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História Guerra e Paz - Polarize


Escrita por: TrumanBlack

Notas do Autor


Heeeeey there folks, sentiram minha falta???
Aqui, capitulo fresquinho após entregar versão final pra orientadora <3
espero que gostem <3

Capítulo 2 - Polarize


Fanfic / Fanfiction Guerra e Paz - Polarize

 

Eu podia sentir o quanto Peter estava tenso sentado numa cadeira confortável, com o seu braço esticado numa base metálica enquanto eu preparava a seringa e identificava os tudos com todos os testes que eu iria realizar. Me virei e ele sorriu, apoiei a bandeja de metal no colo dele, tirando uma fita de borracha e amarrando no seu bíceps apertado.

―Fecha a mão. ― eu disse e ele obedeceu, virando o seu rosto para a janela do lado de fora, onde ele podia ver metade da cidade ― Se você ficar nervoso assim, vai ser mais doloroso por que os seus músculos vão ficar tensos, pense em outra coisa, aposto que tem uma garota por ai ou o garoto, eu não estou aqui pra julgar.

Peter sorriu timidamente, a sua mente provavelmente viajando por ai enquanto os deus dedos trêmulos tocavam a parte interna no seu cotovelo em busca de uma veia que eu pudesse retirar o seu sangue.

―Por que você acha que tem alguém? Alguém te disse alguma coisa? ―perguntou, os meus dedos localizaram uma veia pulsando perto da curva do seu braço, e eu peguei a agulha enfiando na sua pele no exato mesmo ponto, o rosto do garoto enriqueceu por um segundo.

―Qual o nome dele? ― respondi ―Tá mantendo a calma? Você sempre me pareceu ser meio afoito.

―Dela ― me corrigiu ―E eu estou de boa, muito de boa, eu ainda nem falei com ela. Mas tá indo tudo ótimo.

―Uau, isso é um passo enorme, tem certeza que da conta? ― ironizei tirando um tubinho e colocando outro em seu lugar.

―Não é meu melhor movimento certamente, mas é alguma coisa?

―Não é nada, Peter. É literalmente nada. ― ele se virou pra mim.

―Eu estou tentando, okay?

―Vai até ela, no intervalo vá até ela como quem não quer nada, leva um sanduiche de bacon, todo mundo ama bacon, e um tiro certo.

―Eu tenho quase certeza que ela é vegetariana ― respondeu.

―Isso é adorável. ― respondi, sendo desnecessariamente sarcástica ― como se isso mudasse alguma coisa, mas ela está tentando. Prontinho.

Puxei a agulha do braço dele, levando todos os tubilhos e distribuindo por onde eu iria utilizar para os diferentes testes, Peter pegou um algodão e colocou sobre onde eu tinha feito o furo. Lá fora eu sabia que era noite e que estava na hora de ele ir embora, afinal o estágio dele de fachada na torre Stark já tinha acabado a algumas horas atrás, mas ele havia pedido pra fazer uns exames nele, já que tinha ficado preocupado com a possibilidade de ter alguma sequela desde que eu havia colocado a probabilidade na mesa.

―Eu pedi pizza― informei, esperando que isso o influenciasse a ficar, eu detestava a torre vazia, odiava ficar presa aqui com pessoas que eu não gostava. Tony era extremamente invasivo, sempre jogando a mesma proposta de trabalhar com ele sendo que claramente eu negaria quantas vezes fossem necessárias. ― é de peperonni e eu posso te mandar pra casa de uber, você é praticamente a única pessoa que eu não odeio aqui.

Peter sorriu, meio sem graça coçando a cabeça, provavelmente pronto pra dar uma desculpa pra ir embora, eu não o culpava. Em geral eu era ranzinza e solitária, uma velha de oitenta anos presa no meu corpo, não estava sendo exatamente uma companhia agradável.

―Você deve ter aula manhã cedo, vou chamar um taxi pra você ir pra casa, a sua tia deve estar preocupada. ― completei, virando e pegando um vidrinho de sangue pensando em começar a minha analise um pouco mais cedo, eu não tinha mais nada pra fazer.

―Eu posso vir na sexta e ficar até mais tarde! ― sugeriu Peter ― Você é uma garota e pode me ajudar.

