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História Guerreiros de Midgard : Almas da Mudança - Agonia no Destino Repetido


Escrita por: Caiuscross

Notas do Autor


"A primeira chave se preenchia e ganhava forma, e, então, ficava mais parecida com a outra.."

Capítulo 8 - Agonia no Destino Repetido


Fanfic / Fanfiction Guerreiros de Midgard : Almas da Mudança - Agonia no Destino Repetido

Karol lia um livro de romance, sentada à mesa, virada de costas pra janela fechada.

 

A parca luz de uma vela era a única iluminação para o quarto agora, ainda sem muito sono; talvez aquilo, o cheiro das margaridas na mesa e a leitura acalmassem sua mente um tanto agitada e a deixassem dormir. Nem mesmo o conforto do seu pijama favorito estava ajudando.

 

- Aw. - Ela suspirou, soltou um bocejo, e mesmo assim... - Não vai ser hoje que durmo.

 

Um vento frio passou e ela se tremeu. 

 

Quando se levantou para fechar a janela...

 

- Vai sim

 

A luz da vela se apagou.

 

---------!!---------

 

 

 

Uma pancada na parede.

 

Um som abafado de Kyrie Eleison sendo conjurado e em instantes destruído..

 

Um grito, e Ian já estava derrubando a porta do quarto da Karol, armado com sua espada e suas melhores habilidades..

O que viu...

 

Uma suave brisa entrava pela janela...

Tudo estava escuro.

Nenhum sinal da sacerdotisa. Ou de alguém.

 

...Liga a luz.

 

E lá estavam, os traços de batalha: estilhaços de vidros, mobília quebrada ...

 

E um rastro de sangue que levava até aonde ela estava...caída...

 

A agonia que sentiu...

 

- Na..Não!! Por favor, não !

 

 Correu até aonde a sacerdotisa estava, a pegando em seus braços.

 

- Karol..!? ... Acorda..!

 

 As lágrimas começavam a cair; o desespero o tomou. A gélida garota estava cortada e perfurada em várias partes do corpo; não havia chance de ela estar viva ou sobreviver...

 

“Não acredito...! Não... ! Era uma mensagem...! Eu devia ter vindo antes, eu ..!”

 

- I...

 

 Karol tosse sangue. Como se alguma força a tivesse dado últimos segundos para tentar viver, ela abre um pouco os olhos, e fala como se houvesse agulhas em sua garganta.

 

- Ygg...bol..so...frente..

 

 A deixando cuidadosamente no chão, ele corre com lágrimas e esperança nos olhos para a bolsa da sacerdotisa logo em seguida, pois os restos ensanguentados do que ela usava sequer pareciam ter bolsos, e acha folhas de Yggdrasil junto a gemas azuis e na pressa pega tudo de uma vez. Tentou desesperadamente usar as folhas; a fez mastigar, tentou uma prece, pôs elas acima da sacerdotisa, mas depois de tudo não dar certo, depois da folha sequer brilhar o mínimo que fosse para mostrar que funcionaria, tudo indicava o pior, entrou novamente em desespero.

 

- Droga..! Droga!!

 

 Karol já não acordava

 Não respirava...

 

 Pessoas se amontoaram na porta para saber o que estava acontecendo. Uma delas começou a barrar a passagem de todos e a afasta-los quando viu o que acabara de acontecer no quarto. O silêncio posterior só era quebrado pelo choro que misturava raiva e tristeza do paladino. Havia falhado de novo... “Era para protege-la...! Eu não acredito.. era pra..”

 

....

 

- Que comoção é aquela? – Um arquimago, chegando agora na recepção, falou para sua companheira de aventura, apontando para o tanto de pessoas em um quarto– Parece...

 

Quando ela viu a face daquela que tirava as outras, falando que não havia nada a ser visto ali, entendeu...

 

- Não parece, é! Vem!

.........

 

Deem licença!”

” Rápido, retirem-se!”

 

Duas pessoas entram correndo no quarto. As lágrimas do paladino já haviam secado. Aquele momento em que perdeu alguém que poderia ter sido uma das pessoas mais diferentes que conhecera pareceu uma eternidade, mas sequer foram muitos minutos...

