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História Hades (Camren) - Sem Saída


Escrita por: lmfs13

Notas do Autor


A pedido de alguém especial ❤

Capítulo 9 - Sem Saída


Não vou falar com você até conseguir a minha memória de volta — avisei entre dentes. — Elas não pertencem a você, e preciso me lembrar de algumas coisas.

— Não sequestrei suas memórias, Mila — revidou MGK. — Ainda assim, é ótimo saber que você acredita que eu seria capaz de fazer isso. Talvez as tenha enterrado bem fundo, mas você as encontrará. Mas, se eu fosse você, deixaria para lá, começaria do zero.

— Você poderia me mostrar como recuperá-las? Não consigo fazer isso sozinha.

— Por que não me dá uma razão para isso? — pediuvrecostando-se na cadeira. — Tenho certeza de que você distorcerá as coisas para que eu pareça uma pessoa má.

— Estou falando sério: chega de joguinhos!

— Camila, você já pensou que talvez eu esteja fazendo isso para o seu bem? Talvez seja melhor viver assim.

— MGK, por favor — implorei, em tom suave. — Já não sou a mesma pessoa, não me reconheço. E de que vale me ter aqui se nem eu mesma sei quem sou?

Ele suspirou longamente, como se o meu pedido fosse uma grande imposição.

— Tudo bem — cedeu e, com um movimento sutil, atravessou a sala, aproximando-se do ponto onde eu estava. — Vamos ver o que posso fazer.

MGK pressionou firmemente dois dedos frios na minha têmpora direita. Pronto. As memórias reprimidas voltaram como uma avalanche. Tive que me segurar na ponta da mesa para não cair. Ainda me lembrava da vida tranquila em Venus Cove, mas as peças perdidas do quebra-cabeça estavam de volta. E me lembrei da raiz e do centro de todas as coisas. Vi a noite da festa do Dia das Bruxas, mas eu não estava sozinha ali. Alguém de olhos verdes, cabelos pretos e um sorriso maravilhoso, que fazia os meus joelhos tremerem, estava ao meu lado. Ao me lembrar do rosto de Lauren senti um indescritível jorro de felicidade pelo corpo. Mas isso não durou muito. Segundos mais tarde, outra lembrança tomou a dianteira: era a figura de Lauren caída à beira de uma estrada empoeirada enquanto uma moto corria pela escuridão. Essa lembrança me deixou tão mal que senti vontade de extirpá-la da minha mente. Meu corpo foi tomado pela dor da separação e pela visão do corpo sem vida. Não poderia viver sabendo que talvez ela estivesse morta. No entanto, caso soubesse que Lauren estava viva, e bem, talvez pudesse aguentar o meu exílio naquela terra miserável distante de Deus. Sem ela, não teria forças para sobreviver. Naquele instante, notei que, para o bem ou para o mal, a minha felicidade vinha de uma única fonte. E, caso essa fonte fosse cortada, eu não poderia funcionar, não queria funcionar.

— Lauren... — murmurei. Era como se todo o ar tivesse sido arrancado daquela sala. Por que tudo havia ficado tão sufocante? Aquela imagem não saía da minha mente. — Por favor, diga que está tudo bem.

MGK revirou os olhos.

— Claro... Eu deveria saber que os seus pensamentos correriam diretamente para ela.

Eu lutava contra as lágrimas.

— Não seria suficiente me abduzir? Como ousou machucá-la? Você é um covarde sem coração.

De repente, a raiva superou minha angústia. Comecei a bater no peito de MGK. Ele não tentou me deter, apenas esperou que a raiva aplacasse.

— Está se sentindo melhor agora? — perguntou ele. Mas não me sentia melhor, e sim um pouco aliviada. — Vamos dispensar tanto melodrama. A bonitinha não está morta... só um pouco abatida.

— O quê? — retruquei, com o coração a mil.

— O impacto não a matou — respondeu MGK. — Ela só está fora de combate.

O alívio que senti foi arrebatador. Fiz uma oração silenciosa para a força maior que quisesse me ouvir. Lauren estava viva! Respirava e caminhava pela Terra, embora talvez um pouco mais abatida do que da última vez que a vi.

— Acho que as coisas estão melhores assim — disse MGK, com um sorriso amarelo. — A morte de Lauren poderia estragar tudo entre nós.