―Já te disseram que você é um grande observador? ― perguntei ―Mas tudo bem, sexta feira então.

Peter sorriu, me dando mais uma vez um adeus rapido e me deixando na sala sozinha coloquei o sangue na centrifuga e programando pra uma hora ficar pronto. ainda era cedo da noite, o sol mal havia se posto direito então sai do laboratório indo até a cozinha, eu geralmente evitava todo o resto da casa enquanto eu sabia que havia toda a trupe team stark lá, por que eu não queria discutir, eu não queria conversar com eles, e francamente eu detestava o jeito que eles me tratavam, como se eu fosse burra ou algo do tipo.

Eram raras as vezes que eu mantinha um dialogo com qualquer um deles, as únicas pessoa além de Peter que eu conversava era o meu psicólogo e Violet, a minha fisioterapeuta. Assim que eu voltei a ficar de pé, decidi que estava exausta de ter que me esconder e que eu estava pronta pra aprender a me defender, então, Violet foi chamada . Um metro e oitenta de puro treinamento e nenhuma pena de mim.

Fui até a cozinha, andando o mais rápido que eu podia com a minha perna bichada e torcendo pra não encontrar ninguém, alguém lá em cima deveria estar de bom humor e a cozinha e toda a extensão da sala estava vazia e me senti muito mais aliviada, pegando uma caixa de leite uma tigela e cereal, por eu não estava mais nem ai. todo o meu corpo doía de novo, o esforço que eu havia feito para subir as escadas do laboratório agora estava completamente localizada no meu quadril fazendo com que ele parecesse ao ponto de se esmigalhar de novo, então resolvi me sentar na cozinha mesmo.

Na mesa gigante com vários lugares que estava sempre vazia, me sentei em silencio, eu não carregava mais meu celular por ai, não havia mais com quem eu falar, mesmo Sam que eu conversava as vezes enquanto eu estava no Brasil, agora não havia ninguém, não tinha mais Bucky pra eu mandar mensagens ou fotos de gatinhos, eu não tinha mais nem amigos na hydra já que alguns voltaram depois da invasão da S.H.I.E.L.D outros haviam sido relocados, trocado de nome, alguns fugiram, mas resultavam numa pilha de pessoas que eu não falaria nunca mais. Eu nunca fui social, mas eu tinha um circulo de amigos e a repentina separação de todo mundo, de todos que eu podia contar, confiar e conversar, meu circulo havia se resumido a ser contra o comunismo no meio da Rússia comunista, podia falar a vontade, só que sozinha e na sibéria.

Tony era uma pessoa que nunca se deve levar pra caçar, os passos dele são fortes e marcados, como se ele andasse marchando e antes mesmo de ele entrar na cozinha eu já sabia de longe que ele estava vindo, eu poderia me levantar e sair, porém o meu quadril doía, o homem de ferro entrou na cozinha enquanto eu comia meu cereal, eu tentava me manter calma e na minha não queria realmente conversar.

―Você não deveria comer alguma coisa mais saudável? ― ele perguntou, Tony não era um a pessoa de ficar calada, ele parecia sentir uma necessidade de sempre preencher o silencio.

―Não, eu estou bem ― respondi, meio de contra gosto, mas mantendo o meu tom.   

―Você ainda está em fase de recuperação, deveria comer sei lá, umas frutas ― continuou, pegando uma maçã e sentando perto de mim, voltei a me focar nos flocos do cereal.

―Leite tem cálcio, bom pros ossos ― respondi,

Enfiando mais cereal na minha boca afim de evitar o restante da conversa, Tony rolou os olhos violentamente na minha direção.

―Nós somos cientistas, temos tanto e comum, moramos na mesma casa! Por que não podemos ser amigos? Ou pelo menos tolerar um ao outro, mas eu fico com o amigos.

―Por que eu não quero ficar aqui.― comecei, antes de ser rudemente interrompida.

―Porque, se você sair do país sem expressa autorização da S.H.I.E.L.D você pode ir presa e condenada por vários crimes, como fugir com um procurado pela justiça de mais de setenta países,  falsidade ideológica, e ser ex-membro atuante da hydra.

―Continuo presa aqui.

―Estou tentando te ajudar, é sobre o seu namoradinho, por que se for eu estou realmente cansado disso Freya. Achei que fôssemos adultos.