 

Senhor. - Uma moça com vestes vermelha e branca, parecida, porém mais detalhadas, com uma de sacerdotisa, havia aparecido. A visão turva do paladino e aquele cheiro de uma flor que formigava seu nariz e o cansava tanto impedia que ele pudesse reconhecer algo além disso

 

Rápido, deixas a folha de Ygg e se afaste! - Um sujeito de voz áspera falava agora. Ele utilizava o que aparentavam ser vestes de bruxo, mas com uma manto marrom escuro e ombreiras vermelhas. O poder deles era tamanho que às vezes parecia escapar de seus corpos, dançando quase invisíveis energias azuis e desaparecendo no ar. Ian não sabia o que fazer e apenas acatou com a ordem.

 

O bruxo suspeitava que quem quer que tivesse feito aquilo ainda pudesse estar ali. Ele conjura uma Chama Reveladora e então a explode em uma

 

- Supernova!!

 

Teria sido bem perigoso, mas, tamanho era o controle elemental daquela pessoa que, em uma pose que cruzava em frente ao corpo e em forma de “X” seu braços com sua arma, um cajado dourado, que ele controla a onda de chamas, deixando várias pequenas suspensas em cada canto do quarto, dançando, iluminando, revelando qualquer tipo que fosse de sombra suspeita. Mas..

 

- .. Não há ninguém aqui.. – “Quem quer que tivesse feito aquilo já tinha fugido..”, ele pensou - está livre, Amu! – E apagou as chamas fechando o punho da mão livre. – É contigo.

 

Ela cruzou as mãos e fechou os olhos.

 

 - “Glorioso Odin, ouça meu pedido...!” “Imploro-te, que o maior presente que nos dera ....”

 

A sumo-sacerdotisa começou a conjuração. Ela era tão poderosa que até mesmo o ar envolta começou a mudar..

 

Um brilho rodeou Karol, começando a entrar nas suas feridas, conectando, fechando, pondo no lugar, curando..

 

Dando pequenas chances...

 

Era uma daquelas raríssimas vezes...

 

- RESSUSCITAR !!

 

- Ai...- Ela cospe parte de uma folha de Ygg- Ugh ...!

 

. . . Em que a habilidade não era uma falsa esperança.

Havia funcionado!

 

 Todos voltaram a respirar, tendo impedido qualquer ar de sair do corpo por causa daquele suspense todo. Foi um alívio, mas algo ainda estava errado..

 

- Tens muita sorte, irmã. Essa folha abençoada manteve a ti viva tempo o suficiente para as Valquírias não carregarem tua alma de volta à grande Vallhala...

 

 A sacerdotisa olha pra aqueles que a salvaram. Ela estava bastante zonza e grogue e não conseguia entender o que acontecia ali no quarto.

 

- Uuuuhh...ah...Obri..gada?

 

- Devias agradecer ao poderoso Odin, irmã Bewulf. E a teu companheiro...

 

 As pessoas de fora estavam aplaudindo a moça do vestido vermelho e branco, extasiadas com o feito. Sacerdotes normalmente só conseguiam ressuscitar gente desmaiada; por isso o feito da salvadora era algo extraordinário: havia apenas uma chance em milhares que fossem para aquilo acontecer, dependia de tantos fatores...

 

 Mas Ian continuava ajoelhado no chão, sem reação. Não porque ele queria, mas...

 

- Paladino.. Está bem? – A moça pergunta.

 

 Nenhuma resposta. Ian olhou na direção dela, mas não a enxergava. Mal conseguia entender que falavam com ele. O bruxo começa a ficar inquieto quando vê a situação dos dois jovens. Ambos pareciam que iam desmaiar...

 

Aquele cheiro!!

- Amu..! O ar! Há veneno neste local !!

 

- Saiam ! Saiam, rápido! – A outra gritava para a multidão na porta.

