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História Guerreiros de Midgard : Almas da Mudança - A Cidade Portuária e seu Mestre-Ferreiro


Escrita por: Caiuscross

Notas do Autor


Fiquei feliz de conseguir quebrar esse capítulo, pois isso deu espaço pra deixar Alberta bem bonita, na medida do que eu consigo, hehe!
Espero que gostem :D

A imagem não é minha, se alguém souber de quem é me digaaaaa porque amei esse desenho, e

Btw, no jogo, no jogo esse cara realmente te leva pra Amatsu de graça uma vez quando é aprendiz.

Capítulo 10 - A Cidade Portuária e seu Mestre-Ferreiro


Fanfic / Fanfiction Guerreiros de Midgard : Almas da Mudança - A Cidade Portuária e seu Mestre-Ferreiro

 

Um lindo Sol resplandecia nos céus e brilhava as tantas construções de telhas azuis da cidade portuária, que se amontoavam no lugar mais alto e desciam até os movimentados portos. Algumas poucas nuvens em traços brancos acompanhavam o voo calmo das garças, e um vento marítimo balançava palmeiras e árvores no passeio que fazia pela cidade, refrescando as cheias e vivas ruas feitas de grandes pedras talhadas, esvoaçando levemente altas bandeiras, cabelo e roupas dos viajantes, moradores e marinheiros, fazendo filhotes de monstros de estimação suspirarem pelo gostoso e bem-vindo, nem quente e nem frio,  ar, que ia por fim empurrando no horizonte grandes embarcações e pequenos barcos pesqueiros. Era a manhã encantadora de Alberta que raiava chamando todos a aproveitá-la.

 

Deixaram a pousada da rua principal, logo sendo recebidos pela característica face da cidade portuária e centro de comércio do reino, onde suas pessoas engatavam mais um dia-a-dia naqueles partes de Rune-Midgard.

 

Mercadores experientes e seus alunos, rondando a bem-decorada avenida principal e suas lojas, iam discutindo táticas e técnicas de venda, treinando avaliar preço dos tantos diferentes itens trazidos de além-mar e até simulando negociações com seus donos para ver como se saíam.

 

Em bancos de madeira espalhados por todo o lugar, pessoas velhas contavam histórias aos entusiastas ou aproveitavam a companhia de seus amados de toda uma vida. Em bares e quitandas, outros molhavam a garganta com sucos e bebidas que só Alberta conhecia, e outros mais acostumados apenas observavam do alto a cidade que ajudaram a construir, uma pequena vila pesqueira que se multiplicara ao longo dos anos para prosperar e se encher de vidas cheias de afazeres; naquele pequeno pedaço do grande continente.

 

E seus muitos marinheiros se recostavam aos coqueiros plantados pelas calçadas, deixando a sombra das grandes folhas diminuir o calor de mais um dia árduo de trabalho, muitos agora podendo finalmente aproveitar a terra-firme e jogar conversa fora, esperando os carregadores levarem as grandes caixas e esvaziar os tantos navios que chegavam ou partiam.

 

Da porta de grandes casarões, pais se despediam de seus filhos que iam rumo a mais um dia de aprendizado, naquele ciclo dos mercadores que preparavam outros a seguir o mesmo caminho de gerações.

Aqueles que não seguiam o caminho...

 

Davam mais vida pra cidade fazendo parte dos seus Aprendizes, com aqueles chapéus simples de abas largas que pais preocupados davam para proteger os nanicos do Sol, que então perambulavam das ruas estreitas à vastas, passando apressados suas escadarias, com a magia de descobrir o novo no olhar e a vontade de tudo logo conhecer - As aves bonitas que pareciam desenhos no resplandecente céu, o gosto salgado do oceano na boca que o vento carregava, o barulho das ondas contra os paredões, aquela energia toda que as pessoas transbordavam, tanto para conhecer, alguns nunca tendo visto as infindas águas azuis do mar!

 

E também o grande número de aventureiros fazendo seus caminhos, explorando a cidade ou a apresentando a outras pessoas, trocando sorrisos e zoações, aproveitando espetinhos locais de frescos frutos do mar, visitando a Guilda dos Mercadores, conhecendo os tantos e diferentes restaurantes ou esperando no porto por amigos que chegavam de viagens, todos colorindo a paisagem com suas armas de diversos tipos, armaduras e vestes coloridas, chapéus exóticos e bichinhos de todos as partes.     

 

 Karol e Ian iam trocando poucas palavras ao longo do percurso, pois ambos estavam bastante pensativos e, provavelmente, não era pelo mesmo motivo. A sacerdotisa não deveria estar pensando no por que das pessoas usarem ..dejetos de Pé-Grande como chapéu.

 

- Que nojo- Ela tampa o nariz quando uma pessoa com o dito chapéu passa- O que leva alguém a usar esse treco?

 

 “Ou estava.”

 

- É uma boa pergunta. Só espero que essa moda não pegue.

 

- Hm.. se pegar é só começar a vender máscaras cirúrgicas ! Tchau, cheiro ruim. – Ela acenou com uma das mãos para o dito sujeito que passava, com a outra tapando o nariz.

 

 A solução rápida que a sacerdotisa propôs deixara o paladino impressionado, demonstrou isso com a cara que fez.

 

Andaram um pouco mais pela rua principal, a única que podia ser considera reta por ali, apenas fazendo alguns comentários pontuais, deixando os acontecimentos da manhã tomarem seus pensamentos. Karol ia com uma mão na única alça da bolsa, de vez em quando a outra segurava o chapéu de palha para o vento não levar. Ian andava com as mãos no bolso do capote, sua mochila nas costas, alternando olhar as tantas pessoas, lojas, casas, ou pro céu. Pelo caminho, muitos aventureiros também apareciam com espólios de batalhas fascinantes de continente à fora, quando não estavam trazendo grandes monstros inteiros em carrinhos, nas costas ou, bem, nos barcos, traziam pedaços de carapaças rígidas, dentes e garras afiadíssimas, tentáculos gigantes, até caudas de dragões terrestres que poderiam ser usadas como armas.

 

Pararam em algumas barraquinhas de pescadores apenas por olhar, realmente, era curioso eles venderem hydras, cornotus e aquelas águas vivas, marinas, como comida; entraram na roda que ouvia com entusiasmo a história de dois aventureiros encenando como derrotaram um grande e assustador urso na floresta que fumava cachimbo, e contribuíram com alguns zenys - mesmo com opiniões opostas sobre a veracidade daquilo-, chegaram até mesmo a observar o oceano na parte de cima da cidade, deixando o vento esvoaçar lentamente seus cabelos e roupas, vendo o Sol cintilar nas águas e os tantos barcos que iam e vinham.