— Você promete que nunca a machucará? — perguntei. 

— Nunca é tempo demais. Mas vamos dizer que ela está segura por enquanto.

Eu não gostei daquele "por enquanto", mas resolvi não testar a minha sorte.

— E Ally e Normani também estão em segurança?

— Juntas, elas são uma força implacável — comentou MGK. — Mas nunca estiveram nos meus planos. Só estava interessado em trazer você para cá, e isso está feito. Ainda que, por um tempo, tenha duvidado que eu fosse capaz. Para um demônio, não é fácil arrastar um anjo para o Inferno, você sabe... Na verdade, acho que isso nunca foi feito antes — disse satisfeito com a sua façanha.

— Aos meus olhos, pareceu fácil.

— Bem... — MGK sorriu, exagerado. — Cheguei a pensar que não seria capaz de me erguer outra vez quando a sua querida irmã me enviou de volta para cá. Mas as bobas das suas amiguinhas resolveram invocar alguns espíritos em Venus Cove... Que sorte a minha! — Os olhos de MGK queimavam como carvão em brasa, e ele continuou: — O que aquela menina disse não foram palavras muito poderosas, despertando apenas alguns espíritos perturbados, ansiosos por ultrapassar a barreira.

— Elas não estavam querendo invocar demônios — respondi, na defensiva. — As sessões espíritas são feitas para conjurar espíritos.

Não conseguia me livrar da sensação de responsabilidade. Era duro constatar que me abstive quando deveria ter sido mais incisiva. Poderia ter destruído o tabuleiro e atirá-lo janela afora.

— Na verdade, trata-se de um lance de sorte — disse MGK. — E impossível saber o que surgirá, certo?

Eu o encarei, com olhos profundos.

— Não me olhe assim — pediu —, a culpa não é toda minha. Não teria conseguido arrastá-la até aqui se você não tivesse aceitado o meu convite.

— Que convite? — perguntei, em tom sarcástico. — Não me lembro de você ter perguntado se eu queria dar uma passadinha no Inferno.

— Ofereci carona e você aceitou — disse.

— Mas isso não conta, fui enganada... Imaginei que você fosse outra pessoa.

— Problema seu. Regras são regras. Além do mais, você é muito ingênua, sabe? Não era estranho a Srta. Responsabilidade ter se atirado de cabeça num rio? Você acha mesmo que ela se envolveria nessas brincadeiras idiotas? Nunca imaginei que você engoliria essa... Mas, passado apenas um segundo, você selou o seu destino aceitando a minha carona. Na verdade, acho que isso não tem nada a ver comigo.

As palavras dele me atingiam como bolas de fogo. Enquanto digeria a minha estupidez, ele começou a rir. Nunca ouvi alguém rir daquela maneira. Ele se aproximou e tomou as minhas mãos.

— Não se preocupe, Mila. Não vou permitir que um pequeno erro altere minha opinião sobre você.

— Quero ir para casa — implorei.

Em algum ponto escuro da mente de MGK, imaginei que poderia haver um resquício de decência, algo que o fizesse sentir uma pontada de remorso, de culpa, qualquer coisa que fosse capaz de fazê-lo escutar o meu pedido, a minha súplica. Mas não, eu estava errada.

— Você está em casa — disse ele, em tom suave, pressionando as minhas mãos contra o peito. A carne dele era uma massa maleável, e, por alguns instantes, imaginei que os meus dedos fossem mergulhar em direção à cavidade reservada ao seu coração.

— Sinto muito, mas não posso me transformar em ser humano... — disse, com voz embargada. — No entanto, você também tem algumas irregularidades, e acho que não está em condições de me julgar.

MGK soltou uma das mãos e tocou as minhas asas, que estavam fechadas.

— Pelo menos tenho um coração, o mesmo não pode ser dito de você — retruquei. — Aliás, deve ser por isso que você não sente nada.

— Aí é que você se engana. Sinto coisas por você, Mila. E é por isso que você ficará aqui. O Inferno é um lugar com muito mais brilho graças à sua presença.

Finalmente, consegui soltar a outra mão.

— Não sou obrigada a fazer nada. Talvez seja sua prisioneira, mas você não tem nenhum poder sobre o meu coração. Mais cedo ou mais tarde, MGK, você aceitará isso.

E girei o corpo para ir embora.

