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História Hades (Camren) - O Lago dos Sonhos


Escrita por: lmfs13

Capítulo 10 - O Lago dos Sonhos


Minha tristeza aumentava a cada novo dia sem notícias de Venus Cove. Não conseguia pensar em mais nada, apenas no que estava perdendo da vida das pessoas que amava. Sabia que estariam loucos de preocupação. No entanto, será que imaginavam para onde MGK tinha me levado ou estavam prestes a denunciar meu desaparecimento? Eu sabia que, se virasse refém em qualquer lugar da Terra, os poderes divinos das minhas irmãs me rastreariam. Mas o que não sabia era se os radares me encontrariam no centro da Terra. Quando pensava na minha família, me lembrava das coisas mais simples: Normani fazendo experiências na cozinha, tratando a comida como uma obra de arte; a forma Ally trançava os meus cabelos, usando uma técnica só dela. Eu me lembrava também das mãos de Normani, capazes de fazer qualquer instrumento soar como ela quisesse, e dos lindos fios dourados de Ally. Mas, acima de tudo, pensava em Lauren. Pensava em como os cantos dos seus olhos ganhavam leves rugas sempre que ele sorria e pensava no cheiro que tomava conta do seu carro quando comíamos hambúrguer e batata frita, olhando para o oceano. Embora estivesse longe por apenas alguns dias, sonhava com aqueles momentos do passado. O pior é que sabia que Lauren estaria culpando a si mesma, sem poder fazer nada para reverter a situação.

Em Hades, o tempo era o maior inimigo. Na Terra, era algo precioso, pois era impossível saber quando se esgotaria. Mas, no Inferno, o tempo era interminável, cansativo. A coisa mais difícil de suportar era o tédio. Eu não era apenas uma prisioneira do mundo desalmado de MGK, mas também um anjo no Inferno, tratada com desdém ou mórbida curiosidade pela elite. Durante grande parte do tempo me sentia uma palhaça, uma estranha. Algo naquele lugar parecia me devorar por dentro, como um câncer. Entregar-se a tudo isso era fácil — pare de pensar, pare de lutar — e eu sentia que já estava acontecendo comigo. Era horripilante a ideia de um dia acordar e deixar de pensar no sofrimento humano ou no fato de eu estar viva ou morta. Após dias tropeçando em lagos de fogo e horrores similares, caí em profunda depressão. Quase não sentia fome, mas Hanna era paciente comigo. Tucker, o assistente de MGK, estava sempre por perto, mas raramente conversávamos. Os dois se transformaram nas minhas companhias mais constantes. Aquela noite, como sempre, eles estavam no meu quarto, Hanna me obrigando a tomar uma ou duas colheradas da sopa que preparara e Tucker fazendo bolinhas de papel que atirava na lareira e depois ficava observando enquanto se queimavam. Não aceitei a sobremesa oferecida por Hanna e percebi em seu rosto uma expressão de cansaço. Tucker ergueu os olhos para ela e balançou a cabeça em negativa. Os dois desenvolveram uma capacidade de comunicação muda. Hanna soltou um pesado suspiro e deixou a bandeja do jantar de lado, enquanto Tucker voltou a jogar suas bolinhas no fogo da lareira. Na ponta da cama, curvei meu corpo. A velha Camila estava morta e enterrada, e eu sabia que teria que aguentar os horrores que me rodeavam por toda a eternidade.

Ficamos em alerta quando ouvimos o suave barulho de um cartão abrindo a porta. Logo depois, MGK entrou no quarto. Ele estava tão seguro de sua autoridade que nunca pensava em bater na porta antes de entrar, ferindo a minha privacidade. Era como se tivesse o direito de estar ao meu lado a qualquer hora do dia. Notei que Tucker se levantou e arrumou as roupas, como quem quer se mostrar à disposição, mas MGK o ignorou e começou a caminhar na minha direção, observando-me com cuidado. Ao contrário de Tucker, não me levantei nem olhei para ele.

— Odeio ter que dizer isso, mas você está com uma aparência terrível.

— Não quero ver você — respondi, seca.

— Achei que você já soubesse que existem coisas bem piores por aqui do que me ver. Mas não me culpe pelo que viu. Não criei este lugar, embora tenha algum controle sobre ele.

— Você gosta de fazer as pessoas sofrerem? — perguntei, com voz rascante e encarando-o.

