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História Hades (Camren) - Doce Vingança


Escrita por: lmfs13

Notas do Autor


Faltam mais 3 capítulos para a história chegar ao fim 😣

Capítulo 31 - Doce Vingança


No dia seguinte, acordei muito bem, como não acontecia havia algum tempo. Eu me espreguicei e arqueei as costas, feliz porque os músculos estavam leves e relaxados, e não pesados como concreto. Era um alívio voltar ao ambiente luxuoso do hotel Ambrosia, apesar de saber que seria apenas temporário. Eu já havia afastado os cobertores e saído da cama quando escutei o som de um cartão-chave na porta da suíte. Fiquei tensa por um segundo esperando problemas, mas eram apenas Hanna e Tucker espiando pela porta. Eles deviam ser os únicos com permissão para saber sobre a minha volta. MGK solicitara um bom café da manhã, e Hanna quase derrubou a bandeja tão entusiasmada que estava ao correr para o meu lado.

— Estou muito feliz por ver você — disse ela, abraçando-me com força. — Não acredito que está viva. — Senti o odor, agora familiar, de pão recém-saído do forno.

Tucker, mais reservado em suas emoções, atravessou o quarto para me dar um tapinha fraternal no ombro.

— Você nos deixou preocupados por um tempo — disse ele. — O que aconteceu lá na arena?

— Não sei ao certo — respondi, aceitando o copo de suco de laranja que Hanna me oferecia. — Não fiz nada de propósito, o fogo queimou e não me tocou.

— Você conseguiu sair das câmaras?

— MGK chegou ontem à noite e me soltou. Acho que teremos problemas.

— Ele desafiou as ordens de seu Pai? — Hanna arregalou os olhos. — Isso é novidade.

— Eu sei — disse. — Espero que ele saiba o que está fazendo.

— Todo mundo tem falado sobre você e seus poderes — disse Tucker. — Apostam que o Grande Pai vai deixá-la livre, para ver se consegue um acordo.

— Talvez quando o Inferno congelar — disse baixinho, mas não consegui evitar uma pontinha de esperança. 

Se Lúcifer propusesse um acordo com o qual eu concordasse, talvez houvesse a chance de eu não voltar à minha prisão na Terra. Por outro lado, se a minha libertação por MGK irritasse Lúcifer, eu poderia acabar em apuros maiores.

— Preciso encontrar algo para vestir — disse, olhando para as roupas sujas no chão. Ainda usava o pijama de seda perolada que encontrara dobrado sobre a cama quando cheguei.

Comecei a procurar dentro do armário, disposta a vestir roupas limpas. MGK acrescentara uma calça jeans e uma blusa de lã entre os vestidos chamativos e as camisas de seda. Talvez ele finalmente tivesse entendido a importância de me manter discreta. Eu havia acabado de vestir a blusa e estava prendendo o cabelo num rabo de cavalo quando a porta emitiu mais um som e ele entrou, esquecendo-se de bater. 

— Sua mãe não lhe ensinou bons modos? — perguntei. 

Pensei que ele estaria ansioso depois da fuga da noite anterior, mas parecia despreocupado, e eu fiquei imaginando que tipo de acordo ele teria feito com Lúcifer. 

— Não tive mãe — respondeu ele, distraído e acenou, dispensando Hanna e Tucker. — Saiam.

— Quero que eles fiquem — protestei.

MGK suspirou irritado.

— Voltem em meia hora — Ele deu a instrução com um tom mais agradável antes de voltar sua atenção para mim. — E então, como está se sentindo?

— Muito melhor — respondi com sinceridade.

— Então eu estava certo. A solução estava bem na nossa cara.

— Acho que sim — concordei. — O que vai acontecer agora? Devo me preocupar?

— Relaxe, estou cuidando disso. Meu Pai se orgulha por tomar boas decisões de negócios e, neste momento, estou usando você como um bem e não como uma garantia. E ele está pensando.

MGK olhou para mim, à espera de uma reação, mas me mantive calada.

— Você pode agradecer assim que se sentir pronta.

— O fato de eu não ter que voltar para aquele buraco nojento não quer dizer que esteja feliz — expliquei.

— Que exagero! — rebateu ele.