— Aonde você pensa que vai? — perguntou ele. — Não pode sair daqui desacompanhada. Não seria seguro.

— Veremos...

— Espero que reconsidere.

— Me deixe em paz! — gritei, sem olhar para trás. — Não estou nem aí para você.

— Mas não diga que não avisei.

No corredor, encontrei Hanna, que me esperava.

— Vou embora deste buraco infernal — anunciei, seguindo em direção às portas giratórias. A recepção parecia estar vazia, ninguém me deteria.

— Espere, senhorita! — gritou Hanna, correndo ao meu lado. — O príncipe tem razão, é melhor não sair daqui!

Eu a ignorei e saí pelas portas giratórias em direção ao nada. Para a minha surpresa, ninguém tentou me deter. Não sabia o que fazer, mas isso não importava. Queria ficar o mais longe possível de MGK. Havia portais naquele local, e algum deles deveria ser uma saída. Tudo o que precisava fazer era encontrar uma delas. No entanto, quanto mais corria naqueles túneis esfumaçados, as palavras de Hanna reverberavam com mais força no meu peito. Não há saída. Fora do hotel Ambrosia, os túneis eram profundos e escuros, cheios de garrafas de cerveja e carcaças de carros velhos queimados. As pessoas com quem cruzava pareciam não notar minha presença. Pelos olhares delas, imaginei que seriam almas condenadas. Se eu conseguisse encontrar o caminho que tomamos para chegar ao hotel, talvez fosse capaz de persuadir as door bitches da boate a me deixarem sair.

Quanto mais me aprofundava nos túneis, melhor percebia as coisas, como a estranha névoa e o cheiro de cabelo em chamas, um cheiro tão forte que me obrigou a tapar a boca com uma das mãos. A névoa me rodeava, fazendo com que sentisse vontade de seguir em frente. Quando amainou, percebi que não estava perto da boate Orgulho. Na verdade, não sabia onde estava e senti um frio que invadia as minhas veias. Estranhos me cercavam, e não sabia como defini-los, mas com certeza todos tinham sido seres humanos um dia. Porém, naquele momento, era impossível defini-los assim. Pareciam assombrações e caminhavam sem rumo, saindo e entrando de buracos escuros. A energia daquela gente estava presente, embora os olhos parecessem vazios e as mãos vagassem soltas no ar. Observei o que estava mais perto de mim, tentando entender o que acontecia. Era um homem bem-vestido, de terno. Os cabelos eram curtos, e ele usava óculos de aro de metal. Pouco depois, uma mulher se materializou à sua frente, num cenário doméstico, uma cozinha. A cena parecia uma miragem, mas eu notava que era algo muito mais real para os envolvidos nela. Uma discussão calorosa surgiu entre o casal. Eu me sentia mal em observá-los, como se fosse uma intrusa num momento muito privado.

— Chega de mentiras. Eu sei de tudo — disse a mulher.

— Você não sabe do que está falando — respondeu o homem, com voz trêmula.

— Sei, sim, e estou indo embora.

— Não diga isso...

— Vou ficar um tempo com minha irmã. Até as coisas se resolverem.

— Resolverem? — perguntou o homem, cada vez mais agitado.

— Quero o divórcio — respondeu ela, decidida. — Cale-se — murmurou ele.

— Cansei de ser tratada como lixo. Vou ser feliz longe de você.

— Você não vai a lugar nenhum.

A linguagem corporal do homem era ameaçadora, mas a mulher parecia não entender aquilo.

— Saia da minha frente!

Quando ela tentou abrir caminho, ele pegou uma faca na bancada da cozinha. Mesmo não sendo real, a lâmina brilhava e parecia cortante. Ele pressionou a esposa contra a bancada. Não vi a faca sendo erguida, mas, no minuto seguinte, ela estava cravada entre as costelas da mulher. O marido não parava de golpeá-la, e o sangue jorrava com força. Quando a ferida já era bem grande, ele deixou a faca de lado, e o corpo sem vida da mulher escorregou do seu braço. Os olhos dela estavam esbugalhados, as bochechas tomadas pelo próprio sangue. Ao cair contra os azulejos do chão, ela sumiu, e a cozinha desapareceu junto com ela. Curvei o corpo num canto, sem fôlego, tentando fazer as mãos pararem de tremer. Não me esqueceria daquela cena com facilidade. O homem parecia perdido, girando em círculos, e, por um segundo, imaginei que tivesse se dado conta da minha presença. Mas então a mulher reapareceu à sua frente, inteira, intocada. 

