História Há tanta vida lá fora - O idiota voltou

Minha faculdade fica a 5 minutos de lá, cheguei rapidinho, desci e fui ao porta malas pegar meu projeto de tecnologia, um elevador funcional, com comandos iguais a de um em tamanho real, só que menorzinho.

Deu trabalho, tive que esperar um tempão até as peças chegarem da China, mas deu tudo certo, só preciso colocar um bonequinho de lego dentro da cabine, estou com orgulho de mim.

Fui até a sala das aulas práticas e o professor estava lá, com o jeito carismático de sempre. Elogiou muito meu trabalho, além de bem feito entreguei com antecedência. Não fiz por mérito e sim para me distrair, e foi maravilhoso.
Me despedi dele, e fui em direção a sala de aula.

- Oi Pedro, tudo bem? – ele é um dos meus amigos mais engraçados.

- Tudo sim, você ta ótima, fico feliz em te ver assim – olhei grata, é bom estar melhorando também.

Entrei na sala, só pra marcar presença quando o professor vir, cumprimentei a Mah e o resto dos meus amigos mais próximos, e fui pro fundo da sala.

Mal sentei na cadeira e logo vi o Murilo entrando na sala, fechei a cara na hora, ele é o tipo de cara babaca, que é amigo dos babacas e que já pegou todas as garotas mais lindas daqui. Ele é mimado, não vou julga-lo por isso, eu também sou, mas além disso é irresponsável e tem esse ar de superioridade. Ele tenta bancar o simpático comigo desde o segundo semestre, sempre fui educada, mas nunca fiz questão de ser legal, não entendo o porquê dele ainda tentar falar comigo.

O professor entrou na sala e todos os alunos foram se sentar – Boa noite galera – disse animado a todos e sorriu de longe pra mim – Vamos começar? O projeto para exibição no fim do semestre já deveria estar quase pronto, vamo se mexer!

A sala ficou tomada pelas conversas entre o pessoal que estava trocando ideias ou reclamando do prazo.

Me levantei, sorri pros meus amigos como de costume e fui falar com o professor – Estou indo ok? – falei num tom baixo, sei que as pessoas comentam coisas ruins de mim, vários absurdos, sem saber do quanto eu tenho estudado.

- Tudo bem querida, pode vir assistir a aula mais tarde se quiser, a sala sempre estará aberta para você – falou como minha mãe, me olhando com carinho.

- Obrigada professor – disse e fui em direção à porta lateral.

- A Yasmin já terminou o dela – ele disse alto para  toda a sala enquanto eu estava saindo, não gosto de chamar atenção, mas sei que ele não fez por mal.

Passei as horas restantes na biblioteca, devorando um livro da Agatha Christie, já estudei o dia todo, preciso de algo gostoso de ler. É incrível como o tempo passou rápido, até esqueci de sair pra comer.
Guardei minhas coisas, e me preparei para ir embora.

Sai ao ar livre e o vento gelado das 22hr bateu com força em mim, me arrepiei toda e junto veio uma sensação de prazer, como se sentisse a vida tomando conta de mim novamente.

Andei uns minutos e cheguei ao estacionamento do bloco de engenharia, avistei meu carro já desejando o ar quente de dentro dele quando ouvi alguém me chamando.

- Yasmin! – me virei e vi o Murilo vindo, meu dia estava sendo tão bom, ele tinha que aparecer.

- Pode falar – falei na medida que ele se aproximou mais.

- Queria saber se está melhor – ele sorriu quase envergonhado, bem diferente do cara que eu vejo bancando o idiota por aí. Quando estamos sozinhos ele até consegue ser agradável.

- Estou sim, não precisa se preocupar com isso -.

- Quer ajuda com os livros? – ele disse já os pegando das minhas mãos, nem tive tempo pra recusar.

- Obrigada, meu carro está ali – estava pertinho o que era ótimo.

- Admiro muito você Yasmin, mesmo abalada tem se destacado nas aulas, ao contrário de mim – eu ri com a cara que ele fez de sem vergonha.

- Eu só estudo, você devia tentar – falei destravado meu carro e ele abriu a porta ao lado do motorista para colocar meus livros.

- Não, você é demais – ele sorriu – Obrigado por me deixar te acompanhar – eu tive escolha? Eu ri com meu pensamento, não foi um sorriso convidativo, mas parece que ele interpretou assim.

Ele se aproximou e abriu um pouco os braços, me convidando para um abraço, eu não neguei, o abracei, ele me puxou mais para perto, diminuindo o espaço entre nossos corpos. Estou carente, é um bom momento pra me embalar, e ele sabe disso.

- Senti sua falta esse tempo que fiquei fora – ele disse me soltando um pouco para que pudesse ver meu rosto.

- Não vai ser hoje que vou cair no seu papo Murilo – disse em um tom baixo, fazendo soar o mais sexy possível. Ele merece ser provocado, nenhuma outra garota faria isso.

- E por que fala olhando pra minha boca? – ele disse baixo próximo ao meu ouvido, eu deixei e agora vai ser difícil me soltar desses braços fortes, mas eu não sou de me deixar levar tão fácil assim, ainda mais pelo Murilo.

- Você sabe que não faz meu tipo, por que não desiste logo? – olhei nos olhos dele, tirei uma das minhas mãos do seu ombro e levei até o cós da sua calça, a colocando dentro de sua camiseta. Senti sua pele quente, levantei mais o braço e desci minha mão, arranhando suas costas.

Ele ficou arrepiado e de imediato me puxou mais para perto, virei o rosto quando percebi sua boca se aproximando. Senti uma de suas mãos me puxando pela cintura e a outra apertava minha nuca, acabando com qualquer espaço que ainda poderia existir entre nós.

Lambi minha boca pra provocar e ele no mesmo instante selou nossos lábios, mordi de leve seu lábio inferior e o puxei para mim, antes que ele pudesse iniciar um beijo de fato, me inclinei para trás e disse com um sorriso satisfeito no rosto – Boa noite Murilo – ele não forçou a barra, me soltou assim que solicitei e me deixou ir.

Entrei no carro e antes de qualquer chilique, manobrei e sai do campus o mais rápido que pude. Puta merda, o que eu fiz? Espero que agora ele fique com raiva de mim, ou qualquer outra coisa e saia do meu pé.

Sorri quase o caminho todo, quem diria que de alguma forma aquele babaca poderia me ajudar a se sentir melhor.