História ''Uma Guerra Fria dentro do meu peito.'' - Luna

    Ivinny após ser arrastada por Rosalya e Alexy finalmente chegou a quadra e se sentou na arquibancada, ela colocou a sua bolsa com cuidado a seu lado, pois não era por ter se livrado uma vez que isso aconteceria de novo. O professor pediu para os garotos se dividirem em dois grupos pois os mesmos jogariam futsal, e foi oque fizeram animadamente, como se esperassem por aquilo durante todo o horário, as meninas preferiram não fazer nada, apenas assistir o jogo, oque fez Rosalya suspirar de alívio, ela havia deixado claro que odiava as aulas de Ed. Física. Durante o tempo em que o jogo rolava Rosalya lhe apontou mais algumas pessoas, seria realmente difícil de lembrar, ela lhe mostrou Kentin um garoto dos cabelos Castanhos que tinham um bom comprimento, e que pendia desajeitadamente em sua testa, ele também tinha olhos bem verdes e vivos. Kim, uma morena alta de cabelos curtos e bem pretos, poderia se dizer que eram tão escuros como a noite e finalmente Peggy uma garota que parecia estar muito atenta a tudo que acontecia na quadra, segundo Rosalya ela cuidava do jornal da escola, mas sempre exagerava nas matérias.
— Você não espera que eu lembre de todos esses nomes, não é? — Ivinny perguntou com um olhar assustado pra Rosalya.
— Não se preocupe, Ivinny, ela sempre se empolga desse jeito, só precisa me perguntar e eu repito os nomes sem problemas. — Alexy, o garoto de cabelos azuis disse rindo.
— Ta vendo aquele ali, de cabelo vermelho? — Rosalya apontou. — Ele é o Castiel que eu disse que estava faltando mostrar.
— Digamos que eu já tenha tido pequenos diálogos com ele essa manhã. — Ivinny disse apoiando o rosto sobre a mão sem muito interesse no que dizia.
—E ele falou com você direito? — Rosalya agora parecia assustada.
— Na verdade, ele foi bem sarcástico. — Ivinny disse rindo.
— Então ele está bem, esse é o verdadeiro Castiel e seu conhecido humor ácido. — Alexy disse rindo vendo Rosalya suavizar sua expressão.

Ivinny após as explicações de Rosalya voltou o olhar para o jogo, o grupo de Castiel estava se saindo muito bem, eles tinham a maior parte de posse de bola e podia-se dizer que Castiel contribuía pra isso pois ele era um bom jogador, o ruivo driblou dois a sua frente e chegou bem perto da barra, quando ia fazer um gol, foi surpreendido por Nathaniel que tentou impedir o gol e acabou derrubando o Ruivo que como esperado imediatamente se levantou com os pulsos cerrados, pronto pra bater em um certo loiro. Pelo que Rosalya tinha falado pra Ivinny, Castiel não ia com a cara de Nathaniel por alguns acontecimentos do passado os quais ela decidiu não falar. O professor pediu pra Castiel se acalmar tentando evitar uma confusão,  foi quando Ivinny se levantou e foi tomar água, estava ali pra observar o jogo e não pra ver brigar então preferiu não ver o resto, porém enquanto saía da arquibancada a barulheira sessou e ao olhar pra trás ela viu que Castiel vinha na direção do vestiário, provavelmente para se acalmar. Então por incrível que pareça e pelo pouco que havia visto dele, ele tinha tomado a decisão certa, e logo Ivinny lembrou-se do que a Diretora havia mencionado sobre ele essa manhã, dizendo que nem mesmo ele era tão tolo ao ponto de conseguir uma advertência no primeiro dia de aula.
— Ia ser um belo gol, Beterraba. — Ela disse em um tom sério que mudou para sarcástico na última palavra.
— Então quer dizer que na arquibancada começaram a brotar árvores? Uma tábua estava me observando jogar? — disse Castiel entrando na provocação.
— Na verdade, eu estava olhando o jogo em si, não uma determinada criatura. — Ela disse arqueando as sobrancelhas.
— Aposto que estava me observando, todas querendo ou não observam. — Disse ele dando uma risadinha provocante.

— É como normalmente os pais dizem pra gente ''Você não é todo mundo'', acho que isso também vale pra mim. — Ela disse passando por ele pra voltar as arquibancadas.

