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História Hades (Camren) - Epílogo


Escrita por: lmfs13

Notas do Autor


Leiam as notas finais

Capítulo 35 - Epílogo


Nos gramados bem-aparados da Bryce Hamilton, os alunos do último ano se esticavam sob o sol forte de junho com seus bonés e vestidos azul royal, os rostos iluminados de ansiedade. De certa forma, não pareciam mais adolescentes em busca de orientação: eram jovens prontos para trilharem seus caminhos no mundo. Começariam a faculdade meses depois, e todos estavam ansiosos pelas férias de verão. Eu sabia que Lauren recebera ofertas de diversas faculdades dispostas a tê-la em seu time, especialmente as que tinham os times de futebol com mais astros. Apesar de saber que a formatura não teria tanto impacto no meu futuro, não consegui evitar certo nervosismo. Esperávamos pelo sinal para que o desfile começasse. Do lado de fora do auditório, vi Normani com os coristas da escola aquecendo-se para a última apresentação de "Amigos para sempre", uma música já conhecida nas colações. Entre os formandos, o sentimento positivo era contagiante.

As meninas ajustavam suas becas e prendiam os cabelos umas das outras para que as mechas não caíssem sobre os olhos e estragassem as fotografias. Os meninos se preocupavam menos com a aparência, concentrando-se em trocar apertos de mão e tapas nas costas. Todos usávamos anéis entregues poucos dias antes. Eram anéis simples de prata com o lema da escola gravado: "Viver. Amar. Aprender." 

Bryce Hamilton adorava pompa e requinte. Dentro do auditório, os convidados e os pais se sentaram e se abanavam com cópias douradas do programa. Ally estava sentada ao lado de Dolly Henderson, a vizinha, fingindo interesse nas fofocas do bairro. Esperando na coxia estavam o Dr. Chester e o corpo decente com roupas de gala para acadêmicos, e a cor de seus chapéus indicava seu ramo de especialidade. O diretor faria o discurso de abertura e então a representante da turma, Lauren, faria um discurso motivador com apenas algumas anotações com as quais se guiar. Do lado de fora, vi Clara na platéia, tentando impedir seus pequenos de subirem uns nas cabeças dos outros e repreendendo Taylor por ficar jogando no seu iPhone. Após a cerimônia, um brunch seria servido no refeitório, que havia sido transformado com toalhas de mesa brancas e arranjos de flores para combinar com a ocasião. Um fotógrafo profissional já fazia seus cliques, e observei Ariana e as meninas aplicarem camadas novas de brilho labial e ajeitarem seus capelos. 

Estava ansiosa à espera do momento em que todos jogaríamos nossos capelos para cima — já vira a cena em diversos filmes e queria viver a experiência. Ally colocara um adesivo com meu nome na parte interna do capelo, para eu encontrá-lo depois. A escola toda estava animada com uma energia estranha. Mas, no meio de toda aquela animação, havia certa melancolia disfarçada. Dinah e suas amigas nunca mais se sentariam no pátio; aquela posição seria passada ao grupo de alunas do último ano, que não poderiam ser como elas. Os dias de matar aula, de estudar para as provas em cima da hora e de paquerar os meninos e meninas nos corredores haviam terminado. A escola unira todos nós, mas agora tínhamos que correr atrás do futuro, e era possível que nunca mais ficássemos todos reunidos no mesmo lugar.

Queria que a cerimônia começasse logo. Estava tão animada que quase me esqueci de que era apenas uma observadora. Eu me sentia totalmente humana, como se devesse me preocupar com a entrada na faculdade e com as opções de carreiras. Precisei me lembrar de que aquela vida não era para mim. O melhor que podia fazer era participar da experiência por meio de Lauren e de meus amigos. Dinah apareceu do meu lado e me abraçou.

— Meu Deus, é tão triste! — exclamou ela. — Passei os últimos quatro anos reclamando deste lugar, mas agora não quero ir embora.

— Oh, Dinah, vai dar tudo certo — disse, colocando uma mecha dos seus cabelos atrás da orelha. — Vai demorar muito até a faculdade começar.

— Mas passei treze anos da minha vida nesta escola — disse ela. — É estranho pensar que nunca mais vou voltar. Conheço todo mundo nesta cidade: é a minha casa.

— E sempre será. A faculdade também será uma aventura incrível, mas Venus Cove ainda estará aqui quando você voltar.

