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História Hades (Camren) - Mundo Subterrâneo


Escrita por: lmfs13

Capítulo 8 - Mundo Subterrâneo


Despertei em meio a um silêncio ensurdecedor. Uma luz fraca banhava o quarto. Esfreguei os olhos para enxergar melhor o que me rodeava. A primeira coisa que vi foram uns sofás e uma lareira, onde as últimas brasas eram consumidas, lançando fagulhas suaves e deixando o quarto entre sombras, e os móveis com seus contornos menos marcados. O quarto era ricamente decorado com madeiras escuras, e um candelabro de cristal pendia de um teto também bastante decorado. Eu estava deitada numa cama de carvalho com lençóis de seda dourados e manta cor de vinho, usando uma camisola à moda antiga, com punhos rendados. Fiquei imaginando onde estaria a minha roupa. Não me lembrava de ter me despido. Dei uma olhada em volta, do carpete macio às pesadas cortinas de veludo, e percebi a cesta de boas-vindas sobre a mesa de centro, que tinha tampo de vidro e pernas imitando garras de animais. Um enorme tapete de pele de leopardo ficava aos pés da cama, e a própria cama estava repleta de travesseiros macios e almofadas decoradas. Senti algo frio e cheiroso sob as minhas bochechas, e percebi que sobre os travesseiros havia pétalas de rosas vermelhas.

Uma enorme penteadeira de mármore estava encostada em uma das paredes. O espelho tinha pedras preciosas incrustadas. Sobre a penteadeira, havia uma escova de cabelo de madrepérola e um espelho de mão, junto a diversos perfumes caros e loções em vidros azulados. Um roupão de seda cor de marfim estava dobrado aos pés da cama. Havia duas poltronas reclináveis ao lado da lareira. A porta do banheiro estava aberta, e pude ver as torneiras douradas e uma banheira antiga. A decoração não parecia seguir um só tema. Era como se alguém tivesse aberto uma revista e escolhido coisas avulsas. Tudo o que pudesse sugerir opulência estava reunido naquele quarto. Uma bandeja de café da manhã com chá fumegante e doces fora deixada na mesa de centro. Quando tentei abrir a porta, percebi que estava trancada. Minha garganta ficou seca, e resolvi tomar um pouco de chá, sentada no carpete macio, tentando organizar os pensamentos. Mesmo com todo o luxo à minha volta, sabia que era uma prisioneira. Alguém escondeu o cartão que abria a porta, não havia como sair dali. Porém, mesmo que conseguisse escapar e descesse até a recepção, lá estaria repleto de aliados de MGK. Poderia tentar passar escondida entre eles e depois sair correndo, mas até onde conseguiria chegar sem ser capturada? Só havia uma certeza: pelo frio na barriga, estava claro que eu perdera tudo o que amava. E, sim, estava ali por culpa de MGK, mas o que ele queria? Seria uma revanche? Então por que não me matou quando teve chance? Queria prolongar o sofrimento? Ou havia algo mais por trás de tudo aquilo, como sempre acontecia em relação a MGK? Ele parecia sincero ao dizer que gostaria que eu ficasse à vontade.

Meu conhecimento sobre o Inferno era muito básico, pois minhas irmãs nunca tinham se aventurado numa viagem até aqui. Vasculhei a minha mente, tentando encontrar informações que Normani pudesse ter dividido comigo, mas não encontrei nada. Tudo o que eu sabia era que, no mundo subterrâneo, bem lá no fundo, havia uma fogueira com criaturas tão obscuras que nunca seríamos capazes de decifrar. MGK devia ter me trazido até aqui para me punir por ter sido humilhado. A menos que... Fui atingida por uma nova possibilidade. Ele não parecia muito vingativo. Na verdade, havia uma agitação estranha em seus olhos. Será que acreditava mesmo que eu poderia ser feliz ali? Um anjo no Inferno? Isso só provaria o quanto ele era limitado. Meu único objetivo era voltar para casa, para a companhia dos meus entes queridos. Aquele não era o meu mundo, e nunca seria. Quanto mais tempo ficasse por lá, mais complicado seria tomar o caminho de volta. Estava certa de uma coisa: aquilo nunca havia acontecido antes. Um anjo nunca fora capturado, arrancado da Terra e atirado numa prisão de fogo. Talvez aquilo significasse mais do que uma simples e louca atração de MGK por mim. Algo terrível poderia vir a acontecer.