— Não é, não — retruquei, irritada com a atitude dele. — Posso não sentir mais dor, mas este local continua sendo meu pior pesadelo.

Ele se virou de repente, com os olhos intensos.

— O que quer, Camila? — perguntou ele, quase sussurrando. — Parece que nada do que faço é bom o suficiente para você. Estou ficando sem ideias.

— O que você esperava?

— Um pouco de gratidão não faria mal.

— Gratidão pelo quê? Você achou mesmo que me resgatar e me controlar como quem empina uma pipa mudaria alguma coisa? Ainda estou aqui e ainda quero ir para casa.

— Supere isso — pediu ele.

— Nunca.

— Bem, isso prova que você é uma idiota porque sei que a bonitinha já a esqueceu.

— Não é verdade! — respondi irritada. 

MGK podia falar o que quisesse, e na maior parte do tempo eu não me deixava afetar, mas não podia falar sobre Lauren. Ele não tinha o direito de pronunciar o nome dela, muito menos de tentar adivinhar o que estava acontecendo em sua vida.

— Isso mostra que você não sabe de nada. — MGK estava me testando. — Os adolescentes cheios de hormônios não esperam para sempre. Na verdade, eles pensam muito pouco. Ninguém nunca lhe ensinou isso nas aulas de educação sexual? Para eles, o que os olhos não veem o coração não sente.

— Você não sabe nada sobre Lauren — disse, determinada a não deixar que ele me atingisse. — Não tem ideia do que está dizendo.

— E se eu disser que consigo atualizações constantes a respeito da vida na Terra? E se suas irmãs tiverem desistido de procurá-la, e se Lauren estiver em outra? Ela está com outra menina agora, enquanto conversamos. Uma bela loira, na verdade. Como ela se chama mesmo? Acho que você sabe quem ela é.

Minha raiva só aumentava. MGK acreditava de fato que podia me enganar para que eu duvidasse das pessoas a quem amava? Será que me considerava tão ingênua assim?

— Estou dizendo a verdade — continuou ele. — Elas se conformaram com o fato de não poderem ajudá-la. Tentaram e falharam e agora, infelizmente, precisam seguir em frente.

— Então por que elas estão indo para o Alabama para tentar encontrar um... — Engoli as palavras imediatamente, percebendo meu erro com segundos de atraso. Mordi o lábio, e MGK enrugou as sobrancelhas, os olhos brilhando de raiva.

— Como sabe disso? — perguntou ele.

Torci para que o meu rosto não revelasse a verdade enquanto tentei desesperadamente consertar o erro.

— Não sei, é só um palpite.

— Você mente muito mal — disse ele, aproximando-se de mim com o andar lento de uma pantera. — Acabou de falar com muita convicção. Aposto que você os viu... Talvez até tenha se comunicado com eles.

— Não... Não fiz isso...

— Diga-me a verdade! Quem ensinou você a fazer isso? — MGK bateu num vaso de cristal sobre a mesa e o lançou ao chão, espalhando as rosas de caules compridos. 

Queria que ele se acalmasse. Queria que ele não tivesse dispensado Tucker e Hanna. Não gostava de ficar sozinha com ele tão nervoso daquele jeito.

— Ninguém me mostrou nada. Descobri sozinha.

— Quantas vezes já fez isso?

— Não muitas. Poucas. 

— E em todas as vezes você esteve com ele, não é? E como se você nunca tivesse ido embora! Eu deveria imaginar que você estava aprontando alguma. Fui muito tolo em confiar em você! — Ele ergueu as mãos e segurou a lateral da cabeça como alguém cheio de ódio.

— É impagável escutar você falando sobre confiança. — Mas MGK não estava mais escutando.

— Você tem brincado comigo, me fazendo pensar que estamos nos aproximando, tentando esconder de mim o que de fato está acontecendo. Pensei que, se desse espaço e se a tratasse como uma rainha, você pudesse esquecê-la. Mas não esqueceu, não é?

— É como pedir que me esqueça de quem sou.

— Você continua pensando como uma menininha de escola. Pensei que Hades pudesse ajudá-la a amadurecer um pouco, mas vejo que a experiência foi uma perda de tempo.

— É uma experiência pela qual nunca pedi para passar.

