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História Green Eyes - Jily - O Plano de Ranhoso


Escrita por: Vitoria_Serafim

Notas do Autor


Olá pessoas! Eis-me aqui mais uma vez trazendo mais um capítulo dessa história maravilhosa de que tanto gosto de escrever. Primeiramente eu gostaria de agradecer pelo feedback que eu tenho recebido nos capítulos anteriores, mesmo que poucos tenham comentado, eu fico muito feliz que estejam gostando do que eu estou escrevendo, é realmente muito gratificante. Bem, sem mais lenga-lenga, apresento-lhes esse capítulo do POV do tão maravilhoso James Potter. Amo muito. Vamos ver o que ele acha do ocorrido no capítulo anterior hehehe. Fiquem comigo, porque vai haver muitas emoções! Boa leitura ;)

Capítulo 6 - O Plano de Ranhoso


Fanfic / Fanfiction Green Eyes - Jily - O Plano de Ranhoso

 

04:32. Era o que o relógio digital do DVD – sim, eu ainda tenho um DVD – de minha sala afirmava. Mais uma vez passara a noite em claro pelo mesmo motivo, mas dessa vez era diferente… Das outras vezes eu passava horas imaginando maneiras de me aproximar da garota que mais desejei na minha vida inteira; como puxar alguma conversa ou coisa mais simples ainda, ela conseguir estar na minha presença sem me odiar. Agora tudo tinha superado as minhas humildes expectativas; Lily Evans, com aquele seu jeito de durona e certinha, provavelmente fizera a coisa mais errada para o seu universo, – digo isso, porque no meu universo isso soa como a coisa mais certa do mundo – ela cedera.

Era estranhamente renovadora a sensação pós-Evans. Quer dizer, eu sempre imaginei que a sensação seria ótima, mas nunca pensei que eu fosse viver para senti-la. Sentir suas mãos entrelaçadas nos meus cabelos, seu corpo clamando pelo conforto dos meus braços, aqueles olhos… Ah, aqueles olhos verdes que sempre cobicei a minha vida inteira estavam tão entregues a mim que eu tive vontade de desafiar todos os meus sentidos e satisfazer os desejos que sempre andei guardando durante o meu período de vida, mas eu sabia que ela não estava em condições de processar nada e que se fosse para esperar pela iniciativa dela para eu conseguir o que eu quero, eu estaria disposto.

Eu não estava só surtando pelo fato de ter beijado Lily, mas também por saber que estava mais perto do que jamais estive em todos os tempos, ela estava no meu quarto, na minha cama. Estava mais tentado do que tudo em ir naquele cômodo e me deitar ao lado dela, sentir o perfume dela, e o calor de seu corpo, mas era cedo demais para isso, Merlin sabe o quanto. Levantei-me do sofá e no caminho do banheiro, abri uma pequena brecha da porta para conferir se não era um sonho mesmo. Senti uma pontada no meu peito ao distinguir as mechas ruivas em meio aos travesseiros. Notara que ela se mexera tanto que as cobertas estavam todas espalhadas pelo chão.

Em função de passar uma impressão de bom samaritano adentrei no quarto, apanhei os cobertores do chão e cobri o corpo da ruiva que há essas horas parecia estar em seu quinquagésimo sono. Fiquei ali sentado na beira da cama a observando, e céus… Como ela era linda, ou melhor, mais linda ainda de perto; mesmo que no escuro era possível visualizar o seu rosto pálido e seus cabelos ruivos caindo perfeitamente contra o mesmo. Nunca tivera a oportunidade de ficar mais de cinco minutos tão próximo dela assim, e podemos dizer que ela ali dormindo nos meus lençóis me fez arrepiar, eu provavelmente nunca mais lavaria aquelas cobertas na vida.

Afastei uma mecha de seus cabelos do seu rosto e descansei minha mão ali. Depois de achar que era idiota demais ficar observando uma garota dormir por tanto tempo assim, deixei um beijo em seu nariz e voltei a me levantar. Meu coração quase saíra pela boca quando eu ouvi a voz dela.

– Oh, pai. Será que dá pra me passar as panquecas? – suspirei aliviado ao perceber que ela estava sonhando. Sorri maroto e resolvi entrar na brincadeira.

– Na verdade não posso, você está de regime, Lily – comentei rapidamente e apressei-me para ouvir a resposta. Ela gemeu.

– Pensei que não me achasse gorda… – ela se revirou na cama e abraçou o outro travesseiro.

– Nem um pouco… – senti um sorriso bobo surgir dos meus lábios e então a conversa cessara. Lily voltara ao seu sono tranquilo.

Era legal saber que Lily falava dormindo, até porque a cada dia que eu descobria coisas novas sobre ela eu me realizo mais ainda, afinal, o objetivo do meu colegial sempre for a me manter por dentro de tudo que Lilian Evans estivesse fazendo, isso inclui muita coisa. Chacoalhei minha cabeça a fim de sair de meus devaneios e finalmente achei o meu caminho de volta ao banheiro, depois de fechar a porta do quarto. Me encarei no espelho e suspirei pesadamente, eu estava realmente enlouquecendo.

(…)

Acordei com um barulho vindo do meu próprio bolso, era o celular. Quando o desbloqueei, notei várias chamadas perdidas. Já eram nove horas da manhã e Lily provavelmente ainda não tinha acordado, já que a porta do quarto continuava fechada e a casa ainda estava imersa num silêncio ensurdecedor. Havia tirado um bom cochilo no sofá, mas nada que me revigorasse totalmente, é claro. Passei a mão sobre o meu rosto e me levantei encarando com dificuldade a luz do sol que insistia em passar pela persiana que cobria a grande janela da sala de estar. Deslizei meu polegar pela tela do celular ainda sem saber o que estava fazendo até me deparar com uma nova chamada, minha testa se franziu no mesmo instante que o nome se estampara no visor.

Izzy Vanderwall

O que ela queria comigo? Não tínhamos mais nada e fora ela quem terminara o namoro comigo. Céus, eu não entendo as mulheres. Desliguei a chamada mal-humorado e me espreguicei. Estava me aproximando de Lily pela primeira vez na vida e não era agora que aquela maluca bisbilhoteira iria estragar tudo.

Caminhei até a cozinha e preparei duas canecas de cappuccino, sabia que era o preferido de Lils. Abri a porta do quarto pela segunda vez no dia e deixei que meu queixo caísse por um milésimo de segundo ao abrir a porta. Lily estava sentada na cerâmica da sacada do meu quarto ocupada em explorar o meu violão, não parecia nenhum pouco incomodada pelo fato de não ter passado a noite em sua própria casa. Quando ela percebeu que já não estava mais sozinha, se levantou depressa e segurou o violão um pouco sem jeito, ela estava corada até o pescoço.

– Eu não estava mexendo nas suas coisas… Eu… Só… – ela suspirou – sou fascinada por instrumentos musicais – concluiu colocando o violão de lado depois de voltar para dentro do quarto.

Como lidar com essa situação? Lilian Evans ainda não tinha pulado no meu pescoço para me esganar? Ok, isso com certeza era um recorde.

– Não! Tudo bem… Eu sei que você gosta de música, assim como eu – senti a enorme vontade de realizar o meu gesto-mania, mas como minhas mãos estavam totalmente ocupadas pelas canecas eu não pude fazê-lo. Ela ficou em silêncio e evitou ao máximo o meu olhar, talvez estivesse lembrando da noite passada. – Fiz agora… – entreguei uma das canecas para ela, que agradeceu com um aceno de cabeça e bebericou em silêncio. Eu tinha que iniciar aquela conversa mais cedo ou mais tarde, então por que adiar as coisas? – Bem… Sobre ontem à noite… – tentei começar, porém falhei terrivelmente.

– Potter… Olha, eu não sei o que aconteceu com você nos últimos anos em que não nos vimos, mas eu realmente não esperava pelo que você fez ontem… – ela encarava suas mãos que seguravam com firmeza na caneca esfumaçante. Ela dizia aquilo e eu não sabia sobre o que se referia, afinal, não foi só o beijo que aconteceu ontem à noite, mas sim a música que eu havia cantado para ela.