Uma das paredes estava tomada por altas janelas, mas o que se via do lado de fora era uma espessa névoa cinzenta. Não havia nascer do sol por ali, o dia começava com uma luz fraquinha que parecia filtrada por um pequeno buraco na terra. Só de pensar em não ver a luz do sol por um bom tempo lágrimas surgiram nos meus olhos. Engoli o choro e peguei o roupão de seda, enrolando-o no corpo. Fui ao banheiro lavar o rosto e escovar os dentes, depois penteei os cabelos para soltar os nós que tinham se formado. A suíte do hotel estava imersa num silêncio sufocante. Todos os barulhos que eu fazia pareciam extremamente altos. Com uma ponta de saudade, me lembrei de como era a sensação de acordar em Venus Cove. Associei tudo isso a uma cacofonia sonora: música, canto de pássaros e Fish subindo as escadas. E me lembrei do meu quarto, as tábuas esburacadas e a escrivaninha bamba. Se fechasse os olhos, conseguiria me lembrar da sensação do lençol branco e macio sobre a minha pele e também de como me sentia na cama, como se ela fosse um ninho. Em Venus Cove, as manhãs eram banhadas por uma luz prateada logo vencida pelos primeiros raios de sol. E esses raios banhavam os telhados e dançavam sob as águas do oceano, despertando toda a cidade. Eu me lembrava de acordar ao som dos pássaros, de sentir a brisa batendo contra a janela da varanda, como se quisesse me tirar da cama. Mesmo quando a casa estava vazia, o mar não saía dali, continuava me chamando, avisando que eu não estava sozinha. Certas manhãs eu descia e ouvia o som dos dedos de Normani nas cordas do violão, tocando uma melodia suave, e sentia o cheiro de waffle no ar. Eu não lembrava a última vez que vira a minha família nem como tínhamos sido separadas. Quando pensava em Venus Cove, sentia um sopro de esperança no meu peito, como se pudesse me transportar ao passado. Mas essa sensação não durava mais que alguns segundos e se transformava em desespero, em algo muito pesado, algo que oprimia meu coração. Abri os olhos, vi o reflexo no espelho e notei que algo estava diferente. Nada mudara nas minhas feições, lá estavam os mesmos olhos grandes e castanhos de sempre, as mesmas orelhas pequenas e a mesma pele rosada de porcelana. Mas a expressão nos olhos era estranha. Antes tomados por uma centelha de curiosidade, agora estavam sem vida. A menina que via refletida no espelho parecia perdida. O cômodo era mantido numa temperatura agradável, mas eu tremia. Fui direto ao closet e peguei a primeira peça de roupa que vi. Era um vestido de noite preto com mangas bufantes. Suspirei e procurei algo mais apropriado, mas não encontrei nada prático e simples, nada além de vestidos longos e terninhos Chanel com blusas de seda. Peguei o modelo mais simples que encontrei — um vestido de veludo verde-musgo até os joelhos, com mangas compridas — e calcei sapatos rasteiros. Depois me sentei na cama. Eu me lembrava com nitidez de Venus Cove e das minhas irmãs, mas sabia que algo ou alguém me fugia da mente. Isso me deixou inquieta, com uma eterna pulga atrás da orelha, e tentar lembrar era cansativo. Deitei-me na cama e fiquei olhando para os detalhes do teto. Sentia uma dor crescente dentro de mim, mas não conseguia identificar a fonte. Cheguei a desejar que MGK aparecesse por ali, esperançosa de que, conversando com ele, pudesse desvendar tal mistério. As lembranças perdidas pareciam rondar a minha memória, mas, sempre que tentava agarrá-las, elas escapavam.

O clique do cartão que abria a porta me chamou a atenção e uma menina de rosto redondo entrou no quarto. Ela vestia uniforme típico de arrumadeira: um vestido liso e cinzento com a logo do hotel Ambrosia no bolso. Nos pés, meias bege e confortáveis sapatos Oxford. Os cabelos cor de mel estavam presos num rabo de cavalo.

— Desculpe, senhorita, posso arrumar o quarto ou é melhor eu voltar mais tarde?

Tinha modos reservados e mantinha os olhos pregados no chão, evitando qualquer contato visual. Atrás dela havia um carrinho cheio de produtos de limpeza e pilhas de toalhas limpas.