— Você teve seu último encontro feliz... Pode ter certeza disso. — Ele retomou o tom cínico, mas a ameaça foi real. Eu sabia que deveria dizer algo para diminuir a tensão entre nós, em vez de piorá-la.

— Por que sempre brigamos? — perguntei. — Será que não podemos, pelo menos uma vez, tentar entender mais um ao outro?

MGK balançou a cabeça e riu.

— Muito bem, Camila. Você é uma atriz incrível, mas pode parar agora. O jogo terminou. Você me levou no papo por um tempo. Quase acreditei que você estava fazendo um esforço. Deveria ter pensado melhor. Deveria ter deixado você apodrecer nas câmaras. Meu bom humor acabou.

— Não me importo — disse. — Faça o que quiser comigo, pode me mandar de volta para Lúcifer.

— Oh, você não me entendeu. Não vou tocar em nenhum fio de cabelo seu — disse ele. — Mas vou fazer você se arrepender por ter me tratado com tão pouco respeito.

A implicação por trás das palavras dele me arrepiou.

— O que quer dizer com isso?

— Quer dizer que estou planejando viajar. Acho que está na hora de eu ver de perto do que você está sentindo tanta falta.


*** 


Apesar de MGK ter sido vago a respeito das intenções que tinha, eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele não fazia ameaças à toa. Ele estava indo ao Tennessee para ficar quite comigo. Não sabia o que ele planejava fazer quando chegasse lá, mas sabia que só pararia quando atingisse o objetivo. Ser trocado por Lauren quando pensava ter uma chance deve ter sido difícil de engolir. Qualquer outra pessoa teria aceitado isso com mais dignidade. Mas a vingança era a melhor solução para ele, e que melhor maneira de fazer isso além de atingir as pessoas a quem eu amava? A força demoníaca de MGK não era páreo para as minhas irmãs poderosas, e não havia motivos para ele ir atrás de Dinah. Então, só restava Lauren. Meu ponto fraco. Exposta e vulnerável. Principalmente se ele a pegasse sozinha. E isso seria fácil de acontecer. Se Lauren estava em perigo, não havia tempo a perder. Eu precisava voltar à Terra e avisá-la antes de MGK chegar.

Não consegui me projetar naquele momento porque minha mente estava cheia de imagens de Lauren em apuros, e a agitação tirou o meu foco. Por fim, entrei no banheiro e abri o chuveiro de água fria no máximo. O choque da temperatura clareou a minha mente e colocou os meus pensamentos em ordem para que eu concentrasse as minhas energias. A projeção aconteceu sem esforço depois disso. No momento seguinte, eu estava diante do quarto de Lauren e de Dinah, na Easy Stay Inn. A janela estava entreaberta, por isso escorreguei ali como fumaça e fiquei sobrevoando as camas. Tudo estava tão silencioso, e só se ouviam a respiração delas e o vento que empurrava as folhas mortas pelo estacionamento, do lado de fora. Dinah dormia profundamente, e o drama da noite anterior não aparecia mais em seu rosto. Sua resiliência sempre me surpreendia. Já Lauren estava tendo um sono muito menos tranquilo. Não parava de se mexer e até sentou-se uma vez para afofar o travesseiro. Antes de se deitar de novo, ela se apoiou nos cotovelos para ver a hora no relógio digital. Eram 5h10. Ela olhou ao redor, com os olhos verdes brilhando na escuridão. Quando finalmente adormeceu, seu rosto permaneceu preocupado, como se enfrentasse batalhas em seus sonhos. Desejei poder confortá-la, apesar de saber a causa principal de seu desconforto. Eu virara sua vida de cabeça para baixo, e agora sua segurança estava sendo ameaçada. Até aquele momento, MGK não as havia perturbado e, por uma fração de segundo, mantive a esperança de que ele pudesse estar blefando para me abalar. Mas eu vira em seus olhos que a ameaça era real. O quarto ficou frio de repente, e Dinah puxou os cobertores para cobrir a cabeça. Consegui escutar a respiração de lobos. E então vi uma sombra entrar no quarto conosco. Passou por cima do corpo adormecido de Dinah embaixo do cobertor e demorou-se sobre os traços de Lauren. Sentindo a presença, ela abriu os olhos e saiu da cama. Seu corpo estava preparado para a briga. Uma veia latejava em seu pescoço e seu coração acelerou.

