História Grêmio Estudantil - Ex-namorados

 Grêmio Estudantil

Capítulo 04 – Ex-namorados

Vou disparar seu coração com o meu jeans apertado

Ser o seu sonho de adolescente essa noite.

Teenage Dream – Katy Perry

Por: Ovomaltina

A calça jeans de cintura alta desenhava as sinuosas formas do corpo feminino, e enquanto ela se inclinava sobre o balcão para pedir mais uma bebida, ele aproveitava a visão privilegiada que aquela posição lhe proporcionava.

Sasuke olhou para os lados apenas por prevenção. Esperava que ninguém estivesse reparando no papel de idiota apaixonado que ele estava fazendo. Sabia que todos percebiam o quanto ele a amava, mas ninguém era atrevido o suficiente para jogar esse tipo de verdade em sua cara, e ele era agradecido por isso.

 Reparou em como ela parecia se sentir a vontade conversando com o barman. Já fazia exatos 28 minutos que eles mantinham uma conversa animada. Ele passou a contar minuto por minuto desde que notou as intenções reais que o cara parecia querer ter com Sakura. E, inegavelmente, ele odiava só a possibilidade da materialização daquelas intenções.

Não que estivesse somente com ciúmes, mas a preocupação era latente a respeito do cara mais velho dando em cima da sua ex-namorada colegial. Ela tinha só dezessete e ele parecia ter, no mínimo, uns trinta.

Ela sorriu pela quadragésima vez em vinte e oito minutos. Sasuke não contou quantas vezes isso aconteceu, mas de longe seu julgamento matemático era exagerado.

Sakura estava realmente gostando de bater papo com o homem. E Sasuke ponderou se realmente devia prestar-se a protagonizar aquele papel humilhante, mas quando viu a mão atrevida dele tocar na dela, decidiu que já havia passado da hora de por um fim naquilo.

Quando abandonou a mesa que dividia com Naruto e Suigetsu, estava preparado para a sentença que seria dada a ele por passar tamanha humilhação. Era certo que ele seria o alvo das chacotas do time na segunda feira. E não era como se aquilo fosse empecilho suficiente para conter sua indigestão diante daquele absurdo que era ver Sakura sendo paquerada por um homem com o dobro da sua experiência.

— Amor, nossos amigos estão solicitando sua presença na área da piscina.

O tom de voz levemente impertinente fez a conversa cessar.   

Sakura se remexeu assustada ao sentir o toque inesperado do ex-namorado em sua cintura. Ponderou sobre a situação que havia acabado de ser formada diante dos seus olhos e, ao perceber do que se tratava, indignou-se.

— O que pensa que está fazendo?

Perguntou ao constatar o óbvio. Sasuke estava com ciúmes, sabia disso desde quando notou os olhares nada amigáveis que ele direcionava para o barman simpático que sua mãe havia indicado para a festa de Ino, mas ousar bancar o macho alfa possessivo era inadmissível.

Sasuke estava agoniado. Podia sentir os olhares sedentos dos seus amigos caírem sob seus ombros, somente esperando uma vacilação mínima sua para lhe caçoarem por toda a vida. Porém, o olhar indigesto que Sakura lhe lançara era o mais temível de todos. Só que era tarde demais para retroceder.

— Apenas senti sua falta.

Proferiu ao passo que envolveu com o braço o pescoço da menina e, no segundo seguinte, depositou um beijo em sua testa.

Não havia mentido. Realmente sentia falta da presença da Haruno em cada particularidade de sua vida. Não era como se ainda não fosse difícil digerir o término após meses e, embora tentasse fingir que estava tudo bem, Sakura o conhecia o suficiente para saber que não estava. Foi a primeira vez depois de tanto tempo que ela se sentiu culpada por tudo que estava fazendo, armando e conspirando contra ele e seus amigos por causa de uma eleição perdida.

