1. Spirit Fanfics >
  2. Guarda Vidas >
  3. "...a segunda melhor..."

História Guarda Vidas - "...a segunda melhor..."


Escrita por: ISBB5H

Capítulo 45 - "...a segunda melhor..."


Fanfic / Fanfiction Guarda Vidas - "...a segunda melhor..."

Twitter: ISBB5H

 

Narração: Lauren

Miami – Collin’s Comercial Center – 19:00

Mensagem de Dinah: Normani está nervosa sobre amanhã.

Mensagem de Ally: Amanhã é o grande dia. Vamos nos encontrar à noite para uma atualização? Não hesite em ligar caso a Mila precise de algo.

Mensagem de Clara: Você levará Camila? Irão de carro? Qual foi o horário combinado?

Mensagem de Dinah: Ally veio para o almoço. Sentimos sua falta hoje, gordinha.

Mensagem de Clara: Faça com que Camila coma alguma coisa antes de sair de casa.

Mensagem de Ally: Me juntei a Dinah para o almoço e ela não me deixa ir embora. Socorro!

Mensagem de Clara: Não deixe Camila sozinha com aquelas pessoas.

Mensagem de Clara: Michelle, por que não me responde? Você me ouviu? Não a deixe só. Não confio naquelas pessoas!

Mensagem de Clara: Talvez eu devesse ir com vocês. O que acha?

Mensagem de Dinah: Eu nunca sei o que dizer nessas situações, me desculpe. Eu te amo. Estarei aqui, esperando as duas quando tudo terminar.

Mensagem de Clara: A propósito, como você está?

Sorri enquanto passava os olhos sobre as várias mensagens no visor do celular. Era já o final do expediente e embora meu corpo dissesse ainda haver mais disposição para doar ao trabalho, minha mente e coração urgiam para que eu voltasse para casa.

Não para a minha, mas para a casa dela, o cantinho que vinha virando nosso.

Seria amanhã o grande dia. O dia em que Camila encontraria os pais, ou melhor, apenas o pai pela primeira vez após longos anos evitando-o. Veronica havia atraído o homem até Miami para discutir a doença de Sinuhe sem que ele soubesse o que o esperava. Sem que ele soubesse quem o esperava; Minha Camila.

O nervosismo era geral, dadas todas as possíveis implicações que surgiriam desse encontro. Minha família e nossas amigas, todos queriam se certificar de que Camila ficasse bem. A reação de Alejandro permanecia como um sólido mistério e nem mesmo Veronica se atrevera a um palpite sobre a aceitação de alguma ajuda vinda da latina. Ainda sim, seguíamos firmes na proposta.  

Juntava os meus materiais espalhados pela grande mesa de madeira à minha frente quando me atentei ao cenário que me cercava. Na extremidade oposta do escritório um pequeno grupo de funcionários conversava animadamente até o instante em que notaram os meus olhares nada discretos. – Ei Jauregui! – Disse um deles com o que deveria ser uma ridícula tentativa de sorriso galanteador. – Vamos beber um pouco. Gostaria de vir conosco?

– Aproveite a juventude, Lauren. – Elizabeth emendou também sorrindo largo. – A noite está apenas começando. – Quando pronta para negar o convite feito, percebi a figura tímida que se escondia atrás daquela mulher.

E por mais que eu quisesse dizer alguma coisa, me obriguei a ignorá-la. – Eu tenho um importante compromisso amanhã cedo. Esticar a minha noite não é uma opção, mas obrigada pelo convite. – Olhei fundo nos olhos de Taylor, ainda atrás da mulher mais velha, e soltei o ar que nem sabia estar prendendo.

– Eu avisei que convidá-la era perda de tempo, não avisei? – Ouvi Elizabeth cochichar. Entramos, todos, no elevador ao mesmo tempo e descemos através dos vários andares em silêncio, embora estivesse completamente ciente dos olhares discretos de minha irmã, do outro lado da caixa de metal.

