1. Spirit Fanfics >
  2. Hakanai >
  3. 05 de Dezembro de 2016

História Hakanai - 05 de Dezembro de 2016


Escrita por: Juriasu

Notas do Autor


OIEEEE ndjandkanks
É a segunda vez que edito essa fanfic -qq
Mas eu realmente não estava satisfeito com o que estava se tornando, percebi que as coisas não estavam tomando o rumo que eu queria, então resolvi reescrever do zero.
MIL DESCULPAS, sério, não era a minha intenção editar tanto assim, prometo que vai ser a última vez. Eu fiquei bastante satisfeito com esse capítulo, então espero que vocês também fiquem.
Não vou enrolar muito aqui, boa leitura! ♡

Capítulo 1 - 05 de Dezembro de 2016


05 de Dezembro de 2016

Nem sempre gostei de segundas-feiras. Quando era pirralho costumava odiá-las, assim como qualquer outra criança de 12 anos. Porém, foi quando fiz 15 que percebi como o primeiro dia da semana me impedia de perder toda e qualquer sanidade mental que ainda restava dentro de mim. Sair de casa era um inferno, mas ficar dentro dela também. Com o tempo, aprendi que ocupar minha mente com qualquer coisa existente me impede de pensar demais. Pensar demais significa me preocupar demais. E eu evito isso a todo custo.

Era pra ser apenas mais uma das milhares de segundas-feiras frias e cinzentas que o resto do mundo parecia detestar. Eu usava os mesmos jeans velhos e desbotados de sempre — moda nunca foi o meu forte, mesmo — enquanto via as mesmas pessoas vazias caminhando apressadamente pelas ruas fingindo terem um propósito. É, talvez eu tenha me tornado uma delas, embora eu realmente não goste de ficar perto dessa gente. Simplesmente porque pessoas são pessoas, e pessoas julgam. E não é como se eu precisasse de mais alguém além de mim para me lembrar o quão fracassado sou.

Nas minhas manhãs apagadas, tenho o hábito de me esconder entre as paredes do pequeno café em frente ao campus da universidade que me obrigo a frequentar para ter mais alguma coisa com o que me manter ocupado. Não que eu não goste do curso, muito pelo contrário, não me imaginaria fazendo outro. Mas acho que se não fosse pela insistência da minha mente em querer algo que me distraia de todas as dúvidas que a minha cabeça lança ao ar a cada segundo, eu já teria desistido há tempos.

O cheiro doce da cafeteria impregnava o ar e me deixava ligeiramente enjoado. Nunca gostei muito de doces. Sempre continham açúcar demais e eu nunca fui um grande fã de excessos. Porém meu humor melhorou consideravelmente quando passei os olhos pelo estabelecimento e encontrei a familiar mesinha de madeira, afastada de toda a muvuca desconfortável. Aquele sempre fora o meu cantinho. Ninguém passava ali além dos funcionários, muito menos se sentavam onde não era possível bisbilhotar a vida alheia. E eu era eternamente grato por isso.

Apesar de eu realmente gostar do café, a presença de tanta gente junta em um lugar só me deixava totalmente irritado. Entretanto, talvez apenas 1)eu fosse ranzinza demais, 2)o mundo fosse chato demais, 3)ambas as opções. E, honestamente, eu acreditava mais na terceira.

Espalhei todos os meus pertences pela mesa enquanto esperava que alguém me atendesse. Aquele canto mal iluminado me permitia sentir confortável o suficiente para estudar ou simplesmente rabiscar alguma coisa no caderno até que o período de aulas — também conhecido como tortura — começasse. Porém ainda sentia os olhos das pessoas queimando em minhas costas a cada movimento.

Me esforçando ao máximo para ignorar os olhares, risadas e cochichos, mergulhei nos livros que trouxe comigo, dando o meu melhor para esquecer do mundo que me rodeava.

Quando já estava quase me sentindo confortável naquele ambiente, fui interrompido pela segunda vez ao dia. E eu realmente não queria dar de cara com outro atendente atrapalhado que confundiu os pedidos. Porém quando levantei o rosto para ver quem era, me surpreendi quando vi um rapaz alto e moreno que puxava a cadeira que havia em frente a minha, como um pedido silencioso para se sentar ali. Até que, para o meu desespero, o pedido deixou de ser silencioso para ser expressado em alto e bom som:

— Eu realmente não queria incomodar, mas o café está cheio e não há mais nenhum lugar além desse. Será que se importa se eu me sentar aqui?