— Você no mínimo é uma perna de pal, são deve saber nem oque é impedimento, devia estar tentando aprender alguma coisa comigo. — Disse Castiel.
— Você está me desafiando? pois eu vou agora mesmo te mostrar como se faz aquele gol, que você acabou de perder por intervenção do carinha loiro. — Disse a garota bem irritada. — Não reclame, você quem pediu!
     Ela andou de volta a quadra a passos firmes e fortes e logo chamou o professor pedindo pra entrar no lugar do loiro que se chamava Nathaniel, ele tinha saído do jogo, ou seja, ela entraria no time oposto ao do Ruivo, o Professor exitou, os garotos tinham a mania de colocar muito corpo na hora da marcação o que poderia machuca-la, e caso acontecesse ele seria o culpado por permitir a entrada dela no jogo, mas ele acabou permitindo que ela jogasse, pela insistência da garota e por ouvir as outras garotas da turma gritando o nome da Novata, ela sabia que Rosalya estava por trás daquela torcida que logo se formou.
    Ela entrou no jogo que estava com o placar em 2x2, pois Castiel havia perdido o gol da virada, ouviu-se um apito da parte do professor e logo lançaram a bola pra garota, ela apostava que fizeram aquilo pra testá-la e saber se ela realmente sabia oque fazer com uma bola, Castiel logo veio em sua direção, ele a subestimava, então ela deu um drible nele e correu passando a bola pra Kentin, um garoto que usava calças militares e que tinha olhos verdes bem chamativos, oque Rosalya tinha falado enquanto ela estava na arquibancada, ele dominou a bola e ela correu pra perto do gol para que ele pudesse passar a bola, Kentin a viu livre perto da barra e passou a bola pra ela assim como planejado no passe feito por ela, que controlou e chutou em direção ao gol, mas o goleiro segurou firmemente a bola dando um sorriso de provocação pra ela, que apenas balançou a cabeça negativamente e correu mais adentro da quadra. Já estava começando a suar então ela tentou fazer um coque no cabelo, mas não teve tempo pois logo os jogadores voltaram a correr.
    Quando o goleiro lançou a bola ao meio de campo o beterraba controlou no peitoral e depois saiu em direção a barra do time dela, ela o seguiu correndo e ele a driblou com muita facilidade, mais ela tentou pelo lado esquerdo e conseguiu pegar a bola por um pequeno deslize dele, ela começou a correr passando pelos jogadores, um pouco mais da metade da quadra ela chutou arriscando, dando um tiro de meta que acabou acertando bem no canto direito. Ela comemorou internamente e correu em direção a Castiel.
— Quem era mesmo a perna de pal, ruivinho? — Disse ela muito feliz enquanto chegava perto dele, havia ganhado pra ele.
    Ele nem respondeu, a pegou pelas pernas percebendo o quanto ela era leve e a colocou em seu ombro, deixando ela assim de cabeça pra baixo, onde a metade de cima do seu corpo estava colado as costas de Castiel e suas pernas pendiam a frente do mesmo que as segurava pra que ela não caísse, ele simplesmente saiu carregando a garota, como se isso fosse uma atitude bem normal, a qual os dois estavam acostumados.
— Me coloca no chão, seu .. — Começou a dar murros em suas costas
— Calma garotinha, o seu mundo está de cabeça pra baixo? — falou rindo muito da expressão que ela fez, dando língua pra ele.
— Castiel, já disse pra me largar! — Ela ordenou forçando seu corpo pra baixo, na tentativa de ser solta.
— Relaxa aí, e curte a carona — Disse ele entre risos, a provocando.
— Qual o seu problema garoto? — Ela o socou novamente nas costas, ele com certeza era uma pessoa confusa.
— Você é o meu problema no momento, desde que chegou você só me causou problemas. — Castiel disse rindo, com todo defeito ela havia feito o seu dia ser menos tedioso.
— Se ta pensando que vai me atingir com isso, você está bem errado, garoto infantil! — Ivinny falou com dificuldade, sentia o seu rosto esquentar.
— E quem disse que eu falei isso pra que parasse? — Ele continuou a carregá-la.
— Me põe no chão e você vai ver oque eu vou fazer com você! — ela disse forçando novamente o corpo. — Você vai se arrepender de ter aparecido no meu caminho essa manhã.
— E você não acha que eu já me arrependi? — Ele disse com um sorriso meia boca dançando em seus lábios.
    Ele andou mais alguns metros na quadra carregando a garota e acabou cedendo depois de alguns murros que levou nas costas e a colocou no chão, oque fez com que os dois rissem da situação, ela estava com o rosto totalmente vermelho por ter estado um tempo de cabeça pra baixo. Talvez ela prestasse um pouco, só um pouco, pensou o ruivo.