Tinha ciência o quanto poderia soar imatura e, possivelmente, cair no papel clichê da ex-namorada obsessiva e perseguidora, mas Sakura só queria ser valorizada, reconhecida pelo seu próprio esforço. Ela não queria mais ser à sombra de Sasuke Uchiha, aquela que por mais capacitada que fosse, tinha somente o seu lugar na arquibancada vendo-o brilhar.

Quando Sasuke teve a ideia de competir no Grêmio Estudantil, já sabia da briga que compraria com Sakura e a equipe do jornal, mas tudo que ela havia feito nesses dois meses desde que a Taka ganhou foi, incansavelmente, metralhar seu time. No começo pensou que a raiva da garota diminuiria com o tempo e que talvez, isso servisse para aproximá-los, visto que é comum o Grêmio ter funções relacionadas com o Jornal, mas ele havia subestimado seu instinto competitivo e agora era obrigado a tolerar as consequências que, em sua opinião, já haviam passado dos limites.

— Ora Sasuke, não é como se nós não pudéssemos conversar a sós.

Respondeu sarcasticamente.

Ele ergueu os ombros largos em desconfiança. Havia uma hesitação nítida por parte dele, enquanto Sakura claramente se divertia com suas reações.

— Só permaneça longe de homens com o dobro da sua idade. Tenha juízo, por favor.

O tom de voz manso contrastava com sua postura tensa, fazendo-a questionar se realmente havia julgado as intenções de Sasuke da maneira correta. Talvez ele só estivesse preocupado com sua segurança e não com ciúmes como ela tinha interpretado.

Sasuke deu um passo para trás, prestes a recuar e voltar para sua mesa, torcendo para não transparecer o quanto se sentia transtornado. Tinha dúvidas se as palavras da Editora Chefe eram reais, ou no mínimo, mais um jogo de contra-ataque.  

Nunca podia ter se arrependido tanto de uma decisão quanto se arrependia naquele momento por ter decidido levantar da mesa e se intrometer nos assuntos dela com o barman.

— Ei! Espera! Eu realmente acho que devíamos conversar em particular.

Sakura contorceu-se. Estava furiosa consigo mesma por ter dado o braço a torcer, mas a chance de compreender as atitudes e falas recentes do Presidente do Grêmio era soberana a todo e qualquer resquício de orgulho.

Sasuke não escondeu a surpresa ao ouvi-la chamar, mas quando a garota puxou-o pelo braço, ignorando completamente o homem com quem conversava e, praticamente, arrastando-o para um local isolado, ele assustou-se.

Ultrapassaram as portas da sala de estar, sob os olhares atentos de todos os convidados que estavam na piscina e que também eram seus colegas na Shawnigan Lake. Subiram as escadas e, assim que Sasuke viu para onde ela estava o arrastando, ele automaticamente fincou os pés no chão, atraindo a atenção da Haruno que ainda segurava em seu braço.

— Quer conversar a sós no quarto de hospedes?

Ergueu as sobrancelhas, provocando-a. Ainda com sua expressão tensa, demonstrando claramente a desconfiança que ainda tinha nas suas atitudes.

Ela passou as mãos pelo cabelo e sorriu.

— Sexo com meu ex-namorado na casa da minha melhor amiga não estava nos meus planos quando eu vesti essa roupa hoje, Sasuke. Do contrário, eu não teria optado por uma calcinha bege.

O cinismo em seu tom de voz fez o garoto sorrir minimamente. Foi a primeira vez naquela noite que ele teve certeza que Sakura estava sendo sincera.  

Tirou uma chave da pequena bolsa dourada e abriu a porta. Encarou-a incerto antes de entrar no quarto e vê-la trancar a porta tranquilamente.

— Ino deu todas as chaves dos quartos para mim por precaução. Ela queria evitar que adolescentes usassem sua casa de motel durante a festa.

Fez questão de explicar antes que Sasuke perguntasse. Sentou-se sobre a cama enquanto era medida da cabeça aos pés pelos olhares minuciosos dele.