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História Guardian Angel - Palavras Que Matam


Escrita por: SaturnChild

Notas do Autor


Desculpe pela demora anjinhos, mas espero que ainda estejam acompanhando e gostando, mais um capítulo para vocês :3

BOA LEITURA!

Capítulo 9 - Palavras Que Matam


Fanfic / Fanfiction Guardian Angel - Palavras Que Matam

09:00 da manhã, apartamento de JungKook.

­— Jimin...você está acordado? – Ouvi a porta se abrir e JungKook perguntar entrando, eu estava sentado na cama lendo um livro que achei na estante de livros daquele quarto de JungKook, olhei para ele.

— Sim...algum problema? – Perguntei fechando o livro e me sentando direito, ele se aproximou e se sentou na beirada da cama.

— Nenhum, só queria saber se não quer caminhar um pouco...ficar preso aqui...não faz bem – Ele murmurou olhando para o quarto pouco iluminado, suspirei.

— Não sei se quero sair... – Murmurei puxando a coberta para perto do meu queixo, ele sorriu de lado.

— Eu sei que nesse momento lá fora é assustador, mas...não se preocupe, não vou deixar que nada aconteça... – Ele sorriu um pouco mais o que me fez desviar meus olhos, não queria sair, não queria encarar tudo novamente – Olha, vamos lá...temos que pegar algum sol, e hoje ele está mais quente que os dias anteriores, huh? Vamos? – Ele perguntou novamente o olhei e ele levantou suas mãos como se estivesse se rendendo – Prometo que não iremos demorar, o que me diz? – Eu via o quanto ele queria que eu aceitasse, seus olhos, mesmo com o quarto pouco iluminado, brilhavam, suspirei confirmando, eu não tinha poder ou forças para negar alguma coisa, por isso apenas aceitei, mesmo não querendo ir, não querendo sair desse quarto, ele sorriu ainda mais – Ótimo! Isso é ótimo!

— Mas me prometa novamente que não vamos demorar... – Falei rapidamente o encarando com o cenho franzido levemente, ele confirmou.

— Eu prometo, agora levante-se e lave seu rosto, eu irei preparar nosso café da manhã e logo depois do almoço podemos sair, o que acha? – Ele perguntou e eu confirmei sem muito animo, JungKook logo saiu indo para a cozinha, suspirei olhando para a porta fechada.

JungKook vinha sendo bastante atencioso nesses últimos dias, desde o dia da visita de Taehyung, quando disse a ele que iria embora e ele não permitiu, ele vinha a todo o custo tentando me ajudar de alguma forma, eu me sentia mal por ele estar tentando tanto me ajudar, mesmo que eu não merecesse.

Me levantei da cama e fui até o banheiro lavar meu rosto, quando vi meu reflexo no espelho, senti um gosto amargo em minha boca, tudo o que eu fiz até agora foi um grande emaranhado de nada, tudo o que eu conseguia fazer era apenas me machucar ainda mais, sem progredir em nada em minha missão, que hoje nem ao menos sei se eu deveria mesmo ser capaz de fazer algo tão grande e intenso.

Lavei meu rosto e fui em direção a cozinha, JungKook estava virado para o fogão, parei próximo ao balcão que dividia a sala da cozinha e fiquei o observando, ele sorriu suavemente, era sempre assim, sorrindo, ele sempre estava sorrindo, como ele conseguia ter tanta felicidade assim? Como ele conseguia ser tão...distante da minha realidade?

— Porque me olha assim? – Ouvi sua voz e neguei saindo daquele momento de devaneio e desviei logo os olhos dele indo para a mesa e me sentando, sem olhar para ele novamente, JungKook caminhou para a mesa com a panela e pelo cheiro eu sabia que era o mesmo de todos os dias – Bem, o cardápio ainda não mudou, como eu falei, não sou muito de cozinhar, mas estou trabalhando nisso e aprendendo novas receitas, logo eu trarei outros tipos de comida para comermos, prometo – Ele comentou se sentando e sorrindo um tanto sem jeito, puxei o ar, inalando o cheiro da comida e senti minha boca se encher de água, eu gostava da comida de JungKook, me fazia lembrar de Busan.