Ao chegar à portaria fui a última a sair, dando aos apressados a chance de chegarem primeiro ao lado de fora do prédio. Procurei pela chave do carro dentro da bolsa e quando enfim localizei-a, voltei a olhar para frente, me deparando com uma cena inesperada. Enquanto o grupo estava já a vários passos de distância e chamava por Taylor, a garota estava parada e tinha ainda os olhos grudados em mim. Hesitava em mover-se, claramente dividida por qualquer que fosse o impasse em sua mente, e foi ali em que pela primeira em longas e difíceis semanas, eu enxerguei a minha irmã, a minha pequena Tay, outra vez. Demorou alguns segundos mais até que eu sorrisse discretamente para ela, que me sorrindo com culpa e timidez em resposta, acenou e somente então partiu dali com os amigos. Entrei no carro depressa após aquele estranho episódio pensando que talvez, com sorte, as coisas entre Taylor e eu melhorassem dali em diante.

Cheguei ao Solar sem muita dificuldade. O trânsito estava bom, apesar das ruas cheias. Acenei para o porteiro que me cumprimentou, mas antes que eu pudesse me dirigir ao acesso para as escadas notei uma presença próxima. Uma mulher a poucos metros de distância, sentada na borda da grande piscina enquanto sacudia os pés na água fria.

Respirei profundamente tomando coragem para me aproximar e ao fazê-lo sentei-me bem ao seu lado. Retirei dos pés os sapatos e os coloquei também dentro da água, copiando os movimentos da mulher ao lado. Ela não esboçou reação alguma, olhava para baixo, para as próprias coxas expostas pelo short enquanto eu olhava para frente, para as folhas caídas e os pequenos insetos que se acumulavam na lateral oposta da piscina em desuso. – Oi. – Suspirei exausta antes de dizê-lo.

– Qual será a programação de amanhã?

– Levarei Camila até a casa de Veronica às 09 horas. Irá conosco?

– Honestamente, eu ainda não sei. Acho que Camila precisa mais de você do que de mim nesse momento. – Falou para a minha surpresa. Normani balançava a cabeça como se tivesse mais a dizer, e então pacientemente esperei. Ainda olhava para as próprias pernas na medida em que levava os dedos de uma mão até a piscina e os trazia de volta para as coxas, a fim de deixar que algumas gotas caíssem sobre a pele negra formando padrões e rastros por onde escorriam. – Sabe, eu… – Umedeceu os lábios. – Estive pensando em algumas coisas.

– Quais coisas?

– Coisas que envolvem Camila. Pensando em como, durante anos e anos de nossas vidas eu fui capaz de cometer os mesmos erros sem sequer perceber o que fazia. – Franzi o cenho em confusão. – Camila chegou até mim como um daqueles passarinhos machucados e eu a tomei em minhas mãos prometendo cuidá-la e protegê-la, mas tudo o que fiz foi impedi-la de voar.

– Normani, do que você está falando?

– Eu colaborei para que ela guardasse essa dor dentro dela, não foi? Acho que todos já perceberam isso. Eu fiz isso quando permiti que vivêssemos empurrando esse segredo e essa dor para debaixo do tapete, colaborando para que Camila se fechasse para outras pessoas exceto para mim, e tornei a cometer o mesmo erro quando fui contra… – Fitou-me. – Quando não quis que a Mila te perdoasse. Eu queria protegê-la de outra decepção voltando a isolá-la no lugar onde sempre achei que ela ficaria bem… Aqui. Comigo. Somente comigo.

– Você não fez por mal.

– E de boas intenções o inferno está cheio, Lauren. Veja, você chegou e em poucos meses fez por ela o que eu não fui capaz de fazer em anos… Você virou sua vida de cabeça para baixo e provocou a mudança que finalmente a colocou em bom curso. No caminho para voltar a ser feliz, de verdade dessa vez. Você é a pessoa certa para ela.