Olhei ao redor e percebi que o lugar realmente estava lotado. Todas as mesas estavam ocupadas e o barulho de conversa havia triplicado. Não pude deixar de me encolher. Aquilo tudo me deixava extremamente incomodado. Talvez eu fosse mesmo ranzinza demais. Pelo menos, se não havia notado toda essa confusão até o momento, significa que obtive êxito na tarefa de me isolar do mundo com os livros.

Percebi que o garoto continuava parado na minha frente com um sorriso animado demais, daqueles que você dá para crianças que não podem compreender claramente o que você diz Seus dentes eram grandes e bem brancos, o que até dava um certo charme para seu rosto.

— Não é como se eu tivesse muita escolha, não é? — droga, Yoongi. Se você não consegue manter a boca fechada, pelo menos não fale a primeira merda que vier na cabeça.

Quando vi o sorriso do cara fraquejar, imediatamente me senti mal e tudo que eu mais queria era me desmanchar em desculpas; mas ele podia me achar muito estranho por isso, então preferi ficar calado enquanto ele se sentava na cadeira que havia puxado, ainda com o sorriso, que havia perdido um pouco de brilho depois da minha resposta áspera.

— Desculpe mais uma vez pelo incômodo. — ele parecia realmente mal — Sou Jung Hoseok, de qualquer forma. Mas pode me chamar apenas de Hoseok.

Se me lembro bem, acho que o máximo que consegui foi oferecer um sorriso amarelo e sem mostrar os dentes para disfarçar que, na verdade, eu estava apavorado. Minhas mãos tremiam e suavam escondidas embaixo da mesa enquanto eu tentava inutilmente me acalmar, tentando lembrar das vezes em que passei por situações parecidas. O que, honestamente, não ajudou muito, contando que nenhuma dessas histórias tinha um final muito feliz.

— Você frequenta a faculdade daqui? — mais uma vez me senti culpado porque o rapaz realmente parecia se esforçar para manter uma conversa e tudo que eu queria era dar o fora dali o mais rápido possível.

— Uhum.

— Qual a sua área?

Hoseok realmente parecia ser um cara legal. Daqueles bem bacanas mesmo, que ajudam velhinhas a atravessarem a rua e tudo. O problema é que caras legais como ele não deviam se envolver com babacas como eu. Pessoas como ele têm altas expectativas e a última coisa que eu quero é decepcionar mais alguém além de mim mesmo.
— Música. — respondi sem esconder o desânimo na voz.

A essa altura eu já estava preparado psicologicamente para a expressão de nojo e os comentários desencorajadores sobre ser arriscado, sem futuro promissor ou algo do gênero. Com o tempo a gente se acostuma. Mas, com certeza, o último tópico da minha lista de reações era aquele sorriso bobo que Hoseok deu ao ouvir aquela simples palavra sair da minha boca.

— Não brinca! Que incrível! Eu sempre admirei pessoas que têm facilidade com música, instrumentos e tudo mais. Mas eu realmente não tenho muito talento pra essas coisas, então resolvi tentar a sorte na dança. É uma das coisas que eu mais amo fazer. Me sinto livre, me sinto extasiado. A dança traz uma conexão sobrenatural entre a realidade e o mundo imaginário, onde você pode fazer o que quiser, ser o que quiser.

O moreno dizia aquilo com uma paixão de se causar inveja. Eu podia sentir o brilho em seus olhos quase me cegarem. Hoseok me parecia cada vez mais ser alguém apaixonado pelas pequenas coisas da vida, daqueles caras que enchem o peito de orgulho pra dizer que comeu jabuticaba direto do pé em uma tarde ensolarada de domingo. Eu, como sempre, dedicava a maior parte do meu dia a odiar pessoas assim, mas no fundo eu sabia que o que eu realmente odiava era a sensação de queimação no peito que a inveja trazia consigo todas as vezes que pensava sobre isso. A verdade é que, as vezes eu queria poder me orgulhar de algo como alguém que faz uma torta mal feita mas com um sabor realmente agradável. Entretanto, infelizmente, querer não é poder, então eu apenas continuo alternando entre me sentir um inútil em casa e fugir dos problemas na faculdade. E no final, acaba sendo tão ruim quanto parece.