 

E aí, depois de uma boa e longa caminhada, chegaram onde queriam. Num local que simplesmente ninguém conseguiria passar e falar que não viu; num amplo espaço entre as largas escadarias que davam o acesso principal ao porto, estava a grande Guilda dos Mercadores, sempre em reforma por causa do tanto de gente.

 

“Alberta nasceu ali “ – Dizia a família dona do lugar aos curiosos.

 

A guilda começara com uma pequena casa de três cômodos, que, eles contavam, teve como seu charme um velho e bem-vivido capitão. A cada visita nova que as pessoas de fora faziam no pequeno vilarejo, mais se falava desse velho que fazia qualquer um se sentir em casa mesmo depois que enfrentassem os mais temíveis monstros; e com tanta experiência com barcos e comércio e pessoas, com tantas história de Rune-Midgard à fora, conseguia deixar seus hóspedes entretidos por horas, e “não era conversa de pescador!”, ele e seus marujos ainda foram exímios guerreiros, verdadeiros aventureiros dos séculos passados.

 

Então, à medida que mais e mais pessoas se reuniam ali e ficavam amigas dele, mais e mais atenção foi se voltando pra vila. Amigos do capitão começaram a ancorar seus barcos mais vezes lá, aventureiros que iam para Payon pela floresta que contornava algumas casas aqui e acolá – a pequena Alberta – desenvolveram o hábito de fazer pausas frequentes ali, fascinados pelas histórias de amigos, até que uma pousada teve de ser construída, aldeões de outras vilas foram sendo atraídos pela história de um velho que ensinava seu ofício de “mercador-guerreiro-capitão-pescador” a quem quisesse escutar e aprender, mercadores de vários lugares ali encontraram um ótimo lugar pra se reunir, até o ponto que a pequena casa do senhor já não acomodava o tanto de gente que ele queria e por lá passava. Quando um de seus filhos resolveu que seria um mercador, viu então nascer a oportunidade de ensinar crianças, e mandou espalhar a notícia de que uma nova guilda de comerciantes ali nascia para dar boas-vindas a todos que quisessem aprender o ofício, ou fazer negociações.

 

Com a fama e experiência do bom velhinho, logo aquela se tornou uma das guildas mais importantes daquelas partes, até a vila se tornar peça-chave para o Reinado. E então vilas inteiras passavam a falar em visitar ou mandar seus filhos para os “Albertas”, e, podia até ter outro nome antes, mas a cidade ficou conhecida pelo nome que tem hoje antes mesmo do senhor deixar um rombo no coração de muitos e ir navegar nas águas cristalinas do Valhalla ou nos mares surreais de Fólkvangr.            

 

E essa história era a primeira coisa conhecida por quem visitava a cidade pela primeira vez.  

 

E lá estava a grande guilda, bem movimentada pela hora.

 

Além dos ferreiros construindo mais um cômodo, vários novatos e jovens mercadores iam e vinham, sempre com uma expressão de curiosidade e um sorriso estampados no rosto de quem carregava itens e perguntas, era bem o normal de lá. . .

 

Mas no meio deles surgiu uma dupla de jovens que chamou a atenção dos recém-chegados desde a porta: deixavam a guilda bastante sujos, tristes e machucados; como se tivessem enfrentados grandes problemas pra chegar até ali. Ian preferiu comentar com o mestre da guilda primeiro: um homem de cabelos azuis e longos chamado Mahnsoo, pretendente da filha de um dos Albertas. Ele falava algo a si até o momento em que avistara o paladino.

 

Aaah...quando vou ouvir da minha querida...! Opa. Olá, pequeno Delacroix. Como vai?

 

- Estou bem, Mahnsoo. E o senhor?

 

- Ahh. - Ele dá um suspiro- Fora fazer a mesma introdução de sempre para novatos, entregar essas “enxadinhas” para eles irem brincar com cogumelos, salgueiros e outros bichos indefesos na floresta e dar “Boa sorte!” toda hora, estou nada mal. - Ele expressava em cansaço certo- E você? Alguma novidade?

 

- Haha. Não, mas, Bem, essa é...Ué.. você viu uma sacerdotisa..

 

- Evaporou como dinheiro nas mãos do meu querido cunhado.

 

- Ah.- uma gota percorre a cabeça do paladino- Acho que já sei aonde ela foi. Então, quem era aquela dupla que acabou de sair?

 

- Hum. Aqueles coitados? Vieram andando lá de Payon porque alguém os disse que aqui se tornariam um tal de ...“ninjas”.

 

-..Ninjas ? E você os mandou pra onde..?

 

- Ah, falei que foram enganados e que, se queriam ser tudo aquilo que me disseram, deveriam ir até Morroc e procurar pelos mercenários.

 

- . . .Por Odin. Eeer..já volto!

 

 Ian sai correndo em busca dos aprendizes. Por sorte, estavam com Karol na Kafra que amontoava uma penca de gente mais ao leste da guilda, prestes a se teleportarem.

 

Ela havia os curado, pareciam bem melhores que antes.

 

- NÃÃÃOO , PAREM! NÃO TELEPORTEM! - O paladino balançava os braços loucamente.

 

 O trio...e uma pequena multidão.. olharam assustados para o sujeito que corria adoidado na direção daqueles e até começaram a suar frio de nervosismo, parecia até que algumas gotas escapavam.

 

- Aaah! Vai ! Se teleporta logo!- Dizia um dos aprendizes, meio desesperado.

 

- Tá ... moça Kafra, quero ir pra! – O outro pedia nervosamente.

 

- Não ! Esperem. Esse maluco é meu amigo. – Karol pensou um pouco depois que falou aquilo, e deu uma leve risada pro nada. – Ele é meio doido assim mesmo.

 

 E engoliram em seco e acataram com as palavras da sacerdotisa. Saíram da fila a pedidos bastante.. calorosos.. das pessoas que esperavam para requisitar os serviços da Kafra. Ian fez “Ufa” quando chegou e falava arfando:

 

- Vocês..estão..indo..pro..lugar...errado..

 

 A duplinha se entreolha, confusa.

 

- Mas o moço da Guilda disse pra irmos pra Morroc...

 

- É..ele disse pra gente que ninjas não existiam...

 

 Os jovens falavam chorosamente. Era um garotinho e uma garotinha que não aparentavam mais que doze anos. Ian se recompõe e fala:

 

- Uuf, essa foi uma boa corrida. Sim, eles existem. Me digam..- a dupla estava com um belo brilho nos olhos e uma alegria contagiante, que fez os outros dois sorrirem- “Vocês procuram o caminho da força?”