— Não se preocupe, está bom...eu gosto de sua comida, mesmo que seus conhecimentos sejam...limitados – Falei baixinho, com vergonha de deixar aquelas palavras saírem, ouvi ele rir levemente e logo colocou um pouco da comida em meu prato e depois no seu.

— Depois do almoço...vou te levar em alguns lugares onde Taehyung e eu vamos, é legal e calmo, além de ser maravilhosamente belo – Ele começou enquanto comia, confirmei com a cabeça sem nenhum pingo de vontade de sair ainda, JungKook parece ter percebido, pois suspirou e tocou minha mão levemente me fazendo olhar para ele – Saiba que tudo isso é para ajudar você...como nós dois sabemos agora o porquê de estarmos um na vida do outro...devemos nos ajudar para que você possa ajudar outras pessoas....então, mesmo que seja difícil Jimin...tente um pouco mais...e me ajude a ajudar você, huh? Tudo bem? – Falou e eu fiquei o observando por alguns segundos antes de responder, tudo o que eu podia fazer ou conseguia fazer era isso, observar ele, e me perguntar muitas e muitas vezes como ele podia estar tão distante da minha realidade e mesmo assim tentar me ajudar dessa forma tão fervorosa.

Confirmei com um aceno e voltei a comer, depois que terminamos, ajudei JungKook a lavar a louça suja e a mesa, então fomos até a sala, para passar o tempo logo que não tínhamos nada para fazermos até a hora do almoço, volte e meia ele tentava puxar algum assunto, e eu o respondia, mesmo que com respostas breves.

— Jimin...posso fazer uma pergunta? – Ele perguntou depois de algum tempo em silencio, eu estava sentado como a primeira vez que estive aqui, na ponta do sofá enquanto tinha minhas pernas encolhidas até o peito, eu assistia ao desenho na televisão, olhei para ele confirmando se o mesmo podia fazer a pergunta – Você pretende, quando ficar bem, quando estiver bem, voltar para Busan? – Perguntou e eu voltei meus olhos para a TV.

— Não sei...não sei nem se vou ficar bem... – Murmurei baixo, percebi que ele continuou a me olhar, então o encarei de volta – Porque pergunta? – Perguntei dessa vez levemente curioso, JungKook deu de ombros.

— Curiosidade...você disse uma vez que faz um bom tempo que não fala com seus pais, queria saber se você algum dia pensa em voltar a vê-los... – Ele respondeu, eu suspirei abraçando minhas pernas e apoiei meu queixo em meus joelhos.

— As vezes eu ligo para eles... – Murmurei olhando para o chão, senti um desconforto na garganta enquanto sentia meus olhos arderem – Mas não consigo falar com eles, sempre que eu escuto a voz de um deles eu...desisto e desligo...não tenho coragem de falar com eles porque sei que eles irão pedir como estou e....não posso mentir, dizendo que estou bem, ou que minha missão está dando certo... – Fechei meus olhos por alguns segundos, impedindo as novas lagrimas de virem.

— Eu também não falo com minha família...já faz algum tempo...desde que vim para cá, cursar minha faculdade... – Ouvi JungKook começar e olhei para ele que encarava a janela ao nosso lado.

— Porque não fala com eles? – Perguntei baixo, curioso, ele voltou seus olhos para mim e sorriu de lado se recostando no sofá.

— Meus pais vivem ocupados com o trabalho deles...e meu irmão mais velho também tem seu trabalho e sua família para cuidar...não é como se eles tivessem tempo para me ouvir...por isso tenho Taehyung hyung, que me ouve e tem tempo para ser minha família... – Ele sorri e deita sua cabeça para trás olhando para o teto.

— Você não se sente...sozinho ou chateado com eles por não ter um tempo para você? – Perguntei agarrando com mais força minhas calças, sentindo uma forte dor ao imaginar o quanto ele pode estar se sentindo ruim com a falta da família, ele nega.