 

 A garota chamada Amu então ajuda Karol a se retirar do quarto; assim como o bruxo fez com Ian. “Uuughs!”e “Eeeews!” eram feitos pelas pessoas que começavam a mascar ervas-verdes e a tomar poções feitas com essas, que eram piores ainda; para se verem livres dos efeitos do veneno. Um bardo com olhos azuis e um curioso e longo cabelo preso em uma trança dividia algumas com um sujeito alto e encapuzado, que constantemente olhava pra baixo. Ele ofereceu poções à Amu para que ela pudesse se curar e curar o trio restante; e sua lira cor de prata chamaria bastante atenção, se não fosse o jeito refinado que o sujeito tinha para falar.

 

- O-obrigada, Irmão. Que o poderoso Odin vos abençoe em vossa jornada.

 

- Não há pelo o que agradecer, minha digníssima senhora. A honra de poder estar em sua gloriosa presença e seu sorriso são o bastante para agradar a este mero bardo viajante - Ele diz, curvando o corpo pra frente em forma de respeito. - Com sua licença, nobre dama, preciso me retirar deste lugar.

 

 Amu cora e agradece novamente o bardo. Esse então se retira com o encapuzado; o apressando. Parecia bastante inquieto.

 

Ela então dá as poções para seu companheiro e para a dupla que acabara de ajudar, ficando com as sobras daquelas. A outra sacerdotisa estava sem jeito e agradeceu estranhamente as pessoas que acabaram de salvá-la; aproveitando o momento para tomar banho e trocar de roupa no quarto do paladino, motivada pelo encontro amigável em seu próprio.

 

Ian finalmente reconhecia a pessoa que salvou Karol (e a ele também, devido ao veneno), à medida que a poção fazia efeito.

 

- ... Amu!?

 

 E faz que ia abraça-la, mas ela o para com um gesto. Ian entendeu o motivo após ela falar com muito formalismo, não muito típico à sua amiga, e julgou que seria pelo mesmo que Karol falara a ele de manhã no quarto dela: chatice de uma certa instituição.

 

- Senhor Ian. Que honra vê-lo novamente.

 

- Ah...hã...tá. Ééé...querem entrar ?

 

- Vossa amiga . . .

 

- Hum? Ah..Não acho que tenham algo a se preocupar. 

 

Amu e o bruxo se entreolham, apreensivos. Mas acabam por aceitar o convite. Assim que entram, o paladino avista as roupas da amiga na cama. “Na pressa, ela deve ter esquecido.. Hã, melhor colocar na maçaneta da porta do banheiro.” Quando ia levando, um papel caiu no meio do caminho e em sua parte da frente era reconhecível algo como ”... o que fala..”, meio apagado.

 

“Esse bilhete...”.

 

Ian põe o papel de volta à roupa e a coloca na porta, ignorando por agora o que aquilo significava. Ele se volta aos dois convidados: um esperava sentado no sofá, e a outra esperava em pé.

 

- Já posso te dar um abraço? - Fala para Amu, a sumo-sacerdotisa que não só era uma das mais incríveis que andavam por aí, quanto era uma grande amiga de jornada.

 

E ainda apareceu no melhor momento.  

 

 Ela era mais velha que o paladino, mas não aparentava. Os pequenos olhos esmeralda e o longo e liso cabelo branco eram muito belos e se completavam no sorriso meigo que ela carregava. Seu pescoço era protegido por um cachecol, em um ombro vinha uma bolsa de viagem de uma alça, e em sua cabeça repousava um diadema dourado com diversos detalhes bem forjados. Em uma das mãos protegidas pro luvas de frio ela trazia um longo cajado místico, parecido com ramos de alguma árvore poderosa, talvez, da própria Yggdrasil, mas isso era um longo chute.

 

Amu era a transclasse dos sacerdotes, que o paladino nunca teria tido chance de conhecer não fosse ela, e uma das poucas sumos que ousava se aventurar em Midgard depois das notícias que uma das mais poderosas simplesmente sumiu se espalharam.

 

- Pode! - Amu falava de um jeito tímido e bastante doce. Ela e o paladino se abraçam.

 

- Ahh, quanto tempo! E, caramba, não podia ter sido em uma melhor hora!

 

- Parece que Odin planejou nosso reencontro, hehe. Como a irmã Karol e você estão?

 

- Ah..hã...Eu estou bem, mas ela... não sei.

 

 Ian olha pro banheiro: a roupa havia sumido. Checou a janela para ver se não era trabalho de alguém muito rapidinho, rapidinho; rapidinho do tipo lâminas destruidoras..

