História Grey and Orange - Capítulo único

O por do sol era uma das coisas mais belas que Jiyong já verá. Os  raios alaranjados que se misturavam com as nuvens cinzas do céu traziam um contraste que, na sua visão, era belo. Seus olhos brilhavam pela vista que ele julgava ser arrebatadora. E então, num ato de coragem, puxou o celular do bolso e discou o número de Seunghyun.

Primeiro toque.

Sentia seu coração começar a bater mais forte.
   
             Segundo toque.

Suas mãos já suavam.

Terceiro toque.

Sentiu suas pernas começarem a tremer involuntariamente.

Quarto toque.

Sua garganta se fechou.

Quinto toque.

As lágrimas invadiram a visão que tinha do belo por do sol.    
 
             Sexto toque.

Deixou as costas escorregarem contra a parede lentamente, até que chegasse no chão.

E então a voz gravada de uma mulher foi ouvida.

Arremessou o telefone da sacada, num ato de raiva e frustração.

Desabou em lagrimas, logo depois gritou.

Gritou pela raiva que sentia, gritou pela frustração que lhe consumia, gritou pelo amor de sua vida. Amor que perderá a três anos... Não, amor que o abandonará.

Seunghyun, Choi Seunghyun; O homem de cabelos acinzentados, tal como seu coração.

Ah sim, o coração de Seunghyun.

Era tão belo, tão cheio de peculiaridades, Jiyong amava cada parte dele, até mesmo seus defeitos. O modo como o maior brincava com sua altura, quando na verdade ele que era alto demais. A forma como afagava seus cabelos alaranjados. O sentimento quando o Kwon não conseguia alcançar o topo de sua cabeça e este ria de si e, logo em seguida, se abaixava educadamente para ter seus cabelos cinzas afagados também. O modo peculiar como dançava.

Jiyong amava tudo em Seunghyun, principalmente seu coração cinza.

Porém o mais velho insistia em dizer que seu cinza apagaria a  paixão alaranjada de Jiyong com o passar do tempo.

O Choi tinha seus problemas, sempre soube disso. Seja com sua família conturbada, com seu irmão mais novo que lhe trazia dor de cabeças, ou até mesmo com seu problema com bebidas.

Jiyong não conseguia mais contar nos dedos as vezes que pegou o maior se entregando ao álcool, tentando inutilmente amenizar a dor que sentia por seu irmão o culpar pela morte da mãe. E então Seunghyun se desculpava consigo, e no dia seguinte sumia por semanas, o deixando preocupado.

Jiyong só queria que Seunghyun entendesse que ele não o culpava por nada.

As sumidas já estavam frequentes. Até que certo dia que ele não voltará mais...

No fundo Jiyong se culpava, se achava inútil por não ter conseguido cumprir a promessa que havia feito ao mais velho.

"Eu irei alaranjar seu coração cinza, hyung".

Porém não o fez. E de forma esperada, Seunghyun havia ido embora, abandonando a si, abandonando seu coração. Mas Jiyong sabia que havia feito aquilo por amor. Porque Seunghyun o amava mais que tudo, e como sempre dizia.

"Eu me apaixonei pelo seu laranja, pequeno Ji"

E essa era a data de três anos. O Kwon se embebeda até desmaiar todo começo de primavera. Passou a odiar aquela estação, passou a odiar a cor laranja.

Seu coração agora estava cinza como Seunghyun havia previsto. Mas não pela presença deste em sua vida, mas sim pela ausência.

Jiyong se permitiu ver o fim do por do sol novamente, o alaranjado agora se fôra e restara apenas o negro da noite. Juntamente com suas estrelas.

Ele apenas queria que, não importa onde estivesse, Seunghyun se desse conta que seu cinza era precioso, e que não importando o caminho que escolherá, Jiyong sempre iria amá-lo.