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História Hades (Camren) - Você Consegue Guardar um Segredo?


Escrita por: lmfs13

Capítulo 16 - Você Consegue Guardar um Segredo?


Demorou, mas a terrível luz amainou.

— Estamos em segurança agora — disse Normani.

Logo  Lauren se levantou, mas, ao ver o arcanjo, deu alguns passos para trás, pressionando o corpo contra a parede. Era como se precisasse de apoio. Mas logo endireitou o corpo, confrontando a figura à sua frente, sem desviar o olhar. A beleza angelical costuma ser forte demais para os humanos, mas Lauren tinha certa experiência no assunto. Percebi que ela parecia estar tentando controlar a respiração, como se os pulmões não pudessem, ou não quisessem, funcionar perfeitamente. Diante de tal majestade, respirar parecia uma atividade supérflua. Dinah, porém, teve uma reação um pouco mais dramática. Seus olhos ficaram arregalados, parecendo estar prestes a pular das órbitas, e suas mãos estavam coladas ao corpo. Ela deixou escapar um murmúrio estranho e caiu de joelhos, com o torso inclinado na direção de Miguel, como se estivesse sendo puxada por uma corrente invisível. Ficou algum tempo olhando para o anjo, mas, pouco depois, os olhos dela rolaram no interior das órbitas, e ela caiu no chão, desmaiada. Miguel curvou a cabeça e a observou, calmamente.

— Humanos — disse ele, por fim, numa voz que parecia reunir centenas de coros de igreja cantando em uníssono. — Sempre com a tendência a reações exageradas.

— Meu irmão — disse Normani, dando um passo à frente. No entanto, mesmo em sua forma humana perfeita, ela parecia insignificante ao lado de Miguel. — Que bom que você chegou!

— Surgiu uma situação estranha por aqui — respondeu Miguel. — Um dos nossos foi capturado. E tal transgressão deve ser registrada.

— Estávamos analisando todas as possibilidades. Mas, como você sabe, os portões do Inferno são muito bem-guardados — disse Normani. — A Aliança já chegou a alguma conclusão sobre como entrar lá?

— Não podemos dar essa informação. Os únicos que conhecem a resposta são os demônios que rastejam sob nós.

Ao ouvir isso, a raiva de Lauren parecia ainda maior. Ela deu um passo à frente.

— Organizem um exército. Vocês são fortes o suficiente para fazer isso. Vamos entrar e resgatá-la. Não pode ser tão difícil.

— O que você propõe com certeza está dentro das nossas possibilidades — respondeu o anjo.

— Então o que estão esperando?

Os olhos de Miguel repousaram sobre o rosto de Lauren. Encará-lo era assustador. Aquele anjo parecia construído de várias partes diferentes, não conectadas, mas que ainda assim funcionavam como um todo. Os olhos, por exemplo, pareciam vazios, completamente livres de emoção. Não gostei da forma como ele olhou para Lauren, como se fosse um animal, e não um ser humano.

— Os humanos parecem não temer o Apocalipse — comentou.

— Não a culpe — interveio Normani, rapidamente. — Ela não conhece as consequências de uma emboscada e tem laços emocionais com Camila.

Miguel voltou a encarar Lauren.

— Ouvi falar nisso... As emoções humanas são uma força irracional.

Lauren fez cara feia, e eu sabia que ela estava ressentida ao ouvir falarem dela como se fosse uma criança, alguém incapaz de enxergar as coisas de forma lógica.

— Não sabia que isso resultaria no Apocalipse — disse ela, secamente. — Seria um terrível efeito colateral.

Miguel ergueu uma de suas delicadas e brilhantes sobrancelhas ao ouvir o tom de voz dela. Ally, que não dissera nada até então, aproximou-se de Lauren, como se quisesse apoiá-la.

— Quais foram as instruções da Aliança? — perguntou ela.

— Localizamos uma fonte que poderia ser útil — respondeu, num tom distante. — O nome dela é irmã Mary Clare. Vocês a encontrarão na abadia de Maria Imaculada, no condado de Farihope, no Tennessee.

— E como ela poderá nos ajudar? — perguntou Lauren.

— É tudo o que podemos dizer neste momento... E desejamos sorte — respondeu Miguel, olhando para Lauren. — Aliás, se vocês querem um conselho, seria interessante ser um pouco moderado, caso queiram ser líderes entre os homens.

— Tenho outra pergunta — disse Lauren, ignorando os olhares de censura de Ally e Normani.

— Diga — respondeu Miguel.