— Fique calma — disse ele, como se estivesse ofendido. — Não torturo ninguém com as minhas próprias mãos. Tenho coisas mais importantes a fazer.

— Mas você sabe o que está acontecendo — insisti. — E não faz nada para impedir.

MGK dividiu um olhar de espanto com Tucker, que franzia o cenho, como se me classificasse de idiota.

— E por que eu deveria impedir? — indagou.

— Porque são seres humanos — respondi, sem forças.

Era sempre muito cansativo conversar com MGK. Era como andar em círculos, sem chegar a lugar algum.

— Não. Na verdade, são almas de seres humanos que foram pessoas muito ruins em vida — explicou ele, paciente.

— Ninguém merece isso... E não importa que crime tenham cometido.

— Sério? — perguntou cruzando os braços. — Então você não tem ideia do que a humanidade é capaz. Aliás, essa gente teve todas as chances do mundo para se arrepender e não o fez. E assim que o sistema funciona.

— O seu sistema é nojento. Transforma pessoas boas em monstros.

— Ah, claro... — MGK estava com um dedo sobre a boca, pensativo. — Eis a diferença entre nós: você insiste em enxergar os homens como criaturas inerentemente nobres, mesmo que todas as evidências demonstrem o contrário. Os humanos... Que nojo! —MGK deu de ombros. — O que existe de nobre neles? Comem, procriam, dormem, brigam... Não passam de organismos básicos. Veja o que bilhões deles fizeram ao planeta. A existência dessas pessoas está poluindo a Terra, e você nos culpa por isso. Se os humanos são a mais perfeita criação de Deus, Ele precisa repensar as estratégias. Veja o Tucker, por exemplo: por que você acha que o mantenho sempre por perto? Faço isso para não me esquecer da fraqueza de Deus. 

O rosto de Tucker ficou vermelho, mas MGK não pareceu notar.

— As pessoas são muito mais do que isso — respondi, em parte para combater a humilhação de Tucker. — Elas são capazes de sonhar, de ter esperança e de amar. Será que isso não conta?

— Essas coisas costumam ser negativas, pois logo se demonstram ilusórias. Deixe de lado a compaixão, Camila. Ela não servirá de nada por aqui.

— Prefiro morrer a me transformar em alguém como você — retruquei. — Infelizmente, acho que isso não será possível. Você não poderá morrer por aqui. Essas noções ridículas de vida e morte só existem na Terra, são mais uma das bobagens do seu Pai.

Fui dispensada de desafiá-lo novamente quando ouvimos vozes no corredor e uma mulher entrou no quarto, como se fosse uma celebridade.

— Este é o meu quarto — murmurei. — Por que as pessoas acham que podem entrar aqui e...

Parei de falar ao observá-la com cuidado, ao perceber que era aquela mulher tatuada que trabalhava no bar da Orgulho. Nunca conseguiria esquecer a forma como ela me encarou naquele dia. E voltava a me olhar como se eu fosse insignificante diante de seu problema. Pela expressão da sua boca e pela forma como tentou se livrar de Tucker, notei que estava irritada.

— Então é aqui que você se esconde? — perguntou ela a MGK.

— Estava imaginando quanto tempo você demoraria para descobrir — respondeu ele, aparentemente sem dar importância ao que ela dizia. — Aliás, sabe que você está começando a ser chamada de grudenta?

— As más reputações não significam nada por aqui — replicou ela.

O tom escolhido por MGK para falar com ela era um pouco jocoso, mas ela não parecia muito surpresa com isso.

— Mila, esta é Asia, a minha... Minha muito pessoal... Minha assistente pessoal. Ela fica chateada quando não sabe onde estou.

Eu me levantei para vê-la melhor. Asia era alta e parecia uma amazona. Usava uma roupa provocante: um top dourado e uma minissaia de couro. Os cabelos pretos emolduravam um rosto de feições felinas. Os lábios eram fartos, pintados com gloss e permanentemente entreabertos. A forma como ela ficava de pé, com os ombros caídos para trás, lembrava a de um boxeador. A pele cor de café brilhava, como se estivesse banhada em óleo. Os sapatos eram extraordinários, verdadeiras obras de arte: botas castanho-claras de cano curto, abertas no calcanhar e presas com cadarços. Os saltos pareciam picadores de gelo, de tão finos. 

— São Jimmy Choo — disse ela, como se lesse meu pensamento. — Lindos, não acha? O próprio MGK encomenda uma edição especial para mim a cada temporada. 