 

 Ninguém entendeu claramente pergunta, mas os aprendizes preferiram concordar.

 

- Ótimo. Me sigam. - Ele fez um sinal de "Venham" com a mão enquanto se virava de volta para o lado da Guilda.

 

 Todos começaram a seguir o doido. Ian ia recuperando o fôlego, enquanto Karol conversava com as crianças.

 

 Eles param em frente à Guilda dos Mercadores.

 

- Moço...não é aqui não.. a gente já perguntou pra todo mundo daí.. - O garotinho falou triste.

 

- Não. Todos não. - O olharam com curiosidade- .. Porque há alguém aqui que só fala com- Ian eleva um pouco a voz- “Aqueles que procuram o Caminho da verdadeira força!”

 

 Ficaram esperando esperançosamente. Mas a garotinha se frustrou com a demora.

 

- Tá...mas cadê essa pessoa?

 

- Hmm...pelo visto só vocês poderão encontrá-la. Eu e a Karol já escolhemos nosso caminho, então.. Bom, procurem nos lugares menos óbvios.

 

- Mas...

 

- Hãhã, o teste dos guerreiros ilusórios começa aqui. Tomem- O paladino tira oitenta mil zenys da bolsa e divide entre a assustada dupla- Os equipamentos são bem caros, então, vão precisar bastante disso. Pelo amor de Odin, não gastem -tudo- com doces. Boa sorte ! Hmm...deixa eu ver como posso ajudar mais.. Ah ! “Ak gosta de lugares altos e silêncio.”.

 

Na verdade, Akagi estava almoçando esses macarrões de Amatsu com aqueles palitinhos e teve que socar tudo na boca rapidamente, na velocidade de um verdadeiro ninja, quando ouviu o que o paladino falara; dava pra ouvir alguém engasgando atrás da guilda. Pobre mestre ninja. Ele se ajeitou com pressa, relembrou o discurso, escondeu o almoço e apareceu acima do muro, esperando a dupla o encontrar.

 

 Mas, com isso, Ian e Karol deixam os aprendizes, provavelmente os mais felizes de Alberta no momento, e entram na Guilda. O paladino pede para ela se esconder: iam espionar o progresso dos jovenzinhos.

 

Como você sabe disso ? - Karol sussurrava.

 

Meu irmão conheceu o Akagi e me contou sobre a missão dele. Essa é a terceira vez que mando alguém pra ele.

 

- ...Ah, e precisa dessa enrolação toda ?

 

- Não, mas são crianças.. Isso é divertido pra elas.

 

Karol pareceu ter ficado meio boba brevemente.

 

 Nesse momento, o irmão do paladino chegava à Guilda. Gori Delacroix, o “Gigante de Ferro”, era como conheciam o mestre-ferreiro que se erguia como um armário diante daquele e da sacerdotisa. A alcunha veio devido ao seu tamanho e a sua força espetacular, que a blusa branca e a jaqueta de classe mal aguentavam, e que geravam bastante respeito quando somados à sua barba bem-feita e a um cabelo negro e aparado. Seus olhos possuíam a mesma cor castanho-claro dos do paladino e expressavam um cansaço certo para alguém que trabalhava intensamente em algo. Era alguns anos mais velho, alto, forte e, se fazia sucesso com as moças.. ou moços, era bem discreto sobre.

 

Ele carregava uma caixa pesada por cima dos ombros com uma mão apenas para apoia-la, suor descia da sua expressão de confusão calma até seu pescoço. Olhou para os dois e..

 

- ... Que porra que vocês estão fazendo..? - Sua voz soava como um trovão, mas um carregado de bastante calma.

 

- Oi, Gori. Bom te ver, também. Olha ali, Karol!

 

 Ian aponta pra onde estavam os aprendizes. A garotinha, por sua vez, aponta pra algum lugar e os dois correm para lá, sorrindo. Gori também olhou, deu um discreto sorriso e balançou a cabeça de um lado pro outro, falou “Pirralhos guiando pirralhos”, logo entrando na guilda.

 

O paladino pede para a amiga o seguir e mostra que a outra dupla havia conseguido encontrar o misterioso Akagi: a túnica característica, uma venda em seus olhos, longo cabelo até suas costas, braços cruzados em espera. Ele estava em cima de um muro por detrás da Guilda. E tinha um pedaço de macarrão na bochecha dele.

 

 Eles acenaram para a dupla que estava prestes a partir e para o homem; que então retribuíram o gesto e sumiram subitamente, deixando em seu lugar pétalas de cerejeira ; uma árvore de folhas rosas típica de um continente belo e distante.

 

- Uau...isso foi...tão legal! - Karol fala, extasiada com a cena.

 

- Concordo, hehe. Ainda espero lutar lado a lado com um ninja. Ouvi dizer que suas habilidades são extremamente bonitas... e mortíferas. Bem- Ela havia engolido em seco com a última frase- Vamos voltar?

 

- ..Vamos.

 

 --------------Parte II: Gori --------------

 

Voltaram para a movimentada Guilda e foram ao encontro do irmão do paladino. Ele estava em uma das salas menos movimentadas do local, fuçando algumas caixas.

 

- Ei, Gori.- Ele se vira para o irmão- Essa é a hábil sacerdotisa Karol Bewulf; minha parceira de missão. Karol, esse é meu irmão, grande Mestre-Ferreiro, Gori Delacroix!

 

 Karol ficara meio sem graça com a introdução. Ela e o mestre-ferreiro se cumprimentaram com os dizeres usuais “Prazer” e “o prazer é todo meu.”; sem aperto de mãos porque as do irmão mais velho estavam sujas por alguma substância negra.

 

Gori era o que era por um esforço colossal. Caçava seus próprios materiais onde estivessem, se aventurava nas profundezas de lugares como a Mina de Carvão e de cavernas sem nome perigosas quando ninguém mais ousaria ir, já ficou cara a cara com a morte mais vezes que qualquer guerreiro normal gostaria de ter ficado, às vezes ele simplesmente parava uma batalha no meio – “Segurem aí, vou só fazer uma coisa aqui” - e ia minerar pedras aleatórias, e concluía suas forjas com a maestria daqueles que sabiam realmente o que estavam fazendo. E que gostavam disso. Esses eram poucos, e chamados Mestres-Ferreiros.

 

E ele foi à procura desses poucos quando a pirralhada já podia se proteger dos perigos e sobreviver à sociedade.

 

Partiu em busca dos melhores ferreiros em uma grande jornada para descobrir as mais eficientes técnicas que ele fosse capaz de aprender, para aquelas que não conseguia aprender de jeito algum, renasceu. Então treinou até ter suas mãos escoriadas, martelos quebrados e milhares de mini-fornalhas inutilizadas, por fim se tornando capaz de moldar ao seu bel-prazer Oridecon e Elunium com paixão e habilidade.  

