História Half a Heart - Do por do sol á chuva...

Não sai do quarto a manha inteira, queria ligar para minha mãe, sei lá... conversar com ela. Eu estava morrendo de saudades, muita mesmo dela e de todos na verdade, mas não tinha coragem suficiente de admitir, ali eu tinha "amigos" mas nada comparado a Nova Iorque onde eu tinha a minha vida. Peguei meu celular e disquei um numero.

(ligação On)

- Gabi? – a voz do Tom soou no telefone.

- Tom...

- Meu Deus, Gabi que saudades, como você está? Quando você volta?

- Eu to bem e não volto tão cedo... e você como está as coisas por ai?

- Na mesma – ele disse com uma voz meio estranha – a professora Filles ainda pega no meu pé por causas dos desenhos e sei lá, a escola não é mais a mesma sem você e a Malu... – ele disse e eu senti lagrimas escorrerem pelo meu rosto.

- Hmm, como anda a família dela?

- Eles se mudaram... foram para o Canadá, queriam recomeçar a vida...

- Ah sim, e o Felipe?

- Ele ta aguentando, fica se culpando por que eles brigaram na festa e se ele não tivesse brigado com ela, ela não beberia e dirigiria para vocês... na verdade tudo foi uma fatalidade e...

- Tom para por favor, não quero mais lembrar disso, quero esquecer tudo que aconteceu... – disse já chorando.

- Quer esquecer de tudo? Até da gente?

- Principalmente de nós dois... se não fosse aquela porcaria de festa, ela não teria morrido...

- a culpa foi minha e eu queria me desculpar

- eu... eu não deveria ter te ligado tenho que ir

- Gabi espera eu só...

- Tchau Tom

(Ligação Off)

Arremessei o celular contra o travesseiro e comecei pensar, o que a Malu faria se estivesse no meu lugar? Com uma família na qual a madrasta e o meio-irmão a odeiam e tentam infernizar a sua vida... o que será que ela faria?

- Sabe o que eu faria?
Ouvi um voz vindo da minha frente, quando suspendi o olhar ela estava lá, sentada com as pernas cruzadas e cabelos presos em um rabo de cavalo.

- Eu aguentaria – ela continuou – Gabi você é forte e eu sei que você consegue...

- Será Malu? Eu não aguento mais tudo isso.

- Eu sei que aguenta,acredito em você minha best.
 

Abri os olhos e aquela miragem tinha sumido, será que ela tinha razão? E eu conseguiria aguentar por mais um tempo? Não sei só o tempo. Precisava ir pra casa de alguém tipo assim agora, só ate eu conseguir uma passagem com o resto do dinheiro que eu tenho para ir para Nova Iorque. Ouvi um barulho de carro e um choro desenfreado, fui a janela e o meu pai estava saindo e a Margaret estava jogada no chão chorando, o Niall junto com a Vitoria, estavam tentando fazê-la levantar.

Desfiz minha mala e peguei uma mochila colocando roupa dentro. Coloquei a mochila nas minhas costas e corri para a garagem, não podia sair pela frente por que eles estavam lá, ótimo eu teria que cortar caminho, ou seja, teria que ir pelo campo. Peguei a bicicleta e pedalei em direção ao campo.

Tudo bem, meu plano era pedir ajuda pro Zayn, para ele me levar para capital e assim eu comprar uma passagem e ir embora daqui de vez, era um bom plano, só tinha um contra... eu não ia adivinhar que no meio do caminho ia cair um temporal... Aah que perfeito!! Eu precisava de algum local para me esconder, ate essa chuva passar. Olhei em volta e só tinha uma gruta, se pode dizer que aquilo era um gruta, corri até lá e entrei, não fui tão lá pro fundo vai que um animal aparece e me machuca? Na frente pelo menos eu tenho tempo pra fugir.

Sentei no chão encostada a bicicleta, e fiquei pensado enquanto a chuva caia do lado de fora e ficava forte a cada minuto que se passava. Ai deus. Ouvi um barulho vindo do fundo da gruta, se é que aquilo tem um fundo né?! E se for um animal feroz, como naqueles filmes de terror que ele aparece para comer a personagem? To perdidinha.

- Quem ta ai? – gritei, minha voz ecoou e outro barulho soou.

Tremi da unha do pé ao ultimo fio de cabelo da minha cabeça, eu não era de sentir medo, mas cara eu estava sozinha e não tinha ninguém para me ajudar ali. Eu poderia estar em apuros e ninguém poderia me ouvir... Como eu ia sair dessa agora? Estava chovendo e toda vez que esfriava muito e ficava com uma neblina daquelas que não dava para enxergar nada. Respirei fundo, quando outro barulho soou do fundo da gruta e parecia estar mais perto... era o meu fim eu ia ser assassinada ali mesmo naquele exato momento. Os barulhos de passos se aproximavam a cada segundo que eu respirava, eu fechei os olhos temendo o pior quando o barulho parou. A gruta tinha ficado em silêncio.

- O que você esta fazendo aqui? – Uma voz. Não era um monstro era a voz do...