Senti como se ele tivesse me esbofeteado, como ele poderia reduzir toda a situação numa frase tão absurda,tudo que eu conhecia dela era pelo ponto de vista da mídia e algumas coisas que Tony, mas naquele momento eu notei que ele não fazia ideia de como eu estava me sentindo. Mordi a parte interna das minhas bochechas.

―Você é muito simplista ― respondi, tentando me acalmar ― Você acha que sou eu sendo infantil e dando um tratamento de gelo, claro que eu estava brava sim por toda essa história, já que em você por que estou irritada por que braços foram arrancados, perseguições e acusações a nível mundial foram feitas. Já parou pra pensar que talvez eu esteja brava por mim mesma? Que eu possa ser egoísta assim?

―Essa é uma linha de pesamento que eu nunca havia seguido ― admitiu ― explique.

―Eu fui atacada, acordei num lugar onde eu não conhecia ninguém, eu não sabia onde eu estava e completamente sozinha, não sabia o que tinha acontecido, pra onde ir o que fazer, ai eu descobri o que aconteceu, sua versão dos fatos e percebi que eu fui abandonada, ninguém veio por mim, estou brava com a situação. ― Respondi, tentando não chorar com isso ― Eu não sei onde ninguém que eu conheço e confio está, ou por que eles não vieram por mim, eu estou perdida por que eu não sei o que fazer, eu estou com medo por que eu não posso voltar atrás, eu não sei como eu vou me virar por que tudo que eu sonhei, treinei e estudei a minha vida inteira foi o que me colocou nessa situação em primeiro lugar. Eu não posso voltar atrás e nem posso seguir em frente por que eu ainda estou presa nisso.

―Eu fui atrás de você ― disse Tony, alguns segundos depois que eu havia parado de falar, eu olhei para ele.

―Sim, você foi, mas eu sei que não fez isso pela bondade no seu coração, Tony Stark, você quer alguma coisa de mim ― acusei descaradamente ― eu ainda não consegui me decidir se é só alguma coisa que eu posso saber da hydra ou você está esperando que alguém venha atrás de mim, supondo que um braço e o escudo não sejam sejam suficiente.

―Você está certa, eu adoraria ter aquela fantasia de pássaro gigante pendurada em cima da minha cama.

Foi a minha vez de rolar os olhos.

―Você quer que eu trabalhe com você ou para você, o que você quer que eu faça, eu não quero fazer, eu estou cansada disso, eu estou ficando velha e eu realmente gostaria de manter o movimento do corpo que eu ainda tenho.

―Como eu já disse, eu posso oferecer proteção.

―Meus quadris ainda doem da ultima proteção que eu recebi, estou bem assim.

―E o que você vai fazer? Pegar anos de estudo, doutorado, mestrado, PHD, uma pesquisa de uma vida inteira em criogenia, outros planetas e eu sei que você estava muito avançada nisso, suas teorias, pesquisas que remontam a milhares de anos de sacrifícios e simbologia, e principalmente como trazer pessoas mortas a muito tempo a vida e jogar tudo fora?

―Eu posso ser professora. ― disse. ― e qual o ponto de ser uma sabichona se eu não posso usar nada disso pra me defender?

―Um prodígio jogando conhecimento pra um bando de pré-adolescentes.

―Eu estava pensando na verdade em mestrado, eu não consigo lidar com adolescentes insuportáveis.

―Isso é realmente triste, ver uma das mentes mais brilhantes que eu já conheci, segundo maior QI da humanidade depois do meu…

―Eu tinha 12 quando fizeram aquele teste ― interrompi ― só falando.

―Isso não vem ao caso, mas você é uma das pessoas mais inteligentes dessa geração, guarda tantos segredos na sua cabeça, eu tenho certeza que domina várias estratégias e conhecimento bruto dos tempos da hydra, por que não ajudar os caras bonzinhos?

―Muitos motivos, não é preto no branco Tony, é tudo em tons de cinza, eu não sei diferenciar mais quem é bom e quem é ruim, tudo que eu tenho é um cérebro quebrado.

―Podemos recontrui-lo.