As pessoas observavam atentamento as reações que Castiel tinha em relação aquela garota, ele era um cara muito mal humorado pra agir dessa forma com alguém que ele havia acabado de conhecer, para alguns (os amigos do ruivo) tinha sido algo maravilhoso, ele tinha provado ser um humano normal interagindo normalmente pelo menos uma vez na vida, já para outros (as garotas que gostavam dele) Ivinny estava sendo pedras no caminho de cada uma delas.
— Bem que dizem que tábuas pesam. — Ele disse rindo, na verdade ironizando, pois ela era um pouco leve. — Não se ache de mais, aquilo foi sorte de principiante, ainda te provo que você é realmente ruim de bola. — Disse ainda sorrindo pra ela —  Só me faça entender, porque você trouxe um cão na sua mochila?
    Ambos pegaram suas mochilas e eles saíram do Ginásio conversando enquanto ela explicava toda a história e a situação em que acabou se metendo, desde a senhora doando cães até a cadela aparecer roendo seu sapato no pátio da escola, ela o contou toda a história deixando claro que não estava arrependida dos acontecimentos. Ela havia amado pensar que a partir de agora ela teria alguém como uma campainha, e mesmo sendo um cão, isso ainda a confortava por não estar só.
— Mais e oque vai fazer com ela, vai devolver? — Perguntou ele já sabendo da história de como a cadela a seguiu e foi parar dentro de sua mochila.
— Agora já era, vou ficar com ela. Acredito que ela será uma ótima companhia. E fora que ter passado por tudo isso hoje e simplesmente devolve-la seria uma completa covardia. — Ela disse com um pequeno sorriso no rosto.
    A paz foi estabelecida pela cadela, oque os fez dar uma trégua de todas as desavenças que eles tinham tido durante todo o dia, hoje acabaram sendo liberados mais cedo, regalias do primeiro dia, então eles saíram da escola e logo Ivinny tirou a cadela da mochila, ela precisava respirar direito, Castiel resolveu que iria mostrar onde havia um PetShop pra que ela comprasse comida e alguns itens para a Cadela, ela aceitou a ajuda e eles seguiram pelo caminho indicado pelo ruivo.
    Após alguns minutos de caminhada, que a ajudaria muito quando tivesse que ir a cidade novamente, pois assim teria mais noção de onde se encontravam as coisas, eles chegaram a parte da cidade onde haviam muitas lojas, logo avistaram o Pet Shop, e adentraram ao local procurando uma prateleira especifica com rações.
— Eu comprava essa pra o Dragon, quando ele era um filhote. — Falou Castiel apontando pra um pacote que estava numa das prateleiras, onde na embalagem estavam estamosdos um monte de filhotes com diferentes raças.
— Mais quem é Dragon? — Perguntou curiosa.
— O Dragon é o meu cão, ele é um Pastor-de-Beauce, já tenho ele a algum tempo.
— Que nome eu vou dar pra ela? — Indagou a garota em um ato de pensamento impulsivo que surgiu quando ela estava olhando o pequeno ser que estava bem aconchegado dormindo preguiçosamente nos braços do ruivo.
    Castiel pensou, mas nada lhe veio a mente, então ele movimentou os ombros como se demonstrasse dúvida quanto ao assunto e voltou a andar pelos corredores.
— Porque está sendo legal comigo, Castiel? — Perguntou o encarando
— Então acertou meu nome? —  Ele falou com a voz embargada de ironia.
Ela não o respondeu mostrando que ainda esperava por uma resposta, e ele apenas virou-se e voltou a andar.
— Não se acostume com isso vindo de mim, só estou em um dia bom. —  Ele disse.
— Acho que eu deveria chamá-la de Luna. — Ivinny disse de repente, sentiu o clima pesar e logo pensou que deveria trocar de assunto.
— É um bom nome. — Ele falou sem expressão
   Eles se dirigiram ao caixa, Ivinny comprou a ração indicada pelo beterraba, também comprou recipientes para Ração e água que havia visto perto do caixa, e comprou também uma guia azul com a estampa de pequenas luas desenhadas em todo seu comprimento.
— Achei que fosse o tipo de garotas que amava rosa.— Ele disse a provocando, sua roupa deixava bem claro de que ela preferia tons mais escuros, a verdade é que ela parecia uma garota bem sombria.
— Não me parece um bom observador. — Ela disse rindo dele e de seu pensamento contraditório, ninguém em sã consciência diria que uma garota com o estilo dela amava a cor rosa. Mas ela sabia que isso era apenas o seu humor ácido voltando a tona.
— Posso ser um bom observador quando eu quero. — Ele disse a olhando 
    Os dois riram e saíram da loja, Castiel entregou Luna e Ivinny a pegou a aconchegando em seus braços, então Castiel pôde observar o seu cuidado ao segura-la como se suas mãos fossem tão leves que mal dava pra sentir os toques, tudo isso pra não acordar o filhote.
— Me deve mais uma! Me parece sempre bom negociar com você. — E saiu andando sem esperar que ela respondesse.
Ela o olhou sem entender bem oque ele queria dizer com aquilo, só queria muito chegar em casa, agora só restava se localizar e tentar lembrar do caminho de volta pra casa,  ela deveria ter seguido o maldito ruivo, mas nem isso. Deveria ter aproveitado a trégua que ele havia lhe dado.