— Não, no início eu até queria receber mais atenção de meus pais e meu irmão, mas conforme fui crescendo eu percebi que eles faziam o possível para mim...isso depois que descobri que meu irmão desistiu da faculdade que ele tanto queria fazer para que eu viesse para cá fazer a que eu queria...desde esse dia, eu sei que mesmo eles não tendo muito tempo, mesmo não nos falando com frequência, sei que me amam e sei que estão dando o melhor por mim lá...então eu dou o meu melhor aqui, por eles também – Ele sorriu sincero e tudo o que consegui fazer foi respirar fundo, levemente pasmo com a força que ele tinha, o encarei admirado com a pessoa que ele era, querendo ser como ele, eu queria muito ter essa força que ele tanto tem, JungKook corou levemente e desviou seus olhos para a televisão.

Algumas horas depois, JungKook começou a fazer o almoço quando recebeu uma ligação da faculdade, dizendo que suas aulas recomeçariam na próxima segunda.

— Porquê...vocês não estavam tendo aula? – Perguntei já sentado na mesa da cozinha, ele veio até mim com a panela em mãos colocando ela sobre o suporte.

— Bem...houve um acidente com um dos alunos no laboratório de ciências...o prédio todo da faculdade ficou fechado para desintoxicação... – Explicou e eu o encarei assustado, ele sorriu levemente – Mas ninguém se machucou, foi apenas uma bomba de gases...ela era inofensiva, mas o cheiro que ela tinha... – Murmurou fazendo uma careta – Era um crime aquele cheiro, por isso fecharam o prédio para limpar tudo...ficamos cerca de um mês sem aulas e nessa segunda retornaremos – Ele sorriu e abriu a panela, percebi que ele corou levemente, provavelmente por ter feito a mesma coisa que tinha feito no café da manhã – Desculpa...eu realmente não sei fazer outro prato ainda... – Murmurou quando eu olhei para a panela, o olhei e neguei.

— Eu já disse, não se preocupe com isso...eu gosto...de sua comida – Falei sorrindo levemente, em seguida baixei meus olhos para o prato já com um pouco do almoço e começando a comer, sua comida me lembrava muito de casa, me lembrava de tudo de Busan, o que aquecia meu coração levemente, mas que também me fazia lembrar do porquê ter vindo para cá, e ao mesmo tempo que eu me sentia bem, também me sentia mal.

Quando acabei me levantei em silencio e levei meu prato até a pia o lavando e colocando no escorredor, em seguida fui para meu quarto, com minha mente lá em Busan, nas memórias, nas pessoas que eu deixei lá, mordi o lábio inferior quando cheguei na janela e a abri, me debrucei na janela com os braços cruzados e olhei para baixo, me lembrei da época em que tudo parecia estar bem em minha vida, de quando eu ria e tinha todos ao meu lado, estreitei meus olhos quando os mesmo borraram e solucei baixo quando a imagem dele veio em minha mente, fazendo meu peito doer fortemente e não deixando que eu pudesse impedir das lagrimas caírem.

Por que tudo tinha que acabar daquele jeito? Porque?!

Me perguntava alheio a tudo a minha volta, foi quando senti um toque em minhas costas, arfei me assustando, mas não me virei, porque eu sabia quem estava ali, ele desencostou-se de mim e vi seus braços me rodearem por trás e me abraçarem firme e carinhoso.

Segurei seu pulso pensando em fazê-lo sair, mas não tive forças novamente, o calor que ele transmitia, me fazia querer que ele estivesse ali, eu queria sentir seu abraço, seu calor, apertei levemente seu pulso e deixei-me chorar ainda mais, JungKook se apertou ainda mais em mim.

— Eu...não conheço você completamente, Jimin..., mas eu sinto que te conheço...e sempre que você chora...eu sinto como se algo dentro de mim...se quebrasse... – Ele começou ainda me abraçando, eu sentia meu peito doer a cada palavra, a cada silaba e tom de sua voz entrarem por meu ouvido – Eu quero proteger você...quero ajudar você...eu me importo com você...eu...amo você – Solucei em meio a uma arfada e saí do abraço rapidamente, aquelas palavras de novo, aquelas palavras de novo não, olhei para ele sem conseguir ver ele, olhei para JungKook sem conseguir ver JungKook, pois tudo o que eu via era a imagem dele, minhas lagrimas vinham fortes, e eu já nem me importava de segura-las, estava doendo, estava doendo muito.