— Chega de mentiras. Eu sei de tudo — disse ela.

Era como se alguém tivesse posto um filme em eterna repetição. Notei que a terrível cena se repetiria na frente dos meus olhos. Os envolvidos estavam condenados a repeti-la para sempre. As demais figuras ao meu redor também reviviam as próprias cenas de crimes do passado: assassinatos, estupros, roubos, adultérios, traições. A lista era infinita. Sempre interagi com o conceito do Mal num nível filosófico. Mas, naquele momento, era como se tudo estivesse ao meu redor, palpável e real. Corri para o ponto de onde viera, sem parar. Algumas vezes notava certas coisas roçando o meu corpo ou puxando o meu vestido, mas me soltava e saía correndo. Só parei ao notar que, caso desse mais um passo, minhas pernas desmoronariam. Eu sabia que estava perdida, pois os túneis tinham desaparecido. Estava de pé num grande espaço aberto. À minha frente, no chão, havia uma espécie de cratera fumegante. Não conseguia enxergar o interior, mas ouvia gritos e prantos torturados. Nunca vira nada parecido, mas ainda assim aquilo era estranhamente familiar. Por quê? O lago de fogo aguarda a minha senhora. Seria aquele o local descrito no bilhete que encontrei no meu armário do colégio, tantos meses atrás? Sabia que não devia me aproximar. Sabia que deveria voltar correndo ao hotel Ambrosia, mesmo que fosse a minha prisão. Seja lá o que houvesse ali diante de mim, com certeza seria algo que não estava preparada para testemunhar. Até então, Hades se demonstrara um local cheio de túneis subterrâneos, boates sombrias e um hotel vazio. No entanto, resolvi dar os meus primeiros e vacilantes passos em direção à cratera fumegante, mesmo sabendo que tudo se transformaria. O indescritível lamento dos seus ocupantes me atingiu antes de eu me aproximar muito. A minha mente sempre esteve povoada das descrições medievais do Inferno, com corpos desconjuntados e instrumentos de tortura desenhados para assustar ou controlar uma multidão ignorante, e, naquele momento, percebi que essas histórias eram verdadeiras.

Não era fácil entender o que acontecia além daquele brilho avermelhado que emanava da cratera, mas claramente havia dois grupos por ali: os atormentados e os atormentadores. Os atormentadores vestiam uma armadura de couro e calçavam botas. Alguns estavam encapuzados, como executores. Os atormentados estavam nus ou vestiam farrapos. Nas paredes de terra estavam dependurados diversos artifícios de metal criados para causar dor. Meus olhos se alternavam entre as serras, os ferros em brasa e os alicates enferrujados. No fundo da cratera, havia tonéis de óleo fervendo e carvão em brasa. Avistei corpos acorrentados a postes, dependurados em vigas e amarrados em aparelhos cruéis. As almas gritavam e uivavam, mas os torturadores seguiam com o trabalho incessante. Observei enquanto arrastavam um homem nu pelo chão, metendo-o num caixão de lata, que foi tapado. Depois enfiaram o caixão num forno e, lentamente, a lata era aquecida, ficando laranja, depois vermelha. Do lado de dentro, vinham gritos de agonia, o que parecia divertir os demônios. Outro homem foi atado a um poste, e seus olhos estavam voltados para o alto, em súplica. Num primeiro momento, não notei que aquela coisa amarela que pendia da sua coxa era a própria pele. Ele estava sendo esfolado vivo. As imagens que surgiam à minha frente envolviam sangue, carne arrancada e feridas profundas. Era só observar por alguns segundos para dar ânsia de vômito. Atirei o corpo contra o chão seco e cheio de fissuras e cobri os olhos. O cheiro e os sons eram terríveis. Comecei a engatinhar, os joelhos e as mãos presos ao chão, pois tinha medo de cair ao me levantar. Eu me arrastei por alguns metros em meio à poeira quando uma bota surgiu à minha frente. Ergui os olhos e percebi que estava cercada de atormentadores com chicotes nas mãos, homens que notaram a minha presença. Não havia nada de humano naqueles rostos desprovidos de piedade. Ouvi um arrastar de correntes enquanto eles se moviam. Porém, ao observá-los melhor, constatei que não passavam de garotinhos. Era incongruente ver tanta crueldade em seus rostos perfeitos. 

