Camila P.O.V
Depois de tantas informações e visitas inesperadas pudemos enfim respirar. Angel não demorou a acordar e foi logo brincar com Lilly e Wendy no quintal. Minha esposa disse que precisava ligar para Vero e contar-lhe o que havia acontecido, então ela se retirou para o escritório e eu fiquei na sala pulando de um canal para o outro, mas sempre verificando o que Angel estava fazendo, não que eu não confie em Lilly, longe disso, mas já passamos por tanta coisa que eu simplesmente não consigo deixar de me preocupar. No dia seguinte minha esposa já estava se arrumando para ir para o hospital, enquanto eu terminava de me arrumar, hoje eu levaria Angel para o escritório comigo, eu só precisava entregar um projeto a um cliente e então voltaria para casa. Mas como nada em nossa vida são flores...
- Camz, alguém chegou ao nosso quintal! – ouço minha esposa gritar e saio correndo do closet.
- Quem?
- Não sei! – ela responde saindo do quarto e eu a acompanho. – Vá pegar a Angel.
Assenti e corri em direção à porta do quarto de nossa filha, assim que abri a mesma Lilly passou por baixo de minhas pernas feito um raio, olhei sobre meus ombros a tempo de vê-la pular para o andar de baixo, Lauren que ainda descia as escadas parou com os olhos arregalados, pois Lilly se transformou em pleno ar, ela deve ter ficado com uns dois metros de altura, coberta de cinza, branco e prata, sua aparência de lobo permanência, mas agora sobre duas patas lembrava um ser humano, talvez um lobisomem, só que mais bonito.
- Wow... – fui desperta por Angel que estava ao meu lado com os olhos arregalados, Lauren também pareceu acordar, já que desceu as escadas correndo.
- Hey, volte aqui mocinha!
Digo ao ver Angel correr para a escada, ela continuou e eu a segui. Ainda da escada ouvi a porta de vidro ser aberta e logo fechada indicando que Lilly e Lauren já estavam no quintal. Mesmo com as pernas curtas devido a seu tamanho nossa filha corria muito bem, ou eu estava ficando velha, não sei dizer. Cheguei ao quintal onde minha esposa estava ao lado de Lilly encarando algo que eu não consegui ver em um primeiro momento, mas consegui segurar o braço de Angel fazendo-a parar ao meu lado, ela me olhou como se pedisse desculpas e eu assenti pegando sua mão.
- O que vocês querem aqui? – era a voz de Lilly, mas agora sua voz era imponente, um pouco mais grossa. Fiquei assustada e a Lolo também, pois logo encarou Lilly.
- Minha protegida e eu fomos atacados. – essa voz eu não conhecia, era grossa muito grossa, mas serena. – Ela precisa de ajuda!
- Deixe-me vê-la! – diz Lolo dando passos a frente, só então vimos que os invasores eram Dara e Leo, Leo carregava a menina desacordada em seus braços, mesmo estando longe pude ver que ela estava sangrando. Lilly caminhou ao lado de minha esposa. – O que foi que aconteceu?
- Caçadores possuem um envelhecimento e uma recuperação diferente de um humano “normal”. – Leo respondeu enquanto Lauren avaliava Dara – Mas se eles forem atingidos por ossos daqueles que já morreram a recuperação torna-se difícil.
- Ela foi atacada com um osso? – minha esposa pergunta ainda avaliando Dara.
- Homens de ossos! – Lilly respondeu de maneira calma – Eles são invocados através da magia negra, em outras palavras são esqueletos que ganham vida e são controlados por aquele que o invocou. – Leo assentiu – É difícil derrota-los, pois os mesmos já estão mortos, porém são utilizados apenas quando querem eliminar um caçador.
- Ao todo três caçadores já morreram. – diz Leo – Todos aqueles que estão se negando a servir ao Lorde demônio estão sendo eliminados. – Lauren assentiu – Por favor, salve-a! Ela é minha única família.
- Leve-a ao quarto de hospedes! Eu vou ver o que consigo fazer.
- Obrigado! – Leo agradeceu e caminhou seguido por Lilly enquanto minha esposa passava as mãos no cabelo de maneira nervosa.
Ele passou por mim e acenou com a cabeça, retribui e Angel sorriu dando um tchauzinho. Eu estava perplexa, pois em minha casa havia um lobo e um leão de quase dois metros de altura e ambos falavam, e falavam muito bem por sinal.