— Como você... – Deixei escapar com minha voz falhada, assustado quando a imagem de JungKook voltou aos meus olhos, ele franziu o cenho levemente e tentou levar sua mão até meu rosto, mas eu o afastei, não aguentando aquela dor, não aguentando ouvir ou sentir mais nada, o empurrei – Não diga mais isso...não diga nunca mais essas palavras! – Exclamei o assustando, empurrei ele novamente para mais longe de mim, em seguida abracei meu corpo fincando minhas unhas em meus braços – Não ouse dizer essas palavras...não diga! – Eu não queria ouvi-las, não queria ouvi-las mais, não queria ouvi-las nunca mais!

— J-Jimin...o que foi que eu disse de errado? – JungKook perguntou, parecia confuso.

— Essas palavras...por favor, não diga elas nunca mais... – Pedi olhando para ele, caminhei até JungKook e soquei levemente seu peito, segurando com força sua camiseta com força – Elas doem mais do que qualquer outra forma de se machucar, elas...matam – Sussurrei sem ar por conta da dor intensa em meu peito, JungKook segurou meu pulso que o segurava e o encarei.

— Porque? Porque elas são tão ruins assim? Porque elas machucam você? Porque elas matam para você? Me diga Jimin, porque essas palavras fazem tão mal a você? Quero saber... – Falou ele encostando sua testa na minha fechando os olhos brevemente, os abrindo-os e me encarando – Me deixe entender você, Park Jimin... – Sussurrou segurando com mais força meu punho sem desviar um segundo de meus olhos.

— Não quero que você me entenda JungKook...não quero que saiba quem eu sou....nem nada disso...eu só quero que prometa não me dizer mais essas palavras...me prometa – Pedi devolvendo seu olhar, lagrimas ainda corriam por meu rosto, eu não quero que ele me diga aquelas palavras mais, não quero.

Não me faça sofrer novamente, JungKook, não me faça sofrer aquilo novamente, por favor...

— Não...não vou prometer – Murmurou segurando minha outra mão e me empurrou para a janela uma vez mais, me virando de frente para ela e apontando para fora – Eu prometo que irei tirar você dessa bolha de tristeza, desse mundo cheio de dor, eu prometo a você...que vou te mostrar um mundo em que você possa sorrir, que você seja feliz...é isso o que eu prometo...e quando eu conseguir...eu direi essas palavras de novo e de novo, quantas vezes forem preciso, para você saber que eu me importo com você! Que eu...preciso que você seja feliz! – Ele disse e me abraçou novamente antes que eu pudesse me virar para encara-lo.

— JungKook... – Sussurrei segurando seus braços que me rodeavam sentindo ele me apertar mais e apoiava sua cabeça no topo da minha.

— É isso que eu prometerei a você, Park Jimin...por isso não me peça para não tentar te entender, para não tentar saber quem você é, porque eu vou querer, ou vou tentar...mesmo que leve cem anos...eu vou te salvar...sempre... – Murmurou com a voz levemente tremula, mordi o lábio inferior fechando os olhos com força.

Eu só não quero perder mais alguém por causa dessas palavras...eu só não quero que você desapareça por causa dessas palavras, JungKook...enquanto você estiver aqui, ao meu lado, tentando, eu não sofro tanto, por isso não diga mais, não diga que me ama nunca mais...só assim você vai ficar ao meu lado...só assim você não vai desaparecer...

Depois de um bom tempo sem dizermos uma palavra se quer, JungKook me deixou no quarto, dizendo que iria tomar banho, eu fiquei mais um tempo na janela, pedindo a Deus que não deixasse ele dizer aquilo nunca mais, que ele não dissesse, e que ele não desaparecesse.

Assim que ele saiu do banheiro eu entrei em silencio, tomei banho ficando por um tempo maior que o normal, enquanto deixava as imagens e memórias serem levadas embora junto com a água do chuveiro, pelo menos por aquele pequeno tempo, que elas fossem embora e deixassem minha mente, por um pequeno tempo, que elas me dessem paz.