–  Eu sei, foi meio inesperado, mas… -

– Eu gostei – ela me interrompeu e eu arregalei os olhos incrédulo. Eu devia mesmo estar sonhando. Ela tinha se referido ao beijo? Ah, não, claro que não.

– Como?

– Bem, como você queria uma resposta ontem, eu estou te dando agora – ela disse dando de ombros e tomou mais um gole do café. Fiquei totalmente atônito, acho que eu é que não estava esperando por essa. Fiquei em silêncio e me sentei ao lado dela na beirada da cama observando o sol fraco irradiar o dia em Londres, em breve viria a neve.

O silêncio se perdurou por mais uns minutos até que o meu Lírio fizera o enorme favor de fazer as honras.

Hem hem  – ela pigarreou e eu desviei a minha atenção para ela, quer dizer, quando não estava colocando minha atenção nos meus pensamentos (que em geral eram todos sobre a ruiva) estava depositando a mesma nela. – Será que você não pode me emprestar o seu celular? Preciso ligar para Tonks para ela me devolver a minha bolsa – ela pediu meio tensa e eu cedi na mesma hora. Ela se levantou da cama e passou a caminhar de um lado para o outro do quarto enquanto segurava o celular na orelha. – Dora! Finalmente! – Tonks finalmente atendera e eu decidi deixar ela ter um pouco mais de privacidade. Saí do quarto e terminei de tomar o meu café ainda totalmente aéreo para se habituar àquela realidade.

Quando estava prestes a colocar algumas canecas – que faziam décadas que estavam ali – no lava-louças, ouço a campainha tocar desenfreadamente.

– Mas que diabos…? – fui até a porta e a abri me deparando com a figura de Izzy na porta. Só podia ser brincadeira. – Izzy?

– James! Finalmente! Você não estava atendendo as minhas ligações e… -

– Me desculpe, mas não estou interessado – disse e fiz menção de fechar a porta mal sabendo o que viria a seguir.

– Espera James! Eu estou grávida! – Ok, isso foi o cúmulo. Meu peito rapidamente se esfarelou, era como se eu tivesse comido algo estragado e que essa coisa estivesse brincando com o meu organismo, chutando minhas tripas para implicar a hora de finalmente sair.

– Quê? – abri a porta mais uma vez para olhar  Izzy, não pude distinguir suas feições.

– Eu estou esperando um filho seu, James… – ela disse já mais calma e foi então que eu notei a minha nuca pegar fogo. O olhar chocado da ruiva à poucos metros dali estava me secando. Puta merda. Esse era o fim.

Era mais claro que qualquer outra coisa que ela estava falando tantas repetidas vezes sobre o acontecido por saber que Lily estava por perto. Eu estava me sentindo totalmente perdido, não sabia se segurava o olhar da mulher que acusava estar prenha de um filho meu ou o da garota de olhos verdes que estava mais chocada do que até mim mesmo. Depois do que pareceu uma década de constrangimento naquela troca de olhares, finalmente alguém conseguiu se mexer.

– Bem, eu acho que já vou indo… – Lily comentou expressando um olhar de explícito medo daquela mulher, possivelmente por ela ter estragado a melhor camisa dela, ou pior, Vanderwall tinha uma criança de minha genética dentro dela. A ruiva se aproximou de mim. – De qualquer maneira… Obrigada pela estadia – ela falou com mais formalidade do que eu esperava e eu tive vontade de gritar. Todo aquele esforço feito na noite anterior para fazer Evans se aproximar de mim parecia ter se esvairado totalmente.

Eu era um ferrado de merda, pra não falar outra coisa. Ela deu-me o celular que antes usara para ligar para sua amiga e dera um pequeno encontrão com a loira que se encontrava do lado de fora, como se alguém tivesse pegado o meu coração e apertasse como modo de tortura (clássica cena da série que Lily estava assistindo atualmente. Como eu sei disso? Bem, eu tenho minhas fontes). Drama, uma das palavras que conheço bem.

Vi a garota sair pela porta, restando apenas a loira em minha frente, com um semblante meio vitorioso. Eu sabia que era uma coincidência, mas Izzy certamente tinha ganhado o seu bônus por ter contado a novidade na frente da ruiva de olhos esverdeados. Ainda não estava acreditando em uma só palavra que ela dizia.

– Vai me deixar entrar? – ela começou.

– Você fez o teste de gravidez? – perguntei seriamente obstruindo a passagem dela como se deixasse explícito a minha vontade de deixá-la do lado de fora.

– Duas vezes, ambas deram positivo. Não adianta negar, James. Você agora tem um compromisso comigo, eu tenho um parte de você dentro de mim.

– Quero que você faça uma ultrassonografia, eu irei com você – falei diretamente cortando qualquer sinal de compreensão ou alegria diante da situação.

– O quê? Não precisa disso… Eu já fiz dois testes de gravidez e os dois deram positivo, se quiser eu trago e...-

– Não. Eu quero que você faça o exame, e quando o fizer, eu estarei lá para assistir – finalizei e ela fechou a cara.

– Ótimo então. Vou marcar o exame para a semana que vem e você vai ver que eu não estou mentindo – ela terminou e quando ela abrira a boca para falar mais alguma coisa eu a interrompi novamente.

– Preciso de um tempo sozinho – ela afirmou com a cabeça e se retirou.

Não podia ser verdade. Simplesmente não podia. Izzy estava tomando as pílulas, porque ela teria engravidado de mim? Mas essa não é nem de longe a pior parte. A pior parte era que essa revelação tinha destruído toda e qualquer chance que eu tinha com Evans. Izzy nunca quis ter filhos, ela mesma tinha me dito… Cara, isso é loucura…

Me dirigi ao quarto e deparei-me com a cama já arrumada, – obra do perfeccionismo de Lily – fora ali que o meu Lírio tinha passado a noite. Sentei-me na beirada da cama e puxei o travesseiro para mim; não me surpreendi quando senti o cheiro da minha ruiva impregnado do tecido.

– Mas que droga,  James…

 

(…)

O quê? A velha engravidou de você? Mas o que? Eu tinha certeza que ela já estava de menopausa. Essa história tá muito mal contada, Pontas… – disse a voz de Sirius pelas vídeo-conferência.

– Eu sei… Mas o que eu posso fazer? Pedi para que ela marcasse a ultrassom o mais rápido possível, e quando ela fizesse eu iria assistir. Se essa história toda for uma farsa ela não pode escapar, eu vou estar lá.

Não pode mesmo. Por Merlin, eu quero muito ver no que essa história vai dar. Vou contar a Remus…

– Espera, Almofad- comecei a me pronunciar, mas já era tarde demais, Sirius já tinha desligado a chamada. Meu Deus do céu, como eu estava ferrado.

Passei o dia todo em casa fazendo vários nadas, pensando sobre como seria a minha vida dali pra frente, quando “Clocks”, do Coldplay, soou no meu bolso dianteiro. Tirei meu celular com dificuldade, por estar andando no meio da rua. O clima estava mais frio que de manhã, até porque à noite o vento é mais intenso.

– Alô?

Pontas! – Sirius me cumprimentou como se nada tivesse acontecido mais cedo.

– Ah, oi Almofadinhas… – bufei desanimado.

– Tô aqui no Três Vassouras com o Remus e o Peter, por que você não vem pra cá? – fiquei em silêncio – Tá… Eu sei que foi péssimo eu ter desligado na sua cara e ter contado pro Aluado antecipadamente… – permaneci quieto – Ah, James, não seja tão sensível, por Merlin! Eu te pago uma rodada de uísque de fogo se você quiser…-

– Cala a boca, Sirius – falei de súbito, o que fez com que ele se calasse.

Escutei uma voz familiar soar do beco na qual eu estava prestes a passar, me escondi na virada do prédio apenas escutando a conversa.

– … você cumpriu com o combinado, não é? – uma voz feminina falou.

– Claro que sim, Narcisa. Eu estou com vocês. Se eu tiver de fazer coisa parecida mais uma vez para ter parte daquela grana eu farei sem nem pensar duas vezes – dessa vez era Ranhoso falando.