— Você acha que Camz está bem?

Miguel encarava Normani com uma expressão estranha. Poucas pessoas seriam capazes de dirigir-se diretamente a um arcanjo, muito menos fazer perguntas.

— Para o demônio, não foi nada fácil levá-la até lá. E ele nunca faria isso caso não zelasse pela vida de Camila.

Miguel cruzou os braços sobre o peito, inclinou a cabeça e, lançando uma luz fortíssima e um estrondo, como um trovão, desapareceu. Imaginei que deixaria algo destruído pelo caminho, mas, quando a luz foi se apagando, notei que a sala fora restaurada ao seu aspecto original, exceto por um chamuscado no chão, bem no local onde o arcanjo pisara. Com Miguel longe dali, todos pareciam aliviados e respiravam mais calmos. Embora Miguel estivesse no nosso time, sua impressionante aparência impossibilitava a calma. Normani se aproximou da mesa de centro para erguer o corpo de Dinah do chão, tomando-o nos braços, e o deixou sobre um sofá, com delicadeza. Ally foi buscar um pedaço de pano úmido para pôr sobre a testa da menina. Dinah estava com a boca aberta, por causa do choque, mas sua respiração voltava ao normal. Normani pousou dois dedos em seu pulso, para verificar a pressão arterial. Convencida de que sobreviveria, ela se afastou e passou os dedos entre os próprios cabelos, pensando no conselho de Miguel.

— Uma freira? — perguntou Lauren, em tom calmo. — Como ela poderia nos ajudar? O que ela poderia nos dizer que a Aliança não pode?

— Se Miguel pediu para a procurarmos, deve haver uma razão — respondeu Normani. — Os humanos são muito mais conectados com o mundo subterrâneo do que nós. Os demônios vivem tentando seduzir as pessoas que moram na Terra, especialmente aquelas cuja fé está abalada. Isso é um hobby para eles. É possível que essa tal freira tenha se encontrado com forças obscuras. Devemos procurá-la e descobrir o que ela sabe.

Ally parecia decidida.

— Isso significa que temos que ir ao Tennessee.

Nesse momento, eu estava ficando com sono. Muita coisa ocorrera, e grande parte dos acontecimentos tinha sido bem estressante. Passar tanto tempo longe da minha dimensão física estava provocando efeitos estranhos. Queria sentir o meu corpo outra vez, voltar à carne, curvar-me sobre os lençóis, mas, ao mesmo tempo, queria esperar até Dinah despertar. Queria saber como ela reagiria ao que acabara de testemunhar. Ally e Normani seriam obrigadas a contar-lhe toda a verdade? Ela se lembraria da visita daquele glorioso desconhecido ou as minhas irmãs teriam que inventar uma história, dizendo que ela havia caído e batido com a cabeça?

Ally e  Normani desapareceram na casa, reunindo algumas poucas coisas que levariam na viagem e Lauren, que ficara tomando conta de Dinah, sentou-se diante dela, num daqueles sofás, perdida nos próprios pensamentos, e às vezes dando uma olhada para ver como ela estava. Notei que ela suspirou e se levantou para jogar uma manta ao redor dos ombros de Dinah. Sua eterna atenção e cuidado, mesmo após a recente discussão, era tocante, e senti ainda mais falta dela ao ver tudo aquilo. Lauren não guardava ressentimentos. Proteger os mais vulneráveis era algo inerente à minha namorada e uma das características da sua personalidade que eu mais admirava.  Dinah murmurou e pousou uma das mãos na cabeça. Enquanto ela acordava, Lauren a observava, atenta. Ela se levantou, mantendo distância, sem querer alarmá-la. Dinah abriu os olhos e esfregou-os.

— O que foi... — murmurou ela, em tom baixo, forçando o corpo a despertar e piscando os olhos.

 O rosto ficou sem cor quando viu a marca deixada por Miguel no chão. Quase senti o momento em que foi tomada pela lembrança. O choque estampou-se no seu rosto, e seu queixo caiu novamente.

— Como você está? — perguntou Lauren.

— Estou bem, eu acho. O que aconteceu?

— Você desmaiou — respondeu, dizendo a verdade. — Deve ter sido por causa do estresse. Sinto muito pelo que aconteceu antes, não quero discutir com você.

Dinah ficou olhando para ela.

— Você precisa me contar o que aconteceu — pediu ela. — Mesmo de olhos fechados, pude ver a luz...

Os olhos de Lauren não tinham o menor sinal de emoção. Ela observava Dinah friamente.

