História Growing Back - Capítulo 36 - Proposta

Nas últimas duas semanas sou acordada pelo mesmo cheiro de comida que se forma na cozinha e parece me perseguir, desço as escadas e encontro Peeta preparando nosso café da manhã antes de partir para a padaria. A cada novo dia ele parece mais feliz, mais ele mesmo, o que dissipa minha preocupação com seu bem-estar depois de todo o episódio com Haley. Lembro da nossa conversa sobre o assunto, o modo como ele me jurou que eu era a única coisa que ele precisava pra ser feliz, e embora seja uma responsabilidade assustadora eu entendo porque me sinto da mesma forma. Peeta é tudo que eu preciso. Eu poderia viver o resto da minha vida isolada do mundo contanto que ele estivesse comigo nesse isolamento. Eu nunca pensei que eu pudesse amar alguém tão intensamente, eu amava Prim com tamanha imensidão, eu amo.. eu amo Prim, ela continua aqui, eu sei disso, eu sei que agora mesmo ela deve estar sorrindo por me ver feliz.

-Bom dia. – Peeta diz. Chego perto dele e passo minhas mãos ao redor de seu corpo.

-Isso cheira bem. O que é?

-Meu corpo. – Ele responde se virando pra me encarar.

-Você está ficando convencido. – Digo franzindo a testa. Peeta passa seu rosto no meu como um gato, sinto meu corpo tremer, penso em como todas as vezes que nossos corpos se tocam é como se fosse a primeira vez. Ele me beija e passo minhas mãos por suas costas, pressionando sua pele.

-O que vai fazer hoje? – Ele pergunta quando finalmente conseguimos separar nossos corpos.

-Trabalhar com Haymitch, mas só depois das dez, eu fiz essa concessão e ele concordou em apenas beber depois de trabalharmos.

- Ele tem bebido menos?

-Acho que sim. Effie é a principal razão disso, mas não acho que seja tão simples pra ele esquecer de todos esses anos preso nos jogos, os novos participantes que ele tinha que conhecer e ver morrer. – Penso na frase de Haymitch anos atrás “nós nunca saímos desse trem”, deve ter sido horrível pra ele.

-É sempre pior pra quem fica. – Peeta diz. – Se não fosse por você eu não..

-Eu sei.  – Digo interrompendo-o, não quero começar esse assunto. Não sei se posso lidar com isso no momento sem acabar me transformando uma poça de lágrimas. – Eu me sinto da mesma forma.

Tomamos café da manhã juntos e Peeta segue para a padaria enquanto eu vou até a floresta, atiro um pouco, nado, é a primeira vez que entro no lago desde a vez em que quase morri afogada, gosto de pensar nesse dia assim, como algo fora do meu controle, isso me ajuda a seguir em frente. Volto pra casa e encontro Haymitch na minha sala, ele está sentado numa poltrona com um caderno na mão, fazendo anotações.

-Está atrasada. São onze da manhã, estou aqui, como o combinado, desde às dez.

-Está doente? – Pergunto espantada.

-Morrendo. – Ele responde levantando a cabeça e sorrindo. Percebo que está de barba feita, quero comentar mas prefiro não espantar sua recém-chegada vontade de melhorar. – Estava aqui começando a revisar o material que nos enviaram, muito disso precisa ser melhorado.

Subo pra tomar um banho e assim que desço, começamos a trabalhar parando apenas para almoçar e depois retomando o processo de revisão e reescrita do material, insisto para que façamos uma pequena pausa, quero ir até a padaria e ver se Peeta precisa de alguma ajuda agora que o fluxo de clientes aumentou.

-Ele tem dois funcionários. – Haymitch diz quando apresento meu desejo de parar um pouco e conferir a padaria. – Nem que ele estivesse alimentando todo os distritos precisaria da sua ajuda. Agora, por favor, preste atenção no que está fazendo.

Assim que dá seis horas Haymitch levanta e diz que o trabalho está encerrado. Reclamo protestando sobre o fato de que poderíamos pelo menos fechar o capítulo no qual estamos trabalhando, mas Haymitch não aceita a sugestão afirmando que a culpa era minha, afinal de contas eu tinha me atrasado.

-Preciso ligar pra Effie Katniss, paramos por aqui. – Haymitch diz ficando de pé, o modo como ele parece enfático do nada me deixa desconfiada, mas imagino que ele precise alimentar seu vício. - Peeta já deve estar em casa, porque não descobre o que teremos pra jantar enquanto uso seu telefone pra falar com Effie? – Ele diz tirando o aparelho do gancho.

Caminho devagar até a casa de Peeta, assim que abro a porta encontro todas as luzes apagadas, mas várias velas iluminam a sala criando um ambiente de romance. Peeta, que está em pé no meio da sala, caminha em minha direção e me pega pela mão, andamos até a sala de jantar onde uma linda mesa está posta, também iluminada a velas, algumas flores enfeitam o ambiente.