―É o que eu estou tentando fazer, desde que eu acordei, eu consigo falar inglês agora, mas tudo que eu sabia ou sei está preso aqui.― eu apontei para a minha cabeça ― E eu não faço ideia de como tirar isso da minha cabeça, Hydra é muito exigente com seus funcionários sabia? E a queda, danificou muito o meu cérebro, e só com isso seria muito difícil reconstruir eu e Stephen estamos tentando, mas a minha cabeça tem bloqueios. Eu não acho que eu um dia vou voltar ao que era antes.

―Pode tentar passar ao redor desses bloqueio.

―Eles são muito específicos, precisam de palavras de comando. Eu costumava saber algumas delas, foi assim que eu consegui me livrar do comando deles, eu era uma escrava deles eles tinham coisas que te mantinham presa, segredos, pessoas, no meu caso foi um pouco diferente, foi como uma lavagem cerebral, bem mais leve e mais fraca, só pra que eu não me lembrasse de algumas coisas que eu fazia lá dentro e caso eu me rebelasse eu nunca mais me lembrasse antes que pudessem fingir um acidente, eles não podiam arriscar mexer muito com o meu cérebro, e quando eu cai eu acho que a programação não se desfez, mas se modificou de alguma forma, e eu não quero voltar aquilo, eu não quero voltar naquele lugar escuro da minha mente. Eu quero deixar isso morrer, e esquecer por completo que isso aconteceu comigo, e nunca mais mexer nisso.

―É por isso que quer tanto o seu Manchurian Candidate por perto? ― Tony perguntou num tom baixo.

―Ajudar Bucky a sair da programação me ajuda a ter paz, eu não penso no que aconteceu eu só polarizo nas minhas ações em algo bom.

―Ele matou pessoas Freya, como você pode sequer confiar nele? Ele precisa se redimir com a sociedade, com as pessoas que ele machucou.

―Ele não precisa se redimir com ninguém, a programação dele era tão forte que ele nunca fez ideia do que estava fazendo, era como se tudo aquilo fosse um vídeo game, era congelado quando não precisavam dele, quando eles precisavam diziam as palavras e reativavam o soldado invernal, Bucky não precisa se redimir com ninguém, ele precisa retomar a si mesmo. sugiro que faça uma pesquisa sobre a programação delta do MK ULTRA. Você vai ter uma pequena base do que aconteceu antes de poder falar alguma coisa.

Eu disse, começando a me levantar, bem devagar, com os meus quadris ainda doendo como se estivessem estilhaçando mais uma vez, meu plano inicial era deixar a minha tigela de ceral sobre a mesa, porém levando em conta o quão devagar eu estava me mexendo e quanta dor eu estava sentindo, resolvi deixar pra lá, minha cabeça indo direto para os comprimidos de morfina que eu mantinha perto da minha cama para situações como essa.

Tony não havia dito nada em resposta, acho que deveria ter dado algo a ele o que pesquisar por algumas horas, e o mais silenciosamente que eu podia sai da cozinha, deixando o meu rastro de gemidos de dor, até chegar no meu quarto e imediatamente me jogar na minha cama, soltando um suspiro alto uma mistura de dor e alegria, minhas costas estalaram quando eu me deixei e tateei as cegas até a caixinha com os dias da semana onde eu deixava os comprimidos que eu tinha de tomar, e puxei a caixinha, abrindo-a e enfiando o meu dedo lá dentro para puxar o comprimido azulado e o coloquei na boca, engolindo sem água mesmo. Logo depois me puxei de verdade pra cima da cama, virando sobre um envelope com o meu nome escrito sobre ele, abri o envelope, de onde tirei um papel levemente envelhecido. O mesmo papel dos cadernos de memorias de Bucky.

 

Effy, minha boneca, minha querida.

Eu estou fazendo o que eu tenho que fazer para te manter segura e o mundo seguro, eu claramente ainda sou uma ameaça para todos, e a melhor solução é que eu esteja fora de circulação até que eu consiga retirar a programação por completo de mim, Steve vai te manter segura…

 

E, pela segunda vez no dia eu me sentia completamente sem palavras, a pagina estava cortada, como se tivesse sido rasgada eu virei o papel e havia uma data na parte de trás, daqui a duas semanas. E, pela primeira vez em meses, o meu coração dava voltas no meu peito, como se tivesse sido reanimado com uma injeção de adrenalina. Ele não estava morto, e estava voltando por mim.




 



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