— Ah, não será necessário — respondi, tentando ser gentil, mas minha sugestão a deixou desconfortável. Ela parecia perdida, esperando novas instruções. — O quarto está em perfeitas condições — disse, aproximando-me de uma das poltronas. A menina parecia aliviada. Movia-se por ali com extrema eficiência, arrumando a roupa de cama e trocando a água do vaso de flores. No entanto, não deveria ter mais que 16 anos. A presença dela era estranhamente tranquilizadora, talvez por causa da candura do seu rosto, que não combinava com aquele ambiente bizarro.

— Posso perguntar qual é o seu nome?

— Meu nome é Hanna — respondeu logo. Notei que o inglês dela era meio limitado, como se não fosse a língua materna.

— E trabalha neste hotel?

— Sim, senhorita. Fui destacada para servi-la. — Meu rosto deve ter estampado uma grande confusão, pois ela completou: — Sou a sua criada.

— Minha criada? — repeti. — Mas não preciso de uma criada.

A menina não entendeu a minha irritação, pensando ser dirigida a ela.

— Vou trabalhar duro.

— Tenho certeza de que sim — respondi. — Mas não preciso de uma criada, pois não planejo ficar muito tempo por aqui.

Hanna me olhou de forma estranha e depois balançou a cabeça, veemente.

— A senhorita não pode ir embora. O Sr. Baker nunca deixa ninguém sair.

E então tapou a boca com a mão, pois se deu conta de que havia falado demais.

— Está tudo bem, Hanna. — Tentei tranquilizá-la. — Pode me dizer tudo o que quiser. Não vou contar para ninguém.

— Não devo conversar com a senhorita. Se o príncipe descobrir...

— MGK, você quer dizer? — perguntei. — Ele não é um príncipe.

— A senhorita não deveria dizer essas coisas em voz alta — murmurou Hanna. — Ele é o príncipe do Terceiro Círculo, e a traição é um pecado mortal.

Devo ter feito uma expressão de uma pessoa completamente perdida, pois ela começou a explicar:

— São nove os círculos do mundo subterrâneo, cada um governado por um príncipe diferente. O Sr. Baker preside este distrito.

— E quem foi o idiota que deu tanto poder a ele? — perguntei, nervosa. E, vendo que Hanna se alarmou, rapidamente mudei o tom de voz. — Quero dizer... Como isso aconteceu?

— Ele era um dos Originais — respondeu Hanna, dando de ombros, como se isso explicasse tudo.

— Já ouvi falar neles — disse, certa de que Normani tinha mencionado esta palavra, e sabia que a expressão vinha do início dos tempos, da Criação.

— Quando o Grande Pai caiu do Céu... — disse Hanna, olhando furtivamente para a porta.

— O quê? — interrompi. — O que foi que você disse?

— É assim que nós o chamamos por aqui.

— É assim que chamam quem?

— Imagino que você o conheça por Satã ou Lúcifer.

O quebra-cabeça começava a se formar na minha mente.

— Quando Lúcifer caiu do Céu, oito anjos juraram lealdade a ele... — continuei a história da menina.

— Exato — confirmou ela.

— Miguel reuniu todos junto ao líder rebelde, e eles se transformaram nos primeiros demônios. Desde então, lançam mão de tudo o que for necessário para atingir a Terra, em retaliação à expulsão que sofreram.

E parei de falar, tentando absorver tudo. Imediatamente, uma imagem paradoxal tomou conta da minha mente e franzi o cenho.

— O que foi, senhorita? — perguntou Hanna, notando a minha expressão.

— Nada, só é difícil acreditar que MGK já foi um anjo — respondi. — Isso me parece impossível — comentou Hanna, tão decidida que fui obrigada a sorrir.

Ainda assim, não conseguia tirar aquela imagem da cabeça. Eu e MGK compartilhávamos uma genealogia. Tínhamos sido criados pela mesma pessoa. Porém, ele se transformara em algo muito distante do que originalmente fora. A verdade é que sempre soube disso, mas acho que a vontade de bani-lo da mente impedia que pensasse no assunto com clareza. Era impossível acreditar que o MGK que eu conhecia, o MGK que tentou destruir a cidade e o povo que eu amava, fora um dia como eu. Eu conhecia a história dos Originais. Eram os servos mais fiéis a Lúcifer, os que estiveram ao seu lado desde os primeiros tempos. Durante toda a história da humanidade, ocuparam as posições mais altas nos escalões da sociedade. Eles se reuniram em comunidades na Terra, o que permitiu influenciar os homens. Conseguiram se infiltrar na política e na justiça, as quais puderam destruir sem medir as consequências. A influência que exerciam era venenosa. Satisfaziam a vontade dos homens, aproveitando-se de suas fraquezas e usando-os em benefício próprio. Pensei em algo terrível. Se MGK trabalhava para um poder maior, quem deveria ser o culpado por tudo o que havia acontecido até então?