 

Não era, ou talvez ele não fosse estúpido o suficiente para enfrentar três de uma vez.

 

Mas, noite a dentro, uma figura misteriosa perseguia a outra. – “Como ousa roubar o que era meu!”, ela exclamou antes de entrar em combate com a pessoa. “Darkk, seu maldito!!”

 

- Caramba, eu nem sei o que dizer...Vocês nos salvaram duas vezes em menos de uma hora. E agradecer então, como faz?

 

- Agradeças a ela, apenas. Não fiz algo de mais. Bom. Sou Luhan. – Ele levanta seu chapéu de cowboy em uma reverência.

 

 Quem falava agora era o bruxo, e, logo de cara, seus longos e selvagens cabelos castanhos chamavam mais atenção que o estranho chapéu. Os óculos vermelhos dele contradiziam a expressão descontraída que seus olhos de mesma cor do cabelo e seu sorriso traziam. Não era bem o estereótipo de magos. Nem mesmo o de bruxos. O paladino sentia como se ele estivesse...em um nível bastante diferente daqueles, além de parecer emanar uma aura que demonstrava o quão forte ele era. Aquele cajado com um dragão dourado segurando uma esfera no topo, por exemplo, parecia forte demais para um bruxo conseguir utilizar.

 

- Prazer, Ian Delacroix! - O paladino aperta a mão do sujeito em cumprimento.

 

- Esse é meu amigo, Luhan. Ele é um Arquimago.

 

- Arquimago..?! Como aquela desaparecida...?

 

- ..Certamente... – Luhan pensou um pouco - Detenho o mesmo título que ela... Mas ainda demorarei para alcançar a lendária maestria que possuía...

 

  Ian jura que ouviu o arquimago sussurrar ”...e babaquice” antes que ele começasse a mexer na mochila de couro que trazia consigo, mas costumava ouvir errado e não queria comentar mais profundamente sobre o assunto. O pouco que sabia sobre a história dos desaparecimentos de pessoas poderosíssimas já era incrivelmente perigoso para qualquer um.

 

- Entendo. Bom! É uma honra te conhecer. Hei, podem se sentar. Vocês devem estar cansados.

 

 Ela balança a cabeça em afirmativa e se junta ao arquimago no sofá.

 

- Sim, estou, hehe. E não é verdade, Luhan. Se você não tivesse aquela ideia, não estaríamos aqui agora... Mas então, Ian. Que surpresa ! Por quê você sumiu ? Nunca mais apareceu lá na Igreja de Prontera..

 

- Hmm.. eu estive lá esses dias, na verdade. Até estranhei que você não estava. O que tem feito, além de começar a falar estranho?

 

 Ela dá uma risada.

 

- Bem...eu.. Eu estou tentando me provar à Igreja e a Odin.. para que eu possa ter a chance de ser eleita Arcebispa. A mãe da Magaleta só veio piorando esses anos em que ela sumiu, e agora ela adoeceu bastante, então..você entende, né?

 

- Sim.. Caramba. Arcebispa é um cargo importantíssimo...

 

 Ian, na verdade, só se lembrava da senhora Sorin, agora com seus 60 e poucos anos. Há 3 anos sua filha, uma sacerdotisa lendária chamada Magaleta, sumiu misteriosamente junto de sua equipe enquanto investigavam algo em Lighthalzen e, desde então, não se ouviu mais nada sobre ela. 

 

-..Mas o que está fazendo aqui, então?

 

- Calma. Foi assim:

 

 A sumo-sacerdotisa começa a narrar sua história. Pelo o que podia contar, ela recentemente adquirira o poder mínimo necessário para se tornar Arcebispa, provado pelo tamanho poder que adquirira – poder esse que até mesmo parecia a contornar e escapar dela em bolhas energias azuladas - mas estava tendo problemas para realizar uma missão de proteção que fazia parte de um dos testes, e, por isso, julgou que não estava preparada o suficiente.

 

 Seu amigo Luhan a encontrou na biblioteca de Juno enquanto ela estudava livros de suporte avançado, e ele sugeriu que treinassem na ilusória Ilha da Tartaruga, famosa pelos fortes monstros que a habitavam.