— Quem é você? — perguntou ela com raiva quando a figura começou a tomar forma diante dela. 

Reconheci os cabelos encaracolados e o rosto de bebê antes mesmo de ele aparecer totalmente. Era Diego, vestido com um terno preto e uma gravata, como se estivesse indo a um velório.

— Apenas um conhecido — respondeu Diego com a voz lenta. — MGK tinha dito que você era bonita... Ele não mentiu.

— O que você quer?

— Você não é nada educada para alguém a quem eu poderia matar com o mindinho — comentou Diego com um tom um pouco afeminado.

— Acho que você sabe que, no quarto ao lado, há um serafim e um anjo, certo? — respondeu Lauren. —Já pensou que elas podem matar você?

Diego riu.

— Eles estavam certos a seu respeito. Você parece um filhote de leão. Matá-la seria fácil demais.

— Então tente — desafiou Lauren, e senti o meu estômago revirar.

Diego inclinou a cabeça.

— Oh, não estou aqui para isso. Só trouxe uma mensagem para você.

— É mesmo? — perguntou sem nenhum sinal de medo. — Pode dar.

— Nossas fontes nos informaram de que você e seu esquadrão de anjos estão tentando realizar uma missão de resgate — disse Diego, divertindo-se. — Estou aqui para avisar que vocês não devem perder seu tempo. Podem pôr fim a isso. O anjo que vocês querem resgatar está morto.

Fez-se um longo silêncio. O coração de Lauren, que estava acelerado minutos antes, começou a perder o ritmo e passou a bater como um bloco de concreto em seu peito. Mas, quando abriu a boca para falar, não demonstrou nenhuma emoção.

— Não acredito em você — disse ela com a voz normal.

— Imaginei que você diria isso — respondeu Diego, seu rosto sorridente emoldurado pelos cachos escuros. Ele pegou um saco de estopa preso às costas. — Por isso trouxe provas.

De dentro do saco, ele tirou algo cheio de penas e dobrado. Quando abriu o objeto, vi que era um pedaço de asa manchada de sangue e quebrada. Minha asa.

— Pode ficar com isto de lembrança se quiser — disse. 

O que ele segurava era um pedaço retorcido e curvado, e o sangue havia secado em algumas partes, fazendo as penas grudarem. Diego chacoalhou o amontoado como um leque e gotas de sangue se espalharam pelo chão. Vi Lauren inspirar com força e inclinar-se para a frente como se alguém tivesse dado um soco em seu estômago, tirando-lhe o ar. Seus olhos ficaram mais escuros, como nuvens rolando pelo céu e bloqueando o sol.

— Que coisa... — Diego balançou a cabeça com comoção. — Pelo menos, foi uma morte rápida.

— Não acredite nele! — gritei, mas minhas palavras se perderam no abismo que nos separava. O desejo de estar com ela me tomou com tanta força que pensei que explodiria dentro de minha forma espectral.

Naquele momento, a porta se abriu, e minhas irmãs apareceram. Pela primeira vez, o medo estampou o rosto de Diego. Ele não esperava encontrá-las.

— Você achou que não sentiríamos o seu cheiro? — perguntou Normani, a voz tomada pela raiva. 

Ela olhou para o rosto de Lauren e então para as asas quebradas e ensanguentadas que Diego derrubara no chão. Ally também as viu e fez cara de nojo.

— Vocês são mesmo os mais baixos de todos — disse ela.

— Faço o que posso — disse Diego, sorrindo.

— Diga-me que não é verdade — disse Lauren com a voz embargada.

— São apenas truques baratos — respondeu Normani, chutando as asas para longe, como se fossem uma peça de cenário.

Lauren gemeu aliviada e recostou-se na parede. Eu sabia como ela estava se sentindo. Quando pensei que MGK a tivesse atropelado com sua moto, o medo foi forte e o alívio me deixou rindo à toa.

— O que está fazendo aqui? — exigiu saber Normani.

Diego fez um bico.

— Estou apenas tentando me divertir um tantinho. Os seres humanos são tão bobos... Animais idiotas.