— O que será que ele quer dessa vez? — murmurei.

— Isso é fácil — respondeu Hanna, com seu inglês engraçado e entrecortado. Ela parecia feliz ao me oferecer informações que eu não tinha. — Ele só quer que a senhorita seja feliz. Afinal de contas, a senhorita será a noiva dele.

Num primeiro momento, soltei uma risada, achando que ela fizera uma brincadeira de mau gosto. Mas, quando olhei para Hanna, vendo seu rosto infantil e seus grandes olhos castanhos, notei que simplesmente repetiu algo que ouvira.

— Acho que preciso falar com MGK — comentei, tentando esconder a minha crise de pânico. — Agora mesmo. Você sabe como me levar até ele?

— Sei, sim, senhorita — respondeu prontamente. — O príncipe também gostaria de vê-la.

Hanna me guiou pelos corredores mal-iluminados do hotel Ambrosia, movendo-se como um fantasma sobre os grossos carpetes. Tudo estava completamente tranquilo por ali. Os demais hóspedes, se existiam, não deixavam transparecer nenhum sinal de presença. Tomamos o elevador de vidro, suspenso no ar como uma bolha. Lá de dentro, podíamos ver tudo, até o chafariz da recepção.

— Para onde estamos indo? — perguntei. — MGK tem uma masmorra especial onde administra os seus negócios?

— Não, mas temos uma sala de reunião no térreo.

Percebi que Hanna levava tudo o que eu dizia ao pé da letra. Portanto, o sarcasmo não surtiria nenhum efeito. Paramos em frente a uma imponente porta dupla. A relutância de Hanna em seguir em frente era clara.

— Será mais seguro a senhorita entrar sozinha — disse. — Sei que ele não lhe fará mal.

Não discuti. Não queria expô-la ao temperamento explosivo de MGK. Mas não me sentia assustada, mesmo prestes a encará-lo de novo. Na verdade, eu queria a confrontação, ainda que fosse apenas para lhe dizer o que pensava dele e dos seus terríveis planos. Ele fora até o fundo, não poderia me ferir mais do que já ferira.

MGK parecia irascível quando entrei, como se estivesse me esperando há muito tempo. Havia uma lareira no recinto, e ele estava de pé, de costas para ela. Sua roupa era mais formal que a de costume, com calças bem-cortadas, uma camisa aberta no colarinho e paletó roxo-escuro. A luz dançava sobre a pele tão branca cheia de tatuagens. Quando me viu, ele começou a caminhar pela sala, parando para examinar um detalhe ou outro. Havia um grande ramo de rosas no centro da mesa. MGK pegou uma delas e a cheirou, depois a amassou sem pena entre as mãos. Parecia não ligar para os espinhos e para o sangue que começara a escorrer entre os dedos, como se não sentisse dor. E não devia sentir mesmo. Provavelmente, suas feridas se curavam muito rápido. Uma mesa grandiosa tomava conta da sala de reunião, tão polida que refletia o teto. Cadeiras de espaldar alto estavam posicionadas a toda volta. Um enorme monitor ocupava toda uma parede. Nele, podíamos ver imagens das boates. Fiquei observando, fascinada, as imagens de corpos sem vida dançando freneticamente, e tão colados uns aos outros que pareciam formar uma única entidade. Embora fosse apenas uma tela, a cena me deixou hipnotizada. Logo, a imagem foi substituída por outra de estatísticas e números. Depois voltou aos dançarinos implacáveis. Parecia aproximar-se de alguns deles e tabular informações pessoais.

— O que você acha dos meus ratos de boate? — perguntou. — Eles estão condenados a beber e dançar eternamente! A ideia foi minha.