Eu conhecia aquela expressão nos olhos dela. Era a mesma que as meninas do colégio estampavam no rosto quando queriam dizer "Tire as suas mãos de cima dele!". Asia nem precisou dizer nada. O olhar dizia tudo. Como amante de MGK, me enviou uma mensagem clara: eu deveria manter distância se prezasse pela minha vida. E para me deixar bem ciente sobre o tipo de relacionamento que havia entre os dois, ela pressionou o corpo contra o de MGK, que passou uma das mãos pelas coxas dela, embora seu olhar demonstrasse tédio. Asia me olhou dos pés à cabeça e não parecia muito impressionada.

— Então é sobre essa menina que todos estão falando? Ela é um tanto... Pequena, não acha?

MGK fez um som com a língua.

— Asia... Seja gentil.

— Não entendo o motivo de tanto falatório — comentou ela, dando voltas ao meu redor. — Se alguém me perguntasse, diria tratar-se de uma adolescente.

— Mas ninguém perguntou nada — respondeu MGK, lançando um olhar duro para cima dela. — Aliás, já conversamos sobre isso. Mila é especial.

— E eu, não sou especial? — questionou Asia, as mãos na cintura e as sobrancelhas arqueadas.

— Você é muito especial — respondeu. — Mas de um jeito diferente. Você acha que seus talentos não foram apreciados?

— E essa roupinha de boa moça? — Asia apontou para as mangas bufantes do meu vestido. — Você tem fetiche por isso? É muito casto... Mas precisa mesmo vesti-la como se tivesse 12 anos?

— Ninguém me vestiu — respondi.

— Ah, que linda! — Asia me encarou. — Ela fala.

— Só estava explicando à nossa hóspede como as coisas funcionam por aqui — disse MGK, tentando mudar o rumo da conversa. — Eu lhe dizia que a vida e a morte não significam nada... Aliás, aceitam uma demonstração?

— Com todo prazer — respondeu Asia. Ela ficou bem na frente dele e jogou a cabeça para trás, baixando o seu top de forma sedutora, até ficar apenas com o sutiã preto, revelando o torso cor de chocolate. Os olhos de MGK viajaram pelo corpo dela por alguns instantes, até que ele se afastou para pegar um bastão de revirar brasas pousado ao lado da lareira. Demorei para entender o que ele pretendia, e um grito ficou preso na minha garganta. Jake enterrou o bastão no peito de Asia. Esperei ouvir gritos de dor e ver sangue jorrar, mas não. Asia apenas engoliu em seco, deu de ombros e fechou os olhos, em êxtase. Quando voltou a abri-los, viu a minha expressão de horror e caiu na gargalhada. O bastão fora enterrado em seu peito, e nada parecia incomodá-la. Era como se aquele objeto tivesse sido feito à sua medida, como se fosse parte integrante de seu corpo. Quando ela o agarrou com as duas mãos e o arrancou de seu corpo, o bastão fez um som surdo. Segundos mais tarde, sua pele estava recuperada outra vez, perfeita.

— Viu? — perguntou Asia. — O Ceifador não pode fazer nada contra nós. Ele é nosso aliado.

— Mas não estou morta — respondi de imediato, sem pensar.

Asia pegou o bastão atirado ao chão.

— Quer experimentar?

E correu na minha direção, mas MGK foi mais ágil e a deteve, agarrando o bastão. Depois atirou Asia no sofá e sentou-se ao lado dela, com a ponta do bastão contra sua garganta. Os olhos de Asia brilhavam. Ela trincava os dentes e passava os dedos na cintura dele.

— Camila não é um brinquedo — disse MGK, como se estivesse falando com uma menina travessa. — Pense nela como se fosse a sua irmã mais nova.

Asia ergueu as mãos, se rendendo, mas não conseguiu esconder uma expressão de desapontamento.

— Você costumava ser mais divertido.

— Não ligue para ela — disse MGK, olhando para mim. — Com o tempo, Asia se acostumará. 

Se eu sobreviver, pensei, mas acabei perguntando:

— Isso não faz sentido: como é possível torturar almas se elas não sentem dor? 

— Eu nunca disse que elas não sentem dor — explicou. — Só os demônios são imunes. As almas, por sua vez, sentem tudo, e com muita intensidade. Mas a beleza de Hades é que tudo se regenera, para poder seguir em frente.