-Qual é a ocasião? – Pergunto sorrindo.

-Bom, a principal ocasião é o fato de que eu te amo, mas há ainda uma outra questão. - Peeta fiz tirando do bolso uma pequena caixa preta. – Katniss, desde a primeira vez que eu te vi, quando éramos crianças, eu tive esse pensamento de que você seria minha, ou melhor, de que eu seria seu. E agora, eu tenho certeza disso, tenho certeza de que você é a pessoa com quem eu quero passar todos os dias da minha vida. Você é a mulher da minha vida. Então eu preciso perguntar, acho que já passou da hora: Você quer se casar comigo? – Ele pergunta abrindo a caixa e exibindo um lindo anel.

Tiro meus olhos do anel e encaro os olhos azuis de Peeta, estou emocionada.

-Katniss... – Ele começa depois de algum tempo de silêncio.

-Sim! – Respondo. -É claro que eu aceito! – Digo beijando-o.

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-Quem mais sabe além de Haymitch? – Katniss questiona.

-Bom.. Delly e Owen me ajudaram. Effie escolheu seu anel. E só, você fica com a missão de contar a Johanna e Cressida, assim como a sua mãe. – Respondo. -Você suspeitou de alguma coisa? – Questiono enquanto Katniss passa seus dedos pelo meu peito. Estamos deitados em minha cama depois de uma sessão de sexo comemorativa. Pego sua mão direita e a beijo próximo ao anel que ficou perfeito em seu dedo.

-Não. – Ela responde sorrindo. - Mas deveria ter suspeitado do modo como Haymitch parecia interessando em trabalhar, eu sempre preciso brigar com ele pra que consigamos manter o ritmo de produção.

Sorri pensando em como Haymitch me disse que enganar Katniss não era uma tarefa simples “ela deve ser a pessoa mais desconfiada da face da terra” ele falou.

-Prometi que ele podia escolher o uísque do casamento se conseguisse te segurar por tempo suficiente.

-Como ele se vende barato. -Katniss diz sorrindo. – Vou querer aquele vinho do jantar. – Ela diz. É excelente.

-Falando em casamento... – digo levantando um pouco meu corpo, Katniss se senta na cama e me encara. – Que tal escolher uma data? – Pergunto. Observo enquanto ela morde os lábios, sei que alguma está a preocupando.

-Nos precisamos falar sobre algumas coisas antes.

-Não. – Interrompo. – Você já disse sim, agora é tarde. – Abro um sorriso e ela faz o mesmo.

-Tem certeza de quer isso? Quer mesmo se casar comigo? Sabe que eu não sei se posso te oferecer tudo que você merece.

-Se você pode me oferecer tudo que preciso. Você é tudo que eu preciso. – Digo passando minha mão em seu queixo e trazendo-a pra mim.

-As coisas não são assim tão simples Peeta.

-Claro que são. – Digo colocando minha mão em sua cintura. – Nós não vamos ficar dando voltas nessa questão novamente. Eu te amo. Você me ama. Nós podemos ser suficientes um pro outro.

-Eu acredito nisso. – Ela afirma me encarando. – Mas eu não quero que você acorde um dia e perceba que poderia ter tido mais. Além disso, tem algo que quero te dizer. Nesse tempo que passamos longe, algumas pessoas, Gale, Effie e Jo pra ser exata, me fizeram pensar sobre esse meu medo de ser mãe, porque é isso, eu achei que eu não queria filhos, mas não é isso, se fosse você precisaria entender e decidir com base nisso se iria querer ficar com comigo ou não, mas a verdade é que eu tenho medo... mas quando eu te vi com o pequeno Finnick, entendi algo, entendi que meu medo, embora seja real, pode ser enfrentado, por ser enfrentado porque você vai ser o melhor pai do mundo.

-Katniss.. isso é... – Começo a falar.

-Calma. Eu não quero te dar falsas esperanças. O que eu estou tentando dizer é que talvez isso aconteça, talvez nós tenhamos um filho. Estou tentando dizer que não é algo que eu quero agora, não de imediato, mas que é uma possibilidade...

-Katniss.. digo interrompendo-a. -Eu quero me casar com você, eu quero acordar o resto da minha vida com você do meu lado. Se você estiver, isso já vai ser suficiente. Eu te prometo, prometo agora mesmo, que eu nunca vou te cobrar isso. – Afirmo.

-Eu te amo. – Katniss diz passando suas pernas por cima de mim e me beijando. – O que você acha da primavera? – Ela pergunta separando nossos lábios.

-Primavera?  - Pergunto sem entender.

-Pro casamento! – Ela responde aproximando nossos rostos e mordendo meu lábio.

-Eu acho que... - digo invertendo nossas posições. – é uma ideia maravilhosa. – Passo seus lábios por seu pescoço, começo a descer... – Assim como eu acho que você é maravilhosa.