–  Ótimo. Lúcio? – a voz feminina chamou.

– Toma… Esse é o endereço. Apareça no mesmo horário e esteja sozinho, milorde estará a sua espera e lhe informará sobre o plano.

Na hora que o ruído dos passos se aproximou eu me enfiei dentro da primeira loja que vi, que era coincidentemente a Dedos de Mel. Comprei qualquer guloseima para ganhar tempo e percebi que a ligação tinha caído. Provavelmente tinha me concentrado tanto na cena do beco que acabara me esquecendo de que meu amigo estava no telefone celular. Saí correndo para o Três Vassouras e encontrei os demais Marotos a um canto do bar, me aproximei e sentei-me na mesa em que estavam.

– Vingança maravilhosa, Pontas. Agora já podemos dizer que estamos quites. Feliz? – Sirius reclamou emburrado.

– Fica quieto, Six. Tenho novidades…

– Todos nós já sabemos sobre o seu filho, James – Peter comentou.

– Não… Não é isso, seu idiota… É sobre Ranhoso. Falando nisso, foi por causa dele que eu acabei esquecendo da ligação, Almofadinhas. Eu não sou tão insensível a ponto de deixar alguém falando sozinho por livre e espontânea vontade – revirei os olhos.

– Para de viadagem e fala logo o que você viu, imbecil – Aluado se expressou impaciente.

– Eu estava dando uma volta para espairecer e tal… Essa coisa toda da Izzy está me levando à loucura. Então Sirius me ligou e bem na hora que eu estava passando pelo beco…

– O Beco Diagonal? – Peter perguntou com uma expressão estranha.

– Esse mesmo. Estava passando por lá e acabei ouvindo a voz do Ranhoso, não podia perder a oportunidade de ouvir o que ele tinha a dizer, é claro. Ele e dois comparsas estavam conversando, quer dizer, era Ranhoso, uma mulher e um homem, Narcisa e Lúcio, se eu não estou enganado… A mulher estava perguntando para ele se ele tinha feito de acordo com o combinado, e ele disse que se fosse para ter parte da grana ele faria mais uma vez, se fosse preciso.

– Grana? – Sirius perguntou interessado.

– Sim, parece que eles estão planejando um trabalho sujo. No final, aquele tal de Lúcio o entregou alguma coisa com o endereço que ele deveria aparecer, e disse que deveria estar sozinho e no mesmo horário – terminei o depoimento e pude contemplar a cara de surpresa na face de meus amigos, eles pareciam bastante envolvidos.

– Então quer dizer que Snape está se envolvendo com criminosos… – Remus comentou pensativo.

– Parece que sim.

– Há. O que ele faz melhor do que isso, não é? Vivia se envolvendo com drogas no colégio… – Sirius disse debochado.

– O pior de tudo é que Lily nunca percebeu nada disso. Droga, se ele ainda estiver se encontrando com ela… – passei as mãos pelo meu rosto.

– James, tem certeza de que você não sente nada pela-

– Eu estou apaixonado por ela – Remus parecia muito surpreso com a resposta dada com tanta firmeza, porém satisfeito, afinal ele insistia em me perguntar se eu realmente estava pensando com clareza sempre que nós tinhamos alguma conversa que envolviam o par de olhos mais lindos que já vi – Nós nos beijamos ontem e cara… Eu nunca tinha sentido nada igual na minha vida – passei alguns segundos olhando o barman preparar um drinque, enquanto eu presenciava a cena mais uma vez daquele momento mágico na minha cabeça – mas aí Izzy chegou e acabou falando tudo na frente dela.

– Espera, mas esse lance da Izzy não foi hoje?

– Sim – respondi prontamente à pergunta de Sirius.

– Então como Lily sabe que… – uma pequena pausa deixou a mesa dos Marotos tensa e imersa no silêncio por alguns milésimos de segundo – NÃO… PONTINHAS! VOCÊ DORMIU COM LILY?

Não! Claro que não! Não seja idiota. Ela só tinha esquecido a bolsa com Tonks e estava presa do lado de fora do apartamento. Eu não podia deixar ela lá sozinha… – passei a mão canhota pelos meus cabelos sentindo meu rosto esquentar – Eu deixei ela dormir no meu quarto e passei a noite no sofá. Não tem nada demais nisso, huh?

– Não até o momento em que você se descontrola e acaba burlando as regras do que você chama de “deixá-la sozinha” – Sirius sorriu maroto e eu senti o constrangimento tomar conta das minhas feições, ele parecia saber de tudo mesmo sem eu nem ao mesmo ter contado a ele. Sirius Black era realmente o sábio de todos os acontecimentos sobre os Marotos, por Merlin…

– Eu não burlei nada – disse querendo aparentar muito convincente e suspirei – Bem, mas querem me dizer porque vocês me chamaram aqui, já que os senhores já estavam cientes de tudo o que eu tinha para contar, graças à esse aqui? – apontei Sirius com a cabeça.

            – Estávamos indo bater uma bolinha, senhor irritadinho – Remus respondeu e eu revirei os olhos. – Eu sei que Sirius foi um idiota em ter contado por você, mas cara… É basquete, e você adora jogar tanto quanto nós…

            Respirei fundo e passei as mãos pelo meu rosto.

            – Será que você não pode me pagar aquele uísque que você me prometeu, Sirius? – perguntei, recebendo um sorriso maroto de Sirius em resposta.

            Virei a dose de uma vez só e segui para o Quidditch Stadium, que é uma quadra localizada próxima à estação de King’s Cross. Fomos no meu carro, é claro, depois de passar em casa. Já tinhamos ido naquele lugar inúmeras vezes, até porque nas férias de verão da escola vínhamos para Londres e passávamos o dia lá, jogando basquete como se não houvesse amanhã.

            – E você, Sirius? Parece estar firme com a Hall… – Remus disse com um tom malicioso, o que era raro, mas essa era definitivamente para usar o estoque de malícia. Almofadinhas adorara tirar uma com a cara dos outros, mas parecia um cachorro perdido no meio da floresta quando começávamos a fazer o mesmo com ele.

            – Quem? Eu? Não… Não estou firme com ninguém, meu caro Lupin.

            – Conta outra, cachorro. Todos nós sabemos que você vem passando algumas noites fora de casa, e com certeza não foram em bordéis, caso contrário você teria nos chamado só para ter o prazer de ver a nossa cara de espanto – comecei com o mesmo sorriso que ele tinha feito para mim no Três Vassouras.

            – Tá, eu tenho dormido com ela nos últimos dias, mas… – ele suspirou – Eu não sei o que isso significa ainda.

            –Não sabe, huh? – Peter sorriu também. Acretido que Black naquela hora tinha pensado que todos nós eramos safados de primeira. Imagine só a cena cômica de todos os Marotos encarando Sirius com aquela cara de “hmmm-estou-sabendo”.

            Enchemos o saco de Sirius mais alguns minutos até estacionar na esquina e do local lá para as oito da noite, o que era consideravelmente tarde, mas quem se importa? Eu não trabalho mais, então não tenho com o que me preocupar, meus amigos também eram todos vagabundos.

            Descemos do carro e entramos na quadra. Lá já havia quarto garotos jogando, o que me fez abrir um sorriso enorme. Aquilo me fazia lembrar dos velhos tempos, onde eu e os Marotos jogávamos quando pequenos. Nostagia…

            – Justin! Aqui! – um garoto de olhos castanhos e cabelos que caíam até a testa chamou do outro lado da quadra, e então o garoto mais rechonchudo que tinha a bola na mão, lançou a bola para o seu parceiro, falhando miseravelmente, pois um outro garoto negro já tinha pegado.

            – Boa, Lucca! – um outro menino de olhos claros gritou eufórico – Agora é só lançar! – Dito e feito. O moleque lançara a bola e ela fora em cheio no aro. Os dois garotos gritaram animados, deixando os outros dois restantes mais desanimados por terem perdido o jogo que parecia estar 45 a 30.

            – Ah, também você nem aparece direito Harry! Só o Lucca na sua frente e você desaparece totalmente – Justin reclamara com seu companheiro de equipe.

