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História Guardiões da Terra - Capítulo Único


Escrita por: CaioHSF

Capítulo 1 - Capítulo Único


Fanfic / Fanfiction Guardiões da Terra - Capítulo Único

 

“Vê o Beemot que eu criei igual a ti! Alimenta-se de erva como o boi. Vê a força de suas ancas, o vigor de seu ventre musculoso, quando ergue sua cauda como um cedro, trançados os nervos de suas coxas. Seus ossos são tubos de bronze; sua carcaça, barras de ferro. É a obra-prima de Deus. O seu Criador o ameaça com a espada, proíbe-lhe a região das montanhas, onde as feras se divertem. Deita-se debaixo do lótus, esconde-se entre o junco do pântano. Dão-lhe sombra os lótus, e cobrem-no os salgueiros da torrente. Ainda que o rio se desencadeie, não se assusta, fica tranquilo, mesmo que o Jordão borbulhe até sua goela. Quem poderá agarrá-lo pela frente, ou atravessar-lhe o focinho com um gancho?”

Jó 40:15-24.

 

Lembro-me que quando aprendi que eles morreram, eu chorei. Por que isso aconteceu? Tantas espécies, um verdadeiro reino de monstros magníficos, tudo destruído. Um trágico destino para os verdadeiros reis deste mundo.

Não havia como saberem que o fim estava chegando, como prever que uma daquelas estrelas brilhantes iria trair o céu e cair sobre o mundo? Mas quando li que os elefantes da Ásia fugiram para as colinas de Khaolak antes do tsunami na Tailândia em 2004, como se soubessem do que estava por vir, pensei se talvez eles também sentiram o desastre antes de começar.

Talvez um sentido além dos cinco conhecidos, algo na alma de todos os animais que os conectam com a natureza, como um grande coletivo, uma teia da vida, unindo tudo e todos, exceto os humanos que abandonaram suas origens na natureza e construíram seus edifícios no lugar da natureza, e associaram tudo o que está além dos cinco sentidos como místico e falso, algo que oposto a sua sagrada razão. Ainda que haja poucos sensitivos que ainda saibam que nem tudo é como parece.

Talvez a natureza tenha escolhido fazer tudo isso, e assim como fez com os elefantes, avisasse os príncipes de Pangeia do K-T, e lhes indicasse um lugar seguro, onde poderiam hibernar durante o armagedom na Terra e depois, retornar para reassumir seu planeta por direito.

Besteira, é claro. Uma mera ilusão de meus tempos da mocidade. Mas para meu professor, Terryson Stockhausem, isso verdade.

Não acreditava nele. Como poderia? Eles foram extintos e pronto, seu tempo passou. Aceitei isso um dia, abandonei meu sonho de infância de poder vê-los com meus próprios olhos, mas Terryson Stockhausem não. Para ele, várias cavernas antigas poderiam ter algum tipo de passagem secreta para o mundo secreto deles. Tal passagem só poderia ser encontrada pelos dignos, sem a maldade no coração de desejos de mata-los ou enriquecer com eles. O abismo Guy Collet, a caverna mais profunda do mundo. Fica no Brasil e tem 671 metros de profundidade. A Caverna do Diabo, em São Paulo, com 8 mil metros de extensão. Ambas as cavernas muito maiores do que a Arca de Noé, são verdadeiras cidades subterrâneas capazes de abrigar toda a população da época.

Mas se eles foram para cavernas assim, como estariam vivos até os dias de hoje? Hibernação seria uma resposta. O estado letárgico da estivação ocorre com os animais de regiões onde os invernos são rigorosos e há escassez de comida. A temperatura cai, a respiração quase cessa e os batimentos cardíacos e o metabolismo chegam ao mínimo para a sobrevivência. Há também o encistamento, em que o animal de enclausura em uma cápsula chamada cisto, mas só é comum em seres microscópicos como protozoários e rotíferos. Metabolismo é usado para controlar a temperatura dos animais de sangue quente, e os de sangue frio como cobras, lagartos e peixes, regulam a própria temperatura.  Por muito tempo os cientistas os classificaram como sendo semelhantes os répteis de sangue frio, mas atualmente foi aceito que foram animais de sangue quente, pela alta densidade de vasos sanguíneos em seus ossos. Se forem de sangue quente, é possível que hibernassem, além do fato de serem animais de um tipo diferente dos já conhecidos, apesar de serem da classe reptilia e universalmente considerados os ancestrais das aves modernas.