 

Não era apenas forte. Era perspicaz, super esforçado, e o primeiro transclasse do grupo original.

 

- Bem. -Ian falava- Eu tenho uma novidade do mercado.

 

- Solta aí.- O mestre-ferreiro de Alberta se ajeita. Senta em uma das caixas, cruza os braços e fica ouvidos.

 

- Karol, se quiser pode se sentar. Vou demorar um pouco... - Ela anui e escolhe uma caixa qualquer das mil que ali tinham - Bom, parece que as plantas azuis estão ficando extremamente escassas. Muitos campos onde nasciam já não tem mais. O preço das poções tá um absurdo! Hmm.. então, o que eu sugiro é - O paladino pega um papel dobrado no bolso do capote e o entrega pro irmão- O Legolelo bolou um ótimo plano de venda e eu fiz algumas pesquisas de itens e essas são as melhores opções, por enquanto.

 

O grande guerreiro analisa o papel e faz uma expressão contente.

 

Nas opções, havia também um código para seu irmão. Mais uma pista; uma agulha em um palheiro.

 

- Hmm...bom. Muito bom, Ian! Vou pôr as ordens de coleta hoje mesmo. Os outros mestres da Guilda vão ficar bastante satisfeitos com isso aqui também.. Vai dar uma bela movimentada no mercado.

 

- Sim, foi o que eu pensei...no caso disso dar certo. A pesquisa de preços que o Legolelo fez tá aí atrás. Tenta colocar a recompensa da ordem por algo em torno de 2,000 zenys por cada um que trouxerem. - Ian respira, antes de continuar- Contatar a Guilda dos Alquimistas sobre o caso das plantas também é uma boa, e ver se os sábios sabem algo sobre se algum monstro tem o necessário para fazer os itens que estão faltando..

 

 As palavras impressionaram o mestre-ferreiro e a sacerdotisa. Ao menos, era o que a expressão que fizeram dizia.

 

 -..Certo, certo. Estão ficando bons nisso, pirra. Parabéns. Parece que você aprendeu a usar isso aí dentro da cabeça, huh?

 

- Haha..ha. Valeu. – Olhou em volta – E meus equipamentos, você terminou?

 

- Estão todos prontos, refinados e polidos. Agora, vem cá, cadê os seus antigos? E a máscara que te dei?

 

- Ahn..longa história. Então...  Foi um pequeno desencontro com uma certa pessoa que...

 

- A Ayla? – Ele cortou sem nenhum rodeio ou pingo de surpresa.

 

“Como é que é?!”

 

- É, foi...hã..é...COMO ASSIM?

 

- Menos, pirra. Ela estava aqui em Alberta. – “Estava aqui? Ela.. veio com a gente?” Ian pensou, mas a ideia lhe soava muito sem nexo. - Nos encontramos quando eu ia pro Galpão. Hmpf..e pensar que a maldita realmente estava viva. E olha só, ela simplesmente ainda disse que tá “tudo legal, que está muito bem, está indo tudo muito ótimo” – tudo muito irônico na fala dele - e que havia te encontrado anteontem, sem me contar muito mais.

 

O paladino ficara um tempo em silêncio, até perguntar ao irmão se ele sabia aonde a desordeira fora. Gori respondeu....

 

..............

 

Ilha da Tartaruga.

 

Andavam com o outro grupo bem atentos aos bichos que se aproximavam; tantos eram os escondidos por aquela selva densa na estranha ilha. De todos, as minhocas bisonhas, os mosquitos vermelhos e as tartarugas nin... jogadoras de shurikens eram os mais perigosos, e vez ou outra espadas defletiam esses perigosos pedaços voadores de metal, até encontrarem de onde veio e o bicho levar meteoritos na cara ou bicadas de homúnculos.

 

Estavam ali mais pelos tesouros que ouviram falar do que qualquer coisa.

 

Combinaram de se manter em silêncio sobre o assunto da noite anterior, até que ouviram algo... muito peculiar. Alguém comentara sobre com os líderes daquele grupo, um arquimago e uma sumo-sacerdotisa.

 

- Mas, de verdade então, podemos morrer aqui simplesmente assim, numa boa? – Um alquimista perguntou – Se você conseguiu ressuscitar uma pessoa ontem, nem precisamos nos preocupar hoje, hã!

 

- Não é bem assim.. – Luhan falou pela amiga, que ficara vermelha e sem resposta – Existem milhares de fatores necessários para funcionar. Não ser partido no meio, não perder todo sangue do corpo, sua alma não ir embora, os mais óbvios... – Ajeitou o óculos - São tantas chances, que pondero ser necessária uma intervenção divina... Não morrais, compreendido?

 

O alquimista e outros do grupo murcharam com isso, mas a fala atiçou a curiosidade do algoz e da desordeira. “Não pode ser..”

 

- Você ressuscitou alguém?! – Ela exclamou. Muitos achavam aquilo impossível, e não ficava fora desses.

 

O algoz até achava possível, mas simplesmente preferia que não naquela hora...

 

- S-sim. O-ontem. – Amu respondeu segurando forte o cajado, sem nem imaginar quem era a pessoa com a familiar máscara olímpica a indagando e, pior, aquele algoz... – Houve um ataque.. na estalagem... e, p-por sorte, estávamos lá.

 

- ...Cara. Estalagem até ouvi, tinha a história de um mercenário locão atrás de um bardo por aí que fez isso, mas... primeira vez que ouço uma dessas. Imagino a cara que esse assassino vai ficar se souber disso. Parabéns, garota.

 

Amu riu e agradeceu a desordeira.

 

Depois que todos outros voltaram a atenção à ilha e seus perigos, aproveitou e olhou para o algoz com “vitória” escrita em toda sua expressão, realmente, ele parecia não ter curtido muito a notícia! Descontou com suas katares no primeiro monstro que viu na frente; só não podia imaginar que aquele coelho boxeador estranho protegia outros coelhos estranhos que protegia outros...    

 

.........

 

 

“Espero que a Amu e o Luhan não tenham preços em suas cabeças..!” Ian gelou ao ouvir aquilo.

 

- Ó. Os barcos que vão até lá voltam em um dia, geralmente. Se quiser vê-la, volta amanhã. Ah ! E a propósito, - Ele o provocou - sua máscara ficou melhor nela.

 

- Ahn...que legal- O paladino fala em sarcasmo- Então..eer. Eu preciso dos meus equipamentos. – Ainda mais se queria ficar vivo a outro encontro amigável com a desordeira - Onde estão?