            – Nem me venha com essa, Justin! Eu passei o jogo inteiro correndo para a área! – sorri ao ouvir Harry se defender, ele realmente estava cumprindo com a parte dele.

            – Wesley, vamos! Já está na hora de ir para casa! – uma mulher exclarou da arquibancada da quadra para um garoto franzino.

            – Ah mãe! Por favor, só mais um pouco!

            – Sem mais, filho. Já está ficando tarde – ela disse de maneira firme.

            – A mãe do Harry está vindo buscá-lo. A gente podia ficar aqui até ela chegar… – a mãe do garoto ficara m silêncio, como se estivesse pensando – Por favor, mãe!

            – Nós podemos olhar os garotos enquanto a mãe do Harry não chega, não é Harry? – falei entrando na conversa piscando para o garoto pálido de olhos castanhos, que afirmou com a cabeça.

            – Viu, mãe? Além do mais, o Jake está no Três Vassouras agora então qualquer coisa eu chamo ele. – Depois de alguns minutos correndo o olhar severamente pelos meninos, a mulher suspirara.

            – Tudo bem, mas nada de passar a noite acordado na casa dos Lancaster, ouviu? – ela alertou deixando um beijo na testa do filho, aproximando-se de nós com um sorriso simpático no rosto – Obrigada, rapazes.

            – Disponha – devolvi o sorriso me sentindo o máximo por ter trazido de volta a felicidade de uma criança.

            Os garotos vieram direto em nossa direção e eu abri um sorriso longo.

            – E aí, parceiros? Tudo bem? Eu sou o James e esses são Remus, Peter e Sirius, meus amigos. Será que podemos jogar com vocês? – meus amigos me olhavam com uma cara de “o-que-está-havendo-com-você-hoje?

– Claro que podem! – Harry disse com convicção, ele parecia ser o líder do grupo, assim como eu era do meu. O garoto pálido fez uma pequena pausa e estendeu a mão – Meu nome é Harry Lancaster – apertei a mão do garoto – Esses são os meus amigos, Lucca – o menino negro de manifestou – Justin – o gordinho mandou um sinal da Hang Loose – e Wesley – o garoto que antes estava implorando à mãe para ficar mais um pouco bateu continência, me arrancando um sorriso abobalhado. Como eu adorava esses garotos, mesmo sem conhecê-los direito…

            – Prazer em conhecê-los, garotos – Remus se adiantou para cumprimentar as crianças, seguido de Sirius e Peter.

            – Bem, quem tira os times? – Lucca começou animado.

                – Que tal Harry e eu? – sugeri com um sorriso no rosto – Lembrando que devem ter dois de vocês e dois de nós em cada time, se não é furada.

            – Pra mim parece ótimo – Harry falou olhando para os colegas como se esperasse uma espécie de aprovação dos mesmos, na qual lhe foi concedida com louvor. Tiramos Jokenpo e eu ganhara.

                – Escolho o Justin – disse rapidamente e encarei Harry. Vamos ver o que esse gordinho encrenqueiro consegue fazer no meu time.

            – Remus – ele apontou para Sirius, que soltou um risinho.

            – Sou Sirius, Harry. Esse feioso aqui que é o Remus. É fácil de distinguir, aquele outro ali é mais mongo do que nós quarto juntos. É só olhar pro mais lindo daqui que você vai saber quem eu sou – ele ergueu as sobrancelhas convencido e foi para perto do garoto que o escolhera.

            – Entendi – Harry concordou com a cabeça rindo.

            – Quero o Lucca – disse e ao ver ele se aproximar, o cumprimento com um toque.

            – Remus – o garoto falou depois de analisar o rosto de Rabicho por bons segundos, aparentemente confirmando a teoria de que ele era o mais mongo de todos nós. Remus foi para o lado do garoto e bagunçou seus cabelos lisos que lhe caíam sobre a testa, parando ao lado de Sirius.

            – Parece que você escolheu certo, Harry. Só por me escolher já tá com o jogo ganho, depois que chama esse daí… Aí o time fica panela de vez – Almofadinhas comentou me fazendo revirar os olhos. Ele estava dizendo aquilo claramente para me provocar.           

            – Bem, acho que só sobrou você Peter, já escolhi dois dos garotos – zoei da cara de Peter que parecia aéreo demais pro meu gosto, aliás, mais do que ele já costumava ser. Devia estar pensando em comida, ou melhor, em alguma menina que estava de olho. Iria solicitar a assistência de Black mais tarde para confirmar os fatos.

            – Muito engraçado, Pontas… – Peter disse mal-humorado e os Marotos riram, acompanhado dos garotos.

            – Bom, garotos, esclareçamos que entre nós temos apelidos carinhosos – sorri com malícia para Sirius como se fosse mandar um beijo para ele (coisa de gente imatura) – Eu sou o Pontas. Me chamam assim porque sou um dos únicos armadores de todos os tempos que joga pelas pontas da quadra, eu gosto dos cantos, entende? Os outros fizeram teste para armador, mas nenhum nem triscou nos calcanhares do papai aqui – disse aquilo e me arrependi profundamente por sentir o duplo sentido da coisa, Sirius e Remus pareceram notar o jogo de palavras e me lançaram um olhar de consolo. Por outro lado, os garotos trocavam risadas fascinados com o meu depoimento. Eles se viraram para Sirius e Remus como se esperassem que eles prosseguissem com a explicação de seus apelidos.

            – Sou Almofadinhas – notei o rosto de Sirius começar a corar, ele claramente não gostava de falar sobre o significado desse apelido, mas ele sabia se ele não o fizesse, eu o faria por ele, afinal, para que servem os amigos, huh? – me chamam assim, porque… – ele fez uma pausa e revirou os olhos ao notar a minha cara ao conter o riso – porque quando eu era da idade de vocês eu dormia com três almofadas pequenas, uma do Mickey, outra do Pateta e outra do Pato Donald. Eu tinha a obrigação de dormir com elas todos os dias, até quando eu ia dormir na casa desses idiotas aqui, caso contrário eu não conseguia dormir de jeito nenhum – ele apontou para nós, Marotos e todos nós caímos na gargalhada, deixando um Sirius muito irritado rolando os olhos. – Qual é! Eram da Disney, ok? Vocês já foram na Disney alguma vez na vida? Bem, não até onde eu sei, então pra mim isso é tudo inveja.

            – Completando… Ele ainda tem elas guardadas dentro da gaveta de cuecas – Peter entrou na conversa rindo como se não houvesse amanhã.

            – Aé? E como você sabe disso? Você bisbilhota a gaveta de cuecas do seu amigo? – Wesley disse com uma expressão de malícia, Sirius tocou na mão dele, como se faz entre parceiros.

            – Gostei de você, garoto. É por isso que você é do meu time. Time dos melhores – Sirius disse e Peter se avermelhou intensamente e cerrou os punhos enraivecido. Todos riam muito e emitiam sons como “hmmmmmm” nos intervalos.

            Depois de se recuperar do acesso de risos, Remus começou.

– O meu é Aluado. Porque sempre que tem lua cheia eu tenho ou uma maré de sorte ou uma de azar. Um exemplo disso foi no quarto ano da escola, era lua cheia, no começo do dia eu comecei ganhando nota O em todos os trabalhos e provas, depois achei uma caixa de sapo de chocolate e 10 galeões nos jardins, uma puta maré de sorte. Já as marés de azar… Bem, acho que deixa pra próxima – ele falou passando a mão canhota pelos cabelos, provavelmente imitando minha mania, de tanto conviver com a minha pessoa.

            – E você? – Lucca disse esperando ansioso a declaração de Peter.

            – Eu não vou falar sobre isso… – Peter falou emburrado.

            – Nem venha com essa, se Sirius disse sobre as almofadas você tem que dizer sobre o rabicho – protestei, o que fez com que ele desse de ombros e começasse a falar.