— Acho que você devia procurar um médico. Deve ter batido com a cabeça.

Dinah endireitou o corpo e olhou para ela.

— Não me faça de boba. Sei o que vi.

— Sério? — perguntou Lauren, mantendo o tom calmo. — E o que foi?

— Um homem — respondeu ela, procurando as palavras, e finalmente dizendo: — Pelo menos acho que era um homem. Era grande, muito brilhante. Estava banhado em luz e a voz dele soava como centenas de vozes, e ele tinha asas... Asas enormes, como uma águia.

Com o olhar que Lauren lançara a Dinah, até a mais convencida das testemunhas duvidaria. Ela trincou os dentes, ergueu ligeiramente as sobrancelhas e afastou um pouco o corpo, como se Dinah estivesse mesmo louca. Era uma ótima atriz, sem dúvida, mas Dinah não engoliria fácil.

— Não me olhe assim! — gritou ela. — Você também viu. Sei que viu.

— Não sei do que você está falando — respondeu de imediato.

— Tinha um anjo de pé bem ali — disse Dinah, apontando para o local onde Miguel esteve parado. — Eu vi! E pare de dizer que estou ficando louca.

Lauren desistiu. Ela estava de pé, os braços cruzados sobre o peito e no rosto uma expressão de descrença. De repente, ficou exasperada.

— Normani — gritou. — Por que não vem aqui?

Pouco depois, minha irmã surgiu na porta.

— Dinah, bem-vinda de volta. Como você está?

— Por que você não conta o que viu a Normani? — perguntou Lauren.

Dinah duvidou por alguns instantes. Não ligava para o que Lauren pensaria dela, mas a opinião de Normani era importante, e não queria arriscar. No entanto, a hesitação foi momentânea e desapareceu tão rápido quanto surgiu. — Eu vi um anjo — disse, convicta. — Não sei por que veio nem o que disse, mas sei que estava aqui.

Normani ficou em silêncio. Não desafiou Dinah nem desmentiu a sua história. Tudo o que fez foi observá-la, erguendo a sobrancelha de leve. Embora não fosse fácil dizer o que a minha irmã pensava só olhando para o rosto sempre controlado dela, eu sabia que Normani tentava descobrir uma maneira de amenizar os riscos. A descoberta de Dinah poderia gerar um desastre para a minha família, que já tinha conseguido carta branca para contar o segredo a um humano, pois, na época, não havia alternativa. Afinal de contas, eu revelaria o meu segredo a Lauren mesmo sem o consentimento delas. Porém, numa cidade pequena, o fato de duas pessoas conhecerem a verdade poderia gerar muitos problemas. Mas o que fazer? Dinah havia visto Miguel com os próprios olhos. Eu gostaria de estar lá naquele momento, para confortar a minha irmã, que lutava com todas as suas forças. Por isso, abracei Mani, mesmo em espírito, tentando transmitir apoio. Queria que ela soubesse que eu estaria ao seu lado, independente da decisão que tomasse. A culpa não era dela, mas Normani assumiria a responsabilidade. Miguel aparecera sem nenhum aviso, e não houve tempo para afastar Dinah. Quando os arcanjos estão envolvidos numa missão, eles não se preocupam com a fragilidade dos humanos. Servem a Deus cegamente, levando a Sua palavra e a Sua vontade aos que estão na Terra. Muitos milênios antes, quando a esposa de Lot desobedeceu seu comando, foi logo reduzida a um pilar de sal. A verdade é que os arcanjos agem com total determinação, sem parar para pensar no que se interpõe em seu caminho. E Dinah não foi uma ameaça para Miguel, que a encarou diretamente, e caberia a Normani lidar com o problema. Fiquei pensando se, assim como eu, minha irmã estaria mudado. Viver entre humanos complica a manutenção da neutralidade divina. Sim, Normani continuava sendo leal ao Reino, mas tivera provas do comprometimento de Lauren e conhecia o nível da sua lealdade. Eu sabia que ela nunca trairia os Sete Sagrados, os arcanjos, mas já não era a mesmo Normani da época em que chegamos a Venus Cove. Antes, era uma representante do Senhor e observava o mundo na perspectiva de quem vem de fora. No entanto, com o passar do tempo, começou a entender as engrenagens da Terra.