— O ciclo da tortura é infinito — disse Asia, com um olhar de louca. — Podemos destruir uma alma, mas ao pôr do sol ela está novinha em folha. E os coitados ficam sempre tão aliviados ao imaginar que estão perto do fim... Você precisa ver a cara deles quando acordam sem um arranhão e tudo recomeça.

Sem dúvida, meu rosto deve ter refletido a dor de cabeça que, de repente, comecei a sentir. Eu me sentei numa cadeira e pousei a cabeça num dos seus braços. MGK tirou as mãos de Asia de cima do seu peitoral e caminhou até mim. Ele ergueu o meu queixo com seus dedos gélidos.

— O que há de errado? — perguntou ele, num tom livre de qualquer sarcasmo.

— Não estou me sentindo bem — respondi.

— A pobrezinha está passando mal — desdenhou Asia.

— O que posso fazer para ajudar você? — perguntou ele.

Olhei diretamente para Asia. Sabia que não seria inteligente tomá-la como inimiga, mas a mera presença dela não me fazia bem. MGK a encarou.

— Vá embora.

— O quê? — perguntou ela, surpresa, sem saber exatamente a quem ele se referiu.

— AGORA!

Asia nunca esteve na posição de ser preterida por MGK. E não gostava nada disso. Ela me lançou um olhar venenoso antes de sair. Mas comecei a respirar melhor com ela longe dali. A malícia que Asia projetava era debilitante, como se sugasse a minha fonte vital.

— Tucker, traga um drinque para nós — pediu MGK.

E Tucker ganhou vida, correndo para servir um pouco do uísque que restava num decantador. Ele entregou a bebida a MGK com uma expressão que sugeria um misto de medo e relutância. MGK me ofereceu o copo.

— Beba isso — disse ele.

Tomei uns goles daquela bebida quente e logo me senti surpreendentemente melhor. O uísque queimou o interior do meu corpo, mas de alguma forma tinha um efeito entorpecedor.

— Você precisa se manter firme — disse ele, pousando um dos braços ao redor do meu ombro, mas me soltei no mesmo instante. — Não precisa estar sempre na defensiva.

Ele girou o corpo, apoiado num dos mastros da cama, e se sentou ao meu lado tão rápido que não tive tempo para reagir. Mesmo com aquele toque sombrio e estranho, o rosto de MGK era bonito sob a luz baixa. Seus lábios se abriram num pequeno sorriso, e percebi que os batimentos cardíacos dele se aceleravam. Seus olhos viajavam pelo meu rosto. Ele sempre soube como me fazer sentir exposta e vulnerável.

— Você precisa se esforçar para ser feliz — murmurou, passando um dos dedos na parte interna do meu braço.

— Como, se estou mais triste do que nunca? — perguntei. Dissimular os meus sentimentos seria bobagem.

— Entendo que esteja triste pela perda de um amor — disse ele, num tom que parecia quase sincero. — Mas aquela humana não poderia fazer você feliz, pois ela nunca soube de verdade quem você é.

Eu me afastei dele, mas MGK segurou meu braço com força e começou a traçar o contorno das minhas veias sob a pele translúcida. E eu, lembrando que, no passado, o toque dele era sempre acompanhado de uma desconfortável sensação de queimação, tremi. Mas naquela vez foi diferente, o toque era quase tranquilizador, pois MGK estava no seu território, onde poderia manipular as coisas como bem entendesse. Quando foi embora, não consegui me acalmar. E com Tucker parado ao lado da porta era mesmo impossível me tranquilizar. Em vez de voltar para junto da lareira, ele pegou um aparelho eletrônico do bolso e começou a jogar compulsivamente, como se quisesse passar o tempo.

— Pode se sentar — sugeri, pensando em sua perna machucada, que devia estar doendo, já que ele não parava de mover o peso do corpo de um pé para o outro.

Ele ergueu os olhos, assustado com a minha proposta amigável.

— Não vou contar para ninguém — disse eu, com um sorriso.

Tucker hesitou, mas logo relaxou, escorregou o corpo contra a parede e sentou-se de costas para a porta.

— Você devia tentar dormir um pouco — disse ele. Era a primeira vez que falava diretamente comigo. Sua voz não era como eu imaginava. Soava mais doce, mais melosa. O tom, no entanto, era surpreendentemente decidido para alguém da sua idade. — Você está preocupada com Asia, mas ela não poderá fazer nada enquanto eu estiver por aqui. — Ele parecia orgulhoso de sua capacidade como vigilante. — Asia pode ser durona, mas não sou fácil de enganar, embora muita gente pense o contrário.