            – Tá bem! Eu tinha ido pescar no Havaí com o meu pai, eu tinha mais ou menos uns 17 anos. Eu tinha que arrumar o rabicho da linha de pesca, que era preciso pra pescar peixes grandes, se não a linha não aguenta o peso. Eu queria arrancar ele fora, já que ele estava gasto demais, não tinha alicate no barco, então eu pedi ajuda do colega do meu pai para usar a faca que tinha lá, eu seguraria e ele passaria a lamina. Na hora que ele foi cortar o rabicho aconteceu sabe Merlin o quê, que o meu dedo indicador dessa mão – ele ergueu a mão destra – acabou entrando no meio e o corte foi tão fundo que teve que amputar de uma vez só. Desde então, esses bobões aqui só me chamam de Rabicho. – Ele revirou os olhos e todos deram um risinho aqui e ali para não perder o costume – Depois daquele dia o cara nunca mais falou com o meu pai na vida, evaporou.

            Olhei no relógio e vi que já passavam das nove horas. A conversa estava tão interessante que mal tínhamos visto o tempo passar tão rápido assim.

            – O nosso grupo não tem muita história pra contar, mas o nome é Fraternidade dos Cinco – Harry falou rapidamente.

            – Cinco? Mas vocês estão em quarto – Remus perguntou tão confuso quanto eu.

            – É porque o Justin vale por dois, sabe? – Wesley zoou o colega e arrancou risadas de todos, menos do garoto rechonchudo.

            – Tô falando que…que esse moleque é o melhor! – Sirius disse em meio as risadas descontroladas.

            – Não! O grupo se chama assim porque fundamos o grupo no dia cinco de maio do primeiro ano na escola – Justin se defendeu e todos nós decidimos que já dera de rir do coitado.

            –Acho melhor começarmos o jogo logo antes que a mãe do Harry chegue pra buscá-lo – disse rapidamente e todos concordaram.

            Cada um assumiu a sua posição e eu zerei o cronômetro do telão que media o tempo e os pontos em cada partida. Tomei o meu lugar no meu canto da quadra junto à Justin, Lucca e Peter, enquanto Harry estava no outro junto a Sirius, Remus e Wesley. O jogo se iniciou com a bola a favor do meu time – nada mais justo já que o meu time estava bem mais fraco, obviamente falando – que foi rapidamente tomada por Harry de seu amigo Justin, aquele gordinho travesso que só reclamava em vez de contornar o problema. Fiquei frente a frente com Harry e o olhei com uma expressão desafiadora no rosto, ele tinha atitude e eu admirava muito isso nele. Ele estava prestes a se desvencilhar de mim quando eu tomei a bola de suas mãos e fiz uma cesta de três pontos, arrancando gritos de euforia dos pequenos garotos.

            Peter, que antes não parecia ter nem ao menos se mexido durante os primeiros cinco minutos de jogo, começou a fazer alguma coisa que preste, que for a ficar em cima do Remus durante o jogo inteiro. Apesar de termos começado muito bem, a determinação não só do time em conjunto, mas em especial ao pequeno Harry, levou o time adversário à uma vitória acirrada de 30 à 28.

            Justin e Lucca pareciam muito inconformados com a derrota, se jogaram à um canto da quadra e ficaram lá de cara fechada. Aproximei-me deles e me abaixei para olhá-los.

            – Hey… Não me digam que estão assim por causa do jogo! – eles me fuzilaram com um olhar de “o-que-você-acha?” – Ok, pergunta retórica. Eu também era assim… – me sentei em frente à eles cruzando minhas pernas em “X” enquanto passava a mão pela testa tirando uma camada de sour que ali existia – Olhem, isso aqui é só um jogo, ainda podem haver muitos outros jogos pela frente, e se vocês se prepararem devidamente é muito provável que vocês ganhem. Tem também a questão da maré de sorte também, essa partida pode ter sido só sorte pro outro time, essa mesma sorte pode aparecer para vocês também – eles pareciam estar melhores depois de ouvirem as minhas palavras, sorri. – Andem, vão lá jogar! – eles se levantaram do chão e correram para o meio da quadra, atraindo os outros dois garotos para jogarem também.

Levantei-me do chão e me juntei com Aluado, Rabicho e Almofadinhas nas arquibancadas. Pus-me a observar os meninos a jogar.

– Foi um bom jogo – Remus disse enquanto nossa atenção se concentrava no jogo que se iniciara no centro da quadra.

– Foi mesmo – sorri de canto e suspirei – Eles são realmente muito unidos, vejo um pouco da nossa infância nesses garotos.

            – Concordo plenamente. Até o amor pelo basquete eles nutrem – Sirius comentou e nós rimos por ouvir ele usar a linguagem incomumente formal para ele.

            Conversamos mais uns minutos até que nossa atenção fora novamente chamada para o centro da quadra, mas dessa vez as coisas não estavam nenhum pouco divertidas.

            – Harry? Harry, respira cara… – Justin socorria o garoto que agora estava no chão, ele passava mal e todos os demais colegas caíam em cima do ocorrido, aquilo provavelmente só estava piorando tudo.

            Levantei-me depressa e fui de encontro ao acidente.

            – Hey! Se afastem! – me agachei ao lado do corpo febril de Lancaster – Harry? Está me ouvindo? – segurei o garoto desfalecido em meus braços e olhei para Remus e Sirius como se pedisse para que eles me ajudassem com ideias, porque as que eu tinha certamente tinham evaporado no momento que em que eu vira a figura do garoto no chão da quadra.

            Dei alguns tapinhas de leve no rosto do garoto e depois de alguns segundos que pareciam uma eternidade o menino finalmente acordou.

            – Esse é o nosso garoto! Você tá bem, cara? – Lucca perguntou preocupado.

            – Deixem ele, meninos. Vamos levá-lo ao hospital, só em caso de não ter sido só um desmaio – Remus se pronunciara às minhas costas e eu imediatamente acatei a sua ideia.

            Peguei o garoto no colo, que ainda estava totalmente desnorteado e me encaminhei até o carro, deitando-o no banco de trás. Ao fechar a porta vejo Sirius e Remus logo atrás de mim.

            – Remus, fique com os garotos, quando a mãe de Harry chegar, informe o que aconteceu e leve os demais garotos pra casa – ele assentiu com a cabeça e voltou para dentro da quadra – Sirius, você vem comigo – dei a volta no carro e entrei no banco do motorista, Six se sentou ao meu lado.

            Não tardei a chegar no LPH, – que era o hospital mais próximo da região – saí rapidamente do carro e peguei o garoto nos meus braços.

            – Preciso de um médico aqui! – Almofadinhas entrou na frente, atraindo a atenção de algumas enfermeiras, que rapidamente vieram em minha direção trazendo uma maca, na qual eu depositei o corpo.

            – Pressão baixa e coração acelerado – uma das enfermeiras constatou depois de examinar o menino rapidamente. – Quem de vocês dois é o pai desse garoto?

            Sirius e eu demos uma breve troca de olhares e nos voltamos à mulher que aparentava uns quarenta anos.

            – Nenhum de nós. Somos amigos dele. Ele estava jogando basquete com as demais crianças e quando me dei conta ele estava desmaiado, sendo socorrido pelos colegas – comecei a explicar tudo o que aconteceu enquanto o garoto era levado para uma sala de pronto-atendimento.

            – Sinto muito, mas se não são da família o máximo que podem fazer é aguardar na sala de espera – a mulher disse com rispidez e se retirou levando Harry com ela, que alias, não parecia nada bem.

            Sirius e eu fomos até a sala de espera e nos acomodamos nas duas cadeiras acolchoadas mais ao fundo do ambiente. O clima naquele lugar era tão tenso que todos os presentes ou estavam andando de um lado para o outro ou olhando para um ponto fixo qualquer, todos com os olhos que não expressavam nada além de preocupação e explícito medo. Digamos que eu estava com um pouco dessa mistura no momento, já que era Sirius que ficara me mandando sentar a cada cinco minutos.

            – Se alguma coisa acontecer com esse garoto é tudo culpa minha… – disse andando de um lado para o outro como se não lembrasse que poderia trombar com alguém no processo.

            Minha cabeça latejava e tudo o que eu conseguia pensar era no que a senhora Lancaster diria para mim quando descobrisse que o filho dela tinha acabado no hospital por minha causa, afinal, fora eu quem insistira para que eles ficassem mais um pouco, a mãe de Wesley levaria todos eles para casa.