Quando terminei, saí do banho e me troquei e fui até a sala, onde vi JungKook vestido com uma camiseta preta por baixo de uma camisa rosa fraco, uma calça jeans preta, estava simples, mas bonito, algo que sempre me impressionava, mesmo nas vestimentas mais simples ele brilhava, com uma beleza incomparável, ele sorriu suavemente.

— Iremos andando, eu levaria você de carro para ser mais rápido, mas Taehyung disse que o carro dele está no conserto, por isso vamos a pé, tudo bem? – Perguntou, confirmei e olhei para o tênis preto próximo a porta, fui até eles e me sentei no chão para coloca-los – Jimin... – Ele chamou e eu o encarei o vendo sorrir – Prometo que vai gostar de onde iremos... – Falou e não pude deixar de sorrir pequeno confirmando, ele estava animado novamente com a ideia de me levar para esse tal lugar, assim que terminei ele calçou o seus all star vermelho saímos do prédio comigo logo atrás dele.

Não estava sendo nada fácil caminhar naquelas ruas e calçadas vendo todas aquelas pessoas caminhando de um lado a outro enquanto mantinham seus rostos fechados, com expressão pesadas, com suas auras cansadas e tristes, engoli em seco várias vezes, tentando desfazer aquele bolo ruim em minha garganta, segurei várias vezes na camisa de JungKook, tentando encontrar coragem para não voltar correndo para o apartamento de JungKook.

Fomos até um dos pontos de ônibus próximos e pegamos o primeiro que passou, nos sentando no fundo dele que por sorte estava quase vazio, me sentei na janela e fui observando a paisagem passar rápido por meus olhos, me dando a sensação de que queria mais que aquilo acontecesse, de tudo passar rápido e a dor desaparecer para nunca mais voltar, que tudo aquilo que durava a tanto tempo passasse tão rápido quanto a paisagem vista de dentro do ônibus.

Alguns minutos depois, descemos em um dos pontos e JungKook segurou minha mão me puxando para atravessar a rua, em seguida subimos uma rua bastante acentuada, como um morro, subimos até que estivéssemos fora da grande cidade, quando até mesmo a rua de asfalto tinha acabado e só restava a terra embaixo dos nossos pés.

Quando chegamos eu me virei para ver o caminho que fizemos até ali e me surpreendi com a visão que eu estava tendo, meu coração chegou a dar vários tropeços em suas batidas, conforme o vento forte batia em meus cabeços e aquela visão incrível preenchia meus olhos, caminhei para frente de JungKook, me perguntando se aquilo era real, se o que estava vendo não era uma cena pintada por algum artista ou se era algo planejado, eu conseguia ver quase toda Seoul de onde estávamos, milhares de prédios e arvores por todos os lados, uma visão magnifica.

Só percebi que chorava, quando JungKook tocou meu rosto suavemente limpando uma lagrima, olhei para ele que sorriu suavemente.

— É belo, não é? – Perguntou baixo, voltei meus olhos para aquela visão e confirmei.

— Nunca tinha visto esse lugar desde que cheguei aqui... – Murmurei abraçando meus braços e estreitando meus olhos para gravar aquela visão intensa que eu via – É....maravilhoso

— Isso é o que eu queria te mostrar...você não enxerga a vida por que não está em um lugar alto o suficiente para enxerga-la, há muito mais vida do que você pode enxergar estando lá em baixo, mesmo que tudo esteja parecendo morto, depressivo e doloroso, há sempre vida, alegria, amor em algum lugar mais alto...você só precisa...subir até o final da rua, Jimin... – Ouvi sua voz e senti um calor ainda mais forte me preencher quando ele disse aquelas palavras, era como se eu estivesse esperando ouvir aquilo a muito tempo, olhei para ele que tinha suas mãos nos bolsos da calça, novas lagrimas desceram por meus olhos, quando senti vontade de querer mais, quando pela segunda vez eu quisesse viver aquele mundo de JungKook.

— JungKook... – Choraminguei e fui até ele, o mesmo tirou suas mãos dos bolsos e me abraçou quando o abracei.