Mas a ciência muda a cada nova descoberta. Um único pedaço de osso petrificado prova a existência de toda uma nova espécie e é posicionado na “árvore genealógica” da evolução. Foram encontradas em Piltdown, na região de Sussex na Inglaterra, registros ósseos que foram considerados vestígios de um antepassado dos humanos e macacos, com 500 mil anos. O elo perdido. Por mais de 40 anos os fósseis ficaram no Museu de História Natural de Londres, até que cientistas da Universidade de Cambridge terem provado que os fósseis eram falsos. Em 21 de novembro de 1953, o museu reconheceu o engano histórico. Durante décadas a história do mundo foi baseada em uma mentira.

Criacionismo diz que Deus criou o mundo. Evolucionismo diz que tudo foi evoluindo até chegar na situação atual. Para Terryson Stockhausem, Deus criar o mundo não impedia o mundo de evoluir. Evolução tão complexa em escalas do micro ao macro é uma coisa tão complexa que indica uma inteligência por trás de tudo.

Por isso meu professor acreditava que sua fé era real. Toda a datação da Terra é feita por C14 (carbono-14). Foi percebido que a quantidade de dos tecidos orgânicos mortos diminui constantemente com o passar do tempo. Assim é medida a idade das coisas.

Mas, e se houve um erro nisso? E se o carbono existir de uma maneira diferente em alguns seres que ainda não foi descoberta? E se amanhã um cientista descobrir que há um erro na datação e que é necessário rever toda história da Terra? O próprio super-continente da Pangeia, proposto por Alfred Wegener no século XX foi uma teoria ridicularizada pela sociedade científica, e só confirmada 10 anos após a morte de Wegener. Por fatos assim que a ciência não era uma ciência exata para Terryson Stockhausem, então quase tudo era possível. Civilizações avançadas que foram para o subterrâneo se proteger de um dilúvio ou era glacial, como a cidade subterrânea de Derinkuyu na Turquia, de 4.000 a. C. e com espaço para abrigar mais de 100.000 habitantes. As misteriosas pirâmides submersas de Yonaguni no Japão, com mais de 11.000 anos e arquitetura semelhante a dos povos pré-colombianos, com uma misteriosa cabeça de pedra semelhante aos moais da Ilha de Páscoa ou as misteriosas cabeças de homens africanos em La Venta no México. Construções megalíticas perfeitas de uma época tão primitiva, como o Stonehenge ou as próprias pirâmides do Egito. Para Terryson Stockhausem, não foram humanos que levantaram pedras de toneladas que foram esculpidas com uma perfeição simétrica que só seria possível hoje com lasers e computadores. Atlântida, Lemúria, viajantes do tempo, terceira raça, criptozoologia, anunnaki, nephilim, triângulo das Bermudas, ufologia, gigantes. Tudo apontava para eles. Pelo menos era o que o professor Terryson Stockhausem queria me fazer acreditar.

Foi no período Permiano que se diminuiu o nível de oxigênio, a Pangeia foi formada e os répteis passaram a dominar o mundo. Também foi quando houve a mais severa extinção em massa já ocorrida na Terra, que matou 95% de toda vida do planeta. Alguns ambientes foram completamente esterilizados. Não se sabe ao certo o que causou A Mãe de Todas as Extinções em Massa, mas é considerado que foram mudanças climáticas. Foi esta matança que garantiu que os arcossauros evoluíssem para os primeiros deles, como o Eoraptor, no período Triássico que sucedeu o Permiano. O mundo sempre passou por eras onde uma raça reinou por um tempo, até que alguma extinção da mesma trouxe uma nova raça.  Ele acreditava na possiblidade deles terem evoluído até uma forma reptóide inteligente, assim como os mamíferos primatas criaram seu homo sapiens moderno. Este homem-lagarto (talvez alado como aves) teria protegido seus conterrâneos, uma “caverna de Nóe” no subsolo enquanto o mundo queimava.