— Parece que temos visita — disse um deles, apontando para mim. A voz era musical e com sotaque hispânico. Ele moveu um dos pés e levantou a barra do meu vestido, deixando minhas pernas expostas.

A ponta da sua bota continuou levantando a minha roupa, de uma forma nada confortável.

— Ela é gostosa — comentou um dos companheiros.

— Gostosa ou não, a verdade é que não é educado ficar passeando por áreas restritas sem ser convidada — disse um terceiro menino, outro demônio. — Acho que deveríamos lhe dar uma lição. — Seus olhos brilhavam como bolas de gude. A boca dele era proeminente, e falava de forma lenta, estranha, sacudindo os cabelos que lhe caíam sobre os olhos e feições bem marcadas.

— Vou ser o primeiro — disse o outro. — Quando eu terminar, vocês poderão ensinar tudo o que quiserem a ela. — E abriu um sorriso rápido na minha direção. Ele era mais forte que os demais e cheio de sardas no nariz.

— Esqueça, Yeats — avisou o primeiro menino, de cachos escuros. — Não vamos fazer nada até descobrirmos quem a enviou aqui.

Yeats aproximou a sua cabeça da minha. Seus dentes pequenos eram como os dentes de uma piranha.

— O que uma menina tão linda está fazendo sozinha por aqui?

— Estou perdida — respondi, trêmula. — Vim do hotel Ambrosia, sou hóspede de MGK.

Tentei fazer com que isso soasse importante, mas não ousei encará-lo.

— Droga — praguejou o loiro, chateado. — Ela está com MGK. Acho melhor não fazermos nada muito ruim.

— Não entendo, Nash — soltou Yeats. — Caso ela realmente estivesse com MGK, não deveria estar aqui fora.

De repente, minha mente começou a girar. Imaginei que o meu corpo não aguentaria mais nada. Mas Yeats não parecia impressionado.

— Se quer vomitar... vire para lá. Acabei de polir as minhas botas.

Meu peito estava pesado, não conseguia respirar.

— Ande, levante-se! — gritou Yeats, olhando triunfante para os demais ao passar um dos braços ao redor da minha cintura. — Poderíamos usá-la para uma causa justa. Que tal uma audiência?

As mãos dele eram ásperas ao roçar os botões do meu corpete.

— Se ela pertence mesmo a MGK, e se ele descobrir... Quem sabe o que poderia fazer? — perguntou o menino chamado Nash, nervoso.

— Cale a boca — gritou Yeats, dirigindo-se ao primeiro: — Diego, me ajude a segurá-la.

— Tire essas mãos sujas de cima dela — disse uma voz tão ameaçadora que parecia afiada como aço.

MGK se materializou em meio às sombras. Sua aparência era bem mais ameaçadora que a dos demais. Na verdade, ao seu lado, os três meninos pareciam amadores ou jovens arruaceiros surpreendidos fazendo bobagens. Na presença de MGK, eles perderam a valentia e ficaram paralisados de medo. MGK parecia esmagar todos eles, exalando um ar de autoridade que os obrigou a reverenciá-lo. Se houvesse escalões de poder no Inferno, aquele trio ocuparia uma das camadas mais baixas.

— Não sabíamos que... — começou Diego, tentando pedir desculpas. — Caso contrário, não teríamos tocado nela.

— Tentei avisar que... — continuou Nash, mas Diego o encarou, pedindo silêncio.

— Vocês têm sorte de eu estar de bom humor — disse MGK. — Mas desapareçam da minha frente antes que mude de ideia.

Com o rabo entre as pernas, eles voltaram à cratera de onde saíram. MGK me ofereceu o braço. Era a primeira vez que me alegrava com a sua presença.

— Então... O que você viu por aí? — Ele quis saber.

— Tudo.

— Tentei avisar — disse MGK, parecendo sentir pena de verdade de mim. — Gostaria que eu tentasse apagar essas memórias? Prometo não tocar nas demais.

— Não, obrigada — respondi, ainda trêmula. — Precisava ver todas essas coisas.


Notas Finais


Como estamos??
Haha até o próximo cap 😊


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