- Hey, esta tudo bem? – questiono preocupada.
- Não tenho certeza, ela precisava ir a um hospital. – ela suspirou – O estrago foi feio, e ela esta perdendo muito sangue... Como eu vou chegar com ela no hospital? Eu não posso levar um leão conosco, e se tentarem ataca-la novamente? Não posso colocar os outros pacientes em perigo.
- Fica calma, okay! – tento passar-lhe confiança – Você vai conseguir dar um jeito, você é a melhor medica que eu conheço.
- Okay, eu vou pegar o kit de primeiros socorros. – assenti – Liga para a Vero e pede para que ela venha aqui, se eu precisar de alguma coisa ela saberá como providenciar.
- Pode deixar!
Ela entrou correndo e eu me virei para nossa filha que me olhava com o cenho franzido. Suspirei e entrei também, levei Angel para a cozinha, não queria que ela visse Dara naquele estado, servi-lhe seu café e enquanto ela comia liguei para Verônica, ela disse que já estava a caminho. Cerca de vinte minutos depois Vero chegou.
- Bom dia, Mila! – diz ela animada – Bom dia, princesa! Cadê o floco de neve?
- Bom dia! Ela esta no quarto de hospedes.
- Eu vou lá ver do que ela precisa. – assenti e ela caminhou para o quarto, de repente – PUTA QUE PARIU!
Ouvimos sua exclamação e Angel gargalhou. Ela deve ter se assustado com os outros dois integrantes do quarto, espero que ela não tenha desmaiado, pois minha esposa já tem uma paciente para cuidar.
- Ela vai ficar bem! – ouço Angel dizer ao meu lado.
- Sim, ela vai ficar bem! – digo e ela assente.
Dez minutos depois Verônica apareceu falando ao telefone, ela discutia algo que eu não entendi, mas era algo relacionado ao hospital. Ela parecia nervosa gesticulava de maneira impaciente, assim que a ligação foi finalizada ela respirou fundo fechando os olhos com força.
- Vamos leva-la para o hospital, a Laur acha que o objeto pode ter perfurado seu fígado! – assenti – Já está tudo pronto, duas enfermeiras sacerdotisas estarão nos aguardando.
- Tudo bem, eu vou ficar aqui com a Angel! – ela assentiu e voltou para o quarto, olhei para Angel. – Vamos ficar com o Leo e a Lilly, okay?
- Okay!
Ouvi vozes exaltadas vindas lá de cima, Angel também prestava atenção, pareciam estar discutindo, mas não dava para entender muito bem, de repente Verônica desceu com Lilly logo atrás e sua expressão não era nada boa.
- Não podemos leva-la! – diz Vero frustrada. – Nosso tratamento não vai adiantar!
- Ela precisa ser tratada com magia alquímica! – Lilly fala de maneira serena – Só assim ela poderá ser salva.
- E que diabos é isso? – digo já nervosa.
- Alquimia, você conhece? – Lilly perguntou e eu assenti – É isso, precisamos de um feiticeiro que possua essa habilidade.
- Não conheço ninguém assim! – exclamo frustrada – Vero, você conhece?
- Não!
- Eu conheço! – porque eu não estou surpresa?! Lilly me encarava. – Eu posso conseguir o livro dos alquimistas e instruir a pessoa na preparação do antídoto.
- Ótimo! E quem é essa pessoa?
- Sua irmã!
- Tia Sofi! – Angel grita batendo palminhas.
- Minha irmã? – Lilly assentiu – Porque minha irmã?
- Porque vocês são descendentes dos Logoth’s, vocês carregam a habilidade de um alquimista. – Verônica tinha os olhos arregalados - Safir Logoth dominava este tipo de magia com destreza. Mas para que dê certo, precisamos de alguém neutro, seu elemento ar é mais forte do que os outros três elementos, Sofia não tem um elemento principal, por isso precisamos que ela faça.
- E isso é seguro?
- Sim, eu te dou a minha palavra! – ela responde – Nada irá acontecer a ela, eu vou instrui-la e a alquimia é bem simples, eu não posso fazer porque sou um Espírito Guardião, o máximo que posso fazer é ensinar. – assenti pegando meu celular – Vamos precisar de algumas... Matérias-prima.