Ele segurava um copo do qual tomava repetidos goles de um líquido âmbar. Um cigarro pela metade pendia no canto de um cinzeiro. Alguém tossiu e girei o corpo, notando que não estava sozinha. Um jovem não muito mais velho que eu estava sentado num canto da sala de reunião, acariciando um gato que dormia. Ele usava camisa xadrez e uma calça tão larga que precisava de suspensórios para não cair. Seus cabelos castanhos eram pontiagudos na testa, como se tivessem sido cortados com tesoura de jardinagem. Seus pés apontavam para dentro, como os de uma criança quando se senta.

— Mila, este é Tucker. Ele é um dos meus assistentes e estará de olho em você. Tucker, levante-se e aperte a mão de Camila — gritou MGK, antes de virar as costas para mim. — Sinto muito pelos maus modos.

MGK parecia tratá-lo como um bicho de estimação sendo adestrado. Quando Tucker se levantou e caminhou na minha direção, percebi que mancava e arrastava a perna direita. Ele esticou uma das mãos, grandes e calorosas, para me cumprimentar. Observei uma cicatriz profunda que corria do seu lábio superior à base do nariz. A cicatriz erguia ligeiramente uma das narinas, e ele parecia estar sempre cheirando algo. Mesmo grande, parecia vulnerável aos meus olhos. Tentei sorrir, mas ele fez uma careta e desviou o olhar. O movimento de Tucker despertou o gato siamês pouco amigável, que crispou as costas e silvou na minha direção, ferozmente.

— Acho que ele não gosta de concorrência — comentou MGK, com voz aveludada. — Mas pare com isso, Faustus. Como você está, Camila? Sinto muito que a sua chegada tenha sido tão dramática, mas não havia outra maneira.

— Sério? — retruquei. — Imaginei que você preferisse dessa maneira, já que é um homem tão dramático.

Tentei ser o mais ofensiva possível, pois não queria lidar com seus joguinhos. MGK abriu a boca, como se estivesse surpreso, e pousou os dedos sobre ela.

— Nossa... Vejo que andamos aprendendo coisas por aí... Que bom. Não podemos viver eternamente como uma Barbie.

Sempre achei que MGK tinha algo de camaleão, pois era enorme sua capacidade de modificar a aparência para confundir-se com o que o rodeava. No entanto, no seu ambiente, ele era muito diferente do MGK que conheci no colégio. Na Bryce Hamilton era também muito seguro, mas não socializava. Tinha um clã de adoradores, mas seu maior poder de atração era a subcultura que representava. Sabia que não pertencia àquele local e não fazia esforço para pertencer a nada. Na verdade, parecia sempre muito atento, e, quando conseguia impor a sua influência sedutora a um aluno, ficava tomado de satisfação. No entanto, estava sempre em alerta, preparado para qualquer eventualidade. No seu território, porém, estava completamente tranquilo, os ombros relaxados e um sorriso leve. Naquele local, ele tinha todo o tempo do mundo, e sua autoridade era inquestionável. Impaciente, ele curvou a cabeça para o lado, dirigindo-se a Tucker.

— Vai oferecer vinho à minha convidada ou pretende ficar parado aí o dia inteiro, como se fosse um poste inútil?

Tucker correu em direção a uma mesa de centro, pegou um copo de vidro com suas mãos trêmulas e encheu-o com o líquido carmesim que havia num decantador. Depois deixou o copo na minha frente.

— Não quero beber — respondi, afastando o copo. — Quero saber o que você fez comigo. Quero me lembrar de algumas coisas, mas minhas memórias estão bloqueadas. Quero que você desbloqueie o acesso à minha mente!

— E de que servirá lembrar-se do passado? — questionou MGK, sorrindo. — Tudo o que você precisa saber é que foi um anjo, e que agora é o meu anjo.

— Sério, você acha que vai conseguir me manter aqui sem sofrer as consequências? Sem uma contrapartida divina?

— Até agora, acho que não me saí tão mal — respondeu ele. — E já estava mais do que na hora de você ir embora daquela cidade provinciana. Ela estava atrasando a sua vida...

— Tenho nojo de você.

— Por favor, não vamos estragar o seu primeiro dia aqui — pediu num tom convidativo, como se aquela fosse uma conversa entre dois amigos que não se viam havia muito tempo. — Temos muito o que conversar.


Notas Finais


Camila não se lembra da Lauren
Camila "noiva" do MGK
Oh God...
Até o próximo capítulo


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