A surpresa diante de suas palavras e comportamento me fez gaguejar. – Normani, eu…

– Preciso que saiba que eu não te odeio como andei declarando por aí, Lauren. E já não acho que você é indigna da confiança de Camila. Eu deixei que a sombra dessa grande falha se misturasse a minha preocupação com Camila e descontei em você toda essa frustração, quando a verdade é que nada disso é culpa sua. Eu, eu sinto muito. Sinto mesmo, muitíssimo.  Você não sabe como é difícil dizer isso.

– Mani… – Nos levantamos ao mesmo tempo.

– Bom, não diga nada. Não é necessário. – Tateou o bolso de trás. – Eu vou ligar para Dinah e pedir à ela que me busque. Vocês duas terão o apartamento apenas para vocês esta noite. Aproveitem. – Antes que eu pudesse dizer algo mais ela voltou a se pronunciar. – Não se preocupe, estarei de volta antes que saiam amanhã. – Apertou minhas mãos por poucos segundos enquanto olhava-me nos olhos para dizer. – Eu encontrei uma família inteira em Camila, mas assim como Sofia, eu não fui a melhor irmã que pude e permiti que ela se escondesse debaixo dessa armadura de dor e tristeza. Eu não fui a melhor irmã, mas tentarei ser daqui para frente. Por ela, sempre por ela.

– Por que está me dizendo isso?

– Se lembra de quando eu disse que me sentia sozinha do lado de cá? Do lado dos que conhecem Camila e decidem ficar em sua vida? – Assenti. – Pois então, acontece que eu percebi que a razão para me sentir só, é porquê de certa forma ajudei Camila a demolir a antiga ponte que poderia ligar as pessoas à este lado. Então sem que nenhuma de nós esperasse você surgiu construindo uma nova ponte. Do zero. Construiu uma ponte e começou a atravessar novas pessoas… Dinah, Ally, Clara, Chris, Mike. – Suspirou em meio a um lindo sorriso. – Eu sou grata pela sua presença, Lauren. Sou grata por me fazer enxergar isso e por me ensinar, mesmo que indiretamente, um novo jeito, uma melhor maneira de cuidar da Mila. E eu descobri que gosto do seu jeito. – Se aproximou um pouco e abriu os braços me convidando para um abraço dentro do qual não tardei em me jogar. Normani, assim como Camz, havia se tornado parte fundamental desse recém escrito capítulo em minha vida e desde o nosso desentendimento eu sentia a sua falta. Eu a amava. Eu a amo muito. Permanecemos naquele abraço por mais alguns minutos, como se nossos corpos precisassem de mais tempo para assimilar que aquela específica tempestade entre nós duas haviam enfim se dissipado, e somente então nos afastamos levemente envergonhadas. – Mas hey! – Ela disse. – Eu continuo de olho em você, Jauregui. – Piscou de maneira travessa antes de se afastar, desaparecendo completamente no escuro do condomínio nos segundos seguintes.

Permaneci ainda algum tempo na área comum antes de decidir que já era tempo de voltar para o apartamento. Usei a chave extra para abrir a porta da frente e encontrei o apartamento deserto. Estava escuro, silencioso e um pouco frio, pois a janela da sala fora deixada aberta.  Avancei pelo corredor observando a porta do quarto de Camila e entrei devagar, fechando-a após passar.

A cortina branca que emoldurava a janela voava, subia e descia formando um véu que alcançava grandes distâncias, e a luz da lua era a única fonte a criar luminosidade que bastasse para que eu pudesse enxergar a figura que se mexia inquieta debaixo do cobertor fino. – Eu não consigo… – Ouvi o primeiro resmungo desafinado que me alertava sobre o seu humor e sorri ainda incapaz de enxergá-la com clareza. – Droga, eu não consigo. – Bufou de novo ao reclamar. – Não encontro uma única posição que me ajude a dormir.