— Mas estarei tão longe! — resmungou.

— Dinah... — Eu ri e a abracei. — Você vai para a Alabama... Fica logo ali, no estado vizinho!

Ela riu e fungou.

— Acho que sim, obrigada, Mila.

Senti uma mão em minha cintura, e os lábios de Lauren em minha orelha.

— Posso conversar com você? — perguntou ela. 

Eu me virei e o encarei. O azul da beca destacava a cor dos seus olhos, e os cabelos sedosos e pretos não foram despenteados pelo capelo.

— Claro que pode, o que houve? — perguntei. — Está nervosa?

— Não — respondeu.

— Seu discurso está pronto? Não vi nada dele ainda!

— Não vamos ficar — Lauren deu a notícia bombástica com uma calma surpreendente.

— Como é? Por que não?

— Porque não significa mais nada para mim.

— Não diga isso.

— Estou falando muito sério.

Ainda assim, não consegui acreditar.

— Acho que o dia de hoje está deixando todo mundo meio estranho. Você não quer se formar?

— Vou me formar participando da cerimônia ou não.

Naquele momento, vi que seus olhos brilhavam, e um sorriso iluminava seu rosto. Ela estava falando sério sobre ir embora.

— Mas você é a oradora da turma!

— Já cuidei disso, outra pessoa vai me substituir. Mas não foi fácil.

Olhei para ela. Como podia fazer piadas prestes a deixar um dos acontecimentos mais importantes de sua vida? Todo mundo esperava que ela liderasse a cerimônia, que não seria a mesma sem ela.

— Seus pais nunca a perdoarão. Por que não quer ficar? Não está se sentindo bem?

— Estou bem, Camz.

— Então, por quê?

— Porque há algo muito mais importante a fazer.

— O que pode ser mais importante do que se formar?

— Venha comigo e vai descobrir.

— Não vou se você não me disser aonde vamos.

— Não confia em mim?

— É claro que confio. — Assenti com vigor. — Mas nunca vi você fazer algo assim... Tão... Imprudente.

— Engraçado, não me considero imprudente — disse ela. — Nunca me senti tão no controle quanto agora.

A banda da Bryce começou a subir pelo caminho, e os alunos começaram a entrar no auditório para se posicionarem sobre o palco. Uma professora estava contando os presentes de dez em dez. Vi Dinah à minha procura na multidão, pois planejávamos nos sentar juntas. Os representantes da escola sempre entravam por último, porque seus assentos ficavam na fileira da frente. Olhei para Normani. Ela estava levando o coral para trás do palco, mas deve ter pressentido algo, porque olhou com curiosidade para trás. Sorri e acenei rapidamente para ela, esperando dar um sinal de que tudo estava bem. Lauren olhava para mim com ansiedade.

— Venha se sentar comigo sob o grande carvalho por cinco minutos e explicarei tudo. Se você não gostar do plano, vamos voltar e entrar juntas. Combinado?

— Cinco minutos? — perguntei.

— É só o que peço.

Fiquei em pé sob o velho carvalho que ficava no meio do pátio circular da escola, sabendo que aquele seria o nosso último momento juntas ali. Uma onda de nostalgia tomou conta de mim. O carvalho fora um amigo fiel durante o tempo que passamos na Bryce Hamilton, com seus galhos retorcidos oferecendo abrigo e servindo como nosso local de encontro secreto sempre que o desejo de estarmos juntas era maior do que o senso de responsabilidade. Abracei o tronco de modo brincalhão, e Lauren continuava séria, como se tivesse feito a descoberta do século.

— Certo — disse. — Seu tempo começa agora. Qual é a grande ideia pela qual vale a pena fugir da formatura?

Lauren tirou o capelo e a beca e as colocou sobre a grama ao nosso lado. Ela olhava para mim de modo apaixonado. Se inclinou e beijou a minha mão.

— Tenho pensado em nós duas.

— Coisas boas ou ruins? — perguntei imediatamente, o desejo dando espaço ao medo.

— Boas, é claro.

Consegui voltar a respirar de novo.

— Então, pode dizer.

— Acho que descobri a resposta.

— Que ótimo — disse. — Qual é a pergunta?

Mas Lauren estava falando muito séria.

— A pergunta é como podemos garantir que ninguém nos atrapalhe de novo.

— Lauren, sobre o que está falando? Precisa relaxar. Estamos juntas agora. Eu voltei. MGK não vai nos incomodar durante um bom tempo.