 

- Lá no meu galpão. Faz um favor, pirra? Ajuda a levar umas caixas?

 

- Aham. O que você está montando, dessa vez?

 

 Gori olha com suspeita para Karol, que estava sentada em uma caixa, assobiando e balançando as pernas descontraidamente.

 

Que tipo de missão você está fazendo mesmo, pirra? - Gori havia entrelaçado os ombros do irmão com um braço e sussurrava

 

Ah. Missão Real de Prontera...Ela é uma enviada do Rei.

 

 No momento que Ian disse aquilo, a sobrancelha direita do irmão mais velho foi parar lá nos poucos cabelos dele e daria uma volta completa por sua cabeça, se isso fosse possível

 

- O..que? Como.. Mas como você foi se meter nisso ! Caramb...enviada do Rei?! Se essa filha da mãe descobre algo aqui!

 

Descobre o que..?

 

 Karol estava atrás dos dois irmãos, mãos nas costas, uma expressão neutra. O paladino tentou manter alguma naturalidade, apesar do susto que levara junto de seu irmão e que os fizera a xingar mentalmente em conjunto.

 

- É. É o que ela deixou bem claro pra mim : Ela descobre o que ela quiser- Karol concorda com um “pois é”- Então, não adianta esconder seu brinquedinho novo..

 

Gori dá um leve sorriso pra ele e disfarça uma cara de “Então tá..”

 

- ... Certo, espero que você vá ser legal e não espalhar isso por aí, sim? – Karol concordou anuindo, mas obviamente não era verdade.- Então, bora?

 

A dupla pega algumas caixas e segue junto com ela para o galpão. O irmão mais velho carregava duas pesadíssimas, enquanto o mais novo carregava apenas uma. A sacerdotisa os auxiliara aumentando a agilidade de cada um e não abençoando por achar que isso já seria abuso da Graça Divina.

 

 -----------------Parte III: O Galpão, a Armadura e um Surpresa-----------------

 

 

O galpão era um lugar grande e simples e impressionante. Ficava perto do mar e Gori o mantinha organizado e limpo com a ajuda de dois aprendizes de ferreiro que ele treinava. Vários mecanismos intrigantes se mesclavam com aparatos de forja em locais próprios para trabalhar metais e, apesar de todas as fornalhas, o lugar ainda conseguia ser bastante arejado pela brisa marítima. Era quase um paraíso para ferreiros e afins, tinha até um poço de água no meio para esfriar as peças, tudo planejado e construído pelo irmão e por amigos próximos a ele, e, curiosamente, ele deixava que qualquer um que conhecia usasse os equipamentos sempre que não trabalhava em algo novo, como era o caso. E esse “algo novo” clamava toda a atenção a si : era um tipo de armadura, gigante e não terminada, que estava suspensa por mecanismos curiosos no meio do grande Galpão. Karol estava maravilhada com o local e Ian não retirava os olhos da tal armadura.

 

- Bom. Pode deixar aqui, pirra. Valeu.

 

- De nada. Gori.. o que é aquilo..?

 

 O irmão faz um breve silêncio e tem um ar de satisfação na face.

 

- Aquilo? Hehe...

 

 Ele limpa o suor da testa e dá um sorriso contente, antes de continuar:

 

- Aquilo é evolução, pirra. Vos apresento a mais nova adição na batalha contra os monstros: O M.E.C.H.A, “Mecanismo Especial De Combate com Habilidade Arcana”.

 

 Karol e Ian soltaram sons de admiração. Cabia uma pessoa dentro do tal mecha e esse parecia bastante poderoso...mesmo que também parecesse inútil aos olhos da dupla.

 

 Um som vindo de uma pilha de metais é ouvido, mas ninguém dá muita importância, devia ser uma rosa selvagem, e a conversa continua.

 

- Tá..e o que isso faz? - Karol pergunta.

 

- Nada! - Gori dá uma risada e uma gota percorre a cabeça dos outros dois- Mas assim que ...um conhecido..trazer minhas encomendas, poderei fazer essa coisa funcionar..com energia arcana. Sabem o que isso significa?

 

- Não...- Ian responde e Karol fica receosa.

 

- Que logo, logo, vocês vão ver armaduras gigantes...que representam a união de magia ciência, à la Asgard, lançando ataques elementais e tecnológicos, auxiliando no descobrimento e na exploração de lugares inóspitos...além de fazer com que seus comandantes aguentem muita, mas muita, porrada.

 

 O mestre-ferreiro falava com uma satisfação contagiante no olhar, com aquele mesmo brilho que os muitos aprendizes que viram por Alberta tinham. O paladino ficou imaginando como seria andar por aí com essa tal armadura e partilhou da esperança do irmão.

 

- Bom. Pena que só gente que sabe de mecânica vai poder andar nessa belezinha.

 

O que fez o paladino se frustrar, soltando um “Aahh...que porcaria!”

 

- Ô, Ian. Sua Igreja num é fresca com formalismo e palavras...de baixo calão, não ?

 

- Ah, se é. - Karol falou.

 

- Pois é...-Ian dá de ombros- Mas eu já te disse. Só ajo seriamente quando é necessário.

 

Gori ia comentar algo, mas Karol interrompe.

 

- Ei, senhor Gori...me diga algo.

 

- Hum.. Sobre o que?

 

- Existe.. uma certa pesquisa, de acesso bastante restrito.. coordenada em Schwarzwald, planos sobre máquinas de guerra poderosas..O “mecha” seria, por acaso, baseado nela?

 

 A pergunta gerou uma expressão de suspeita em qualquer um que estivesse ali.

 

- Sim... É baseado naqueles estudos. E como você sabe disso?

 

- Não e algo que eu possa falar...-Karol dá um leve suspiro e recita preces- REVELAÇÃO!! Com mais alguém aqui!

 

 Um orbe de luz azulada começa a sobrevoar a sacerdotisa, e ela de repente some de vista. Se teleportando para perto de uma pilha, sua habilidade revelou um mercenário escondido entre caixas e materiais!

 

- Mas oq-! – Ian não tivera nem muito tempo para pensar

 

Ele tenta se afastar da garota arremessando várias facas, provavelmente envenenadas, contra ela, mas Karol, com uma maça achada em uma das caixas que o mercenário derrubara no susto, avançava feroz por meio de teleportes assustadoramente precisos. Ian tentava inutilmente acompanhar o movimento dos dois e Gori procurava algo em suas coisas enquanto a batalha se desenrolava. O mercenário conseguira recuar o suficiente para ficar perto de uma saída, mas ela com maestria se teleportava para onde quer que ele fosse, bloqueando as chances dele de escapar e aplicando vários combos entre golpes de maça e corpo-a-corpo, bastante peculiares para uma sacerdotisa. O sujeito, por sua vez, se limitava a desviar dos golpes sem nem mesmo sacar suas armas; o que deixou bem claro qual era seu objetivo – informações.