— Eu prometo Jimin...que vou te mostrar o melhor do mundo que eu enxergo...deixe-me mostra-lo, deixe-me tirar sua dor... – Ele saiu do abraço e me encarou enquanto eu ainda chorava – Deixe-me semear a semente da felicidade em você, Park Jimin... – Pediu me encarando, funguei e o abracei novamente fechando meus olhos com força.

— Eu ainda não estou certo disso, ainda não consigo enxergar com tanta clareza o mundo que você vive, JungKook...nem ao menos sou capaz de imaginar como é...., mas eu confio em você...me faça vê-lo, JungKook...me faça ver o seu mundo... – Falei, por favor Deus, se isso é egoísmo meu, me perdoe, mas eu não aguento mais, eu quero sentir mais disso, eu quero viver, mesmo que seja errado eu querer isso, mesmo que seja egoísmo, me deixe provar disso um pouco mais, me deixe ser egoísta por mais tempo, por favor.

 

Quando descemos daquele lugar maravilhoso, eu me sentia melhor, mesmo que pouco, sentia meu corpo mais leve, mesmo que pouco, sentia meu coração ficar quente, mesmo que pouco, eu caminhava ao lado de JungKook dessa vez, segurando sua mão com força, tentando, como ele mesmo queria, tentando ver, sentir o mundo que ele via e sentia,

— Espere, Jimin...eu irei comprar alguns daqueles doces...você pode esperar? – Falou JungKook, quando paramos em frente a uma doceria, no caminho para o ponto de ônibus, confirmei e ele sorriu beijando o topo da minha cabeça, me deixando sem jeito, e entrou na loja, respirei fundo com minhas bochechas levemente coradas, em seguida me recostei no pilar da loja, e olhei para o chão, brincando com uma pedrinha próximo a mim, relembrando da visão que tive dessa grande cidade, sorri pequeno enquanto fechava os olhos e via novamente tudo aquilo, e me lembrava também do calor que senti enquanto JungKook me abraçava e me permitia assistir mais daquela paisagem bela.

Foi então, que ouvi algumas vozes ao meu lado, levantei meus olhos para o lado e percebi que as vozes vinham de um beco, entre o prédio da doceria e outra loja, franzi o cenho e me desencostei da pilastra, olhei para JungKook e ele ainda estava lá dentro, mordi o lábio inferior e vencido pela curiosidade, caminhei aos poucos para a entrada do beco, e vi o motivo daquela comoção de vozes, senti então todo aquele calor, aquela sensação boa esvair do meu corpo, quando vi quatro garotos encurralando um menor que eles, o acertando com murros e chutes, arfei sentindo todo o peso do mundo cair sobre mim.

Neguei dando um passo para frente, nisso um flash de memória socou minha mente, fazendo minha mente girar e meu corpo agir contra minha vontade, corri até aqueles caras e fiquei de frente para o garoto que apanhava, que estava apavorado e chorando, abri meus braços me colocando de escudo de frente para aqueles garotos mais altos que eu.

— Não façam isso! – Exclamei, tremulo, os quatro se entreolharam.

— Mas o que é isso? Quem é você para se meter no meio da nossa conversa?! – Perguntou um dos garotos, engoli em seco estreitando meus olhos, sentindo eles arderem.

— Por favor, não façam isso...não machuquem ele...eu não sei o que ele fez para vocês, mas...não resolvam isso dessa forma, por favor – Pedi forçando minha voz a não tremer tanto, dois deles riram e o que anteriormente batia no garotinho, fez uma careta.

— Isso só pode ser uma brincadeira...saia logo da frente seu idiota, ou apanhe junto dele! – Exclamou novamente ele, que parecia o líder deles, engoli em seco e olhei para o garoto caído no chão, chorando, ele levantou seus olhos para mim, suplicava por ajuda, baixei meus braços com meus punhos cerrados, e fechei meus olhos baixando minha cabeça, novas imagens socavam minha mente, causando vertigens, mordi o lábio e levantei meus olhos para aqueles caras.