— Se não for ele, será alguém ou outra coisa. Não dá para viver assim, Camz. Sempre preocupadas, tentando descobrir quanto tempo nos resta.

— Então não vamos fazer isso. Vamos apenas nos concentrar no que temos aqui e agora.

— Não posso. Quero que dure para sempre.

— Não podemos ter essa expectativa. Você sabe.

— Acho que podemos.

Olhei em seus olhos brilhantes e vi algo que nunca vira antes. Não sabia o que era de fato, mas algo havia mudado. E então, no minuto seguinte, Lauren segurou minhas mãos com firmeza e se abaixou, apoiando um dos joelhos na base do carvalho e amassando as folhas secas no chão. Meu coração começou a bater na frequência de um trem-bala. Um conflito interno começou entre a alegria e o que ela estava prestes a fazer.

— Camz — disse apenas, seu rosto perfeito iluminado pela ansiedade. — Não tenho a menor dúvida de que somos feitas uma para a outra, mas passar o resto da minha vida com você seria uma honra e um compromisso que adoraria ter. — Ela parou, com os olhos verdes bem claros. Fiquei sem fôlego, mas Lauren apenas sorriu. — Camz — repetiu. — Quer se casar comigo?

A expressão dela era de pura alegria.

Fiquei boquiaberta. Podia dizer que Lauren era um livro aberto para mim, mas com certeza não esperava aquilo. Involuntariamente, olhei para o céu à procura de orientação, mas não encontrei nada. Aquilo era algo com que eu teria que lidar. Pensei em diversas respostas, uma mais racional do que a outra. Lauren, está delirando? Perdeu totalmente a razão? Você não tem nem 19 anos e não tem condições de se casar. Não acha que precisamos pensar bem? Não posso permitir que você jogue todos os seus sonhos fora. Depois da faculdade, talvez possamos falar sobre isso. Não temos autoridade para tomar uma decisão dessas sozinhas. Seus pais vão deserdá-la. Como acha que Ally e Normani receberão essa notícia? Mas apenas a resposta menos racional saiu de minha boca:

— Sim.

Nós nos afastamos depressa do velho carvalho, com receio de que alguém fosse nos procurar. Assim que lhe dei a resposta, ela me levou no colo em direção aos portões da escola, sem parar até chegar à rua onde o Chevy estava estacionado. Lauren me colocou com cuidado na calçada para abrir a porta do carona, e então assumiu o volante e seguiu para a cidade.

— Aonde estamos indo agora? — perguntei ofegante por causa da emoção.

— Temos que fazer algo para comemorar.

Alguns minutos depois, o carro parou diante do Sweethearts, na rua principal. O café estava quase vazio. Imaginei que a maioria dos clientes devia estar na formatura na Bryce. Dei uma olhada rápida para o relógio de pulso quando Lauren não estava olhando. Já estávamos afastadas havia meia hora. Nossa ausência teria sido notada. O diretor já devia estar na metade do discurso de abertura. Os professores, nos bastidores, certamente comentariam sobre o nosso sumiço, procurando quem nos tivesse visto pela última vez e onde, e para onde podíamos ter ido. Alguém se ofereceria para procurar pelo pátio.

Ally e Normani perceberiam nossos assentos vazios e saberiam que algo estava acontecendo, e os pais de Lauren ficariam confusos com o desaparecimento da filha exemplar. Pensar nisso tudo me trazia de volta à realidade e estragava um pouco o encanto do momento. Precisei pelo menos confirmar que ela havia tomado a decisão de modo consciente.

— Lauren — comecei.

— Puxa, Camz, não me diga que já mudou de ideia?

— Não, é claro que não. Preciso dizer só uma coisa.

— Certo. Pode falar.

— Você precisa pensar no seu futuro.

— Pensei. Ele está sentado bem na minha frente.

— Mas o que seus pais acharão sobre isso?

— Pensei que você queria dizer só uma coisa.

— Por favor, Lauren, vamos falar sério.

— Não sei o que eles pensarão. Não pretendo perguntar. Isto é o mais certo a se fazer. Já pensei muito em tudo. É o que quero e sei que você também quer. Se as circunstâncias fossem normais, podíamos abordar as coisas de outro modo, mas não podemos nos dar esse luxo. É a única maneira de proteger o que temos.

— E se as coisas ficarem piores?

— Não importa, porque vamos conseguir encarar juntas. 