 

A única coisa que o paladino fora capaz de fazer foi recitar Redenção e tomar qualquer dano pela amiga, já que os combatentes se movimentavam em um passo que mal acompanhava com os olhos. E o mercenário não estava nem um pouco interessado em causar danos, foi um ótimo desperdício de energia!

 

 Gori reaparece dentre uns minutos de batalha; utilizava uma grande e pesada luva de couro para segurar uma curiosa bolinha azul. Ele começa a mirar o mercenário, e, em um momento oportuno criado por Karol ao acertar golpes no espião e o fazer parar um pouco, o mestre-ferreiro atirou a tal bolinha com toda sua força, acertando em cheio a parede. Uma nuvem azulada tomou conta de parte do local em que o projétil acertara, congelando o ar e distraindo a sacerdotisa.

 

- Karol ! Cuidado !! – Ian exclamou.

 

- Hã...!?

 

 Mas era um pouco tarde, pois o mercenário aproveitara a distração da garota para empurra-la contra a nuvem. Karol teve parte de seu corpo congelado e quase que não consegue se teleportar pra longe do perigo, de qualquer jeito, com isso o mercenário finalmente escapa. Gori impediu o irmão de tentar seguir o invasor.

 

- Deixa. Não vale a pena. Vamos, temos que ajudar sua amiga sacer-nária-ninja. Procura ela enquanto eu tranco aqui e checo uma máquina..

 

Ainda mais porque Gori havia acertado do jeito que queria aquela bolinha, mas ninguém imaginava isso, nem Ian.

 

- Essa for por pouco. – O sujeito enxugou a testa e deu o fora dali.  

 

...........

 

 Procuram até o último lugar ser uma sala trancada. O paladino pede ao irmão, que mexia em mais uma nova máquina estranha que na última semana não estava lá, para abrir a porta. Ele exclama algo como "de novo essa porcaria não funciona”, e vai lá meio emburrado.  

 

 Os irmãos então se depararam com a garota apoiando o corpo numa pilha de bagunça. Ela estava congelada dos pés à boca, salvo o braço direito e parte da cabeça; o que dificultava sua respiração e quase fez com que desmaiasse. Ian e Gori rapidamente se puseram a carregá-la para perto de uma fornalha insuportavelmente quente, e que descongelou a garota rapidinho. E a primeira coisa que ela diz..

 

- Mas que porra foi aquilo!? Mal deu tempo de fugir! - A sacerdotisa “pedia” explicações, espantada. Ian também esperava saber o que era.

 

- Aquilo era azoto líquido. Congela instantaneamente tudo que for pego na área de impacto.

 

- Insta...? – A surpresa ainda fora menor que o medo - ..E você, provavelmente, fará o tal mecha disparar essas coisas por aí, hum?

 

 O mestre-ferreiro balança positivamente a cabeça, animado até demais.

 

- ... E quando Vossa Majestade saberia disso..?

 

 “Ela vai causar problemas...”

 

- Quando estivesse funcional.- Gori diz sem titubear-.. Mas parece que ele vai saber antes da hora, se depender de você ou do espião.

 

- É meu dever..- Karol suspira- Mas vou guardar essa informação, por enquanto. A última coisa que quero ver é gente louca causando o caos por aí com esses troços de metal e magia! Quanto menos pessoas souberem que há algo como isso quase pronto, melhor..

 

- Que bom que concordamos! - Gori e Ian falam em uníssono. Não era pelo mesmo motivo, mas isso não impediu uma pequena risada- Mas, enfim. - O mais velho continuava- Vocês devem estar com fome depois do que ocorreu aqui...Se quiserem se juntar a mim, vou para um ótimo restaurante.

 

 O paladino e a sacerdotisa se entreolham, um esperando pela reação do outro.

 

- Por mim, tudo bem..- Ian diz.

 

- ..Vamos, então ! Esse “aquecimento” me deixou mesmo com fome..

 

 Ian e Gori olharam com suspeita pra sacerdotisa.

 

- E você pode explicar como sabe da pesquisa no caminho.- Disse Gori.

 

- Ahã. Mas vamos.

 

 O trio se pôs a andar e foi conversando ao longo do caminho. Karol explicou que um círculo de informantes havia descoberto sobre essa pesquisa e o que a República de Schwarzwald pretendia com ela. A sacerdotisa não acreditava que algo tão surreal quanto eles diziam podia ser criado até ver o “mecha” em que Gori trabalhava. Ela também dividiu a informação de que dentro do Castelo suspeitavam que as intenções primárias da República eram criar uma máquina de Guerra perfeita, e que isso estava gerando mais tensões ainda na família Real; pois se perguntavam como que Prontera responderia à essa possível ameaça. Após isso, o papo do trio rapidamente se desenrolou em assuntos políticos e econômicos, e o conhecimento em ambas áreas por parte dos irmãos impressionou um pouco até demais a sacerdotisa, que acabou perguntando sobre algo sensível : “Como que um guerreiro e um ferreiro sabiam tanto sobre assuntos específicos de Rune-Midgard?”. Os irmãos não podiam dar a resposta verdadeira à pergunta, ou colocariam tudo que eles e várias outras pessoas construíram em risco.

 

- Ah..bem, Karol..Sabemos porque precisamos dessas informações. Afinal, estamos meio que...bastante ligados com a economia de Rune-Midgard...- Ian diz. Será que colaria? Viu aquilo num livro. Não era mentira, mas também...

 

- Hã ?

 

- Bom, irmã. - Gori suspira- Ter...muitos...zenys responde a sua pergunta?

 

- Hmm..- Karol fica pensativa- Em partes.. Não explica o conhecimento sobre nossa política..

 

 Gori a olhou como se ela fosse retardada e estava prestes a dar uma resposta rude, ele não tinha lá muita paciência, algo como “Caramba, acredita logo na minha super verdadeira afirmação”, se não fosse Ian o olhando de cara feia. O paladino resolve explicar melhor.

 

- Bem, Karol.. política e economia são assuntos muito atrelados, infelizmente. Você deve imaginar.. Como as famílias nobres. Elas têm ou muito poder físico ou poder econômico. Ou os dois. E isso dá um grande espaço a elas no campo de decisões políticas porque o que fazem pode afetar toda uma vila.. ou um continente.

 

- Uhum ?

 

- Então não é lá muito sábio deixá-los fora. É melhor saber, nem que seja um pouco, sobre as intenções de cada um. Pelo menos dá pra evitar que façam muita besteira.

