História Grimms - Prólogo

Quanto mais o casal corria, parecia que mais os lobos se aproximavam. Por mais que a mulher fosse uma das mais corajosas de sua linhagem, ela estava aterrorizada, pois carregava em seus braços sua pequena bebê. Uma criança que com apenas dois anos, já carregava em suas costas grandes responsabilidades e terríveis inimigos. Porém naquele momento ela apenas dormia tranquilamente nos braços da mãe, sem se importar com os uivos, a correria ou os gritos do seu pai pedindo para que sua mãe corresse mais rápido.

— Megan, vá na frente, leve nossa filha. ­— o homem falou, enquanto corria segurando firme sua espada de prata. — Eu cuidarei deles, a salve. – concluiu, olhando para a sua amável e perigosa esposa.

— Lucian, e você? — a mulher se pronunciou.

— Eu ficarei bem, apenas garanta que Alexia ficará segura. — sorriu com os olhos marejados. — Eu amo vocês. — e então correu na direção oposta indo para os braços do inimigo.

— Eu também amo você. — sussurrou a mulher, porém já era tarde, o homem nunca viria a escutar.

Ela apertou mais o bebê contra si, enquanto corria, o ar gelado da noite batia levemente em seu rosto, fazendo-a ter arrepios. Então ela ouviu os uivos se aproximarem, a gritaria aumentava. A mesma simplesmente olhou para a sua filha, uma linda bebê de cabelos ruivos, que com toda certeza havia herdado da avó, pois o cabelo de sua mãe era escuro como a noite e o de seu pai claro como o dia. Decidiu que não poderia mais fugir, chegará a hora de lutar pela ultima vez, ela manteria sua filha segura. Balbuciou algumas palavras em latim e tocou levemente a cabeça da sua filha. Chegará a hora.

— Virtutesque Grimms mitto ad tutum locum. Et servatur.

E então o portal se abriu, ela beijou a bochecha do pequeno embrulho, tocou em sua testa e sussurrou em seu ouvido: “Você ficará bem, eu prometo. Chegará o dia em que você saberá toda a verdade. Mamãe e papai amam você”.

E com isso, a colocou levemente no portal, que se fechou logo em seguida. Ela conseguirá, o bebê estava a salvo, pelo menos por enquanto.

— Ora, ora, ora. — a mulher ouviu a voz grossa e horripilante atrás de si, enxugou as lágrimas e se virou tranquilamente, se deparando com um lobo negro e olhos vermelhos de quase dois metros de altura. Por mais que parecesse assustador, a mesma apenas sorriu. — Temos aqui uma Grimm, onde está à pequena? Sinto em dizer que o seu adorável Lucian lutou bem, mas não foi o bastante. — o ser asqueroso sorriu, deixando seus dentes afiadíssimos ficarem para fora e o sangue que, talvez fosse de Lucian, pingou no chão. Megan estremeceu, mas não demonstrou.

— Que a diversão comece. — Megan sorriu, ativou a sua espada e correu em direção ao lobisomem.  Naquela noite ela conseguiu matar todos, porém não conseguiu sobreviver para contar história.