 

A ilha era um lugar muito tentador, porque em alguma parte de um lindo palácio que ficava em suas profundezas, havia um elixir capaz de estender a vida de quem o tomasse, ou assim as lendas bradavam. Mas os felizardos que conseguiam sair vivos levavam apenas a história da existência de uma medonha tartaruga gigante que comandava outras menores e patrulhava toda a ilha. Devido ao seu porte e ao jeito de liderar os outros bichos, era chamado General Tartaruga, e um certo restaurante de Alberta oferecia recompensas gigantes para quem trouxesse a “especiaria” suprema para suas panelas .

 

- Hum... Não é um local perigoso para duas pessoas, não?

 

- Bastante - responde Luhan – Não fomos suficientemente preparados hoje, por isso.. estamos agora aqui. Por tal, decidimos juntar um grupo de bons guerreiros. Partiremos amanhã de manhã. Não queres se juntar a nós...uh..

 

- Paladino - Amu responde.

 

- Isso, paladino.

 

- Putz, seria ótimo.. Mas tenho um missão urgente para cumprir..

 

“JÁ TENHO COISA DEMAIS NA CABEÇA,TAMBÉM..”, Ian exclamou mentalmente em algo nada heroico.

 

- Então...não posso.

 

 O arquimago dá de ombros.

 

- Hum. Uma pena. Seria excelente tê-lo em nosso grupo.

 

- Concordo. -Amu comenta- Mas bem...já está bem tarde...

 

“E a Karol ainda não saiu do banheiro. Preciso ver se ela está bem..”

 

- Hãã...pois é. Só um minuto, preciso checar algo...

 

 Ele vai até o banheiro e bate na porta. Karol responde, para o alívio do paladino: “Já vai, só estou tendo problemas para me curar”.

 

E se volta para a dupla que os salvou hoje, desejando conversar mais. Mas já era algo em torno de três ou quatro horas da manhã, e todos estavam cansados. Antes de irem, o arquimago faz uma oferta:

 

- Paladino Ian. Se assim desejais, poderei colocar uma barreira neste quarto, e ninguém conseguirá...entrar.. sem ser convidado.

 

- Você teria o dobro da minha eterna gratidão, Luhan. - respondeu, sorrindo pela oferta inesperada.

 

- O dobro, é? Haha.

 

- Que assim seja ! - Exclama Luhan. Ele começa a andar pelo quarto enquanto recita palavras de conjuração. O tamanho poder era bem sentido por quem estava dentro à medida que o arquimago concluía a barreira.

 

- Terminado. À la Geffen. Deveras mais forte.

 

 Ian agradece os amigos de mil formas e como pode. Eles se despedem, e o paladino, ao fechar a porta, viu que um sujeito trajando um manto típico de gatunos e escondido por um capuz chegava à recepção. A dupla que acabara de sair se entreolha e começa a conversar com ele. Será? Ian ia o analisar mais, se Karol não tivesse o chamado; olhando por um vão da robusta porta do banheiro.

 

Ian, Ian , pshh... Eles já foram ?

 

 O paladino fecha a porta e olha com dúvida pra sacerdotisa.

 

- ...Você estava se escondendo deles?

 

- NÃÃO! Eu, me escondendo de duas lendas vivas que acabaram de me salvar? Que isso, nada...

 

 Ele se senta na cama e Karol sai do banheiro. Aquele a olhava sem acreditar no que via: a sacerdotisa estava sem um arranhão nas partes visíveis do corpo e mal parecia ser a mesma pessoa ensanguentada que havia segurado em seus braços. O paladino suspira e diz:

 

- Que bom... que está viva.

 

 Karol sorri e fica séria logo em seguida, sentando ao lado do paladino.

 

-...Quando...logo depois que você chegou, Ian...eu senti..eu sentia como se fosse morrer à qualquer momento. Mas havia algo...alguma coisa me impedia de ir...

 

 Ian fita a garota com curiosidade.