— Já pensou sobre como faremos isso?

— Já cuidei de tudo. O padre Mel concordou em nos ajudar. Na verdade, ele está esperando por nós agora mesmo, na capela.

— Agora? — Fiquei boquiaberta. — Não devemos contar a alguém primeiro?

— Tentarão nos fazer desistir da ideia. Podemos contar à cidade toda depois. Quando nossas famílias superarem o susto inicial, vamos sair e comemorar. Você vai ver.

— Você faz parecer tão fácil.

— Porque é. O casamento é um sacramento. Até mesmo Deus ficará satisfeito.

— Estava pensando na sua mãe.

— Do que ela pode reclamar? Pelo menos, vamos nos casar numa igreja!

— Verdade.

Lauren ergueu o milk-shake para propor um brinde.

— A nós — disse ela quando nossos copos tilintaram. — Que o que Deus unir o homem não separe.

O que podia fazer além de retribuir o sorriso otimista dela? Não havia nada que quisesse mais do que ser dela para sempre. Como dizer que não temia a interferência dos homens? Eu me lembrei do sofrimento enfrentado por Lauren durante o tempo que fiquei em Hades. Agora a crise havia passado, a mulher que eu amava estava de volta, pronto para anunciar o nosso compromisso ao mundo. Estava preparado para arriscar tudo pela felicidade. A velha Lauren voltara para mim, talvez ainda mais forte do que antes. Não podia correr o risco de perdê-la de novo, mesmo que isso causasse ira no Céu. Lauren deve ter percebido a incerteza em meu rosto.

— Você pode voltar atrás — disse ela, baixinho. — Vou entender.

Hesitei por um momento, pensando em todas as consequências possíveis. Mas, quando Lauren segurou a minha mão, tudo ficou claro, e soube exatamente o que queria.

— De jeito algum — respondi. — Mal posso esperar para ser a Sra. Lauren Jauregui.

Ela bateu a mão na mesa, momentaneamente frustrada. Eu me sobressaltei.

— O que foi que eu disse?

— Droga! Eu me esqueci da aliança!

— Podemos nos preocupar com isso depois — respondi.

— Não, não precisamos — disse ela com um sorriso.

Enfiou a mão no bolso da calça e tirou de dentro dele a mão fechada. Quando a abriu, havia ali uma caixinha redonda e antiga.

— Abra — sugeriu ela.

Fiquei surpresa ao erguer o fecho de metal e abrir a tampa. Dentro da caixinha, havia uma aliança de diamante tão perfeita que me deixou boquiaberta. Assim que a vi, sabia que era a minha aliança e que nunca mais me separaria dela. Nunca sentira uma ligação tão forte com algo material antes. A aliança parecia ter sido feita para mim. Nem parei para pensar que podia precisar ser ajustada. Simplesmente sabia que serviria. Não havia nada de extravagante nem ostentoso nela. Já tinha ido com Dinah e as outras meninas admirar as vitrines da joalheria da cidade. Sempre fingi interesse para ser educada, mas as modernas alianças de diamante pelas quais elas babavam não me atraíam. Elas eram muito coloridas e grosseiras. Minha aliança era delicada como uma flor. Seu design era perfeito. A pedra central multifacetada estava presa a um aro de platina e tinha uma ponta, parecida com a de um pequeno domo. Ao redor dela, havia diamantes menores que desciam pela lateral.

— É perfeita para você — disse Lauren.

— É tão elegante — suspirei. — Onde você a encontrou? Nunca vi algo assim antes.

— Minha avó a deixou para mim em seu testamento. Minhas irmãs ficaram irritadas com o fato de ela querer deixá-la comigo. É uma aliança feita para um anjo. Não vai experimentá-la?

Assenti e peguei a aliança com hesitação, ainda me esforçando para acreditar que algo tão lindo e precioso seria meu. Mas não consegui experimentá-la. Quando Lauren terminou de falar, a terra sob nossos pés começou a chacoalhar como se o Céu estivesse em guerra. A aliança escorregou da mesa e caiu no chão estremecido.


Notas Finais


Oh, oh...
Encrenca a vista?? Em breve descobrirão.
MUITO OBRIGADA POR ACOMPANHAREM ESSA FIC ❤❤❤
Os comentários de algumas pessoas que me fizeram continuar a postar.
Obrigada mesmo a todos e até a Terceira Temporada 😊😊😊


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