— Não tão idiotas quanto você — disse Ally, enquanto Normani se mexia para se posicionar no lado direito de Diego, prendendo-o entre a parede e a porta. — Parece que você está preso.

— Assim como o seu anjo — respondeu Diego, apesar de eu saber, pela maneira que seus dedos se curvavam, que ele estava nervoso. — Ela está no buraco em chamas neste exato momento, e não há nada que você possa fazer em relação a isso.

— Isso é o que veremos — disse Normani.

— Sabemos que vocês estão tentando encontrar um portal. — Diego não conseguia dissimular as tentantivas de assustá-las. — Nunca vão conseguir encontrar um e, se conseguirem, desejo sorte para abri-lo.

— Não subestime o poder do Céu — alertou Ally.

— Oh, acho que o Céu já abandonou Camila. Já pensaram que o nosso Pai pode ser mais forte do que o seu?

Ally olhou para cima, e um fogo azul flamejante pareceu arder em seus olhos frios. Ergueu o queixo para olhar seu inimigo. Quando abriu a boca, as palavras saíram como centenas de crianças cantando ou sinos de vento na brisa de verão. O ar ao redor dela começou a se revoltar, como calor surgindo da calçada. E então, sem nada dizer, ela esticou a mão na direção dele. Para meu choque, sua mão desapareceu dentro do peito dele, como se fosse feito de argila. Diego pareceu tão surpreso quanto eu e gemeu alto. Algo começou a brilhar em seu peito e percebi que Ally estava, literalmente, segurando seu coração. A luz ficou mais forte, tornando a pele dele fina e transparente. Consegui ver o contorno de suas costelas e a mão de Ally envolvendo seu coração numa prisão de luz. Diego parecia paralisado, mas conseguiu abrir a boca e gritar. Pela tela que seu peito havia se tornado, consegui ver seu coração começar a inchar e a pulsar na mão dela, como se fosse se romper. E então, com um pop, como um balão estourando, ele se desintegrou, e Diego desapareceu num raio de luz.

Ally suspirou profundamente e esfregou as mãos uma na outra, como se tivesse tocado em algo contaminado.

— Demônios — murmurou ela.

O som da explosão acordou Dinah, que se sentou na cama, alisando os cabelos com as mãos.

— Hum... O que... O que está havendo? — perguntou com a voz rouca. Fiquei surpresa por ela ter conseguido dormir durante todo o tempo.

— Nada — disse Normani rapidamente. — Volte a dormir. Só viemos ver como você está.

— Oh! — Dinah olhou para ela com esperança por um momento e então se lembrou dos acontecimentos da noite anterior. 

Seu rosto ficou sério, e ela se virou de costas, ajeitando-se sob os cobertores. Normani suspirou e deu de ombros ao olhar para Ally enquanto Lauren pegava as chaves do carro sobre o criado-mudo.

— Hum... Obrigada por me livrar daquilo — disse. — Se não for um problema, gostaria de sair de carro. Preciso esfriar a cabeça.

Eu a segui, disposta a passar um tempo a sós com ela, mesmo que não sentisse a minha presença.

— E aí, cara? — Ela deu um tapinha no capô do Chevy parado no estacionamento e sorriu com tristeza. — As coisas estão ficando bem doidas, não é?

Eu me acomodei no banco do passageiro enquanto Lauren ligava o motor e seguia para a estrada. Seu corpo parecia relaxar no carro. Ela ficava tão linda sem tanta preocupação no rosto. Poderia passar horas olhando para ela. Semicerrou os olhos verdes enquanto o carro permitia que ela liberasse a tensão de seu corpo. Pisou no acelerador e o carro respondeu com um ronco obediente. Lauren nunca dirigia depressa quando eu estava dentro do carro; preocupava-se demais com minha segurança. Mas, naquele momento, ela estava totalmente livre e precisava de um tempo para se recuperar. O carro fez uma curva na estrada, sendo encoberto pelos cedros que pontuavam o caminho. Mais à frente, o lado esquerdo não tinha nada além de penhascos abaixo. Ganhando velocidade na estrada aberta, Lauren baixou o vidro e ligou o rádio. Tocava os maiores sucessos dos anos 1980, e o refrão de "Livin' on a Prayer" tomou conta do carro. A canção a respeito de um casal cuja luta para sobreviver aos tempos difíceis era especialmente relevante para nós. 