 

- Não foi a folha que me impediu de morrer. Não mesmo. Você não.. conseguiu usar, pelo que eu vi. Eu ...sei que eu escutava algo...algo que parecia.. alguém chorando. As lágrimas caíam em mim...e traziam algo mágico, um sentimento tão forte... Eu senti uma luz calorosa, e essa luz diminuía tanto minha dor... Eu sei que era você.

 

 Ele apenas continua a escutar, silenciosamente.

 

“Eu... a curei.. ? Mas..”

 

- Então..hã. Eu não sei o que te fez chorar por uma pessoa que você conhece a um dia..E ..não !- ela impede Ian de falar pondo a mão na boca dele- Eu não quero saber, sinceramente. O...que eu queria dizer...

 

“Cara, acho que tem alguma coisa no olho dela.. Que.. cor estranha.. E, ué, tem um pedaço de folha nos den..?...” Ian lembra de quem era a culpa daquilo. “..Opa..”

 

- ..Era...você tá prestando atenção ?

 

 A pergunta fez o paladino perder todo o raciocínio. Não perdera algo importante, pelo visto.

 

- Hã... você queria dizer isso ?

 

- Ah,você está..Bem. - Seus profundos olhos castanhos, meio cinzentos agora, vão de encontro aos do paladino e ela dá um sorriso que ele demorará a esquecer.

 

“Obrigada”

 

..........

 

 Ian fica um tempo a admirar a amiga, calado e sem reação, até que dá um sincero sorriso.

 

- Ah... Não precisa agradecer, Karol. Eee, caramba..se a Amu nã-

 

A sacerdotisa impede o paladino de falar pondo os dedos nos lábios dele. A expressão dela havia mudado completamente. 

 

Uma dúvida apertou os lábios de Karol um contra o outro.

 

- Seria... muito estranho... se eu estivesse com vontade de te beijar agora?

 

Sua expressão era séria.

O paladino ficou surpreso e não soube o que responder e seu coração acelerava.

 

Ela tomou o silêncio como se fosse a mesma dúvida que sentia, tirou o cabelo da frente do rosto e começou a se aproximar da face dele. 

 

Não teria deixado qualquer outra pessoa chegar tão perto, devido tanto ao fato de que era muito estranho, quanto pelo fato de que só conhecia a sacerdotisa por um dia. Mas, dessa vez, não conseguia fazer outra coisa senão ser encantado por ela, talvez aquele dia estranho tivesse os aproximado demais, talvez tivesse tentado tanto descobrir algo sobre ela que começou a despertar um interesse, não importava, agora que ela lentamente se aproximava e e ele não conseguiu fazer mais do que esperar pelo que fosse acontecer...

 

Na verdade, tentou falar algo mas o som não saiu.

 

Mas, hah.

 

Pareciam... risadas abafadas no quarto?

 

- Hram, hram ! – Alguém limpou a garganta forçadamente.

 

 Karol leva um baita de um susto e ela e Ian olham na direção de onde viera: Amu estava na porta,  segurando as coisas da sacerdotisa em um braço, e no outro, apontava o cajado pro paladino. E ao lado dele a garota havia sumido; ela se teleportou instantaneamente pro banheiro após um pequeno grito, tamanho susto que levou. A situação toda foi muito cômica.

 

Ian vai até a sumo, rindo da reação da outra amiga. Amu parecia estar bem impressionada com a velocidade com que ela sumiu!

 

- Eeer. – Ele com certeza estava corado – Por isso não consegui falar nada, você me jogou um Lex Aeterna! Então.. hã.. Oi?

 

- Não queria que você estragasse esse momento bonitinho, hihi – Ela deu uma pequena risada, e Ian só conseguiu pensar num “Pera, o que?” – Mas aí lembrei que você ficaria em apuros reais por isso! Agora... - E cerrou os já pequenos olhos - O que você fez com a irmã Karol, heeein, seu ero-chan? Ela era tão tímida lá na Igreja, mal conseguia falar comigo...

 

“ Espera até ela pregar uma peça em você.”, respondeu em pensamentos.

 

- Tímida?... Acho que tem algo de errado nisso... – Ian riu – E hã... como você entr...ah. Eu esqueci de trancar...

 

“Ótimo, isso, se o assassino ainda estivesse por aqui não teria encontrado nada mais que a porta aberta pra ele!!”, Ian se ironizou.

