou o mapa novamente encontrando o que queria na segunda prateleira de cima para baixo e empurrou a estante de volta para dentro da fissura novamente.

Lire empurrou um pouco de sua magia para o cubo como Lothos havia dito e jogou o mesmo para alto quando o brilho em branco começou a surgir em suas mãos caíram duas bestas simples de treinamento.

Ela saiu do arsenal e levou um sustou ao ver Jin em uma posição bastante bizarra, com o corpo formando um V invertido e cabeça apoiada no chão enquanto mantinha os olhos fechados.

“Jin?” ela chamou incerta

O ruivo abriu os olhos lentamente e suspirou alto ao abaixar a parte do corpo que estava suspensa e se sentar na pose de lotos olhando para Lire com tanta paz de espirito que a garota quase achou está na presença de algum clérigo.

“Sim?”

“O que você está fazendo?” a loira andou até a arena e permaneceu em pé fora dela, o local era elevado do chão então Lire apoiou seus braços e sua nova arma no chão da mesma.

“Meditando, algumas vezes precisamos mudar a posição para conseguir dominar calma e força física juntas...É, eu sei, meio estranho mas é ótimo pra coluna” ele riu d cara que Lire fazia provavelmente.

“Parte do treinamento suponho?” ela chutou

“Na verdade não, quer dizer ajuda, mas eu sempre meditei. É relaxante...Falando em treinamento, parece que você finalmente achou algo não é?” Jin indicou as bestas colocadas na arena sorrindo.

Ele ficava bonito sorrindo.

“Eu percebi que estava olhando pelo ângulo errado.” Lire simplificou.

“Como assim?”

“Eu queria aumentar o alcance do meu arco e flecha, mas segundo Arme demoraria muito fazer isso por meio magico e eu não descobri como fazer por meio mecânico também. Então lembrei que em Eryuell existe uma divisão chamada de Caçadores, eles utilizam bestas.” Lire começou

Jin ainda parecia meio besta então a loira continuou.

“Meus arcos não podem ter o alcance aumentado atualmente, eu precisaria de arcos maiores o que acarretaria em muito peso, então eu percebi que ao invés de aumentar o alcance da arma eu posso aumentar o meu alcance. As bestas são leves então me dão mais liberdade pra movimentos e saltos.” ela concluiu.

A expressão de Jin clareou e ele sorriu mais ainda para  a Elfa.

“Isso é ótimo! Quer dizer você já voava antes agora estando mais leve vai voar tão alto quanto um anjo” ele disse animado.

Lire corou como um tomate, porem agradeceu o elogio do ruivo e se retirou para seu quarto novamente para pegar algumas roupas e soca-las na mochila de viagem. Ficaria treinando na floresta que rodeava o QG. Depois de arrumar suas coisas desceu para cozinhar.

Elesis estava emburrada com algo, Ronan parecia de mal-humorado, Arme por alguma razão tinha uma mecha azul em seu cabelo e a pele suja de cinza como se tivesse explodido algo, Ryan por algum motivo tinha o rosto arranhado com marcas em vermelho vivo e Jin parecia alheio a tudo isso sorrindo para todos.

Lothos estava esperando na mesa com cara de paisagem enquanto Lire terminava de cozinhar a carne.

“Estão bem exóticos hoje.” a imortal comentou claramente divertida.

Elesis lançou um olhar azedo, Ronan girou os olhos, Arme murmurou um choramingo, Ryan parecia preste a chorar e Jin gargalhou irradiando felicidade e paz de espirito pela mesa.

Lire resolveu servir antes que acontecesse um homicídio naquela mesa.

Não comunicou que iria sair do QG, resolveu que deixaria uma carta na mesa como fez com Ladmir, era melhor assim, Lire não gostava de se despedir mesmo que fosse voltar em breve.

Eram duas d amanhã quando a mesma se levantou pegou sua bolsa e suas bestas e pulou a janela do seu quarto caindo para a escuridão da madrugada.

Caçadores trabalham com discrição para atingir sua presa.

Lire sorriu enquanto corria por entre as arvores com as bestas em punho.

Porque a caçada já havia começado.

REGIS

“Volte para casa

Você pode voltar para casa?

Não me deixe no fim desse mundo frio,

 venha para o meu lado

Volte para casa

Você pode voltar para casa?”

-Come Back Home, 2NE1

Estava escuro.

Regis sente o corpo inteiro dormente e não ousa se mover pois qualquer movimento poderia mata-lo instantaneamente.

Estalou a língua em reprovação a situação atual, provavelmente havia perdido o aniversario de Lass por estar preso naquele maldito lugar, torceu para poder recompensar o caçula no aniversario de Lupus se conseguisse voltar a tempo.

Sinceramente como raios havia acabado naquela situação...Gosmenta e nojenta por assim dizer?

Bom ele próprio não lembra.

Regis sabe que não vai sair dali sozinho, teria que esperar a boa vontade de Hades mandar algum Highlander atrás de si ou que Alethia tivesse uma visão de onde ele estava e tomasse alguma providencia.

Com sorte Alethia e Dio ainda estariam perambulando por Hades atrás de Ercnard – bom pelo menos era isso que Regis lembrava ter escutado na ultima conferencia por orbe que tivera com os dois – e por iluminação divina fossem para aquele lado do Submundo.

Inferno ele estava perdendo a consciência novamente, o corpo dormia e a mente ia junto, Regis começava a ficar confuso com o que era realmente verdade e o que sua imaginação havia inventado.

Bufou sabendo que teria que dar presentes muito bons aos filhos e a esposa para compensar o estado deplorável que chegaria.

Porque Regis chegaria e ele não tinha duvida disso.