            Droga, Droga, Droga. – era tudo o que eu conseguia pensar no momento.

            – Se acalme, James. A culpa não é sua que o garoto tenha tido um desmaio no meio do jogo – ele estava prestes a prosseguir com o seu sermão de “vou-consolar-o-idiota-do-James-porque-é-o-meu-dever-como-amigo-dele”, quando o celular dele começou a tocar – Espere um segundo – ele se levantou e foi até uma coluna mais afastada de onde estávamos.

            Passei a mão pelo meu rosto, que a essas horas suava frio e descansei-a sobre meus beiços, foi então que me lembrei dela. Lily era médica nesse hospital, e ela poderia ser a melhor pessoa nesse momento, a mais confiável. Quer dizer, em que situação Lilian Evans não era a melhor pessoa?

            Fui até Sirius e pus-me em sua frente. Ele me olhou com um ar de “não-me-diga-que-vai-pirar-agora”.

            – É a Holly na ligação? – perguntei com firmeza.

            – Ah, sim. Diga a ele que… – Sirius conversava quando percebeu que eu me dirigia à ele – Espere um momento… – ele tapou o celular com uma das mãos e me olhou – Quê?

            – É com Holly que você está falando agora? – coloquei as mãos sobre meus quadris rapidamente o olhando com seriedade.

            – Para quê quer saber? Não vou te dizer com quem est-

            – É ela ou não, Sirius?!

            – É! Satisfeito? – ele se emburrou e eu bufei.

            – Me dá isso aqui… – tomei o celular da mão dele e repirei fundo começando a caminhar pelos corredores, em função de me desvencilhar de um Sirius futuramente irado – Holly, é o James. Estamos no LPH agora e tem um garoto com quem me importo muito aqui. Será que você pode pedir para a Lily vir pra cá? Preciso dela.

            – Hey! Me devolve já esse celular, Pontas! – Sirius reclamava andando atrás de mim, entrei no banheiro masculine e me tranquei em um dos boxes.

            – Jay? O que acontec-

            – Holly! É sério. Tem como você chamar a Lily ou não? – encostei a minha testa na porta, impaciente, enquanto escutava Sirius xingar do outro lado da madeira.

            – Posso, claro. Vou chamá-la agora mesmo – Holly disse contrariada.

            – Excelente, obrigado. – Destranquei a porta e devolvi o celular para Almofadinhas, que só não me dera um murro na cara porque não queria quebrar o celular, que quase não conseguira ajeitar na mão na devolução.

            Saí na frente e voltei à sala de espera. Sentei-me enterrando meu rosto em minhas mãos. Foi quando uma sensação estranha me tomou. Os flashes de uma cena que havia presenciado no meu passado ocuparam a minha mente, me lembrava como se fosse hoje, o maior susto da minha vida.

            Flashback On

            – Não fale comigo, Potter! Vá embora! – ela disse com a voz chorosa.

            – Lily, por favor! – a segui implorando para que ela se virasse para mim.

Foi então que aconteceu. Os movimentos, os flashes, tudo em câmera lenta.

            Lilian, a mulher da minha vida, atravessava a faixa de pedestres e como num passe de mágica, um carro surgiu. Tudo o que eu pude sentir fora medo, o medo que eu tinha guardado no fundo do meu peito só para usá-lo no momento certo, e esse momento tinha chegado, definitivamente. Seus olhos verde vívidos correram pelo automóvel e se desviaram para mim, ela estava prestes a ser atropelada. O carro estava tão perto e…

            – James! – uma voz chamara o meu nome, mas não fora a de Lily – James, acorde!

            Identifiquei a voz de minha mãe. Abri meus olhos e distingui um vulto embaçado, por estar sem meus óculos. Minha respiração estava ofegante e eu sentia um enorme aperto no peito.

            – Hey… Está tudo bem, querido. – apalpei o meu criado mudo e peguei meus óculos, o colocando rapidamente sobre meu rosto – Está tudo bem… Foi só um pesadelo – ela disse com aquela voz calma que me fazia querer abraçá-la toda vez que a ouvia. Assim o fiz, enterrei o rosto no ombro de minha genitora, enquanto ela passava as mãos pelos meus cabelos suados.

            – Foi tão real… – disse baixinho.

            – Essa garota está mexendo com você, James. Esqueça-a por um minuto… – ouvia a voz dela soar pelos meus ouvidos.

             Flashback Off

            – James? – dessa vez eu tive certeza de que era ela.

            Ergui meu rosto para encarar uma ruiva totalmente desinformada sobre o que estava acontecendo, ela usava um jaleco branco que combinava perfeitamente bem com o seu tom de pele, os seus cabelos e…

            – Potter, o que houve? – ela abaixara o rosto em minha direção com mais rispidez, talvez porque Holly e Sirius tinham chegado logo depois dela e assistiam à cena.

            Levantei-me e suspirei profundamente.

            – Lily, preciso que você examine uma criança para mim. O nome é Harry Lancaster, um garoto que acabou de entrar na emergência. Ele desmaiou durante uma partida de basquete, a mãe dele ainda não sabe de nada e a culpa é toda minha. Por favor, Lily… – disse tudo de uma vez sentindo meu corpo entrar em pânico diante à situação.

            – Se acalme, Potter. – Ela umidecera os lábios rapidamente olhando para os lados e voltara o seu olhar para mim – Vou cuidar disso – disse e saiu andando até a ala onde era proibida a entrada de pessoas não autorizadas.

            – James Potter e Sirius Black, querem me explicar o que está acontecendo aqui? – Holly perguntara com a mão na cintura, mostrando o seu lado autoritário.

            Passei os últimos trinta e cinco minutos narrando toda a minha trajetória da quadra de basquete até o hospital, esclarecendo todos os pontos que surgiam de dúvida na garota, entre eles, como o garoto chegava a passar mal durante uma partida amistosa.

            Quando já estava farto de ficar ali contando tudo ao invés de me informar sobre o que estava havendo, caminhei até a recepção.

            – Com licença, será que pode me informar sobre Harry Lancaster? – perguntei aflito para a recepcionista, que me encarara com uma feição de “não-estou-nenhum-pouco-a-fim-de-trabalhar-hoje-então-por-que-não-dá-o-fora?” por cima dos óculos de fundo de garrafa.

            – É da família? – ela perguntou olhando entediada para o computador, que estava aberto na janela do jogo Paciência Spider.

            – Não, mas…-

            – Não estou autorizada a fornecer informações à pessoas quaisqueres, apenas para membros familiares do paciente. Sinto muito – ela disse com aquela carinha de cocô e voltara a jogar o seu maldito joguinho. Bufei fechando os olhos.

            – Por favor, será que pode me dizer ao menos se ele está… estável?

            – Me desculpe, rapaz, mas não posso dizer nada que quiser saber. Se quiser saber sobre esse paciente sugiro que traga os pais ou responsáveis – ela disse como um disco que fora progamado para ser reproduzido especificamente para responder àquela pergunta.

            – Escute aqui sua…– comecei a me pronunciar, quando escutei passos desesperados virem às minhas costas.

            – Eu sou a mãe de Harry Lancaster. Me diga agora o que está acontecendo com o meu filho! – a mulher estava desesperada. Seus cabelos estavam embaraçados como se tivesse corrido uma maratona antes de chegar ao seu destino, um hospital, na qual o seu filho estaria, por culpa de James Potter, o cara mais idiota da face da Terra, que nem cuidar de uma criança não consegue.

            A recepcionista olhou de esguelha para a mulher descabelada, logo depois de me lançar um olhar de desprezo. Minimizou a janela do jogo e acessou o sistema, provavelmente procurando pela ficha do garoto; depois de alguns minutos de uma busca impaciente, a mulher aquietou os dedos que antes teclavam de maneira sem fim.

            – Harry Lancaster, entrou no hospital com sinais de pressão baixa e batimentos cardíacos acelerados. Está agora hospedado no quarto 293 da pediatria e está sujeito a fazer alguns exames para confirmar o seus sintomas, a enfermeira Judy o socorreu e agora o paciente se encontra sob os cuidados da doutora Evans – ela leu com a sua voz monótona de dar nojo e olhou sem nenhuma emoção para a mãe de Harry.