Assenti me afastando para falar com Sofia, Sofia essa que ficou meio assustada com a informação, ela disse que estava na faculdade, mas que não demoraria a chegar. Minha irmã esta com 19 anos e cursa Administração. Preciso dizer que Angel a adora? Porque sim, Angel a adora, principalmente porque minha irmã faz todas as vontades de nossa filha. Enquanto eu falava com Sofia ao telefone, Lilly fez aparecer um livro não sei de onde e mostrava algo em seu interior para Verônica.
- Aonde eu vou arrumar essas coisas? – ouvi Vero questionar.
- Sem elas não conseguiremos salva-la! – Lilly respondeu e eu me aproximei.
- O que vocês estão procurando?
- Preciso anotar! – diz Vero alcançando uma agenda e uma caneta – Repita, por favor!
- Hortelã, Ivitinga, Cabeluda-bacuica... – Vero começou a gargalhar e Lilly a encarava de maneira confusa. – Do que esta rindo?
- Cabeluda! – Lilly continuou confusa e eu apenas revirei meus olhos.
- Prossiga Lilly, a Verônica tem alguns problemas mentais!
- Pluma-de-príncipe, Dragoeiro ou sangue-de-dragão, não sei como vocês a chama por aqui, Anis-estrelado. – assentimos – E por ultimo, mas não menos importante... Uma pedrinha de hematita. Ah, e água da chuva.
- Aonde eu vou arrumar uma hematita? E pior, aonde eu vou arrumar água da chuva? – Vero pergunta exasperada – Não há previsão de chuva em Miami pelos próximos dias.
- É o que está escrito aqui! – Lilly se defende – Não foi eu quem criei esse antídoto, só estou traduzindo para vocês.
- Nós sabemos Lilly! – digo e ela assente – Eu posso tentar fazer chover, mas a hematita eu não sei nem que pedra é essa.
- Okay, tenta fazer chover que eu vou atrás dessas “especiarias”! – Vero fala mais calma – Vou passar em alguma joalheria para ver se consigo essa pedra.
Assentimos e Vero se foi, Lilly me olhava com o cenho franzido e Angel também. Fui até a cozinha e peguei uma jarra, a levei até o quintal e a coloquei no chão. Respirei fundo repetindo mentalmente: Vai dar certo, vai dar certo! Concentrei-me, apesar de termos treinado durante todos esses anos, eu ainda não conseguia controlar algumas coisas. Virei às palmas de minhas mãos para cima e então pronunciei:
- Sharrar!
Em outras palavras, esse feitiço, coleta a água da atmosfera e manifesta-a na forma líquida ou gasosa, no meu caso eu queria a forma liquida. Senti-me levemente cansada, mas pelo menos começou a chover em nosso quintal. Corri para a varanda e esperei a jarra encher, quando a mesma estava transbordando encerrei o feitiço e voltei para a sala.
- Primeiro item, completo!
- Obrigada! – Lilly agradece aceitando a jarra. – Agora precisamos torcer para que a sacerdotisa encontre os outros ingredientes.
Sentei-me no sofá e Angel veio sentar-se em meu colo, cerca de vinte minutos depois a campanhia tocou e Angel levantou-se e saiu correndo para abrir a porta.
- Hey princesa! – ouço a voz de Sofia. – Como você cresceu o que você anda comendo?
- Tudo tia! – Angel respondeu animada – A Mama me dá arvorezinhas.
- Hum... Eu acho que...
A frase morreu e Sofia congelou diante de Lilly, ela tinha os olhos arregalados e a boca aberta, segurei-me para não gargalhar enquanto Lilly tinha uma expressão confusa em seu rosto.
- Mas que porra esta acontecendo aqui? – foi à única coisa que ela conseguiu pronunciar diante do choque.
- Olha a boca, Sofi! – a repreendi – Essa é a Lilly, Lilly essa é Sofia, minha irmã.
- É um prazer conhecê-la! – Lilly fala de maneira educada.
- Jesus, Maria e Jose! – Sofia exclama ainda perplexa.
- Lilly, você poderia ir ver se minha esposa esta precisando de alguma coisa? – Lilly assentiu – Enquanto isso eu vou colocar Sofia a par da situação
Lilly retirou-se e eu arrastei Sofia até a cozinha servindo-a um copo com água, ela se sentou e Angel sentou-se ao seu lado. Enquanto ela se acalmava contei-lhe o que estava acontecendo, quem era Lilly e quem estávamos tentando ajudar. Sofia ouviu tudo em silencio assentindo uma vez ou outra. É agora só falta a Verônica trazer o restante dos “ingredientes”.
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