 

- Não, não, ela pelo menos é bastante por lá.

 

- .. Ah, bom... Não sei bem o que te fez pensar que ela é tímida, mas... a gente pode começar pela brincadeira estran.. ah, deixa pra lá, tá tarde, longa história.

 

- ..Claro, Bobo-chan, claro. E, a propósito, cadê a Nat e o Levi ? Eles sempre estão com a irmã Karol...

 

- Tem a ver com nossa missão. Eles estão com o Legolelo, beeeeeem longe daqui.

 

- Hum. Outra missão perigosa?

 

 Ian ponderou não dar nenhum tipo de detalhe sobre a missão, para não pôr quem quer que fosse em risco.

 

- Talvez seja...vamos descobrir amanhã. Mas, sim.. terei que ir em Morroc.

 

- Morroc...? – Ela pareceu surpresa – Quer que a gente vá com você, nós podemos dar uma pausa... – Completou, preocupada. O antigo grupo todo sabia do temor de Morroc que Ian possuía, levavam a sério, mas não sem fazer piadas, claro..

 

- Valeu, Amu. Mas não vamos ficar muito tempo lá, é coisa de algumas horas, não precisa se preocupar.

 

- Huum. Tá certo... Boa sorte, então. - Amu olha pro banheiro e eleva a voz na medida do possível- Pra vocês dois!

 

 Karol estava olhando novamente por um vão da porta semiaberta do banheiro. Ela estava muito envergonhada e agradece tão baixinho que a sumo-sacerdotisa quase não escuta.

 

- Vou indo. Toma! - Ela entrega as coisas da Karol para o paladino - uma dama não pode ficar sem suas coisas...

 

” Hã...acho que ninguém, tecnicamente...”

 

- ...e ela quase fica porque deixamos as coisas dela no outro quarto.

 

- Vixe...Obrigado, Amu. De novo.

 

- É, muito obrigada !- Karol fala alto e sinceramente, dando um grande sorriso, mas volta a se esconder ao perceber o que fez . Amu dá uma doce risada e, ao se retirar, mete a cara na porta. Karol se fecha no banheiro de novo e começa a rir abafado; Ian esboça uma cara de dor e Amu sai rindo de si mesma, dizendo “Oyasuminasai” e se curando no processo. Ian tranca a porta, dessa vez. Esquecer de novo era simplesmente pedir pro assassino voltar e beijá-lo. Karol sai do banheiro logo em seguida.

 

- Hah! Outro nariz que gosta de portas, hein, Ian ?- ela diz, rindo.

 

- Ela é tão desastrada como eu, hehe.

 

 Os dois se sentam novamente na cama, mas olhavam para baixo por que não conseguiam se encarar direito.

 

- Hihi. Eu vou adorar saber como vocês se conheceram...

 

“Desse jeito vai saber da minha vida toda em menos de uma semana..!”

 

-...Mas amanhã . - Ela dá um longo bocejo - Eu estou exausta...Sabe como é, né? Quase ter morrido, nada de mais...e também de tanto me divertir, hehe! - Ela dá seu sorriso fofo, mas ainda corada.

 

- Eh.. Realmente.. Seus dias são sempre tão agitados?

 

- Nada. Só de segunda a domingo, mesmo..

 

 O paladino sorri ao mesmo tempo que expressa estar impressionado.

 

- Então tá, né...

 

- Ah, e outra coisa...Eu sou um garoto. - Ela ou ele fala, séri(?).

 

- Hããã...hã? – Ian a encara meio assustado.  

 

- Hehehe!

 

 Ela torna a rir do paladino e da cara que ele faz.

 

- Brincadeira~! Eu precisava te zoar de novo, pra dormir bem!.. Mas vai que algo deu errado na hora que ressuscitei? - ela pondera, enquanto procurava uma roupa de dormir na bolsa de viagem dela.

 

- Se for isso...então Odin tem um ótimo humor, hehe.

 

 Ian fez o mesmo, procurando por outra roupa de dormir em suas coisas. A camisa de algodão que usava e a sua calça estavam parcialmente sujas de sangue, e, até então, esperava pelo momento certo para trocá-las, já que sua amiga insistia em se esconder no banheiro. Ele acha uma camiseta simples e outra calça que havia comprado em Geffen e é impedido por Karol de entrar naquele pra se trocar.