No Museu de Evidências da Criação no Texas, ele me mostrou um de seus artefatos favoritos que confirmavam suas teorias, o Martelo de Londres, um artefato pré-histórico muito misterioso. A cabeça era de ferro e o cabo de madeira. Muito antigo o martelo, o interior do cabo se tornou carvão, um processo que demora centenas de milhões de anos. Árvores dos períodos Carbonífero e Permiano se tornaram carvão na fossilização da madeira, quando o hidrogênio e oxigênio são eliminados na forma de água, dióxido de carbono e metano. Isso mostra que o cabo do martelo foi feito de uma árvore pré-histórica. A cabeça do Martelo de Londres continha 97% de puro ferro, 2% de cloro e 1% de enxofre, sem bolhas de ar. Para um ferro tão puro, deve ter passado por processos de purificação e endurecimento, que é típico das ligas metálicas modernas do século XX, mas o martelo tinha mais 500 milhões de anos, e o primeiro hominídeo inteligente só foi surgir cerca de um milhão de anos atrás na África.

Uma espécie inteligente ainda não descoberta existiu no passado, e são os reptilianos de muitas culturas e imaginário popular, como os Naga da mitologia hindu, o povo serpente que vive no subterrâneo. Os índios Macuxi da Amazônia contam sobre a Terra Oca, e os gigantes que lá habitam. Agartha do budismo. Cientistas das Universidades de Northewestern e do Novo México descobriram um oceano de água perto do manto terrestre a 660 quilômetros de profundidade com mais água do que todos os oceanos juntos. Isso indicaria que a água veio do subterrâneo, semelhante ao relato bíblico do Dilúvio. Mais de 70% do calor da Terra vem do centro, onde estaria um suposto sol interno. Até os nazistas registraram uma suposta entrada para o centro da Terra. Um reator nuclear de 2 bilhões de anos foi encontrado na África, com urânio 238, urânio 234 e o urânio 235. Talvez uma arma de alguma civilização contra sua própria extinção?

Foram muitos os mistérios que ele me mostrou, mas eu ainda não tinha certeza se o que ele acreditava era possível. Mesmo assim o acompanhei em cada pesquisa e nova descoberta. No fundo de mim, talvez eu precisasse também de uma resposta. No Brasil, vimos Luzia, um fóssil de uma humana encontrada em Minas Gerais, de cerca de 12 mil anos. Isso é antes da época em que a ciência diz que os asiáticos migraram para a América pelo estrito de Bering. Luzia tinha traços que lembravam os negros da África e os aborígenes da Austrália. Não fazia sentido. Mas Terryson Stockhausem disse que se considerarmos que o tempo pode ter acontecido de uma forma diferente, talvez os continentes estivessem unidos nos dias de Luzia, e como os humanos surgiram na África, faria sentido os traços aborígenes dela e ter sido encontrada na América.  Os povos humanos teoricamente mais puros seriam os africanos, pois os povos asiáticos e europeus se reproduziram com os Neandertais, a espécie dominante anterior que desapareceu por razões desconhecidas. Teriam os reptilianos cruzado com alguma raça hominídea primitiva, criando um dos três principais povos originais? Seria toda a diversidade racial humana moderna uma mistura genética entre uma raça de mamíferos primitivos e reptilianos evoluídos? Para meu professor sim. Para ele tudo fazia sentido e eles ainda viviam. Chegou o dia em que me contou onde ele sabia que ficava o esconderijo deles. Senti que ele sempre soubesse, mas escolheu me contar quando tivesse certeza de que eu estava pronto. Talvez para o ajudar, ou quem sabe para que eu conte ao mundo pois ele pretenderia ficar lá com eles para sempre. Meu professor nunca pertenceu a este mundo.