 

- Ah. Entendi, agora. Quer dizer que quanto mais dinheiro, mais poder.. Isso não é ruim?

 

 E aí a conversa continua até chegarem ao restaurante. Seu formato era inusitadamente parecido com uma pequena torre e chamado “Variedades Sem Fim”. Fora construído de frente ao mar, podendo ter toda aquela vista, e seu espaço se estendia até a um cais de madeira que descia o paredão, tendo mesas e guarda-sóis por lá. Comer em cima das águas era uma ideia muito interessante, então, tudo ocupado. Sobrava ficar lá dentro.

 

Estava uma barulheira, mas ainda era possível conversar. O trio pegou uma fila meio grande, vendo tantas opções de comidas, das mais tradicionais às de além-mar, era realmente complicado a muitos saber o que escolher, e, olha...

 

- Karol, não é? – O mestre-ferreiro puxou papo com a sacerdotisa – O Ian já te deu algum motivo para querer bater nele?

 

À pergunta inusitada, Karol riu, mas negou.

 

- Pois é. Espera ele te mostrar o quão lerdo ele consegue ser. – E completou rindo.

 

Na frente de ambos, o paladino descontraidamente começou a atrair a fúria dos que aguardavam na fila. Não sabia se escolhia mais camarão, o treco de boa-aparência chamado Peixe-espada com Chilli, ou tudo que via pela frente, e, passado pelo menos uns 3 ou 5 minutos, Gori desferiu-lhe um tapa leve na cabeça e falou "Anda logo".

 

A fila já estava quilométrica; uma fila de pessoas que estavam tão indecisas quanto ele: comer a comida, ou comer esse infeliz? Carne de gente não parecia ser uma opção apetitosa, então, eles esperavam de qualquer jeito.

 

- Ah tá, entendi agora. – A sacerdotisa riu.

 

- Pois é. – Gori anuiu sorrindo, meio que achando graça do irmão, meio que irritado. – Taí o primeiro motivo.

 

 E finalmente, depois de se satisfazerem e jogar papos aleatórios fora; indo novamente de política e economia, até sobre algumas aventuras dos dois irmãos por aí, mas não sem antes Ian pegar um espetinho com o tal do Chilli no meio porque ficou com isso na cabeça, voltam ao balcão do anão de latão.

 

 Enquanto caminhavam e o paladino queimava por dentro, com até suas veias pegando fogo e ele xingando a dupla que ria dele por não terem avisado sobre o que era um Chilli, Gori conversava com a sacerdotisa.

 

- Bewulf, é?

 

- Sim, Karol Bewulf...- Ela olha para Ian novamente. Ele estava comicamente com a cabeça para cima, abanando a boca aberta - Hehehe..

 

- É um sobrenome... bastante incomum. Era dado pra guerreiros da antiguidade.  Mas, me diz, de onde você tirou aquelas habilidades corpo-a-corpo? Creio que seja uma monja frustrada?

 

  A sacerdotisa dá uma risada.

 

- Não, não. É que... Eu e meu irmão treinamos bastante. Ele queria ter certeza que eu seria capaz de me virar sozinha quando não estivesse por perto.

 

- Ah. Interessante.. Pô. Aprendeu bem, pelo o que eu vi. Você já deu uma surra no pirralho?

 

 Ian nem prestava atenção. Sua boca ardia tanto que já era capaz de cuspir uma Bola de Fogo.

 

- Hihi. Não.. fora hoje, não me deu motivo pra querer bater nele! - Karol dá seu sorriso fofo.

 

- Ah. Então você tem muito a conhecer, ainda, haha! - Gori se divertiu com aquilo- Bem. E o seu irmão ? O que ele faz?

 

- Hã..

 

 Karol fita o paladino mais uma vez e ri, antes de falar quem era ele.

 

- ...Reysen? Nossa. Há alguns anos não ouço esse nome...

 

 Esse comentário deixou a garota espantada, era visível, mas ela tentou se conter e manter uma postura, a curiosidade estava em seus olhos.

 

- Você o conhece..?

 

- Ah, conhecia sim.- Gori franze o cenho com a reação da garota- Ele costumava me trazer pedidos de forja e refino, conversávamos bastante sobre as aventuras dele. Nós até batalhamos juntos algumas vezes. Mas... de repente.. ele parou. Suponho que ele tenha achado alguém melhor, é?

 

- Não...é que...ele está em uma Missão, em Lighthalzen.

 

- Lighthalzen ..!? - Exclamou o paladino, atraindo os olhares da dupla e seu bafo de fogo quase queimando suas sobrancelhas. - .. O-o – “Ops, reação errada.”- que ele foi fazer naquele fim de mundo?

 

 Karol pareceu um pouco receosa de responder.

 

- Ele não me disse...-A sacerdotisa dá um suspiro- Eu também queria saber.. muito..

 

Após a declaração, um breve silêncio tomou a caminhada.

 

 

 -----------------Parte IV: Contos, lugares e lendas------------------

 

 

Agora estavam bem perto de chegar, não demoram muito, o galpão ficava no porto naval. Grande parte do movimento de Alberta era devido a esse. Diversos turistas e marinheiros chegavam e partiam, cada um trazendo ou levando ares de novidade, lendas e histórias de suas jornadas.

 

O paladino e o mestre-ferreiro partilharam algumas com a sacerdotisa; ela ouviu com muito entusiasmo.

 

Os irmãos gostavam de ouvir as histórias sempre que possuíam tempo livre, algumas eram sobre uma ilha paradisíaca, um lugar que parecia saído de sonhospara onde iam recém-casados aproveitar a Lua-de-Mel ou raros solteirões tentando a sorte. Outras histórias eram sobre uma cidade cujas construções traziam um sentimento de estar em um local ancestral; suas mais famosas eram um grandioso palácio: o “Castelo do Dragão”, e uma Muralha, que circundava e protegia uma cidade com muros a se perder de vista, com os habitantes do continente sendo considerados entre os mais estranhos e honrados guerreiros do mundo. Viajantes também contavam sobre uma magnífica ilha que é lar das Cerejeiras e onde alguns habitantes criaram melodias simplesmente inesquecíveis e com gosto de saudade. Contos folclóricos fantásticos e comidas exóticas faziam parte do dia-a-dia da população, como o Sushi, arroz enrolado em alga que poderia levar complementos como peixe cru; além do lugar abrigar Guilda que aquela dupla de jovens aprendizes procurava pela manhã. Havia ainda o rumor de uma cidade que flutuava naturalmente nos céus, nada como Juno, entre grandes e pequenas ilhas voadoras estavam suas construções e pessoas. E falaram ainda que lá se encontravam miniaturas de muitos lugares do mundo, até as cidades do reinado estavam lá, tão hábeis eram seus artesãos! Histórias e locais para visitar eram justamente coisas que não faltavam a qualquer hora em Rune-Midgard.