Normani caminhava pela sala e, antes que eu pudesse notar, seguia na minha direção. Ela parou abruptamente e percebi, pelo brilho nos seus olhos, que sentia uma vibração no ar. Queria que ela contasse aos demais que sentia a minha presença, mas eu a conhecia, sabia como a sua mente funcionava. De que serviria contar a Lauren e a Dinah que eu estava ali? Elas não poderiam me ver, tocar ou falar comigo. Isso só complicaria a situação. O rosto de Normani voltou ao normal e ele seguiu para onde Dinah estava sentada, pousando um dos braços no sofá, bem ao lado dela. Dinah, instintivamente, aproximou-se dela, mas Mani não a tocou.

— Tem certeza de que poderá aguentar a verdade? — perguntou. — Por favor, quero que saiba que isso pode afetar a sua vida para sempre.

Dinah fez que sim, encarando-a fixamente.

— Certo... O que você viu foi um anjo. Na verdade, era o arcanjo Miguel. Ele veio oferecer ajuda. Você não deve ter medo dele.

— Então foi real? — perguntou ela, num murmúrio, hipnotizada pela ideia. — Os anjos são reais?

— Tão reais quanto você.

Dinah franziu a testa, refletindo sobre a informação incrível que Normani acabara de lhe dar.

— Por que sou a única achando tudo o que acontece por aqui estranho?

Normani respirou fundo. Notei a hesitação em seus olhos, mas era tarde para voltar atrás.

— Miguel é meu irmão — disse ela, em tom calmo. — Somos um mesmo ser.

— Mas vocês... — disse Dinah. — Vocês não... Será...? Não estou entendendo nada.

A verdade é que ela estava frustrada com a própria confusão.

— Não se preocupe, demorei muito para processar tudo isso — disse Lauren. Mas Dinah não a escutava, apenas olhava para Normani, sem palavras. — Normani, Ally e Camz são anjos — explicou. — Existe um mundo além do nosso, algo que grande parte dos humanos não percebe.

— Preciso ter certeza de que você entendeu — disse Normani. — Se for uma carga muito pesada, posso pedir a Ally que apague as suas memórias. Mas, se quiser fazer parte disso, deverá manter a cabeça equilibrada. E nós não somos as únicas criaturas sobrenaturais. Existem outros seres muito mais obscuros do que você imagina, e eles sequestraram a Mila. Se quisermos trazê-la de volta, devemos permanecer unidos.

— Está tudo bem, Dinah — disse Lauren, notando o medo estampado no rosto daquela menina. — Normani e Ally não vão permitir que nada de mal aconteça a você. Além do mais, os demônios não estão interessados na gente.

Isso atraiu a atenção de Dinah.

— Demônios? O que você está querendo dizer? — perguntou ela, levantando-se do sofá. — Ninguém falou em demônios por aqui!

Normani olhou para Lauren e balançou a cabeça.

— Isso não está dando certo. Acho melhor chamar a Ally.

— Não, esperem — disse Dinah. — Desculpem, mas preciso de um minuto. Quero ajudá-los. Mas quem você disse que sequestrou a Mila?

— Ela foi abduzida no Dia das Bruxas por um demônio que já esteve aqui antes — respondeu Normani. — Achamos que ele reapareceu na sessão espírita que vocês fizeram. Talvez você se lembre... Era Richard Baker, que frequentou a Bryce Hamilton por um tempo no ano passado.

— O MKG? — perguntou Dinah, coçando a cabeça, tentando se lembrar de coisas que Ally arrancara de sua memória, como se fossem arquivos de computador.

— MGK — corrigiu Lauren.

— Acredite em mim, você não gostaria nada de tê-lo na sua frente... — comentou Normani.

— Meu Deus — murmurou Dinah. — Mila tinha razão sobre a sessão espírita. Por que não a escutamos? A culpa foi toda minha.

— Não há motivo para que você se culpe neste momento — disse Mani. — Não vai ajudar em nada. Precisamos estar concentrados, focados.

— Certo, mas o que devemos fazer? — perguntou Dinah. 

— Viajaremos para o Tennessee em poucas horas. Você deve ficar por aqui, sem contar nada a ninguém.

— Espere — disse Dinah, outra vez se levantando do sofá. — Vocês vão viajar sem mim?

— Vamos — respondeu Lauren, e notei que ela voltava a estampar animosidade nos olhos.

— Será mais seguro que você fique por aqui — enfatizou Normani.

— Não — insistiu Dinah. — Vocês não podem soltar uma bomba dessas e depois me deixar para trás.

— Não podemos esperar — retrucou Mani. — Você teria que conversar com seus pais, avisar na escola...