            – Ah meu Deus, o que aconteceu com o meu filho? – a senhora Lancaster olhou para mim como se soubesse que eu estava ciente de alguma coisa, já que era eu quem estava na recepção segundos atrás perguntando pelo filho dela.

            – E…eu… – abri a boca para falar, mas as palavras não saíam – Ele… Ele estava jogando basquete e… e começou a passar mal, quando vi ele já estava desmaiado e-

            – O quê?! Harry estava jogando basquete? – ela arregalou os olhos.

            – Estava e… Espera, a senhora não sabia que ele estava jogando basquete com os amigos?

            – Ahn? Claro que não! Ele me disse que ia ficar até mais tarde na casa do Wesley para estudar matemática! – ela levou a mão à cabeça – Oh, céus! Ele não podia fazer esforço físico, está com uma anemia muito forte e… – ela começou a chorar e meu peito se apertou instantaneamente.

            – Se acalme, Sra. Lancaster… Venha, vamos beber um copo de água, sim? – seu choro se intensificava cada vez mais.

            – Eu não estou com sede. Quero ver o meu Harry, imediatamente! – exigiu com uma expressão de irritação.

            – Siga a linha vermelha pelo corredor à direita e a senhora chegará à ala da pediatria – a recepcionista comentou com aquela voz morta sem nem ao menos desviar o olhar daquele jogo idiota. Como alguém podia ser portador de tamanha insensibilidade? Por Merlin!

            A mulher saiu disparada em direção à porta que antes Lily havia atravessado. Suspirei. Se alguma coisa de grave acontecesse a esse garoto eu nunca iria me perdoar. Fechei meus olhos por alguns instantes e pensei: Calma, James. Lily está lá com ele. Não deve ser muito grave, e se for, tenho certeza de que ela pode dar conta da situação.

            Tomei o meu rumo de volta a sala de espera e o som de Clocks ecoou pelo corredor do hospital, o que atraiu vários olhares de censura. Atendi rapidamente.

            – Hey, James. A mãe do garoto não apareceu ainda. Os meninos estão inquietos demais, o que devo fazer com eles aqui? Peter está pior do que eles, se queixando de fome  tempo inteiro.

            – Remus, hey… – suspirei passando a mão pelo meu rosto – peça para que Wesley ligue para sua mãe e avise sobre o acontecido, talvez ela passe aí e pegue os garotos enquanto a situação é resolvida.

            – Cara, você tá legal? – a preocupação era óbvia na voz de meu amigo. Suspirei mais uma vez.

            – É complicado, Aluado… Harry realmente passou mal, chegou aqui com pressão baixa e quase sofreu taquicardia. Lily está aqui para atendê-lo, mas cara, eu juro que se alguma coisa a mais acontecer com esse garoto eu não sei o que vai ser de mim… – comecei a andar de um lado para o outro sentindo a ansiedade formigar o meu estômago.

            – Pontas, pode parar com isso. O garoto estava se divertindo igual aos outros, como você ia adivinhar que ele ia desmaiar no meio do jogo?

            – Pelo que eu entendi, ele não podia realizar nenhum esforço físico, a mãe dele nem estava ciente que ele tinha saído para jogar basquete. Segundo ela, ele tinha ido à casa de Wesley estudar matemática. Eles combinaram tudo escondido, e ainda convenceram a mãe do colega a irem junto. Merlin… Eu estou enlouquecendo aqui.

            – O quê? Eles combinaram isso? É por isso que ficaram tão aflitos. Pode deixar que eu resolvo as coisas por aqui, James. Me ligue se precisar de alguma coisa aí, ok?

            – Certo. Digo o mesmo – depois de me despedir de Remus, desligo a ligação e volto para a sala de espera.

Holly estava com a cabeça encostada no ombro de Sirius, adormecida. Já Almofadinhas parecia mais do que acordado (pelo menos isso, né?). Alguém para conversar e evitar que eu acabasse perdendo totalmente o juízo. 

Como podia um garoto mexer tanto com a minha cabeça em tão pouco tempo de convivência? Quer dizer, foram apenas horas… Sentei-me ao lado de Sirius e comecei a coversar sobre assuntos aleatórios, um deles fora sobre a garota que estava logo ali, ao seu lado.

– Então é pra valer mesmo? – coloquei meu celular no bolso dianteiro da minha calça jeans e fixei meu olhar em um casal mais ao centro das sala, eram dois idosos, que acariciavam um a mão do outro. Uma cena que seria linda se não fosse trágica, afinal, quem estaria num hospital em pleno sábado à noite se não fosse por necessidade?

– Ah, eu não sei, James – ele umideceu os lábios e olhou brevemente para os cabelos castanhos da garota deitada sobre seu ombro, fazendo uma breve pausa – Holly é realmente uma pessoa incrível, mas não sei se eu sou um cara para relacionamentos, entende?

– Nada haver, Sirius. Se você realmente gosta dela, então por que não arriscar? Até onde eu sei, ela sempre foi interessada em você. – O olhei – Esse lance de você não ser um cara para relacionamentos é conversa furada. Até porque essa hora teria de chegar algum dia, huh? Ou você tinha planos para morrer solteiro? – o que parecera uma brincadeira para ele, se tratava de um assunto muito sério para mim. Sirius não podia passar a vida toda sendo o cachorro que ele é, um dia a beleza acaba.

– Ah, sei lá, eu… – ele ia começando a falar, quando uma gritaria se dispersou pelo corredor do hospital.

– … Isso é tudo culpa sua! Se tivesse feito o exame direito poderia ter tratado mais cedo! Você é uma inútil, desqualificada de merda! Eu vou te processar, sua cadela! Se meu filho morrer por sua causa eu mesma vou te entregar para a polícia! – os gritos da senhora Lancaster ecoavam pelo corredor, atraindo a atenção de todos os presentes na sala de espera, despertando inclusive uma Holly sonolenta.

Ergui-me rapidamente e atravessei a porta da ala pediátrica, não ligava para restrições no momento, tudo o que eu queria era saber o que tinha acontecido com o garoto.

Meu coração parou por alguns milésimos quando percebi com quem a mulher gritava.

– Senhora, por favor… Se acalme, eu tenho certeza de que os exames que eu fiz estavam todos corretos, o resultado foi só uma anemia. Se ele estivesse com leucemia no dia da coleta eu teria descoberto pelo hemograma! – Lily controlava-se para não cair no choro, o seu discurso resultou num belo tapa na cara.

– Como se atreve a dizer que meu filho pegou câncer assim? Câncer terminal não se pega do dia para a noite, Dra. Evans, se a senhorita soubesse disso não teria errado no diagnóstico do meu filho! – a mulher descontrolada gritava na cara de Lily, e parecia que não existia nenhum ser vivo naquele lugar para tirar aquela maluca dali.

Apressei-me para chegar até as duas. Os gritos já eram pertubadores, agora um tapa na cara era o cúmulo. Se não existia nenhum segurança naquele lugar para impeder aquela baderna, eu seria o responsável por retirar aquela desconsertada desse hospital imediatamente.

– Sra. Lancaster, por favor, isso é um hospital. Controle-se – aproximei-me das duas, mas a bagunça não parara, muito pelo contrário, a mulher simplesmente ignorou a minha presença e continuou descontando todo o seu desapontamento na ruiva que já não conseguia conter suas lágrimas.

– Nós vamos fazer a quimioterapia e ele vai…-

– Vai o que? Por que ele vai fazer qualquer coisa, menos melhorar! – segurei o braço da mulher.

– Controle-se! – falei alto com a mulher, estava perdendo o controle só de estar perto daquela maluca.

– Me solte, seu imbecil! – ela forçou o braço para baixo, soltando-se de minhas mãos.

Avistei finalmente dois segunranças vindo do final do corredor, que não só retirou a mulher, mas também a mim, da ala pediátrica, deixando uma Lily totalmente desamparada para trás. Ela tinha ficado encarregada de cuidar do caso de Harry e não havia ninguém mais especializado que Lily nessa altura do campeonato.