– Talvez porque falte uma pessoa nessa cama. – Brinquei enquanto retirava o excesso de roupas já empolgada demais com a simples ideia de juntar meu corpo ao dela.

– Venha logo até aqui, Jauregui. – Imperou impaciente. Usando somente o meu conjunto de lingerie me lancei sobre o colchão, passando por baixo do cobertor para alcançar o corpo quente e pequeno que logo envolvi entre meus braços.

– Cheguei.

Gemeu com contato. – Mais forte, Lo. Mais forte, por favor. – Ela disse. – Me segure com mais força. – Intensifiquei o aperto no mesmo instante e seu corpo delicado estremeceu. – Isso. Exatamente assim.

– Você está cheirosa, Camz…

Ela não me respondeu de imediato, mas quando tornou a falar foi fácil perceber os pensamentos que a aborreciam. – E se eu não conseguir encará-lo amanhã? – Soou frágil e insegura, tão diminuída que me entristeceu.

– Então tentaremos no dia seguinte. – Respondi com a calma e a segurança que o momento pedia.

– E se ele…

– Ele não vai te machucar, Camz. Não vai encostar um só dedo em você. Eu prometo. – Essa era uma garantia que eu faria de olhos fechados. Os pais de Camila nunca mais voltariam a maltratá-la enquanto eu, Normani, Dinah, Ally ou qualquer outro membro da família Jauregui estivesse vivo. Ainda sentia seu corpo tenso contra o meu e me senti na obrigação de melhorar a situação. – Por que não tentamos conversar sobre outras coisas? Sua volta ao trabalho, por exemplo, este é um bom assunto. Sua licença médica termina já no final do mês, não é mesmo?

– E eu não vejo a hora de voltar! – Declarou empolgada e sem perceber que o novo assunto havia caído como uma luva. – A fisioterapia tem ajudado a diminuir as minhas dores e logo, logo estarei pronta, Lolo.

– Sim… – Dei-lhe um beijo rápido. – Muito em breve Miami terá de volta às praias, a segunda melhor, mais bonita, sexy e cheirosa Guarda Vidas que já houve na história dessa cidade.

Camila esboçou uma impagável expressão de ofensa. – Eu não acredito que você considera Normani melhor, mais bonita, cheirosa e sexy do que eu! – Tentou me bater, mas segurei seus pulsos delicadamente mantendo-a mais afastada de mim. Me levantei rapidamente da cama, andando de costas e logo alcancei o armário.

– Eu não disse que Normani era melhor. – Esclareci. – E nem todas as outras coisas.

– Então de quem está falando, Lauren Michele? – Minha latina ciumenta e competitiva.

– Espere apenas um minuto. – Com pressa puxei de dentro do armário algumas peças que me interessavam e me escondi atrás do grande espelho de chão enquanto realizava a troca e pedia a Camila que aguardasse na cama.

– O que está aprontando, garota? – Perguntou-me curiosa.

Baguncei os cabelos como um vento forte teria feito e concluí meu serviço. – Prontinho. – Tentei mudar o tom de voz ao sair de lá e senti os castanhos pesarem sobre mim na medida em que eu caminhava em sua direção, deixando ainda no chão minhas peças íntimas. – Aqui está a melhor Guarda Vidas de Miami ao seu dispor. – Agora, cobrindo o meu corpo havia um maiô preto, extremamente apertado por não ser uma peça minha, mas de Camila, e um short branco. O short vários centímetros mais curto do que os que eu costumava usar, não fazia muito pela minha bunda, mas moldava minhas coxas grossas fazendo com o tecido subisse a cada novo passo, de forma a deixar-me com as pernas totalmente expostas. Olhei para o meu próprio corpo e automaticamente pensei no quão sexy a minha latina ficava ao usar aquele maldito uniforme e meu rosto se coloriu tanto pelo desejo, quanto pelo ciúmes de saber que muito em breve toda a cidade voltaria a vê-la exatamente assim.