— Não estou preocupada — respondi. — Confio em você, Tucker.

— Pode me chamar de Tuck.

— Tudo bem.

Tucker hesitou, depois me encarou, demonstrando interesse.

— Por que você está sempre tão triste?

— É tão óbvio? — perguntei, abrindo um sorriso tímido.

— Vejo nos seus olhos — respondeu, dando de ombros.

— Estou apenas pensando nas pessoas que amo... E em quando voltarei a vê-las.

Uma expressão de dor tomou conta do rosto dele por alguns instantes, dor que parecia instigada pelas minhas palavras.

— Você poderá vê-las de novo, se quiser — disse ele, num murmúrio.

Eu teria escutado direito? Todas as minhas esperanças se avivaram outra vez, mas tentei não deixar isso transparecer na minha voz.

— O quê? — perguntei.

— Você me ouviu bem... — murmurou.

— Está dizendo que conhece uma maneira de fugir daqui? 

— Não disse isso — respondeu ele. — Disse que você poderia vê-las novamente.

Ele soou irritado ao ter que explicar o que antes deixara bem claro. Fiquei assustada ao ver que aquele rapaz estranho, com seu estranho corte de cabelo, poderia saber mais do que parecia. Seria falsa a sua lealdade a MGK? Seria ele a única pessoa com um vestígio de consciência em Hades? Estaria avisando que poderia me ajudar? Só havia uma maneira de descobrir.

— O que você quer dizer, Tuck? — perguntei, louca de ansiedade.

— Há uma maneira — disse, simplesmente.

— E você poderia me dizer qual é?

— Não — respondeu. — Mas posso mostrar. — E levou um dos dedos à boca, como se quisesse me alertar. — No entanto, vamos ter que tomar cuidado. Se formos pegos...

— Farei tudo o que for preciso — afirmei, decidida.

— Há cinco rios em Hades. Um é para esquecer a vida passada, mas existe outro para voltar. Pelo menos por algum tempo — explicou Tucker. — Beba desse rio e poderá visitar seus entes queridos sempre que quiser.

— Visitá-los? Como?

— Você poderá se projetar — respondeu.

Quanto mais ele falava, menos eu entendia. Olhei para ele, assustada, cada vez mais desapontada. Talvez Tucker fosse meio louco. E o fato de eu ter demonstrado tanta esperança no que ele tinha a dizer poderia ser um atestado de desespero.

— Existem coisas que não podemos ler nos livros, mas beber do Lago dos Sonhos gera um estado de transe que permite ao nosso espírito distanciar-se do físico. E um pouco demorado, mas alguém como você conseguiria isso rapidamente. Assim que aprender, poderá viajar para onde quiser.

— E como sei que você não está mentindo?

Tucker não entendia a minha desconfiança.

— Por que eu mentiria? MGK me atiraria na fogueira caso descobrisse.

— E por que me ajudar? Por que arriscar sua segurança?

— Digamos que estou tentando marcar alguns pontos... Além do mais, acho que uma visita à sua família seria útil para você — respondeu, e o tom divertido me arrancou um sorriso.

— Você já conseguiu? Ir para casa, quero dizer...

Os olhos dele ficaram mais tristes.

— Quando descobri como fazer isso, já não valia mais a pena. Todos que eu conhecia já tinham morrido... Mas o seu caso é diferente, as pessoas que você ama continuam vivas.

O potencial do tal lago me encheu de esperança.

— Vamos agora! — pedi.

— Não tenha tanta pressa — respondeu. — Pode ser perigoso.

— Perigoso?

— É complicado... Você poderia não acordar.

— E isso seria ruim? — perguntei, sem pensar no que estava dizendo.

— Não, a menos que você não se importe em passar o resto da vida em coma, observando a família dia e noite como se fossem personagens de um filme, mas sem poder conversar com eles nem tocá-los. É isso o que você quer?

Balancei a cabeça negativamente, embora tivesse que admitir ter soado um destino bem melhor do que a vida que teria ali.

— Tudo bem — disse. — Caberá a você dosar o tempo. Mas quero ver esse lago!


Notas Finais


Será que a Camz vai conseguir ver suas irmãs e Lauren?
Até o próximo capítulo


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