— Por favor...há outras maneiras de se resolver isso... – Falei quase como um sussurro, o garoto ao lado do líder deles me segurou pela gola, me fazendo soltar um grunhido assustado.

— Você acha que estamos se importando para outras maneiras de resolver algo, huh?! Queremos mostrar para esse otário que não se meche com a nossa gente, ouviu?! Então porque não vai ajudar uma velhinha atravessar a rua se quer tanto ser um bom garotinho?! – Perguntou me soltando e me empurrando contra a parede, funguei.

— Por favor... – Sussurrei com meus olhos baixos, lembrando-me novamente de coisas do meu passado.

“Por favor...não o machuquem, façam o que querem comigo, mas não o machuquem mais! ”

— Por favor...não o machuquem...façam...façam o que querem comigo..., mas não o machuquem mais... – Murmurei vendo quando gotas de minhas lagrimas caíram de meus olhos para o chão escuro do beco, em seguida levantei meus olhos para eles – Deixe esse garoto ir...eu sou mais velho, posso aguentar...ele ainda é jovem...por isso, façam comigo o que estavam fazendo com ele...por favor... – Falei e os quatro se entreolharam.

— Hyung... – Ouvi a voz do garoto e olhei para ele sorrindo suavemente.

— Você...é tão idiota..., mas já que insiste... – Quando voltei meus olhos para os garotos maiores logo senti o primeiro soco, forte, duro e doloroso, me fazendo cambalear e cair no chão de joelhos, não demorei a sentir o gosto de ferro em minha boca, com o corte em meu lábio – Volte aqui, nem começamos super-herói... – Falou o que me acertou o soco, ele me segurou pela gola, me fazendo ficar de pé e sorriu, fechei meus olhos esperando para o próximo golpe, que veio, veio sem piedade, em meu estômago, uma joelhada, grunhi sentindo o ar sumir completamente de dentro de mim, tossi caindo no chão novamente, levei minhas mãos ao estômago sentindo tudo turvo apenas com aquilo.

Ele me segurou novamente e me levantou, apenas para iniciar novamente os socos em meu rosto, corpo, chutes e mais socos, eu podia ouvir as risadas dos seus amigos logo atrás dele, adorando o espetáculo que tinham, não sei quando o garoto fugira, nem sei por quanto tempo aquilo durou, só sei que toda a dor que eu sentia não era nem metade do que eu sentia ao imaginar o quanto dessa dor ele sentiu quando me protegia, quando tomava todas as surras por mim, minhas lagrimas corriam por meu rosto, enquanto eu recebia novos golpes.

— JIMIN!! – Ouvi a voz de JungKook ao longe, e olhei de soslaio para ele, sua imagem estava borrada, mas eu sabia que era ele, o vi correr em minha direção e dos garotos, e então senti meu corpo ceder, quando o garoto que me segurava me soltou, bati minhas costas na parede e escorreguei até o chão, não conseguindo firmar minhas pernas ou corpo, caindo logo para o lado, impossibilitado de se quer permanecer sentado – Malditos, vou fazê-los pagar por isso!!

Eu sentia minhas vistas escurecerem e voltarem ao normal, via vultos e vozes ao longe, girei meus olhos procurando por JungKook e o vi de relance socando o estômago de um daqueles quatro garotos, abri minha boca para dizer algo, dizer a ele para que não fizesse aquilo, mas eu não conseguia, senti algumas lagrimas pingarem em meu rosto e voltei meus olhos para cima, onde vi o garotinho, que estava apanhando daqueles quatro antes, ele estava me olhando enquanto grossas lagrimas caiam de seus olhos.

— Hyung, por favor, aguente...aguente firme – Dizia com a voz entrecortada, levei minha mão ao seu rosto com dificuldade, meu corpo estava muito pesado.

— Você...está...bem? – Perguntei com dificuldade, ele soluçou e confirmou com a cabeça, sorri levemente e baixei meu braço olhando uma última vez para JungKook que acabava de derrubar o último deles, em seguida olhou para mim, sorri novamente e fechei meus olhos, mergulhando naquela profunda escuridão.

JIMIN!!


Notas Finais


Abraço Da Uzuu Neko-chan :3


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