 

- Hãhã, damas primeiro.

 

 O garoto ia comentar algo, mas desiste e deixa ela ir primeiro. Se sentou na cama e começou a refletir sobre tudo que acontecera desde os últimos dias até agora: escoltou com sucesso um ex-pesquisador da Corporação Rekenber e protegeu os documentos decisivos que ele trazia consigo; encontrou uma das pessoas que há tanto procurava, e ainda conhecera uma garota divertidamente doida, que só o colocou em encrenca desde o começo do dia. Continuaria a pensar mais sobre se não se encontrasse no teto do quarto agora. Sim, no teto. “Campo Gravitacional... Acho que alguém com um senso de humor refinado colocou algo a mais aqui...”. Ele começa a girar...ser girado no ar, e fica girando até entender o que era.

 

- OUU ! Chega !?

 

 Karol abre a porta no momento em que Ian despenca na cama.

 

Chega o q...pera, você estava voando...?

 

A...aai.

 

A sacerdotisa fazia uma cara de interrogação, enquanto o paladino falava fazendo caretas e sons de dor.

 

- Aaah...minhas costas...parece que alguém não tem...mais o que fazer ...-

 

 Uma voz vem de fora:

 

Meu sentido sobrenatural disse que estais acordados ainda e que Luhan e Amu mandam uma lembrança. ”

 

 “Palhaços, hehe”, pensa e dá uma risada, enquanto a sacerdotisa continua sem entender, e, muito menos, se importar.

 

Ele vê que Karol estava usando o manto que ele lhe dera.

 

- Ué. Pensei que isso estava em pedaços...

 

- Hã ? Ah...não. Eu estava usando uma roupa antiga. Queria guardar a sua para alguma noite especial, mas estou sem outro pijama...Bem! Sua vez.

 

 Ian então vai ao banheiro. Deixou para limpar as roupas no outro dia; agora estava bem cansado. Ao se trocar, nota que aquela que Karol usara quando foi atacada estava lá, e possuía furos em locais específicos e cortes perfeitamente simétricos. “Alguém muito bem treinado os fez. Provavelmente com uma maestria muito grande de Lâminas Destruidoras...”

 

Lâminas destruidoras e veneno. A sacerdotisa devia estar sendo protegida pelos deuses pra escapar de algo assim, Ian pensou.   "Que dia..." 

 

 E assim que saiu do banheiro, foi fácil perceber que ela simplesmente havia desmaiado de sono: estava toda estabanada na cama e respirava de boca aberta, com uma expressão bem engraçada no rosto. “Haha. Até parece que teve um dia tenso.” Ian a cobre com um cobertor da estalagem e se senta no sofá. Esse era bem aconchegante e, melhor ainda, ficava de frente para a janela, o que somado aos efeitos retardantes que a barreira possuía, tornaria fácil ver o assassino caso ele voltasse. Desembainhou sua espada e a deixou repousando em suas pernas, separou algumas poções brancas e verdes e pôs debaixo da manta que o cobria agora.

 

Então passou a noite em guarda, em parte pensando no por que ela seria atacada, noutra, para protege-la se estivesse errado, até a hora que também desmaia de sono; tempos depois do amanhecer.


Notas Finais


Tentei não fazer muito estardalhaço no começo porque ela ia ser revivida, mas deu um gelin na barriga?

Vou deixar as mesmas palavras de antes!
Não copiei a parte da pegadinha da @CandyBabe, tinha começado a ler a dela bem depois de ter escrito! Mas olha...
A tensa e incrível história do nobre Lorde Erik e de uma misteriosa algoz, recomendo ler!
https://spiritfanfics.com/historia/reparacao-e-vinganca-342358
E quem poderiam ser aquele intrigante bardo com a lira prata e o grande encapuzado que apareceram na estalagem?
Talvez a @KielGreenleaf saiba!
https://spiritfanfics.com/historia/relatorios-de-um-anjo-389622
As duas histórias são sensacionais, não fiquem sem ler :D


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