Céus, eram tantas informações para processar ao mesmo tempo, que eu mal lembrava o que era o simples ato de inspirar o ar para dentro de meus pulmões. Se Lils não saísse daquela ala eu não poderia vê-la, e Merlin sabia o quanto doía ficar sem poder vê-la agora. Tudo o que eu mais queria era abraçá-la e dizer que vai ficar tudo bem, mas todos nós sabemos que não vai.

Nada fazia sentido, se Lily tinha feito todos os exames, era evidente que tudo estava de acordo com a coleta, mas por que ela teria cometido um erro tão grave? E se a culpa não foi dela? Não podia ser culpa de Lily, não da minha Lily. Ela estudara muito para chegar onde chegara e não podia ter acontecido um erro tão grave logo nas suas primeiras semanas de trabalho, simplesmente não pode estar acontecendo.

Voltei para a sala de espera totalmente desestabilizado, meus amigos que antes estavam sentados, vieram em cima de mim como um cachorro vem em cima do osso.

– O que aconteceu? Harry está bem? E por que aquela mulher estava gritando? – Holly começou a fazer inúmeras perguntas e eu não conseguia parar de pensar em como Lily estava se sentindo, eu precisava fazer alguma coisa – James Potter, eu estou falando com você!

– Agora não, Holly… – respirei fundo e comecei a andar de um lado para o outro tentando não sentir a minha cabeça pegar fogo.

– Como assim agora não? Agora sim! Me diga o que está havend-

– Você quer saber o que está havendo?! Beleza! Eu vou te contar o que está havendo, Holly! A Sra. Lancaster acabou de pirar lá dentro porque ela acha que a Lily errou no diagnóstico, mas é claro que ela ficou maluca, porque Lily nunca confundiria leucemia estágio IV com uma anemia! E ela é a única pessoa nesse hospital que pode fazer as sessões de quimioterapia do garoto! Aquela desconsertada deu literalmente um tapa na cara dela e agora ela está lá, sozinha, e eu não faço a menor ideia do que eu vou dizer para ela quando ela passar por aquela porta, porque eu admito que eu estou mais desesperado do que qualquer outra pessoa nessa sala, – todos da sala me olhavam com cara de espanto, e eu estava o quê? Nem aí – acredite. Então eu espero que você pare de fazer perguntas uma atrás da outra, porque isso realmente não está ajudando em nada – respirei fundo pela segunda vez e fechei meus olhos. Mas que droga, James!

Sirius estava com aquela cara de cachorro perdido, não sabia se consolava a mim ou a Holly, porque ela parecia realmente necessitada no momento de um abraço, eu tinha extravasado. Neguei rapidamente com a cabeça e saí daquele lugar indo para o lado de fora do hospital, me sentei na guia em frente ao prédio e fiquei ali observando o movimento da rua que era aquela hora da noite. O relógio do meu celular dizia que já eram 00:57.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, mas sabia que só sairia quando Lily passasse para o lado de fora, sentia a obrigação de falar que a culpa não era dela, porque mesmo sem saber de toda a história, ou como ela acontecera, eu sabia que não era erro de Lily, ela era boa demais pra errar drasticamente assim. Holly e Sirius provavelmente já tinham ido embora, já que Lily passou pela porta rapidamente não mais vestindo o seu jaleco, o rosto de total decepção, ela estava provavelmente apenas esperando chegar em casa para desabar.

Ou ela não tinha me visto, ou não estava nenhum pouco a fim de falar com a minha pessoa, pois ela passou por mim e continuou andando como se nada estivesse em seu caminho. Ela caminhava a passos largos e rápidos, abraçava o próprio corpo e seus cabelos cor de fogo balançavam com o vento. A rua estava deserta à uma hora dessas e era extremamente perigoso deixá-la andar por aí sozinha, nesse mundo existe gente ruim pra tudo.  

Corri atrás dela e ela percebeu que alguém a seguia, ela me vira.

            – Lil-

            – Agora não, Potter! – a voz dela estava alterada, era como se já estivesse rouca prestes a chorar – segurei-a pelo braço, fazendo-a se virar para mim.

            – Fale comigo! Ou se não quiser falar comigo… Sei lá, apenas não fique em silêncio – falei rapidamente como se suplicasse a sua atenção. Ela não teve reação, ficou ali calada com o olhar baixo. Simplesmente enlouqueço quando ela faz isso, que ela faça qualquer coisa em minha frente, menos ficar em silêncio – Lily…

            – AHH! – ela gritou, fazendo eu me calar na mesma hora – Cale a boca, Potter! Seu idiota! Não está vendo que – ela começava a me socar – a culpa…é…toda…minha? Seu estúpido! O garoto…está…com…leucemia…e a culpa…é…toda…minha – ela me batia e eu ficava apenas ali, estático, deixando ela por para fora tudo o que ela precisava por, sem mover um músculo sequer. Quando ela finalmente se cansara, encostou a testa no meu peito, tomando fôlego – A culpa é toda… – a voz de choro aparecia – minha.

            Céus, como era terrível a sensação. O poder que Lily tinha sobre mim era tão imensurável que até mesmo a sua dor se transmitia para mim. Ouvi os barulhos emitidos pelo seu choro e fechei meus olhos me contendo para ser forte, por ela. A envolvi em meus braços de maneira que não ficasse tão apertado e ela pudesse respirar. O choro dela era tão desgostoso que a casa puxada de ar era uma pontada que eu sentia no meu peito. Ela impressionantemente não saiu dali, me abraçou e ficou ali chorando. Acredito que se fosse preciso eu passaria uma década ali apenas a confortando com o meu ombro amigo.

            Depois do que se pareceram horas o seu choro diminuiu e só restou o som do vento e de nossas respirações.

            – A Sra.L..Lancaster vai me processar… É o fim da minha carreira, James – ela falava com um pesar tão profundo…

            – Shh. Vai ficar tudo bem – Eu sei que não está nada bem – Vai ficar tudo bem, ok? Eu vou te ajudar – falei baixinho, o que lembrou muito a voz de minha mãe naquela noite que sonhei com o maior susto da minha vida. Eu queria poder dizer à ela que era só um pesadelo e que no dia seguinte as coisas ficariam melhores, mas não é assim que a vida funciona para todos nós, ela gosta de brincar com a nossa sanidade.

            – Não vai ficar tudo bem, Potter. A minha vida está um inferno e… – ergui o rosto dela em direção ao meu e a beijei sem nem ao menos pensar duas vezes.           

            Se eu planejava fazer isso? Certamente que não, mas eu não pude evitar. Estar perto dela queria me fazer beijá-la a todo momento.

            Ela entrelaçara suas mão em meus cabelos e retribuíra o beijo, por alguns instantes. Foi então que a luz da desgraça resolveu me invadir mais um pouquinho. Ela recuara ainda de olhos fechados e sussurrou:

            – Não posso…

            – Por que não? – disse sentindo meu coração ser esmagado gradualmente.

            – Sua ex-namorada está grávida de você, Potter e além disso, – ela continuava sussurrando, era como se ela receasse que alguém pudesse nos ouvir – eu ainda te odeio, esqueceu? – ela olhou nos meus olhos rapidamente secando suas próprias lágrimas com as mangas de sua blusa de manga longa e se virou, tomando seu rumo.

            Mesmo que eu quisesse me mover, meus pés pareciam estar simplesmente grudados no chão. Apenas as palavras de Lily Evans eram capazes de acabar comigo, e eu estava acabado depois de ouvir estas.


Notas Finais


Galera! Estou muito mal depois de terminar esse capítulo. Nem eu sabia que eu ia tomar esse rumo, mas gente! Espero que vocês não me odeiem, eu ainda tenho muito pra mostrar nos próximos capítulos hihihi. Mas enfim, comentem o que vocês acharam disso, eu particularmente adoro uma esmagada no coração assim, então como eu sou uma pessoa ótima aí vai a minha primeira esmagada no coração de vocês >< Comentem, comentem e comentem! Até o próximo capítulo! Adoro vocês demais, meus leitores <3


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