- Liam?? – disse abrindo os olhos.
Ah pelo amor de Deus eu preferia o monstro a ele! Se bem que um e outro não fazem nenhuma diferença, eles andam juntos...

- Não, papai Noel! – Ele revirou os olhos e chegou perto de mim – sim, você não me respondeu, o que ta fazendo aqui? Nessa gruta?

-  han... não ta na cara? – apontei pro lado de fora.

- Faz sentido...

- Mas e você? o que faz aqui?

- Não é da sua conta!

- Oi? Você quase me matou de susto, o mínimo que poderia fazer é me falar que diabos faz em uma gruta no meio do nada.

- Algo que não é da sua conta!

- Olha só... – respirei bem fundo – não vou perder meu tempo com você e nem vou ficar no mesmo lugar que você.

Coloquei minha mochila na costa e pequei a bicicleta, comecei a caminhar para fora da gruta, se ele acha que eu ia aguentar ele ate aquela chuva passar ele estava muito enganado. Eu precisava do Zayn agora, só dele.

- Gabrielle você ta doida volta pra cá! – Ele gritou

Continuei caminhando.

- Volta pra cá sua doida, não é seguro ficar na chuva não agora, você corre risco de ser atingida por um raio - ele continuou gritando.

Parei e virei para o Liam, meu cabelo já estava grudado em minha face e escorriam pelo meu rosto pingos de chuva. Eu já estava completamente molhada.

- O que acontece comigo é problema meu - gritei - Vai cuidar da sua vida, Liam.

Eu já estava fora da gruta uns 3 metros longe da entrada, subi na bicicleta e quando ia pedalar escorreguei no pedal e cai,deixando sem querer a bicicleta escorregar por um barranco, que eu juro por Deus, que não tinha visto ali. Meu pé estava doendo, só depois de alguns minutos senti um braço me levantar correndo comigo, para um lugar seco. Liam estava me carregando de volta para gruta.

- Eu avisei - ele disse me pondo sentada no chão

- Foda-se

- Deixa eu ver seu pé... – disse abaixado em minha frente

- Não!

- Para de ser teimosa e me deixa ver essa porra agora!

-Não, você não manda em mim! – disse e puxei meu pé dolorido para perto de mim.

Fiquei quieta um tempo esperando a chuva passar, era pedir demais? Querer voltar para minha casa? Eu só queria isso desde o momento em que eu embarquei para cá. “Dê uma chance ao seu pai” era a mensagem que minha mãe tinha me mandado antes de eu embarcar... Dar uma chance? Será que ela não sabe o quanto isso é difícil para mim? Dar chances. Cada pessoa, para mim, tem uma chance, uma chance para ser diferente... A partir do momento em que ela acaba com essa chance não existe uma segunda. Pelo menos não para mim. 

A chuva estava diminuindo, os trovões já estavam parando e meu pé já estava melhorando, não seria algo muito grave, assim espero.

- Preciso encontrar o Zayn agora! – pensei alto.

- o que você disse? – Liam falou

- Nada...
Precisava falar com o Zayn, tipo assim agora... só ele poderia me ajudar só ele.

- Está com frio? – Liam perguntou e eu não respondi, nem ao menos olhei para ele – Por que você está fugindo?

- Não te interessa.

- Interessa sim, por que quando você sumir quero contar a verdade e com detalhes.

- Deveria agradecer por eu ir embora e você nunca mais me olhar na cara... Afinal... – disse virando para ele e o encarando olho a olho – o que eu fiz pra você me odiar?

- eu já te saquei sabia? Gabrielle você não me engana, é lobo na pele de cordeiro - ele gargalhou - você só faz isso para chamar atenção.

- Eu não perguntei o que eu sou Liam, perguntei por que você me odeia?
Houve um silencio, Liam não falou nada apenas desviou os olhar, ele olhava para todas as partes da gruta, menos para mim.

- Você não tem motivo para me odiar! Não tem motivo concreto não é mesmo?
A chuva estava parando aos poucos.

- A chuva já esta passando, vai embora e suma das nossas vidas.

- Do que tem medo? – Levantei e fui me aproximando dele – por que sinceramente até hoje eu não entendi. O Niall tem motivo para me odiar e você? qual é o seu?

- Vai embora! – ele rosnou.

- Eu vou... não por que você pediu, mas por que eu preciso de uma ajuda para ir embora.

- Ótimo então tchau!

- Tchau Liam – peguei minha mochila no chão e com muita dificuldade sai caminhando ate a entrada da gruta – Ah liam...
Chamei ele o fazendo olhar para mim.

- Quando encontrar um motivo para me odiar me avisa ta? Estou louca para saber – sorri e vi ele pegar uma pedra.

Se eu não saísse de lá correndo era capaz dele me acertar e eu morrer. Garoto doido! O Niall realmente tinha motivo para nunca mais ver minha cara, mais e ele? Sei lá! Estava curiosa para descobrir, mas isso não seria agora, por que eu tinha que me concentrar em ir embora daqui o mais rápido possível.