Jung Hoseok era, no mínimo, muito esquisito. Seu cabelo estava arrumado em um topete com fios pretos bagunçados; sua pele era morena um pouco curtida de sol, e seus olhos carregavam uma pequena quantidade de maquiagem que os realçava, deixando-o com um olhar marcante e penetrante. Porém, de longe, o detalhe mais peculiar era seu sorriso esquisito. Era muito aberto e exagerado, assim como sua personalidade, que já havia conhecido nesses poucos minutos. Sem falar que sua expressão sorridente parecia aumentar mais a cada segundo, mesmo sem motivo aparente.

Eu não queria aceitar, mas eu não estava apenas com medo. Estava apavorado. Nos diversos testes da vida, falhei feio no que tratava sobre como agir perto de pessoas. Cada uma tem uma personalidade diferente, gostos diferentes, portanto não há qualquer tipo de script para se seguir, ou sequer algum manual informando o modo mais apropriado de se portar. Eu não queria, eu precisava sair dali o mais rápido possível. Eu não podia passar mais vergonha do que já estava passando. Hoseok me olhava com aquele sorriso idiota no rosto, esperando uma resposta e tudo que eu conseguia fazer era permanecer naquela cadeira, passando a língua nervosamente sobre os lábios que estavam tão secos quanto minha boca.

Antes mesmo que pudesse analisar tudo que estava acontecendo, meu corpo automaticamente entrou no modo de defesa e me vi guardando tudo que havia espalhado sobre a mesa, para logo em seguida me levantar sem nem mesmo olhar para o moreno em minha frente.

Limpei a garganta, rezando para que minha voz saísse em um tom ao menos perto do correto, sem gaguejar.

— Bom, se não se importa, tenho aula agora. — falei, com a voz saindo ridiculamente trêmula — A mesa é toda sua.

Saí dali com o coração batendo forte no peito, quase saindo pela boca. Eu definitivamente não conseguia me acostumar a interagir com pessoas novas. Jung Hoseok fora apenas mais um dos testes aleatórios que a vida aplicava sem dó durante a minha existência insignificante. Dos quais eu, obviamente, fujo sem nem pensar duas vezes, antes que vire uma teia de problemas.

Sempre odiei como a vida gosta de pregar peças, como se sentisse prazer em ver o meu desespero e desconforto nessas situações. Se alguém lá em cima realmente controla tudo que acontece aqui, eu gostaria de pedir, com muito carinho, para que essa pessoa aliviasse um pouco as coisas para mim. Se eu fiz algo errado em alguma vida passada — ou até mesmo nessa — acredito que já paguei por todos os pecados e ainda com belos juros. Tudo que eu mais gostaria agora é de um pouco de paz.

Nesses momentos, preferia estar na paz do meu apartamento, escondido da opinião alheia. Junto de meu colega de quarto, Kim Seokjin, que é um ano mais velho, mas, felizmente, quase tão quieto quanto eu. Jin, como gosta de ser chamado, sempre fora muito paciente e procurava entender todas as minhas limitações, e eu me sinto realmente grato por isso. O mais velho é o mais próximo de uma família que eu já tive. Nos conhemos desde a infância, e nossa amizade se tornou tão forte a ponto de eu me sentir confortável o suficiente para compartilhar com ele cada uma das angústias e frustrações que assolavam minha cabeça constantemente. E sei que ele se sente assim em relação à mim também.

Depois desse dia completamente frustrante, tudo o que eu mais queria era a minha cama quente e, talvez, o colo e a voz calmante de Seokjin. Admito que tenho um medo danado de ficar sozinho. Eu não confio o suficiente em mim para isso. Porém algumas vezes me sinto mal por não conseguir me abrir com mais ninguém além do meu hyung. Não que eu esteja reclamando ou fazendo pouco caso da amizade de Jin, eu só não queria ter que despejar todos os meus problemas sobre as costas dele. Porque sei que ele tem suas próprias preocupações e não precisa de mais delas. Mas eu ainda fico feliz por ele me ouvir. É confuso. Não sei o que faria se não tivesse uma válvula de escape para todo esse estresse.

Durante o resto de dia, o sorriso de Jung Hoseok cutucou minha mente, sem me deixar em paz. Era esquisito, mas enchia o meu corpo com um calor mais esquisito ainda. Talvez fosse só o nervosismo do momento, mesmo. Me pergunto se amanhã ele vai estar lá de novo.


Notas Finais


Eu resolvi explorar mais os personagens e aprofundar um pouquinho mais a escrita, mas ainda quis deixar leve e fácil de ler.

Espero que tenham gostado e ficaria muito feliz em saber a opinião de vocês ♡


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...