— E quem liga para a escola? Sempre mato aula, sabiam? — perguntou Dinah, tirando o celular do bolso da calça. — Vou dizer à minha mãe que passarei uns dias na casa de Ariana.

Antes que pudessem detê-la, Dinah discava os números e entrava na cozinha. Escutei enquanto ela contava à mãe uma história familiar sobre Ariana ter brigado com o namorado, estar triste e precisando do apoio das amigas.

— É uma péssima ideia — disse Lauren. — Estamos falando de Dinah.... Ela é a maior fofoqueira da cidade. Como conseguirá guardar segredo?

Mas eu confiava cegamente na minha irmã. Mesmo preocupada ao ver Dinah envolvida na história, sabia que ela poderia ser útil na hora certa.

Ally não parecia compartilhar a minha opinião, e, pela primeira vez, testemunhei um verdadeiro racha entre ela e Normani. Uma porta bateu em algum ponto do corredor, e ela apareceu na sala, de repente, com uma expressão terrível no rosto. Deixou cair no chão as duas bolsas de lona que preparara. Seus olhos passearam pela cozinha, depois pousaram em Normani. O estresse da situação parecia ter revelado um novo lado de Ally. Minha gentil e paciente irmã fora substituída por um soldado do Reino, um serafim preparado para a batalha. Sabia que os serafins raramente ficam zangados e que é preciso muito para despertar a ira deles. E o comportamento de Ally talvez revelasse que o meu sequestro era mais sério do que eu imaginava.

— Essa é uma quebra de regras importante — disse Ally, soturna, olhando para Normani. — Não podemos abrir espaço para novos problemas.

— Que regras? — perguntou Lauren. — Não vejo nenhuma regra por aqui...

— Os demônios nunca nos tiveram como alvo — respondeu ela. — Eles corriam atrás dos humanos, não espiavam o Céu. Mas dessa vez levaram um dos nossos, sabendo que poderíamos retaliar. Talvez estejam buscando exatamente isso: uma guerra. — E olhou para Dinah. — Não será seguro para ela.

— Como já disse — respondeu Normani — acho que não temos escolha.

— O fato de Dinah e Camila serem amigas de colégio não significa que podemos abandonar os procedimentos normais.

— Nada é normal nesta situação — disse Mani. — A Aliança não está preocupada se mais um ser humano poderia ou não descobrir a nossa identidade. Se estivessem, Miguel teria tido mais cuidado ao aparecer. Aliás, talvez você tenha razão ao dizer que algo maior está acontecendo aqui.

Ally permaneceu cética.

— Se tenho razão, pense no que estamos fazendo. Ela será mais um peso.

— Ela é muito insistente. Não sou capaz de argumentar.

— Ela é uma adolescente e você um anjo — respondeu Ally, ácida. — Imagino que tenha lidado com coisas bem piores no seu tempo.

Normani simplesmente deu de ombros.

— Precisamos de todos os aliados possíveis.

— Tudo bem, mas não assumo nenhuma responsabilidade por ela. Dinah é problema seu.

— Por que perder tempo discutindo com Dinah? — perguntou Lauren, de repente. — Não temos coisas mais importantes a fazer? Como colocar o pé na estrada e procurar essa freira?

— Lauren tem razão — disse Normani. — É hora de deixar nossas diferenças de lado e lidar com o presente. Só espero que não seja tarde demais.

Ao terminar de dizer isso, Mani pareceu arrependida. Uma expressão de dor tomou conta do seu rosto e também do rosto de Lauren.

— Você soa como quem já desistiu.

— Não disse isso — retrucou Mani. — Mas é uma situação singular. Não sabemos com o que estamos lidando. Os únicos anjos que já estiveram no Inferno foram até lá por livre e espontânea vontade, virando as costas ao Nosso Pai, escolhendo seguir o caminho de Lúcifer.

— O que você está dizendo? — quis saber Lauren. — Você acha que Camz fez isso de propósito? Ela não escolheu esse caminho, Normani! Você esqueceu que testemunhei tudo?

Naquele momento quis dar um chute na minha irmã. Ela acreditava mesmo que eu escolhera um caminho de escuridão? Ally atravessou a sala rapidamente e pousou uma das mãos nas costas de Mani.

— O que estamos tentando dizer é que MGK não deveria ter conseguido levar um anjo para o Inferno. E, se Camila não foi por vontade própria, devemos estar prestes a alcançar o Armagedom.


Notas Finais


Oficial:
Dinah sabe a verdade
Ally ficou puta com isso
Agora vamos procurar a Freira!!


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