Eram as cavernas de Campo Formoso, na Bahia, Brasil. A maior caverna da América Latina, mais de 100 quilômetros de extensão e ainda não foi completamente mapeada. Uma cidade-labirinto subterrânea que foi construída na natureza por algum motivo, e seus caminhos que levam a algum lugar misterioso lembram os tuneis das pirâmides do Egito, que escondiam o caminho verdadeiro. Com total acesso como pesquisadores, entramos pelos corredores e bifurcações. Ele sempre sabia o lugar certo onde deveríamos entrar, onde pisar. Estalactites e estalagmites. Morcegos, aranhas e outros seres inefáveis. Um calor indescritível. Todas as minhas crenças eram abaladas e caindo como pó diante de minha mente. Encontramos uma escada gigante, com degraus grossos e pesados o suficiente para manadas de elefantes.

Após três dias pelas escadas, nenhuma lanterna foi necessária, como contaram os índios Macuxi, lanternas naturais do tamanho de melancias e brilhantes como o sol iluminavam o corredor. Cada caminho que tomamos foi escolhido por Terryson Stockhausem, que andava como se seguisse algo invisível, como se já soubesse desde sempre o caminho, mas estivesse o redescobrindo agora. Cavernas de fundos invisíveis surgiram no quinto dia, e quatro grandes lâmpadas, como sois nas câmaras do sistema de cavernas. Plantas também apareceram. Ao todo foram quinze dias, e estávamos mortos da vagem. Uma última caverna, a maior e mais assustadora de todas, como um terrível portão colossal. Fiquei apavorado com a escuridão desta peculiar caverna, mas ao mesmo tempo queria muito saber o que havia em seu interior e o que a tornava tão enigmática. Pisamos em pegadas do tamanho de homens, e meus olhos se abriram no coração da escuridão, muito cansados, para ver a Maravilha. Lágrimas escorreram perante a estupendosidade do fabuloso cenário magnífico em que me encontrei. Terryson Stockhausem estava certo.

Árvores com frutas comestíveis que reconheci, pedras preciosas, riachos brilhantes, fungos se erguendo do solo como torres pálidas, libélulas do tamanho de gatos e tartarugas do tamanho de tanques de guerra. E eu vi, eles, todos eles bem ali diante de meus olhos. Sabia que estavam me vendo e sabia que se lembrariam de mim, pois eu nunca me esquecerei deles.  Dragões de bicos e monstros gigantes. Os pescoços como serpentes quilométricas e aqueles com os dentes como espadas e garras tão poderosas quanto. As asas batendo no céu de pedra, entre as névoas como nuvens. Montanhas mais altas do que tudo o que já vi, e um ar tão puro que me fez passar mal. Grandes lagartos de penas de pavão, correndo livres e inocentes. Crocodilos esguios e pálidos com garras negras. Os que comem plantas e os que comem carnes. Os que pescam e os que voam. Todos ousados e sem medo, orgulhosos e com ar de realeza. Verdadeiros seres do poder, reinando em seu pais de maravilhas além de qualquer imaginação. Seres de força, com martelos como cauda e armaduras de espinhos. Longos chifres entre escudos coloridos. As coras, tão vivas e brilhantes e outras tão monocromáticas e escuras. Tonalidades nunca antes vistas, cores novas que foram extintas com eles. Os olhos como anjos guerreiros. Sim, eu vi. Eu vi os príncipes de outrora, reis das feras soberbas, guardiões da Terra.

Eu vi os dinossauros.

E eles estão voltando.

 

“Na terra ninguém se iguala a ele, pois foi feito para não ter medo. Afronta os mais altivos, é rei das feras soberbas.”

Jó 41:25-26.



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