– Porra… – Camila surgiu em meio a todas as cobertas e se apressou em tirá-las de cima do próprio corpo. Me olhava de maneira… Mordi o lábio inferior para disfarçar a minha satisfação, pois não acho que ela jamais tenha me olhado assim, com tanta vontade. Mantive a postura e evitei encará-la.

– O que tanto você olha? – Fingi não saber enquanto concluía a distância entre nós duas. Engatinhei por cima dos lençóis assistindo Camila se arrepiar diante da ansiedade e quando finalmente em cima de seu corpo, sentei-me em seu colo mantendo as pernas flexionadas, cada uma de um lado de sua cintura. Meus joelhos pressionavam o colchão e tão logo as mãos cujos toques eu tanto ansiava cobriram minhas coxas. – Oi. – Disse bem baixinho em seu ouvido, usando minha boca para brincar com a ponta de sua orelha, mordendo-a de leve.

– Oi. – Respondeu-me em tom ainda mais baixo, para em seguida me tomar em um beijo faminto. Nossos lábios colidindo com violência e saudade, e suas mãos deixando marcas em minha pele sensível, que queimava e exigia por mais contato. Levei as minhas próprias até o cabelo ondulado e apertei os fios longos entre os dedos, puxando-os com força para mantê-la minha prisioneira e nos lançamos uma contra a outra.

No instante em que permiti a passagem da língua de Camila em minha boca, gemi satisfeita. Todas as vezes em que nos beijávamos eram maravilhosas, mas quando era o desejo e o tesão falando mais alto, tudo ficava ainda mais delicioso. Sentia seu gosto se imprimindo em mim, seu cheiro me sufocando, e isso aumentava o meu prazer. Aumentava a minha fome dela. – Eu senti a sua falta. – Confessei quando o beijo me permitiu, já descendo minhas mãos para a peça única que cobria seus seios, mas antes que eu pudesse retirá-la, Camila se aproveitou da minha distração para cobrir-me com o seu peso.

Fui posta contra o colchão e tive as mãos erguidas até a cabeça. Os fios compridos caíram de um único lado de sua cabeça como uma cachoeira e em seu rosto estava estampado o meu sorriso preferido. – Eu também senti a sua.

[…]

Miami – Little Havana – 08:55

Camila acompanhava a batida baixa que saía do rádio, tamborilando os dedos contra o vidro da janela. Olhava para o lado de fora procurando por algo na paisagem que pudesse distraí-la e acalmá-la, já que ela mesma ou pessoa alguma conseguira fazê-lo antes que saíssemos de casa.

Veronica vivia em um bairro distante, onde as casas e apartamentos eram em sua maioria mais simples. Os diversos restaurantes que nos cercavam denunciavam o cheiro forte e delicioso da culinária latina. Nas praças e jardins das casas as crianças brincavam juntas e ajudavam a colorir o cenário já muito enfeitado pelos desenhos nos muros e pelas cores quentes que pintavam as construções.

Havíamos chegado ao nosso destino há cerca de quinze minutos, mas desde então o silêncio fora mantido. Camila não dizia nada. Não fazia nada a não ser brincar com o vidro. – Vou entender se não disser nada à seu pai sobre nós duas, mas isso não me impedirá de entrar lá com você. – Observei-a trazer seus olhos até a altura dos meus. – Não vou deixá-la sozinha, não importa o quanto insista.

– Eu não insistiria. – Respondeu-me séria, mas tranquila. – Preciso de você ao meu lado.

E respirei aliviada. – Onde eu sempre estarei, Camz. Bem ao seu lado. – Camila soltou o cinto que a prendia no lugar e lutando contra o espaço mínimo, pulou para o lado em que eu estava, conseguindo se encaixar perfeitamente em meu colo.

– Eu te amo tanto, Lolo.

