História Gunê- Mudando por você - Quem sabe

Guto não sabia dizer quanto tempo havia passado, por sorte não passou ninguém por aquela rua, séria no mínimo estranho ver aquela cena, sentados de frente um pro outro, não se atrevem a desviar os olhares, suas feições assustadas, denunciavam que havia algo ali. Fechando os olhos Benê abaixa sua cabeça abraçando os joelhos. Guto ainda não sabia o que tinha acontecido, mais sua curiosidade o obrigava a  perguntar logo 

-Bom.. Ta tudo bem com você? - Não obteve respostas, a garota não mexia um músculo, respirando fundo Guto se aproximou um pouco mais vendo ela tremer com a aproximidade - Não gosta quando me aproximo? - viu ela finalmente balançar a cabeça negando, ainda com o rosto entre os joelhos - eu vou me afastar ok? - confirmando Benê o encarou mais uma vez, vendo ele cumprir sua palavra e se afastar um pouco dela, seu coração se acalmava um pouco agora, viu ele sorrir brevemente, achando bonito pela primeira vez o sorriso de alguém, geralmente eram lançados a ela sorrisos falsos e sarcásticos, saiu dos seus pensamentos quando o ouviu falar

-Qual seu nome garota? 

-Benedita - sussurrou 

-Como? - perguntou não entendendo 

-Benedita, mais todos me chamam de Benê- disse finalmente alto, e Guto se surpreendeu, ela tinha uma linda voz, era inocente e doce, isso o fez sorrir por alguns segundos, o desfazendo logo em seguida 

-Tudo bem então... Benê... Você precisa ver esse machucado, pode inflamar - ela apenas confirmou, tentando levantar , viu quando ele levantou indo ajudá-la, e o pânico a tomou novamente 

-Não - gritou sentindo sua respiração acelerar - Não encosta - ele se afastou novamente, as coisas só ficavam mais confusas, o que tinha demais em se aproximar? 

-Tudo bem eu não vou encostar, pelo menos me deixa te levar em casa, sei lá 

-Não precisa, minha mãe me ensinou a não andar com estranhos - Guto sorriu abertamente, sério isso? 

-Bom você já é bem grandinha pra isso não é? ... Mais tudo bem, eu me chamo Augusto, mais pode chamar de Guto - estendeu a mão pra ela, não entendendo quando ela não retribuiu, se tocando logo em seguida - entendi, sem toques, desculpa - recolheu a mão a colocando bolso - mais agora não somos mais estranho, acho que não tem problema andar comigo não é? 

-Pensando por esse lado sim, tudo bem Augusto eu... 

-Guto- interrompeu

- Eu aceito sua companhia, só não se aproxima - disse autoritária arrancando uma gargalhada do garoto, que levantou os braços em rendição, e deixou ser guiado por Benê. Andaram um pouco em silêncio, mais Guto não se aguentava

-Qual é desse lance? 

-Lance? Que lance? 

-Esse de sem toques

-Não gosto, acho evasivo 

-ha, mais porque chorar, ou gritar? Não é mais fácil só dizer que não gosta?

-Não controlo, meu corpo reagi mal a aproximações, é como se marcassem a minha pele com ferro quente, arde, dói, por dentro e por fora. - confessou, se surpreendendo com sigo mesma, jamais admitiu isso a ninguém, o silêncio se instalou outra vez, chegaram a frente da casa dela - Moro aqui 

-Tudo bem, de qualquer forma foi bom te conhecer Benê.. Cuida desse machucado - 

-Obrigado- disse entrando rápido pra dentro de casa, deixando Guto pensativo, ele tentava entender tudo que aconteceu, quando a viu caída no chão chorando, sentiu vontade de confortar ela, quando a viu machucada um pânico dentro de si apareceu, ele a machucou, e quando viu ela mesma se machucar uma dor no peito surgiu, não compreendeu nada, ela parecia tão calma, mais parecia que dentro de si vivia um furacão, devastando tudo. Voltaria ali depois, para ver como ela estava. Precisava entender, queria ajudá-la, quem sabe ela não seria o desafio que ele tanto procurava.