We've got to hold on ready or not 

You live for the fight when that's ali that you've got 

O humor de Lauren pareceu melhorar um pouco enquanto ela cantava e batucava no volante no ritmo da música. Mas, do lado de fora, um vento estranho soprava, espalhando folhas pela estrada e penhasco abaixo, do lado oposto. Havia algo de errado. A presença do Mal havia nos seguido. Precisava alertar Lauren para que ela voltasse. Não era seguro ficar ali, sozinha. Precisava ficar perto de Ally e de Normani para que elas a protegessem. Mas como eu poderia dizer isso a ela? Quando a música terminou, tive uma ideia. Concentrei minha energia e a utilizei para interferir na frequência do rádio. O som se tornou apenas um zumbido irritante. Lauren franziu o cenho e mexeu nos botões, tentando sintonizar a estação. Eu me concentrei em reunir minha força e chamei seu nome. E então, do nada, ela escutou a minha voz.

— Volte, Lauren! Você não está segura aqui. Encontre Ally e Normani. Fique com elas. MGK está vindo.

O choque ao escutar a minha voz quase fez Lauren jogar o carro para fora da estrada. Ela se recuperou a tempo e pisou nos freios. O carro cantou pneu até parar no meio de uma estrada deserta.

— Camz? É você? Onde você está? Consegue me escutar? 

— Sim, sou eu. Quero que você volte. — insisti. — Você precisa confiar em mim.

— Tudo bem — respondeu Lauren. — Eu confio. Mas continue falando.

Ela engatou a marcha do carro e fez o retorno. Respirei com um pouco mais de facilidade, sentada no banco do passageiro com os joelhos flexionados. Quando ela chegasse ao hotel, daria a minha mensagem a Ally e a Normani, e elas saberiam como agir. Enquanto Lauren dirigia, vi as embalagens de chiclete e a lata de refrigerante vazia no chão do carro. Aquilo não combinava com ela, tão obcecada em manter o carro limpo. Lembro que, certa vez, o novo GPS deixara uma marca redonda no para-brisa. Aquilo a incomodou tanto, que ela nos levou à oficina para encontrar um apoio de plástico para prender no painel. A lembrança me fez sorrir.

— Camz, você ainda está aí? — Interferir nas ondas do rádio me deixara exausta, mas reuni o resto de energia para criar fricção em meus dedos; passei pelo rosto dela, um carinho suave. Os pelos de seus braços se arrepiaram. — Faça isso de novo. — Ela sorriu.

Não estávamos longe da Easy Stay Inn. A paisagem era mais familiar, e quase deixamos os penhascos para trás. Eu estava começando a respirar normalmente quando algo inesperado aconteceu: o carro se virou e então partiu em disparada, afastando-se do hotel.

— O que está acontecendo? — Lauren olhou ao redor. — Camz, o que está acontecendo?

O carro pareceu ganhar vida. Lauren pisava nos freios, que não respondiam. O volante estava travado. Passei para o lado do motorista para ajudá-la, mas minhas tentativas de parar o carro foram inúteis. De repente, olhei para cima, e no espelho retrovisor dois olhos brilhavam e olhavam do banco de trás.

— Não faça isso, MGK! — pedi.

O carro agora ziguezagueava pela estrada. Os esforços de Lauren para colocá-lo de novo na estrada de nada adiantaram. O carro continuou seguindo em frente, os galhos se quebravam no para-brisa e os pneus passavam por cima das pedras.

Meu coração parou quando vi para onde estávamos indo. MGK estava manobrando o carro para longe da mata e em direção às rochas. Por duas vezes, o carro se aproximou tanto da beirada que tive certeza de que ele cairia desfiladeiro abaixo. A poeira subiu em nuvens prejudicando a visão de Lauren, mas não havia muito a fazer além de se recostar no assento e lutar para controlar o volante. Eu me virei e vi MGK sentado calmamente no banco de trás. Ele estava fumando um cigarro francês e soprando anéis de fumaça pela janela. 

Estava jogando conosco.


Notas Finais


MGK fdp está de volta pra brincar
Vou terminar a história hoje e se forem legais penso em postar o primeiro capítulo da terceira temporada q eu já comecei.


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