 

- Bom.. ali estão seus itens, pirra.- Gori aponta para uma mesa assim que adentram o balcão - Divirta-se.

 

- Heh. Valeu, Gori. E posso te pedir mais uma coisa?

 

- ...Diga.

 

 Ian desembainha a espada.

 

- Tem como você refinar ela mais uma vez?

 

 Gori olha para o irmão como se dissesse “Retardado”.

 

- Eu já refinei isso aí sete vezes.

 

- É...eu sei. Mas eu vou colocar as cartas.

 

- Tá.- Gori dá um suspiro- Me dá isso aqui. Vou ver o que posso fazer.

 

Ian agradece novamente o irmão e pede ajuda à sacerdotisa para pôr a nova armadura. Prata, oridecon e aço misturados. Era fruto de um acordo feito entre os Paladinos que previa a criação de um padrão aos membros da Guilda, para facilitar a identificação de cada um. Ostentava símbolos da cruz vermelha em vários pontos e era reforçada o suficiente pra aguentar muito dos desejos insanos de paladinos de usar o corpo como escudo; mas claro, não queria dizer que era indestrutível. Gori estilizara a armadura do irmão, e caramba, ficou bonita, ele ainda colocara algumas linhas azuladas simples contornando algumas partes. 

 

 ..........

 

- Obrigado, Karol.

 

- Hmm...não há de que. Mas essa tralha toda não é pesada, não? – Ela falou, meio corada.

 

- Naah. É mais leve que aquela outra armadura. Eeer..mas ainda é pesada.

 

 Gori reaparece com a Lâmina+10.

 

- Pronto, pirra.

 

- Nossa !- Karol exclama- Você foi rápido. Agora entendo porque meu irmão te procurava.

 

- Bom..tenho que fazer valer meu título, certo? - Ele dá um sorriso de satisfação- Mas estranhei algo. Você refinou mais vezes, não foi, Ian?

 

- Eeer...é. Mais duas..

 

-... - Gori fita o teto antes de voltar o olhar pro irmão- Ainda bem que percebi, ou você teria uma inútil faca de cozinha...ao invés de uma espada.

 

- Ué. Não pensei que fazia diferença pra você.

 

- Faz. Todo detalhe no trabalho de um ferreiro faz. Faz diferença do material que vou usar pra temperagem até o ponto de fusão que eu tenho que deixar até a hora de amolar, caramba.

 

- Tá...Vou me lembrar disso. Foi mal, sério.. 

 

 Ian embainha a espada e vai indo pegar seu escudo. "Ahhh!", como sentiu falta daquele pedaço de metal desconhecido encantado. Estava polido, brilhante e... Não acreditou

 

– Caramba, você realmente conseguiu colocar!

 

Não escondeu a surpresa ao ver que seu irmão havia integrado um sistema de propulsão no escudo. Agora, esse pedaço de metal basicamente podia voar por aí com a ajuda de algumas gemas azuis.

 

E se impressionou não porque era difícil colocar um desses, qualquer ferreiro conseguia o que Gori mesmo disse, a questão era que...

 

Aquele escudo era um artefato ancestral. Poderoso, encantado, verdadeiramente indestrutível. Para quem olha parece um simples metal cinzento, com traços desenhados em si que vagamente lembravam um pássaro ou ser dourado de asas abertas irradiando luz para baixo. Mas era a maior prova de orgulho pro paladino, fruto de uma longa caminhada de um ano que poucos templários escolheram persistir até o fim...

 

Enfrentou as Provações Divinas com sucesso. Lendas trocadas entre todos os seguidores de cada Deus, desbravadores de ruínas e locais perigosos, estudiosos e entre os guerreiros que almejavam algo poderoso a si, as Provações eram desafios forjados ao longo das eras, em cantos diferentes de Midgard, que se tornariam específicos pra cada pessoa. Quem conseguia com sucesso as completar, era abençoado de alguma maneira, e assim as lendas diziam, mas não se sabia mais ao certo que tipo de “bênçãos” eram essas. E ninguém considerava verdade naqueles dias, até o paladino e seu grupo tentar e conseguir...      

 

...Naquele fatídico ano em que Hyriuga se foi, e em que todos se separaram, foi quando descobriu sobre essas lendas. Cada um do antigo grupo havia partido em busca de se tornar melhor; mais forte.

 

E esse foi o jeito que ele e seu irmão encontraram. Foi também quando conheceram a atual comandante de defesa de Prontera, que também fez parte da jornada. O que ela ganhou foi de um jeito bem interessante, enquanto o paladino encontrou seu escudo na última ruína, ela teve uma surpresa ao voltar pra casa quando a aventura terminou: veio de seus pais, o presente deixado por seu avô: uma espada oriental belíssima, Tae Goo Lyeon, que parecia brilhar em energia sagrada algumas vezes. 

 

“2 Anos atrás... E cá estamos.” Tiveram poucas notícias uns dos outros nesse tempo, Legolelo, Ian e Amu sendo os primeiros a se reencontrar, Viton e Mahzinha estando ainda em suas jornadas.

 

- Caramba... -Repetiu, ainda impressionado - Haha, você deve ter tido suas mãos abençoadas pra conseguir isso. – E falou brincando, mas Gori..

 

- Hmpf. – Deu um sorriso de canto que basicamente confirmava aquilo, deixando o paladino bastante surpreso.

 

E Karol...

 

- ... Ué, perdi alguma coisa?

 

Estava levemente perdida.

 

- Não, é algo entre a gente. – Ian respondeu enquanto agradecia Gori com um aperto de mãos – “Mas, do jeito que as coisas andam, você vai acabar sabendo também, mesmo. Da minha vida inteira!!” – Talvez outra hora eu te conte. Bem, vamos então? Acho que já te enrolei demais, né?  

 

- É.- A garota dá um sorriso simpático. Provavelmente era falso. - Mas foi divertido !- Ou não.

 

O trio então se despede e cada um segue caminho. Gori volta a mexer em uma balista, e Ian e Karol vão para a Kafra mais próxima, decidir os próximos passsos que tomariam.

Um amontoado de pessoas requisitava os serviços da moça, como era de se esperar, então o paladino apenas deixou algumas coisas no armazém e ele, a sacerdotisa e alguns pedintes foram de portal para Prontera.


Notas Finais


Espero que tenham gostado de conhecer Alberta e seu Mestre-Ferreiro ;D


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