Segurei seu rosto entre as mãos e grudei nossos narizes. – Eu também te amo, pequena. – Beijei-a uma última vez tentando transmitir todo o meu amor e apoio, e deixei que nossas línguas se procurassem e se embaraçassem, sentindo pouco a pouco a tensão diminuir no corpo em cima do meu. Assim que o beijo se quebrou, Camz olhou-me com intensidade antes de dizer.

– Obrigada por estar aqui. Obrigada por fazer isso comigo. – Tapou-me a boca para não ser interrompida. – Me deixe agradecer, garota teimosa.

– Vai agradecer quando se casar comigo. – Eu disse para dispersar um pouco mais da tensão. – Ou acha que estou fazendo isso sem qualquer interesse? Eu quero o meu casamento. Disso eu não abro mão. – Rimos juntas e trocamos mais alguns beijos até que Camila me garantisse estar pronta para ir em frente. Saímos do carro e lentamente caminhamos de mãos dadas na direção da casa apontada. Me atrevi a tocar a campainha da pequena casa quando vi que a morena não o faria espontaneamente e abracei seu corpo por trás, apertando-a com força e permitindo que ela apoiasse em mim todo o seu peso. Enterrei meu rosto na curva de seu pescoço, sentindo o cheiro delicioso da pele e dos cabelos da latina e esperei que nos recebessem. – Estou aqui, babe. Estou bem aqui com você.

Ouvi a porta se abrir e elevei o rosto o quanto pude, mas sem tirá-lo do lugar, apenas para ver quem havia atendido e logo me deparei com a visão da outra garota latina. Os olhos escuros foram de encontro à Camila, perdendo-se nela por incontáveis segundos. Por alguns destes, não havia raiva ou desprezo que emanasse, mas então, gradativamente sua boca foi se entortando em um traço único e duro, para que a feição findasse em uma carranca nada agradável, o que bastou para me tirar do lugar. Apertei Camila um pouco mais entre minhas mãos, puxando-a para mais perto e dei a Veronica o meu mais severo olhar, fazendo-a recuar um passo enquanto nos cumprimentava com um aceno desconfortável. – Alejandro já está aqui. – Ela disse e pude sentir o coração de Camz bater mais depressa.

Eu não tinha a menor ideia do que ela sentia nesse momento. Se havia ansiedade para vê-lo, afinal, era ainda o seu pai e sempre seria. Ou se havia rancor pelo que ele a havia feito passar. Se havia medo, receio ou raiva. Se havia mais ódio do que amor, ou o contrário. Eu não sabia qual seria o resultado dessa reunião ou em que estado a minha namorada deixaria essa casa, mas eu sabia o grau e a intensidade da vontade que a trouxe até aqui hoje. Eu sabia da sua vontade de ajudar Sinuhe. E eu também sabia que a ajudaria em todos os momentos e situações. – Ele sabe? – Perguntei diante do silêncio de Camila. – Ele sabe que a filha veio vê-lo?

– Alejandro não tem filha. – Veronica não se preocupou em velar a crueldade. – Mas sim. Eu contei à ele que Karla viria.

– E ele concordou em vê-la?

– Sim.

Ri sem humor. – Um homem que diz não ter filha, mas que concorda em receber sua ajuda financeira… – Ironizei sem me conter.

– Se a sua esposa estivesse doente… – Tentou retrucar, mas foi impedida por Camila.

– Chega! Não discutiremos isso aqui. – Determinou. – Podemos fazer isso logo? – Pediu sinalizando para dentro da casa e relutantemente a outra nos cedeu passagem. Sem soltar a minha mão, Camila seguiu na frente, puxando-me através do pequeno corredor e quando chegamos à sala apertou-a com força em um gesto de puro nervosismo. Virou-se para trás para me procurar e usei a mão livre para fazer um carinho em sua bochecha. Seus olhos ficaram vermelhos e rasos, temerosos, foi quando como um vulto eu vi surgir atrás dela uma nova figura.

Alejandro.

O homem, o pesadelo o qual Camila estava prestes a enfrentar.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...